Adestrando Betão (06)

Um conto erótico de Matheus
Categoria: Homossexual
Contém 4461 palavras
Data: 01/06/2012 10:01:27
Última revisão: 01/06/2012 15:51:28

Atenção: A historia a seguir contem violência física e moral. Continue a leitura apenas em caso de se interessar por este tipo de conteudo.

Capitulo 6 - Como se amansar uma fera em 3 passos.

Ricardo não estava irritado e nem chateado pelo tratamento que acabará de receber de Betão. Ele passava a aceitar que tratava-se de uma pessoa doente e que não podia responder pelas suas atitudes. Afinal como alguém pode se permitir ser subjugado a tal ponto. Parecia que a vontade própria dele não existia e que qualquer ordem dada pelo avó precisa ser obedecida imediatamente. E o avó não tinha nenhuma vergonha disso, muito pelo contrario, se orgulhava do poder que exercia sobre o neto.

"Como os pais dele deixaram chegar a esse ponto?"

Este foi o último pensamento de Ricardo referente a Betão. Não adiantava tentar ajuda-lo. Ele não queria ser ajudado. Até o dinheiro da semana tinha dado como perdido e não se importava, naquele momento ele não retornaria mais a chácara da família Mattos por dinheiro nenhum.

Finalmente chegou na roça da avô e estranhou o movimento de pessoas. Havia muita gente na casa. Estaria acontecendo outra reunião? Ao entrar encontrou a prima aos prantos, abraçada e sendo consolada pela avô.

Ricardo: -O que esta acontecendo aqui?

A prima ao ouvir a voz dele se levantou e correu em sua direção abraçando ele.

Ana: -Ele me deixou Rick!!!!

Ricardo abraçando a prima: -Como assim prima, o que aconteceu?

D. Mariana: -O Carlos, meu neto. Ele foi se embora.

Ricardo assustado com a informação: -Como assim ele foi embora?

Ana: -Ele deixou uma carta e sumiu, ninguém sabe dele.

Um frio correu pela espinha de Ricardo. Betão teria alguma coisa haver com isso?

Ricardo: -Ana explica melhor essa história.

Ana: -Primo desde aquele dia ele estava esquisito, chorando o tempo todo, sentia medo de tudo, não queria sair da cama e não dizia a ninguém o que estava acontecendo. Hoje de manhã fui tentar tirar ele da cama e só encontrei a carta.

Ricardo: -Cade essa carta?

Jair, um dos amigos pessoais de Carlos que Ricardo apenas conhecia de vista: -Tá aqui comigo, vem cá fora que te mostro.

Os dois foram para os fundos da casa juntos e lá chegando Jair entregou o papel para Ricardo e disse:- Você que tá lá dentro dos Mattos, ouviu alguma coisa sobre isso?

Ricardo engoliu seco e preferiu mentir: -Não, nada, eu só fico lá lavando os carros. Nem entro na casa. Porque você acha que eles tem alguma coisa haver com isso?

Jair: -Porque todo mundo que desafia os Mattos na política acaba sumindo e agora foi a vez de Carlos.

Ricardo: -Mas só achar, sem provas, não condena eles. E pelo que tô lendo aqui ele foi embora por que quis e não porque estava sendo ameaçado.

Jair: -Eu tive lá na casa dele pra ver se via alguma coisa estranha, achei um short desses que ele usava dentro de casa todo mijado atrás da porta do banheiro e a porta estava arrombada.

Ricardo: -Que porta?

Jair: -A do banheiro mesmo. E tem outra coisa.

Ricardo: -O que?

Jair: -Betão esta sumido a alguns dias.

Ricardo leu novamente a carta:

"As pressões que venho vivendo estão pesadas demais para aguentar. Preciso dar um tempo disso tudo. Eu não quero e nem nunca quis me meter em política, mas todos me cobram isso. Ninguém se importa com o que eu quero. Meu amor, eu preciso ficar um tempo só comigo mesmo. Não é nada com você, aliás, você foi a coisa mais maravilhosa que me aconteceu mesmo com tudo que passamos. Mas não me sinto mais digno de você. Você precisa de um homem melhor que eu. Um dia eu voltarei, mas não espere por mim. Siga sua vida, encontre um homem que te mereça e seja feliz.

Do seu eterno amigo,

Carlos."

Ricardo se sentia extremamente culpado pelo que estava acontecendo. Com os recentes eventos envolvendo Betão, ele acabou deixando de lado o pobre do Carlos, que estava precisando urgentemente de ajuda e ele não lhe estendeu a mão. Mesmo tenso se prometido que não faria mais isso, ele iria voltar a chácara, precisava saber o que Betão tinha feito com Carlos, porque era óbvio que ele estava envolvido nessa partida repentina de Carlos.

Esperava a noite cair, para que pudesse sair discretamente, mas a prima não o deu folga. Estava inconsolável. Somente por cerca das 20 horas ela caiu no sono após tanto chorar e ele saiu de casa em direção a chácara, mas nem mesmo chegou no portão viu aquele vulto gigante se movendo do pasto e indo em sua direção. Se assustou por não reconhecer devido a penumbra quem vinha em sua direção quando ouviu a voz grossa e máscula de Betão.

Betão em voz baixa e tom manso: -Coé?

Ricardo foi em direção dele apressadamente: -Cara você tá doido? O pessoal aqui esta todo com raiva de você e você me aparece aqui com essa gente toda? Você quer ser linchado?

Betão fechando a cara e com uma feição de ódio: -Chama todo mundo lá, diz que to aqui e vou espancar um por um, pode chamar!

Ricardo: -ssssshhh! Cara! Fala baixo, vem comigo.

Pegou Betão pelo ante braço e puxou, mas parecia que tentava mover uma montanha porque ele nem se mexeu.

Betão: -Eu não tenho medo não maluco, pode chamar os caras.

Ricardo em uma tentativa de tirar ele dali antes de ser visto: -Eu sei cara, eu tô preocupado com eles. Você vai chacinar os caras na porrada se eles pensarem em te atacar. Não quero confusão na casa de minha avô.

Betão parecendo aceitar a justificativa de Ricardo se deixou agora puxar por ele. Ricardo os levou até o curral que era mais afastado da casa, onde poderiam conversar.

Ricardo: -Eu já ia na sua casa te procurar.

Betão realmente preocupado: -Não cara, não faz isso, vô pode dar ordem pra te machucar mais, não quero bater em você. Não vai mais lá enquanto ele tiver aqui.

A preocupação de Betão pegou Ricardo desprevenido e o desarmou completamente. Foi então que notou que Betão ainda estava coberto de sujeira e cheirava a suor, também estava descalço, sem camisa e usava apenas uma bermuda velha e que estava rasgada na altura da perna esqueda. Justamente ele que sempre usava roupas novas, de marcas caras e sempre de boné estava ali quase que como um indigente.

Ricardo: -Porque você esta nesse estado?

Betão: -Eu tô de castigo, tenho que dormir quintal, na grama atrás do jardim e não posso entrar em casa nem trocar de roupa, achei essa bermuda jogada lá no fundo e vesti p não vim aqui só de cueca como eu tava naquela hora.

Ricardo bestificado: -Cara e porque você não vai pra casa de um amigo?

Betão: -Não posso sair sem ordem, só vim aqui porque todo mundo saiu pra jantar, nem posso demorar porque se ele souber que sai vai me castigar.

Ricardo preocupado: -Então vai embora, depois a gente conversa.

Betão: -Não, não que nada, ele vai descobrir mesmo,

Ricardo: -Porque?

Betão: -Ele vai me perguntar e vou dizer a ele que sai.

Ricardo: -Então não conte a ele.

Betão: -Se ele não perguntar não conto.

Ricardo: -E se ele perguntar minta.

Betão com feição assustada: -Não cara! Não posso mentir pra ele.

Ricardo: -Porque?

Betão: -Porque não.

Ricardo percebeu que entraria naquela conversa que nunca ia a lugar nenhum. Betão apenas sabe das regras que tem que seguir, mas parece que não sabe porque tem que segui-las ou não quer dizer porque.

Betão: -Tá, então você esta bem né? Não te machuquei não né?

Ricardo: -Não machucou o que Betão? Amanhã vou amanhecer de cara roxa, acho que você me quebrou um dente e ainda deu um jeito no meu braço porque esta doendo muito.

Betão com ar sério: -Desculpe, não queria fazer isso, mas eu não tinha opção. Ele mandou.

Ricardo sentia que tinha ganhado a confiança de Betão. Nem ele entendia como. Talvez a preocupação honesta e sincera dele despertará algo nele.

Ricardo: -Não importa isso mais agora, eu tô bem isso é que vale.

Betão enfiando a mão no bolso apertado da Bermuda tirou o dinheiro de Ricardo todo amassado do bolso.

Betão: -Ô, trouxe ora você.

Ricardo pegou o dinheiro da mão dele e observou novamente a situação de Betão e seu coração apertou. Estava com pena dele.

Ricardo: -Cara você já comeu?

Betão: -Não, não posso comer lá em casa quando to de castigo.

Ricardo: -Cara e como você faz se não pode sair da casa?

Betão: -Não cara, nem se preocupa, de vez em quando o coroa trás umas sobras pra mim.

Ricardo: -E tem quantos dias desde a ultima que ele te deu?

Betão: -Não importa, já fiz o que vim fazer aqui, tô indo nessa.

Não seria tão fácil assim para Betão se livrar de Ricardo. Ele podia ser uma pessoa teimosa quando necessário, afinal o pouco que tinha conseguido até então era por sua teimosia e perseverança.

Ricardo segurou o enorme braço de Betão: -Você não vai voltar agora. Já que vai ser punido por ter saído do castigo que pelo menos valha a pena ter saído.

Ele percebeu que Betão só parou por que assim ele quis, força para segura-lo ele certamente não tinha.

Betão se voltando pra ele: -Como assim?

Ricardo respirou fundo: -Vem comigo.

Betão não se mexeu mesmo com o puxar forte de Ricardo, foi a confirmação de que ele não teria força para move-lo.

Ricardo: -Por favor, vem comigo.

Betão decidiu segui-lo. Ricardo fez a volta na casa e entrou por trás na área do quintal, não sabia quem ainda estava na sala e qual quantidade, achou mais prudente ser discreto. Ao entrar no no quintal, sentou Betão na grande mesa existente lá e chamou a avó discretamente.

Ricardo: -Vó, a senhora confia em mim?

D. Mariana: -De olhos fechados meu neto.

Ricardo: -Tem uma pessoa ai na mesa do quintal que não come a dias.

D. Mariana: -Nem precisa dizer o resto meu filho, a gente é pobre mais um prato de comida a gente sempre tem.

Ricardo: -Mas antes preciso que a senhora veja quem é.

Ao saírem para o quintal e ao ver a imagem de Betão sentado, naquele estado, de cabeça baixa e que com a proximidade deles apenas virou a cabeça de lado para ve-los, ela botou a mão no próprio peito e suspirou de susto.

Ricardo: -Se a senhora preferir tiro ele daqui agora.

D. Mariana: -Nunca pediria isso pra você. Também não vou mentir para você, esse menino me assusta. Mas eu confio mais no seu julgamento. Vou trazer a comida.

Ricardo: -O problema é o pessoal ai na sala.

D. Mariana: -Não tem problema nenhum. Na minha casa eu mando e eu decido quem entra e quem come. E também agora só tem seu tio Alceu e o Jair conversando de política, o pessoal já foi embora.

Ricardo voltou para o quintal e se sentou ao lado de Betão: -Vó vai trazer alguma coisa pra você comer.

Betão olhou para ele: -Porque você tá fazendo isso? Porque tá me ajudando.

Ricardo: -Oras, pelo motivo incomum que temos!

Betão com estranheza: -Que motivo?

Ricardo rindo: -Porque eu também gosto de você.

Betão fechou a cara sem graça: -Tá maluco? Quem disse que eu gosto de você?

Ricardo: -Você mesmo, mais cedo. E nem me diga que é mentira, a gente sabe que você não mente para seu avô.

Pela primeira vez Ricardo pode assistir um sorriso sincero, puro e honesto de Betão, que abaixou a cabeça tentando esconder o sorriso.

Betão ainda tímido: -Vai ver que é porque tu é moça, dai penso que você é uma menininha.

Ao levantar o rosto ainda rindo percebe que Ricardo não gostou da brincadeira e se assusta e com uma cara de criança que sabe que falou o que não devia: -Porra, falei merda né.

Agora é Ricardo que abre um sorriso leve e descontraído: -Claro que não seu bobo, mas olha, cuidado com as brincadeiras, ninguém sabe de mim, é segredo entende?

Betão balançou seguidas vezes a cabeça reforçando que tinha entendido. Nesse momento D. Mariana chega com um prato de comida. Betão ataca o prato como um bicho que a dias não vê comida. Ao ver aquela cena ela começa ir e vir da cozinha levando sempre mais alguma coisa para tentar aplacar a fome daquele gigante faminto

Porem essa movimentação acaba chamando a atenção de Jair e do tio de Ricardo que debatiam na sala como ficaria a situação política sem Carlos.

Alceu se dirige para a cozinha e é seguido por Jair. Ao passar da porta e observar de que quem esta ali é nada mais nada menos que Betão.

Alceu assustado em um grito: -Sai daí maínha!

Jair chegando atrás dele se assusta com a imagem a sua frente.

Betão mastigava e desacelerou a mastigação enquanto ainda curvado sobre o prato ouvia o que acontecia, mas sem se virar para olhar quem estava ali. Ricardo em um ato reflexo, se virou, se posicionando de forma a defender a parte daquela montanha branca que seu corpo franzino podia cobrir.

D. Mariana: -É meu convidado. Respeitem meu convidado.

Alceu: -Mas mãe como a senhora me bota esse cidadão dentro da nossa casa?

D. Mariana: -Nossa casa não, minha casa!

Jair: -Não importa D. Mariana a senhora não vê o perigo mas a gente vê, vamo tirar ele daqui Alceu! Nem que seja na marra!

Mas nesse momento a postura frágil e encolhida que Betão estava exibindo some. Ele se coloca ereto e com sua enorme mão da um violento tapa sobre a mesa o que faz tudo sobre ela pular, em seguida se levanta, passa na frente de Ricardo e de maneira imponente e sem medo fala em alto e bom tom: -quero ver vocês tentarem e sair e um só inteiro.

Não parecia mais frágil e faminto. Estava em pé, se impondo, os músculos estavam tão tesos que era possível ver o movimento do seu sangue pulsando dentro das suas veias e uma feição de odio estava formada no rosto.

Até mesmo para quem não tivesse nunca ouvido sequer falar nas atrocidades que aquele homem ja havia feito, só de ver ele naquela postura faria qualquer pessoa tremer de medo.

Imediatamente o silencio tomou o quintal. Ninguém ousou avançar ou recuar, o ambiente tenso permaneceu por vários segundos até que betão sentiu a mão de Ricardo pegar no seu peito, inutilmente tentando empurra-lo para trás.

Ricardo: -Não Betão! Na casa de minha vó não. Aqui ninguém ataca ninguém, ninguém briga com ninguém, e todo mundo respeita a presença dela. Entendeu!?

Se virou para os dois em pé de frente a Betão: -E isso vale para vocês dois. Espero que se lembrem disso. Vem Betão, volta a comer.

Alceu: -Duvido que maínha vá preferir esse ai que os seus amigos e seu filho.

D. Mariana: -Eu não tô preferindo a ninguém, mas Ricardinho está certo! Ele ofereceu um prato de comida e na minha casa ninguém passa fome. Vocês tão atrapalhando a janta do rapaz, sai daqui todo mundo agora pro rapaz comer, voltem pra sala!

Contrariados mas ao mesmo tempo aliviados por Betão não ter avançado ambos se voltam para retornar pra sala mas sem antes Jair soltar para que Betão ouvisse: -Fome, esse filhinho de papai não sabe o que é passar fome, passar necessidade...

Ricardo tenta virar o rosto de Betão para ele enquanto a respiração pesada e a postura dele se mantem.

Ricardo: -Betão volta a comer. Por favor.

Ele finalmente relaxando, olha pra Ricardo e em seguida em silencio se dirige para a mesa, se curva sobre o prato e volta a comer, porem com mais calma dessa vez.

Betão: -Eu não sei o que é passar fome, ta bom... Tem três dias que não como...

Fez uma longa pausa e pareceu distante pensativo enquanto comia e continuou: -Ricardo, valeu pela comida, mas não posso deixar que saia dessa casa a noticia que to pedindo comida pros outros.

Ricardo: -Você não se preocupe com isso, eu resolvo. E aliais, você não pediu nada, eu que te ofereci. Aliais nem ofereci, já fui dando. (abriu um sorriso) Eu sempre fui uma pessoa muito dada.

Betão não riu da piada e serio: -Não, você não vai saber resolver, eu vou ter que resolver.

Olhou para Ricardo nos olhos: -Você não tem o jeito que isso exige.

Ricardo: -Tá e você vai fazer o que? Vai repetir o que fez com Carlos com a casa toda?

Betão calado olhou para Ricardo enquanto mastigava.

Agora Ricardo fechou a cara: -Você esqueceu que eu disse que também gosto de você? Eu também não entendo isso muito bem, mas da mesma forma que você também não entende eu passei a gostar de você, mesmo você me tratando como me tratou hoje pela manhã. Confie em mim, eu vou resolver isso. E não vai precisar violência.

Betão agora com um tom assustado: -Se meu avó imaginar...

Ricardo interrompeu: -Não perca seu tempo nem pensando nisso. Vai, termina de comer. Depois você vai tomar um banho.

Ricardo se levantou e deixou Betão comendo. A alguns meses atrás Ricardo teve um curto relacionamento com um gordinho. O rapaz vestia 46 e quando arrumava tudo que tinha para ir embora achou a bermuda novinha e decidiu guarda-la. Aquele era o momento de usa-la, Talvez ficasse grande para Betão, mas era melhor do que as roupas que ele estava vestindo.

Encontrou a bermuda na mala e voltou passando pela sala.

Jair: -O que você ta fazendo seu maluco?

Ricardo com seu raciocínio rápido: -Ajudando vocês sua cambada de burros.

Alceu: -Como assim?

Ricardo: -Quando você não pode com o inimigo...

Jair: -Aí agora você se juntou a ele?

Ricardo: -Não, a coisa é mais complicada do que eu posso explicar. Só preciso que vocês entendam que eu sei o que estou fazendo e estou do lado de vocês. Eu vou descobrir o que ta acontecendo e vou encontrar um jeito de resolver o que for em relação a Carlos. Agora preciso que vocês confiem em mim. Ta bom?

Jair: -É muito fácil pedir confiança, mas depois de você trazer esse cara para dentro da casa de sua avó... Até parece que você não sabe o que ele fez a uns meses atrás com o Carlos e sua prima.

Ricardo: -Eu sei sim, mas eu garanto que se confiarem em mim, não vão se arrepender.

Alceu: -Porque ele ta daquele jeito? Só costumo ver ele todo engomado, cheio das marcas e ta ali todo desmazelado.

Ricardo: -Isso não pode sair dessa casa. Nem mesmo o fato dele estar aqui hoje, nada disso pode sair daqui vocês entenderam?

Jair: -Porque?

Ricardo: -Porque eu prometi a ele que não sairia, e se sair ele não vai mais confiar em mim e dai todos meus planos vão por água a baixo.

Jair abriu um sorriso malandro: -Já entendi o que esta acontecendo aqui. Muito boa jogada Ricardinho, muito boa.

Alceu: -O que você entendeu?

Jair: -Não importa. Vai Ricardo, diz pra ele ficar tranquilo, esse assunto morreu, a gente ja até esqueceu que ele este aqui hoje. Aliais, eu tô até indo embora.

Ricardo se despediu dele e voltou para o quintal. Betão conversava com D. Mariana que com a aproximação de Ricardo se levantou.

D. Mariana: -Eu vou me recolher, tira a mesa ta Ricardo?

Ricardo: -Pode ir tranqüila minha vó.

Ela deu um beijo na têmpora dele e seguiu para dentro da casa humilde. Betão observava tudo aquilo com um ar de profunda estranheza.

Betão: -Ela não parece que castiga vocês.

Ricardo riu: -E ela não castiga.

Betão: -E porque você obedece ela?

Ricardo: -Por que eu quero, é uma escolha que faço, uma forma de demonstrar respeito, carinho por ela e por tudo que ela fez por mim e pelos que vieram antes de mim.

Betão olhava com ar de quem não entendia o significado do que Ricardo estava dizendo. Ricardo ainda não sabia e somente depois descobriria que Betão não era o rapaz feliz e filhinho de papai que todos pintavam. Ele tinha sido criado para ser um soldado. Tinha como única razão de viver obedecer as ordens que o avô lhe comandava. A lembrança mais antiga dele é de estar preso no quarto de empregada com apenas 5 anos e apanhando violenta e covardemente do avó sem nem saber exatamente o motivo. E assim foi toda sua vida, ele na maioria das vezes não sabia nem porque apanhava. Passou a entender que algo ele estava fazendo de errado e que seu avô sabia disso melhor do que ele. Passou a viver a vida com medo daquele homem e na tentativa de evitar mais castigos começou o obedecer cegamente. A tantos anos o obedecia sem raciocinar que tinha se tornado algo automático, mais forte que ele. A vontade de não fazer algo sumia ao simples comando para fazer de Cristóvão. Foi assim que ele começou a malhar, pois seu avô o queria mais forte, também começou a lutar pela mesma razão. Perdeu o medo de encarar quem quer que fosse porque o medo de não encarar e ser punido pelo avó era sempre superior. Com o tempo ele criou um personagem moldado pelo avó no qual para o mundo era um garotão, rico e de bem com a vida, enquanto na verdade era um infeliz, que viva com medo daquela figura violenta e com o seu psicológico tão estilhaçado que a aquela altura nem entendia mais porque de obedecer ao avô, apenas obedecia.

Era a primeira vez que Ricardo era tratado tão bem e sem nada querem dele em troca. Talvez aquela fosse a primeira vez na vida que ele sentia carinho e cuidado puro por ele. Seus ditos amigos eram em sua maioria seus capangas e os poucos que não eram se preocupavam em agrada-lo apenas para de alguma maneira usufruir de algo dele ou da familia dele. Aquela era a primeira vez que conseguia esquecer do avó por um tempo, do medo, da falsidade e que olhava sem nenhuma desconfiança para as pessoas que estavam ao seu redor. Ele confiava Ricardo, sim pela primeira vez ele confiava em alguém.

Ricardo: -Terminou de comer? Ainda quer mais alguma coisa?

Betão: -Não, ta bom já.

Observou Ricardo retirar a mesa, guardar as coisas em seu devido lugar e lavar os pratos. Aos poucos o silencio ia se apoderando da residência. As pessoais iam se recolhendo aos seus quartos e quando se deram conta apenas os dois estavam ali.

Ricardo terminando com os afazeres da cozinha: -Vem comigo, vai tomar um banho e vestir uma bermuda que achei ali.

Ricardo o acompanhou ate o banheiro e ao entrar, ainda mesmo com a porta aberta, sem nenhuma cerimonia, Betão abaixou o short e a cueca ficando nú. Ricardo se espantou com a ação dele, mas era algo natural, sem nenhuma maldade. Ricardo fechou a porta atrás dele saindo do banheiro quando ouviu Betão o chamando e por fora da porta perguntou o que foi:

Betão: -Entra ai.

Ricardo abriu a porta e entrou procurando não olhar para aquele monte de músculos branco, nu em baixo do chuveiro ainda desligado.

Betão: -Fica ai comigo.

Ricardo olhou para ele com um sorriso leve nos lábios: -Ta bom.

Betão: -Você não ta sem graça por causa daquele seu problema né?

Ricardo: -Que problema?

Betão: -Aquele que é segredo.

Ricardo ainda com o sorriso nos lábios: -Não, pode ficar tranquilo, vai toma seu banho ai. Olha a água aqui é fria.

Betão: -Tudo bem, não ligo.

Abriu o chuveiro e começou a banhar-se, calado ambos estavam, e calados permaneceram durante todo o tempo. Apenas já se aproximando do fim de seu banho, Betão estava com dificuldades para ensaboar as costas.

Ricardo: -Ta difícil né?

Betão: -To muito duro, não alcanço direito. Em casa tenho uma escova pra isso.

Ricardo: -Me da o sabão.

Betão desconfiado olhava pra ele sério.

Ricardo: -Vai, deixa de besteira, não vou me aproveitar de você não. Quer dizer (abriu um sorriso) não posso garantir não tirar uma casquinha, mas garanto que não vou te atacar.

Betão riu sem graça e entregou o sabão para ele. Ricardo começou a ensaboa-lo, Ele estava fascinado pelas costas brancas, os músculos de tão grandes e duros demarcavam a pele. Ele não se demorou naquela ação. Não queria constranger o rapaz.

Ricardo: -Viu, nem tirei pedaço.

Betão sério querendo ressaltar sua postura de macho apenas pegou o sabão da mão dele. Terminou seu banho, se enxugou e o mais incrível foi que a bermuda ficou justa nele.

Ricardo: -Cara! Quando você veste?

Betão: -Depende, 46, 48, varia com a roupa.

Ricardo fez uma cara de espanto.

Betão: -O que foi?

Ricardo: -Você é puro músculo e usa 48? Cara você é maior ate do que a gente pensa que você é.

Betão pareceu ficar triste com a informação de Ricardo, que reverteu a tristeza dele em um instante ao completar: -Queria eu ser assim! Benza Deus!

Isso arrancou um leve sorriso dele. Saíram do banheiro quando Betão disse: -Esta na hora de eu ir embora.

Ricardo: -Nem pensar. Você dorme aqui hoje, logo cedo, muito cedo te acordo e você vai para casa. É o tempo que sua cueca seca. Vou lavar ali rapidinho e botar atrás da geladeira. Você ta a uma semana dormindo no chão, merece uma noite bem dormida.

Betão assustado: -Não! Meu vô...

Ricardo: -Nada de meu avô, nada mais vai salvar você da sua punição. Então aproveite bastante agora pra valer a pena.

Acabou convencendo Betão a dormir ali. Na cama dele. Ricardo lavou a cueca dele e ate riu pensando consigo mesmo que jamais se viu fazendo isso, lava do a cueca de um homem. Após terminar, e pendura-la atras da geladeira voltou ao quarto e encontrou Betão em profundo sono. Ele se sentou na cadeira no canto do quarto e observou por quase uma hora, quase que velando o sono daquele homenzarrão dormindo em sua cama. Calma e tranqüilamente.

Ricardo se levantou e ia saindo do quarto quando se virou e sussurrou: -“Descansa bastante cara, amanhã o seu dia vai ser duro.”

Ele tinha conseguido a confiança daquele homem duro e perturbado, alimentado e cuidado dele e agora o fazia descansar. Três movimentos que acalmaram o coração do valentão. Ricardo não sabia ainda, mas acabava de sacudir o mundo de Betão.

Ele parecia prever o que estava vindo pela frente com as palavras que sussurrou antes de sair do quarto. Aquele sábado começaria a mudar tudo na vida de Ricardo como também na vida de Betão.

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Comentários

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Maaaaaaaaaaath? Cadê a continuação???? Termina logo pfffff )=

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Eu acho o que betao sente falta e carinho e atençao....Mas kra eu amo o seus contos nao pare eu estou ancioso para a proximo capitulonota10sem duvidas

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Porra carinha, ñ tenho nem palavras para descrever suas historias, simplismente maravilhoso. Bjsssss e nota 10 ja q ñ tem nota maior...

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Cara, esqueci que entrei aqui para ler contos eróticos, agora virou minhas novelas preferidas, publicadas em folhetim. Muito bom! Excelente qualidade de narração, só peca nos erros gramaticais (que aliás, são muito poucos). Pena que só às sextas! Quer dizer um capítulo quinzenalmente? Duro de aguardar, mas vale a pena a espera, o esmero é inacreditável aqui. Parabéns mais uma vez, e mais um 10 !

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Eu concordo com o Gigante-malhado. A impressão que Matheus passa é e que ele viveu ou acompanhou muito de perto a historia, tem muita coisa que parece real, fora o estilo de escrita inconfundivel que nós faz ver através dos olhos dos personagens. Smplesmente incrivel. Nota 1000000000000.

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Eu me reconheço um pouco no Betão. Tive uma adolecencia e juventude conturbada e eu era extremamente violento. Fique orfão muito cedo de mãe e nunca conheci meu pai, fui criado por um tio que sistematicamente me espancava, fora o medo de assumir minha sexualidade. O seu relato parece ser de alguem que realmente viveu o que eu vivi e me faz er a historia do lado de fora,por outra pespectiva. Parabens Matheus. E obrigado.

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Eu ja achava que que Betão talvés n fosse mal, que tinha algo aipor tras de toda a brutalidade dele. Ele precisande ajuda e Ricardo quer ajudar ele. A consequencia é que mesmo ele n sendo gay vai acabar se apaixonando por ricardo por ele ter sido o primeiro a estender a mão para ele.

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Af amo seus contos!! São perfeitossss ):

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Kra muito bom seu conto. Adoro o Ricardo e dá pra ver q o Betão tbm adora neah...Nota100000000000000000000000000!

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