O Três

Um conto erótico de Calcinha Molhada
Categoria: Grupal
Contém 1873 palavras
Data: 13/09/2012 10:41:06
Assuntos: Grupal

Encantamento. A primeira emoção. Eu o vi pela janela do meu escritório e o defini como a um verbete: coisa maravilhosa; delícia.

Nada além do exato e perfeito: alto, bronzeado, doces cabelos loiros caindo pela testa, torso suado, costas e peito a mostra; a musculatura toda retesada, no esforço para carregar um enorme tampo de cristal.

A delícia loira estava de mudança para a casa ao lado da minha. Quando eu o vi, ajudando a descarregar o caminhão, achei que todos os deuses do universo eram budistas.

Surpresa. Outro verbete. Mais uma emoção: prazer inesperado.

Estacionou pouco à frente do caminhão de mudanças. Desceu de uma caminhonete escura, carroceria coberta por uma lona. Alto, moreno, cabelos castanhos cortados muito curtos, óculos escuros, camiseta de malha retirada pela cabeça, jogada com displicência no banco.

A surpresa morena correu para ajudar a carregar o tampo de cristal. Mais músculos retesados. Gotículas de suor impregnando a pele dourada de sol. Duas covinhas feiticeiras marcando o alto da bunda, acima dos jeans surrados. Concluí que os deuses do universo só podiam ser fêmeas.

Desci correndo até a varanda da frente. Estava disposta a me permitir a tortura prazerosa de observá-los. Antes que duas ou mais mocreias viessem reclamar a posse dos meus novos vizinhos, me concedi a diversão de imaginá-los meus. Como repastos.

O primeiro a perceber que eu os degustava com as vistas foi o moreno.

Estava andando de costas, ajudando a carregar um sofá. Pareceu momentaneamente incomodado. Olhou em volta. Até que me focalizou por trás dos óculos escuros, modelo aviador.

Não me fiz de rogada. Sustive o olhar. Evitei o jogo típico que as mulheres fazem quando estão flertando. Ele me dirigiu um sorriso irretocável. Mas baixou levemente a cabeça. Continuou andando de costas, levando o estofado. Corpo aprumado, sorriso ainda estampado no rosto.

No alto dos quatro lances de escada, esbarrou com o loiro, que vinha saindo de dentro da casa. Um passo ao lado, para permitir a passagem do móvel. A atenção ao sorriso do amigo. Uma conversa breve. E os olhos daquela criatura loira, mais deliciosa que um manjar dos deuses, cravaram em mim.

Não sorriu. Com as mãos levemente postadas na cintura fina, apenas sustentou o olhar, algo a devolver meu desafio. Não entendi. Apenas suspeitei.

Mas a suspeita diluiu-se água a baixo quando, pouco depois, ele se muniu de uma garrafa d’água. Postou-se ao lado do próprio portão. Abriu a garrafa e bebeu sofregamente. Depois derramou o líquido nos cabelos. Deixou que rastros de água escorregassem pelo torso perfeito. Passou a mão pelos cabelos lisos. Deixou que dois olhos evidentemente claros se encontrassem com os meus. E me sorriu. Engoli em seco. Sedenta.

Dali em diante, os dois se exibiram para mim. Ambos me dirigiram sorrisos impossíveis de tradução. Próximos, talvez, de magníficos. Majestosos. Augustos.

Natural que minhas emoções, que de um a outro foram do encantamento à surpresa, deliciosa surpresa, se encaminhassem para a expectativa: esperança fundada em supostos direitos.

Os dois se mostravam disponíveis. Os dois executavam para mim a dança ancestral do acasalamento, na qual, em todas as espécies, os machos se pavoneiam para as fêmeas. Os dois se ofereciam. A mensagem era clara: eu poderia escolher qualquer um deles. Escolha: optei pela diversão de ser disputada.

Decepção. Quantos sinônimos possíveis? Desilusão, desapontamento, desengano, desencanto, contrariedade, tristeza, miragem, ilusão... Não importa. Amarguei cada um dos sinônimos do que podia ser definido por malogro de uma esperança.

Noite. Estiquei os olhos por entre os vãos da cortina do meu quarto. Garota de sorte! Minha janela indiscreta ficava de frente para a janela igualmente indiscreta do vizinho. Nem cogitei o plural.

O moreno saiu do banheiro, toalha escura enrolada na cintura fina. O loiro caminhou pelo quarto, enxugando os cabelos lisos. Algumas palavras. Uma risada cansada. Um carinho nos cabelos. E um beijinho na boca!

Óbvio. Só uma idiota retardarda para não perceber a verdade inquestionável que estivera o dia todo diante dos meus olhos: eles eram gays!

Os vizinhos lindos, perfeitos como dois poemas eram gays!

Eu os odiei. E odiei a mim. Me senti ridícula, manipulada, tola. Mas também os considerei duas bichas sacanas e muito das safadas, porque eu não sabia e não tinha como saber que eles eram um casal. Eles sabiam. E, deliberadamente, haviam brincado comigo.

É claro que não saí pela vida, pela vizinhança e muito menos pelas redes sociais destilando meu despeito. Simplesmente preferi evitá-los. Como se fosse possível.

Não foi possível porque eles se tornaram meu tormento.

Nós nos víamos simplesmente todos os dias. Por uma coincidência cármica qualquer, em todos os benditos ou malfazejos dias, a vida dava um jeito de nos esbarrar. Saindo logo cedo pela manhã. No outro dia, eu me atrasava, esperava o barulho da caminhonete sumir na esquina. Mas, à tarde nos encontrávamos na padaria. Tudo bem, eu pensava: acho outro horário para comprar pão... Mas os encontrava no restaurante.

Nunca lhes dirigi a palavra. Estava amuada. Confesso: magoada, já que usei a expressão despeito logo acima. Entretanto, a mágoa não vinha da consciência de que eu não tinha a menor chance com nenhum dos dois. A dor e, acima de tudo, a irritação que a mera presença deles me provocava, vinha do fato de que haviam me feito acreditar que estavam flertando comigo! Por isso era doloroso vê-los juntos, tão lindos, tão sexys e tão deliciosamente perfeitos.

Se eles não me notassem... Se os dois não sinalizassem imediatamente um para o outro quando me viam, a situação seria menos tensa. Mas era o inferno! A onde quer que nos encontrássemos, aquele que me via primeiro indicava ao outro a minha presença.

Eu me fingia de paisagem. Agia como se meus vizinhos e um pé de alface fossem a mesma coisa. Pura mentira. A consciência da presença deles atormentava, transtornava, chegava a machucar: dos cheiros de banho e café que atravessavam a janela logo pela manhã até as risadas, à noite.

As primeiras palavras. Vieram no mercadinho da rua de cima.

Apanhei um vidro de ketchup na gôndola. Não havia nenhuma indicação de preço. O atendente do supermercado estava ali, ao lado, há dois segundos. Voltei-me, querendo saber o valor do condimento. E dei de cara com uma pintura morena, alta, de olhos castanhos, tão clarinhos que pareciam amarelos.

_ Sabe quant...

Meu vizinho me encarou em suspense. Parecia prender a respiração, na expectativa da minha frase. Eu já sabia que ele era o mais tímido. Mas, mesmo assim, abriu um sorriso de arrasar quarteirão e me cumprimentou:

_ Oi... vizinha.

Quase infartei. O coração deu um salto no peito, serpenteou, deu duas cambalhotas e parou na garganta. Eu queria matá-lo. Porque aquele tipo de sorriso tinha de ser proibido, em se tratando de homens comprometidos com outros homens!

Balbuciei um oi meio torto e bati em retirada. Exclusivamente para me chocar com o deus celta que entrava distraído no corredor em que eu fugia.

Nossas compras se esparramaram pelo chão. Das cestinhas do supermercado saltaram frios, enlatados, xampu, condicionador, absorvente e um número expressivo de preservativos.

_ D- desculpe..._ mais uma vez eu balbuciei nervosa. Me lancei ao chão, desordenada, tentando ajeitar o estrago. Mas a criatura onírica fez o mesmo. E veio descendo, lindo e loiro, me fitando com dois olhos verdes mal disfarçados pelas lentes dos óculos de grau.

_ Você é nossa vizinha. _ ele afirmou. Voz grossa. Encorpada. Firme. O suficiente para fazerem meus seios se eriçarem e eu me sentir a mulher mais desgraçada da face da terra!

_ H- hum... hu-hum...

Com dois passos o deus moreno se acercou de nós. E também se abaixou.

_ Ele é estabanado. Nunca olha por onde anda. _ me disse, a guisa de desculpas. Não havia sequer um traço de afetação em sua voz. Mas eu me senti ofendida. Mordida. Com ódio da intimidade que a frase demonstrava.

Não respondi. Sequer olhei no rosto de qualquer um dos dois. Catei minhas coisas, das quais não fazia parte a coleção de preservativos e saí às pressas, tentando andar com dignidade.

Pouco me importei com os olhos baixos da perfeição morena, na fila do outro caixa. Ele estava ou parecia estar, arrasado. Sequer cogitei a hipótese de que poderia ser por minha causa.

Despeito. Foi o sentimento que me preencheu, quando receberam a primeira garota.

Sábado à noite. Meus vizinhos ouviam Bon Jovi. Eu me joguei na cadeira da varanda, para olhar o “movimento da rua”. Estava satisfeita por poder usufruir daquele tipo de prazer simples, um dos muitos que se tem no interior, numa cidade cujo maior empregador era uma universidade pública.

A garota chegou pouco depois das nove. De moto táxi.

A moto parou bem de frente ao portão dos dois, não deixando dúvidas de que aquele era seu destino. Estreitei os olhos. Delineei uma moça jovem, de cabelos escuros, longos, bunda avantajada e dois peitões de dar inveja. Depois que pagou e devolveu o capacete ao motoqueiro, seguiu rebolando escadaria acima. A moça rebolava tanto que cheguei, maldosamente, a cogitar que fosse manca. Pura inveja.

Ela tocou a campanhia. Em segundos o deus celta abriu a porta. Com uma mesura, pegou a mão da moça e levou aos lábios. Depois estendeu o braço, convidando-a a entrar.

Imersa na penumbra da minha varanda, quase bêbada com a metade de uma cerveja long nek, oscilei entre duas possibilidades. A mais provável: tratava-se de uma das alunas da universidade, que havia ido à casa das bichas porque era amiga de uma delas, ou das duas. A menos provável: as bichas eram dois vampiros que iriam sugar o sangue da moça e depois jogá-la na represa. O mais certo: eu estava tendo um ataque de ciúmes. Dos dois. O que, convenhamos, era ridículo.

Antes que a cerveja subisse na minha cabeça e eu descesse à tentação absurda de ficar plantada na varanda, esperando a garota ir embora, decidi ir para meu quarto e dormir.

Tormento. Vozes que não eram do Jon Bon Jovi se sobrepunham ao barulho da música, saíam pela janela dos meus vizinhos, entravam pela minha, e atormentavam meu sono.

Assombro. Quando entendi o significado dos gemidos entrecortados, das expressões abafadas, dos gritinhos intermitentes, me quedei assombrada. Eles estavam transando! Os três!

Parecia incrível. A última coisa possível de se suceder ali do lado, naquela casa, naquele quarto! Mas era exatamente isso o que estava acontecendo! Ao som do Bon Jovi, meus vizinhos gays estavam comendo a garota da moto!

Eu me levantei, pasmada. Caminhei a passos inseguros até a janela. Afastei a cortina para o lado, bem devagar. A janela deles estava escancarada, aliás, como sempre. Mas haviam puxado as cortinas. Mesmo assim, os sons que escapavam eram reveladores do que a cortina insistia em ocultar:

“Lambe meu grelo...” _ a garota suspirava, lânguida, entregue._ Ai... eu não agüento mais gozar... Ah! Ah! Ah!

“Buceta gostosa... sente... prova isso”

“Empina a bunda, meu bem, assim... isso...”

“Chupa o pau dele, quero ver...”

“Ah, eu vou gozar de novo...! Ah! De novo...!”

Olá Leitor! O texto completo do conto O Três está disponível para venda pelo preço simbólico de: 6,00

Acesse: http://blogcalcinhamolhada.blogspot.com

E leia como como essa história termina!

Abraços,

R.M. Ferreira - A autora

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Rosa Erótica a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Ahh não, brincadeira. Poxa.. Rsrs. Durao aqui,e agora ? Vou ter que comprar? Hum ? Rs. Demais a escrita e a narração. Parabéns. ABRAÇO

0 0