Sonho de uma Vida [Cap.4]

Um conto erótico de Daniel
Categoria: Homossexual
Contém 2017 palavras
Data: 22/02/2012 03:12:53
Assuntos: Amizade, Amor, Gay, Homossexual

- Luan você está me ouvindo?!

Parecia que eu estava em um filme de terror, ele tirou as mãos dos olhos. Os olhos dele estavam virados para cima, e tremiam também, todos os músculos dele começaram a tremer cada vez mais forte, até mesmo os músculos do rosto.

"O que eu faço?"... pensava eu desesperado.

Eu sempre sentava nas carteiras da frente para prestar atenção nas aulas, então eu estava próximo ao professor e a multidão que o cercava, eu pensei em ir chamá-lo mais não queria deixar o Luan que tremia em sua cadeira. Então chamo uma menina que estava a um metro e meio de distância de mim...

- Roberta chama o professor AGORA!

- Aiii garoto para de gritar, quem você pensa que...

Ela então olha o que estava acontecendo, ela fica assustada e começa a gritar. "Merda merda merda" eu pensava.

- PROFESSOR! (eu falei bem alto)

Outras pessoas foram olhando por conta do desespero da garota e do meu grito, outras garotas começam a se desesperar também e correm para fora da sala. Olho para Melissa, ela também estava assustada, mas não saiu dali. O professor se levanta, passa pelos alunos e quando olha o que está acontecendo diz...

- Eu vou chamar o inspetor.

E também sai correndo pela porta... "muito últil professor" pensei com raiva. Olhei ao redor e chamei um garoto, Júlio, que era um dos caras mais musculosos da sala.

- Júlio vem cá, me ajuda a colocar ele no chão.

Felizmente ele me ajudou, eu estava com medo dele também sair correndo.

- Mel, ache algo para usar como almofada.

Luan começou a babar, fiquei muito preocupado, não sabia se ele estava respirando.

- JP, pegue papel higiênico, por favor RÁPIDO!

- É epilepsia Daniel, acho que você tem que virar ele, coloque o de lado.

Quem dizia isso era Alexandre, o garoto mais estudioso da turma, então o ouvi, eu e Júlio colocamos Luan deitado de lado, usei o papel higiênico para enxugar sua boca e coloquei algo acolchoado que a Mel trouxe abaixo da cabeça dele. Posicionei um dedo meu na frente do seu nariz... ele restava respirando. Logo chegou um inspetor dizendo que já tinha chamado uma ambulância. Então Alexandre fala que não será necessário, crises epilépticas duram alguns minutos e depois a pessoa volta ao normal. As contusões começaram a se acalmar, logo chega uma das diretoras e manda levarem Luan para a ala médica da escola, o inspetor e Júlio o levam. Eu me levanto atordoado, Mel vem ao meu lado e agarra meu braço...

- Está tudo bem Daniel, ele vai ficar bem.

A diretora reúne todos novamente na sala e explica a situação...

- Quero a atenção de todos vocês, Luan sofre de uma desordem crônica e neurológica causado por uma deficiência no cérebro, chamamos isso de epilepsia, isso pode acontecer com qualquer um, seus filhos podem ter isso, então peço que não mudem a forma como tratam o aluno, não vamos tolerar preconceitos na nossa escola, Luan tem plena capacidade de ter uma vida normal como qualquer um. Espero ter sido clara, as aulas voltarão normalmente a partir de agora.

Então entra outro professor para dar aula. Claro que eu não prestei atenção em nada, só pensava no Luan. Mel veio sentar ao meu lado até o final da aula. Quando a campainha para a saída toca, me despeço da Mel e vou direto para a ala médica, a porta estava trancada, então eu vejo (através de uma janelinha de vidro que tinha na porta) Luan deitado e uma senhora sentada ao seu lado, logo eu a chamo. Ela abre a porta...

- Você deve ser o Daniel, venha, entre.

Vou até a cama onde ele estava, ele já havia acordado.

- Oi mano, como você está?

- Eu vou ficar bem, obrigado.

Então a senhora falou...

- Ah, que amor lindo! Ele não parava de pedir pra chamar você Daniel. Continuem assim, a maioria dos irmãos geralmente não se gostam.

Eu pensei em dizer que não éramos irmãos, mais deixei que ela pensasse assim, Luan também não disse nada. Porém eu pensei, ela estava certa, eu não era chegado ao meu irmão e nem o Luan ao dele. Então a senhora disse que iria resolver algo em algum lugar e nos deixou a sós. Depois que ela saiu eu perguntei...

- Por que você não me disse que tinha epilepsia?

- Eu tinha medo de que você mudasse comigo, pois isso já aconteceu antes, um amigo há uns anos atrás parou de falar comigo quando ficou sabendo que eu era assim.

- Seu bobo, eu nunca vou te deixar, não importa o que aconteça.

- Você é o melhor amigo que alguém poderia ter, sabia?

- Quê isso... você é que é.

- Ei, eu vi... ou melhor, ouvi tudo que acontecia, você foi incrível!

- Você podia ouvir?

- Sim algumas vezes, você dando ordens a todos, agiu direitinho. Vai ser um bom médico.

- Obrigado.

- Sortudo serei eu, terei um médico particular de graça. (risos)

- (risos) E quem disse que eu não vou cobrar?

- Ah é assim então?

- Brincadeira mano, por você eu faria qualquer coisa.

Imediatamente depois eu me toquei no que eu tinha dito, uma frase assim era dita quando alguém estava apaixonado, eu fiquei vermelho na hora. Se instaurou um silêncio até que ele fala...

- Ei, tenho que pegar minha mochila, não posso perder meu ônibus.

- Claro, você já pode se levantar?

- Sim sim, estou ótimo.

Então vamos para nossa sala, ele pega sua mochila, se despede de mim com um forte abraço e vai para sua parada. Logo minha mãe chega e eu vou embora também.

Os próximos meses foram chatos, eu via o Luan muito pouco, e quase sempre que eu ia a casa dele eu era meio que obrigado a ver a namoradinha dele. Em junho ele tomou coragem e foi na minha casa. Meus pais gostaram muito dele, mau pai então passou um bom tempo conversando com ele, e ele claro adorava, fazia muitas perguntas sobre cursos militares, rotina militar, sobre as bases e navios que meu pai já tinha visto. Eu que estava perto deles, não falava uma palavra, não tinha o mínimo de interesse na carreira militar, até porque, eu sempre pensei como eu iria banhar em um banheiro coletivo onde tinha vários homens pelados? Não ia dar muito certo. Uma semana depois meu pai e eu levamos Luan para conhecer a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco, era engraçado ver como ele se maravilhava a cada passo.

Em julho minha família faria uma viajem para Natal, Luan já tinha me falado que nunca tinha saído de Pernambuco, então tive a brilhante ideia de convida-lo para ir com agente. Ele relutou no começo, mas ele já estava tranquilo pois meus pais já tinham o conheciam, logo ele aceitou.

Partimos de manhã cedo, chegamos em João Pessoa para o almoço. Ficamos na cidade pela tarde e ao anoitecer fomos à Natal. No carro, estava escuro, meu irmão dormia como sempre, ele estava à esquerda. Eu, que estava no meio, começei a ficar com sono e coloquei a cabeça para trás, mas não era muito confortável, logo o Luan, que estava à direita coloca seu braço por trás da minha cabeça para eu me apoiar, confesso que não melhorava em nada, mais só por manha, eu apoio minha cabeça no seu braço e finjo tirar uma soneca.

Chegamos a Natal e fomos a um restaurante jantar em um shopping. Percebi que Luan estava estranho, mais não falei nada sobre pois minha família nunca saía de perto. Fomos mais tarde a um hotel, ele era mediano, tinha uns 5 andares, uma piscina bem grandinha e um restaurante. Alugamos dois quartos, infelizmente, eu e Luan teríamos que dormir no mesmo quarto que meu irmão, meus pais queriam "privacidade", nessas horas que eu queria muito ser filho único. No quarto tinha uma cama de solteiro e uma de casal (eu teria que dormir com meu irmão claro). Antes de dormir, eu pedi a Luan para irmos na sala de recepção para conversarmos. Chegando lá...

- Luan, tá acontecendo alguma coisa? Reparei que você estava estranho hoje no shopping.

- Não é nada...

- Ei... você sabe que pode confiar em mim.

- É só que... não tenho como pagar pelo que vocês estão fazendo por mim.

- O QUÊ?? Era isso? Cara... pelo amor de Deus! Você não precisa pagar nada, você estar aqui já me alegra muito!

- (risos) Mano... não sei se você vai estranhar o que vou dizer, mas... eu te amo, cara... eu te amo!

Eu devo ter ficado corado na hora, mas eu sabia que o "eu te amo" dele não era no sentido de namoro, paixão, infelizmente. Então, me conformei...

- (risos) Eu também te amo seu bobão!

Então ele me abraça forte, mesmo eu estando angustiado, pois sabia que nunca nós iriamos passar de bons amigos, eu estava muito feliz com aquele momento. Voltamos para o quarto e dormimos. No outro dia, iriamos para Genipabu. Amanhecendo nos arrumamos bem cedo rapidamente e fomos pegar um Buggy (um carro próprio para areia) bem na frente do hotel... Foi simplesmente fantástico, todo o passeio por Genipabu... a montanha-russa que o Buggy faz nas dunas, o surfe na areia, o esqui-bunda e os dromedários, foi realmente inesquecível. Depois de almoçarmos, fomos passar a tarde na praia. Eu, Luan e meu irmão fomos para o mar enquanto meus pais ficaram naquelas mesinhas de praia observando. Depois eu decidi ir me sentar na areia, logo Luan veio e sentou comigo.

- Nossa.. isso é o paraíso Daniel, não sei como agradecer.

- já disse que só ter você aqui já é o agradecimento.

- O mar é tão maravilhoso, eu sinto uma ligação com ele.

- Explica o porquê de você ser obcecado pela Marinha.

- Pois é. (risos)

- Mas heim... lá em Recife você nem vai muito para a praia.

- É... é que ela me traz lembranças.

- Ruins?

- Não, muito boas na verdade, meu pai... costumava me levar para a praia, quando eu era criança, brincávamos muito.

Eu diante daquilo não sabia o que falar, então só o abracei, e ele me abraçou de volta, foi algo mágico, o melhor abraço que eu já tinha dado e recebido.

- Vou ver se meus pais pediram alguma coisa para comer, volto já.

Fui me aproximando das mesinhas onde meus pais estavam... eu estava muito feliz com aquela viajem, mesmo que eu amasse muito o Luan, eu jamais iria querer perder sua amizade, era uma das coisas mais preciosas que eu tinha na minha vida. Eu estava muito sorridente, porém quando eu chego e olho para meu pai, fico paralisado, ele me olhava com um olhar que eu nunca tinha visto, sério, irritado. Então falo...

- Algum problema?

- Daniel sente aqui do meu lado. (fala o meu pai, e então eu sento)

- Filho, queria te falar algo... você e o Luan, não podem ficar se abraçando assim na frente de todo mundo, as pessoas podem achar que vocês não são só amiguinhos.

- Qualé pai, mas irmãos se abraçam, Luan é meu melhor amigo!

- (então minha mãe fala) Sim filho, mas isso é estranho, só não queremos que você atraia maus olhares.

- Você sabe o quanto nossa religião abomina essas aberrações, só que nós ainda temos a bondade de tolerar, há pessoas por aí que matam homossexuais por diversão, e não queremos que confundam você e seu amigo.

Eu fiquei assustado, da forma de como meu pai falou "aberrações", ele estava falando de mim. De qualquer forma, eu não tinha como contestar nada e só disse...

- Ok pai, não vou mais abraçá-lo então.

Só que infelizmente, as surpresas não tinham acabado...

- Ah sim... outra coisa Daniel, meu superior ligou, parece que vamos ser transferidos de novo, prepare-se para o fim do ano, vamos morar no Rio de janeiro.

[CONTINUA]

Obrigado novamente pelos comentários galera! E se você não quiser comentar, pelo menos deixe sua opinião votando.

Os contos estão ficando inevitavelmente grandinhos, mas acho que a causa são os detalhes que eu acrescento, logo o texto fica extenso, espero que não atrapalhe a leitura.

Bom, sinto em dizer que provavelmente agora o próximo só no fim de semana, até lá! Abraços.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Dan_Nerd a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Se você também curte uma boa sacanagem entre machos de verdade, não perca tempo. Clique no meu nome e leia meus contos. Não deixe de comentar. Para o pessoal de Campinas que se interessar, meu e-mail está no final. Curto uma boa pegação com outro macho de verdade. Até mais.

0 0
Foto de perfil genérica

Pessoal... como assim voltar para o Rio? rsrsAcho que vocês não entenderam... a cidade que eu fui nos capítulos 2 e 3 foi Santos-SP.

0 0
Foto de perfil genérica

ESTÁ INCRÍVEL , SENSACIONAL , TOMARA QUE VOCÊ NÃO PRECISE VOLTAR PRO RIO , *-*

0 0
Foto de perfil genérica

Putz!!! Ta booom demais.. Mas no final triste.. Tomara q nao volte para o Rio... O amor dos 2 esta sendo taao linduuu de acompanhar *-* aguardo super ansioso pelo proximo!!!

0 0
Foto de perfil genérica

bah cara fiko sensacional, esperando ansiosamente a continuação

0 0
Este comentário não está disponível