A história de nós três - 2x07 - "Lembranças - Parte 02"

Um conto erótico de My Way
Categoria: Heterossexual
Contém 2708 palavras
Data: 14/02/2012 00:24:02

“ O que significava tudo aquilo. Eu precisava arrumar a minha vida e arrumar a vida de todos a minha volta.”

Todos os dias eu ia para o hospital e ficava no estacionamento observando o Mauricio, ele naquele mundo maluco havia obtido o habito de fumar. E às vezes o Márcio ia ao hospital e brigava com ele, creio eu que por causa do Paulinho. Eu ainda estava tentando juntar as peças, mas não conseguia. Eu tinha consciência de que não estava louco, algo havia mudado. Talvez aquilo fosse um sonho ruim, que estava durando quase um mês. Em casa as coisas estavam entrando nos eixos, tentei ser o mais obediente que eu pude afinal todos achavam que eu estava louco. Se de um lado eu estava triste por ter perdido o Mauricio e o Paulinho, por outro eu estava na companhia do meu irmão.

- E ai maninho... – falei entrando no quarto dele.

- Oi Pedro... – falou ele olhando para o computador.

- Que fotos são essas?! – perguntei curioso.

- Da minha filha... – disse ele chorando.

- O que foi meu irmão... eu não gosto de te ver assim, vamos dar um jeito de tirar a Patrícia das mãos dessa vaca. – falei abraçando ele.

- Não é tão simples. – ele disse encostando a cabeça no meu braço.

- Eu sou louco esqueceu? – disse rindo.

Eu tinha algumas missões na minha cabeça, primeiro eu ia achar o meu irmão, depois ajudaria a Luciana e faria de tudo para devolver a filha do Paulo. Quem sabe era isso que Deus havia me mandando para aquele ‘mundo paralelo’, era assim que eu chamada, eu não era esquizofrênico, tinha consciência da minha ‘outra vida’, aquilo só poderia ser uma intervenção divina. No dia seguinte, acordei cedo e fui a uma loja de produtos eletrônicos e comprei alguns brinquedinhos que eu amava. Enquanto estava saindo da loja eu vi alguém que lembrava o meu irmão Phelip. Corri atrás dele desesperado.

- Ei! – gritei tendo certeza que era o Phelip.

Quando ele me viu e saiu correndo, mas eu não desisti e forcei ainda mais a corrida. Não sou o cara mais esportivo da terra, cansei e perdi ele de vista. Comecei a investigar a área e consegui com um senhor o local onde o Phelip estava morando. Fui até o endereço e bati na porta, um homem estranho atendeu e eu pedi para falar com meu irmão.

- Phelip!!! – falei abraçando ele.

- Saí fora!!! – ele gritou me empurrando.

- Eu sei que você tem todos os motivos do mundo para me odiar, mas entenda, eu estou doente. Eu nem lembro o que eu fiz a você! – disse quase chorando.

- Mas eu lembro... de cada soco, cada chute e palavra que você me falou. – ele disse chorando.

- Vamos pra casa... eu te peço. – falei me ajoelhando no chão.

- Não faz esse papel de ridículo, de coitadinho. Você não me conhece, eu estou em casa. – ele disse.

- Eu te peço uma oportunidade, você é tão feliz! – falei sem me tocar.

- Eu sou? Sabe o que eu faço para sobreviver... você quer mesmo saber? – ele disse chorando. – Passei quase duas semanas na rua, não tive coragem de voltar para casa. Depois soube que a minha avó morreu não tive mais rumo, roubei e me prostitui...

- Para!! Para!! Eu não posso ouvir mais... te peço essa oportunidade, ninguém pediu para eu vir atrás de você. Eu te amo... você é meu irmãozinho! Volta comigo... me dá uma chance! – falei chorando.

Em casa as coisas não estavam as melhores, meu irmão teve uma briga feia com a tal mulher, ele atrapalhou boa parte dos meus planos. Os advogados da família estavam lá em casa, discutindo sobre as ações do tribunal. Entrei e pedi licença e reuni toda a família na sala.

- Gente eu sei que nos últimos anos, eu tenho dado trabalho a vocês. Eu quero mudar... juro para vocês que não é mais um lampejo da esquizofrenia, sou eu... o Pedro. E para provar que eu estou falando a verdade.... entra.

Todos ficaram emocionados quando viram meu irmão entrando na sala. Meu pai o abraçou e o beijou. Minha mãe me levou para a cozinha, enquanto o resto da minha família cumprimentava o meu irmãozinho. Mamãe me abraçou e me agradeceu, ela disse que o meu pai nunca mais havia sido o mesmo, até achou que ele estava com depressão. Eu a abracei e disse que tudo o que havia acontecido nos últimos anos seria apagado.

No outro dia chamei o Phelip para irmos ao hospital. Pedi para ser atendido pelo Dr. Mauricio Elias. O meu marido ( que não me conhecia) me atendeu e eu expliquei toda a história para ele. Pedi que todos os exames fossem feitos com o Phelip. Já que ele havia passado maus bocados na rua, chegando até a ser garoto de programa. Tentei ser um pouco mais ousado com o Mauricio, mas sem ser pretencioso.

- Doutor, eu acho que já te vi em algum lugar... não lembro. – falei.

- Mesmo? Eu não lembro...

- Você estudou na USP? – perguntei.

- Sim...

- Eu acho que era de lá... desculpe lhe falar, o Senhor deve ser casado, mas eu sempre achei você bonito.

- Ahh... obrigado.

Ele ficou vermelho, e depois disso passou a me olhar de forma diferente, puxava assuntos para conversar quando ficávamos em silêncio. Graças a Deus, os exames do meu irmão não mostraram nenhum tipo de doença, agradeci ao Mauricio dando um forte abraço nele e me despedi com um beijo no rosto. Ele deixou os papeis caírem no chão e eu saí rindo, sabia que não importava qual situação o Mauricio nunca me esqueceria.

- Doutor... – falei perto da porta. – Deixei meu número na ficha do Phelip... qualquer novidade pode me ligar. – falei saindo.

Fomos para casa e eu vi meu irmão mais velho sentado na varanda olhando as fotos da filha dele. Eu ficava muito triste em ver o Paulo daquele jeito. Durante a semana eu tentava alegra-lo de todas as maneiras possível. Ele estava deitado na cama dele e eu pulei em cima dele e comecei a fazer cocegas na barriga dele. Ficamos brincando igual a duas criancinhas.

- Paulo... eu queria ver a Patrícia. Eu não lembro de ter visto a minha sobrinha.

- Eu não sei... a mãe dela está com raiva de mim, mas se você quiser podemos ir hoje. – ele disse me abraçando.

- Vamos sim. Comprei um ursinho lindo para ela. – falei acariciando meu irmão.

- Sabe, eu preferia morrer... ao ver a minha filha sofrer tudo isso... eu acho que no seu mundo é melhor para mim. – disse acariciando meu cabelo.

- Não... não quero perder mais ninguém... que horas nós vamos? – falei insistente.

Nos arrumamos e partimos para a casa da tal mulher. Eu já não gostava dela e tinham que fingir para colocar o meu plano “maligno” em ação. Acho que se eu estivesse louco de verdade, estava sendo o louco perfeito. Meu irmão chamou a mulher para conversar e eu fiquei com a Patrícia no quarto dela. Eles começaram a discutir e eu comecei a arquitetar o meu plano, ela queria brincar comigo e eu ocupado tramando o mal, ou o bem depende do seu ponto de vista.

- Calma querida, titio vai te tirar daqui!

Eles entram no quarto, quase me pegam com a boca no trombone. Disfarcei e falei que gostaria de ir ao banheiro, enquanto fui ao banheiro, percebi que a casa dela era apenas de um piso e da cozinha podia-se ver a casa toda. Falei para o Paulo que eu havia deixado um presente no carro pedi para eles irem buscar, enquanto eu urinava. Eles saíram e como dizem “Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa”, estava suando, mas determinado a ajudar o meu irmão que eu amava tanto.

- Pronto... - falei entrando no carro e pegando um notebook. – Vamos belezinha... funciona... funciona! – um som de bip. – Isso!! – gritei.

- Está tudo bem Pedro? – perguntou o Paulo colocando a cabeça dentro do carro.

- Sim... eu... bem... digo... estou bem!

- E da próxima vez dá remédio para o teu irmão maluco. – consegui ouvir ela dizer.

- Maluco é vadia... me aguarde... me aguarde. – falei rindo.

A semana seguiu com tranquilidade, estava tudo tranquilo. O Phelip estava se acostumando com a nossa família, ele ainda era fechado, mas fechado do que foi na primeira vez que ele entrou na família. Ele era retraído, era meio individualista, acho que eram respingos de tudo o que ele viveu nos últimos dois anos e por minha causa. Incluía ele em todos os eventos promovidos pela nossa família, toda vez que eu saia.

- Pedro... – ele perguntou.

- Um dia desses eu vi você e o Paulo abraçados na cama... tipo... não tenho preconceitos, mas dentro de casa... deveriam ter mais cuidado.

- Sério... – falei rindo descontroladamente. – Eu amo o Paulo, mas o nosso amor não é carnal, desde jovens somos carinhoso um com o outro. Ele é o meu porto seguro e pode ser o seu também. Afinal ele é nosso irmão mais velho. – falei passando a mão na cabeça dele.

Encontrei com a Luciana em outra consulta que eu fiz com o Doutor Moreti. Chamei ela para conversar e pedi desculpas pela minha atitude. Informei que eu havia sido atropelado com ela e a reconheci e fiquei feliz por a ver viva. Comentei que o meu pai estava precisando de uma secretária e que o salário era bom. E pedi para ela ligar para a empresa. Ela me agradeceu e disse que iria ligar, mas não era para eu contar nada para o Doutor Moreti. Rimos um pouco. A conversa com o médico foi tranquila e ele falou que eu estava progredindo.

Quando estava saindo do consultório o meu celular toca e era o Mauricio, ele perguntou se eu estava afim de tomar um café ou algo parecido, eu respondi que sim. Marcamos em um lindo restaurante que estava servindo o chá da tarde. Conversamos muito e rimos bastante.

- Nossa Pedro. Você é muito engraçado.... o cara que ficar com você vai ser muito sortudo. – ele disse ficando vermelho.

- Mauricio... – falei segurando o choro. – Você é um lindo, merece coisa melhor na vida. Tem um filho lindo, deveria parar de fumar, você é jovem...

- Eu sei, mas são tantos problemas na minha vida. O Márcio... eu gosto dele, precisei dele para adotar o meu filho, porem não dá mais... – ele falou serio.

- Tudo bem. Vai dar tudo certo. – fale me aproximando e dando um beijo nele.

- Não... – ele disse me empurrando. – Eu tenho uma família, me desculpe. – ele completou se levantando e indo embora.

- Não me deixa. – falei. Fiquei sozinho chorando por algumas minutos.

O dia do da audiência pela guarda da Patrícia chegou. Todas as provas foram apresentadas e todas as testemunhas ouvidas. Antes de encerrar o nosso advogado falou que havia mais uma testemunha. O juiz autorizou e ele me chamou, sentei na cadeira e jurei falar só a verdade para todos.

- Então... Pedro... conte um pouco da sua relação na história. – o advogado perguntou.

- Sou irmão do Paulo, e eu sei que a minha credibilidade não está boa ultimamente. Mas até eu que sou esquizofrênico tenho amor pelas pessoas que me cercam, e se eu tivesse um filho, por mais doente que eu estivesse nunca faria o que essa vadia... perdão... essa vaca... desculpa meritíssimo... eu não faria o que essa mulher faz com a minha sobrinha. E se vocês jurados, deixarem uma criança nas mãos dessa víbora capitalista, vocês estão destruindo uma vida inocente. – falei pedindo para rodarem um vídeo.

Nas imagens que deixaram a maioria das pessoas chocadas, aparecia ela batendo na Patricia, batendo como se ela fosse uma pessoa adulta. Em alguns momentos do vídeo que eu editei, ela negava comida da criança e jogava no chão fazendo a menina comer igual a um cachorro. Minha irmã e mãe saíram dos seus acentos e correram para bater na mulher. Foi a maior confusão. O juiz levantou e pediu para que todos saíssem para deliberar.

Estávamos todos do lado de fora quando a minha irmã vê a mulher indo para a saída do fórum. Eu a segui e vi a mulher apontando uma tesoura para a minha irmã, ela ia tentar fugir.

- Ei... ei... ei!! – gritei. – Calma... deixa ela em paz... o plano foi ideia minha! – falei me aproximando.

- Seu louco desgraçado!!! Você acabou com a minha vida!!! – ela gritou, enquanto a minha irmã conseguiu se livrar e correu para o meu lado.

- Hum rum... eu posso ser louco, mas nunca bateria numa criança... sua desgraçada! – eu ri quando ela correu e me furou três vezes com a tesoura.

- Pedro!!! – gritou a Priscila.

A mulher tentou correr, mas foi pega pela policia. Todos me levaram para o hospital, eu já havia perdido muito sangue e havia desmaiado. Sentia que a minha vida estava indo embora, meu coração batia devagar, eu havia visto meu irmão morrer e tudo aquilo me parecia familiar. Fui atendido pelo Carlos inicialmente.

- Carlos...

- Como você sabe meu nome? – ele perguntou assustado.

- O Mauricio... preciso ver o Mauricio!! – falei com a voz rouca.

O Mauricio ficou surpreso ao me ver, e me atendeu com a maior pressa possível. Eles me operaram, mas as tesouradas atingiram órgãos fundamentais para a minha sobrevivência e infelizmente eu não iria resistir aos ferimentos, eles me ‘fecharam’ e avisaram a minha família.

Os médicos tentaram de tudo para me salvar, mas parecia uma missão difícil, havia perdido muito sangue e só queria ver o meu amor antes de morrer. Todos fizeram um circulo em minha volta e me beijavam e me abraçavam. Eu estava feliz... morreria feliz, não queria saber, o importante é que eu havia feito bem as pessoas que eu amava e que estavam tristes.

O Mauricio chegou perto de mim e eu comecei a chorar, falei que eu o amava e que sempre o amaria, não importava se tudo o que passou fosse um sonho, eu o amava. Peguei na mão dele e fechei os olhos. E eu desmaiei.

Acordei algumas minutos depois e estavam no quarto o meu irmão e a Priscila. Ele se deitou a minha direita e ela a minha esquerda e ficaram comigo naqueles últimos momentos. Agora eu sabia o que o meu irmão estava sentindo no dia que ele morreu, ele não ficou só. Apesar da dor e das lágrimas, eu não estava sozinho.

- Eu sinto muito. – disse a Priscila chorando.

- Senti pelo o que?! – falei fazendo carinho no rosto dela.

- Por deixar você sozinho, no momento em que mais precisava de mim... eu te amo. – ela disse me beijando.

- Vocês dois são tudo o que eu preciso nesse momento. Eu tive uma vida boa, não posso reclamar. – falei com dificuldade para respirar.

- Não vai... eu te amo, não vou conseguir viver sem você. – disse o Paulo quase sem voz.

- Eu te amo também, e onde eu estiver estarei olhando por vocês... cuidem bem do Phelip. Ele vai precisar muito de

- vocês... eu.. cof...cof... eu... amo... vocês... – falei fechando os olhos.

As vezes aquilo que pensamos pode vir a tona, e vai nos colocar a prova. Eu sei que devo a minha vida a muitas pessoas e sou grato a todos. Eu poderia ter morrido, se eu não tivesse salvado a Luciana, mas Deus foi generoso comigo e as coisas aconteceram do jeito que aconteceram... não entederam? Nem eu... foi o sonho mais maluco que eu tive na minha vida e eu nunca esqueci, e me fez valorizar ainda mais as coisas que eu tenho.

Acordei no hospital com uma forte luz nos meus olhos, o Phelip estava deitado ao meu lado dormindo. Dei um tapa fraco na frente dele e ele acordou rindo e se levantou. Chamou o Mauricio que me explicou que eu havia caído no chão e batido forte a cabeça, mas sem fortes complicações. Apenas um galo que passou uns dias me enchendo o saco.

- Não passou de um sonho... – falei rindo.

- Como assim? – falaram ao mesmo tempo o Mauricio e o Phelip.

- As lembranças de outra vida que eu já tive. – falei fechando os olhos e sorrindo.

*Se vocês curtiram, por favor comentem e votem no meu conto e ajudem a divulgar também para amigos e colegas. Agradeço vocês e boa leitura.

Se tiver dúvidas ou comentários podem enviar para o email:

contosaki@hotmail.com

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive My Way a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

muito bom, que bom que foi um sonho, continua logo

0 0
Foto de perfil genérica

Surpreendente. Está magnifico e nao me resta fazer outra coisa a não ser dar nota 10. Continua logo, parabéns

0 0
Foto de perfil genérica

MA-RA-VI-LHO-SO, Pedro vc eh o kra, td dia m surpreendendo!

0 0
Foto de perfil genérica

Gente , o melhor conto que já li , sério , perfeito mesmo *-*

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Menino de deus quando agente pensa que vc nos surpriendeu vem vc e to sem palavras cara seexiste escritor perfeito esse é vc parabens quando lançar um livro olha me avisa em ta de parabens

0 0
Foto de perfil genérica

Eu pensei que vc ja tinha chegado ao limite, mais percebi que o ceu é o limite pra vc..

Muito bom.. Perfeito, fantastico...

0 0
Foto de perfil genérica

"Quando pensamos que se superou, la vem vc e nos surpreende novamente" :)

0 0
Foto de perfil genérica

Que perfeiçao... Puta q pariu!!! My way do ceu!!! Chorei no final... Caramba me surpreendeu com esses dois ultimos... Voce é simplesmente magnifico!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Continua logo!!

0 0