Os homens que não amavam as mulheres

Um conto erótico de Gábi Fleming
Categoria: Homossexual
Contém 1951 palavras
Data: 01/02/2012 21:45:49
Última revisão: 01/02/2012 21:53:24

Depois do que ocorreu entre mim e minha irmã, eu me tornei uma pessoa ainda mais reservada, e passava longos períodos de tempo pensando nela, com a cabeça nas nuvens.

Obviamente as pessoas ao meu redor acabaram se acostumando com isso. Como estava de férias convivia basicamente com minha família, da qual, conforme mencionei, não era muito próxima; meus pais limitaram-se a aceitar que eu estava de mal humor por tempo indeterminado, e eu não saía com os "amigos" que também não me procuravam com muita frequência; nunca os considerei amigos de verdade e portanto não me decepcionei com a falta de reação por parte deles.

Eu já havia discutido com meus pais a possibilidade de ir estudar em uma escola particular na cidade vizinha, inicialmente estava um pouco resistente, afinal não é fácil lidar com pessoas novas, menos ainda em uma turma de 3º ano, na qual provavelmente todos já se conheciam.

Meu aniversário é no dia 3 de fevereiro. As aulas voltariam no dia 8, e eu já tinha decidido mudar de escola definitivamente. No dia 2 meu celular tocou e eu atendi sem sequer olhar quem chamava.

_Alô?

_Parabééééns adiantaado Gábi! - sorri involuntariamente ao ouvir a última voz que eu esperava.

_Ágata, menina, tudo jóia?

_Eu to bem! Você tá brava comigo?

_Por que eu estaria?

_Uai, porque eu não te liguei durante as férias!

_Ah, que nada! Valeu pelos parabéns!

_Eu devia saber que você não ia ligar mesmo, senhorita 'auto-suficiente' - Disse ela gargalhando. Eu sorri novamente, e percebi que sua voz me fazia bem, afinal. - Mas vou me explicar mesmo assim. Minha mãe me obrigou a vir passar as férias todas aqui na casa de uns tios. É tão chato quanto poderia ser. E nesta merda de cidade não tem rede da TIM em quase lugar nenhum! Maaas como amanhã é seu aniversário arrastei minha prima comigo até o centro pra eu poder te ligar! E ser a primeira a dar os parabéns, eu fui a primeira, né?

_Foi siim! - Me surpreendi com minha animação ao perceber que ela se importava de fato comigo.

_Bom mesmo! Enfim, espero que você tenha tudo de bom Gábi, você é chata mais merece! A gente se vê dia 8?

_Poxa, eu não contei pra ninguém ainda, mas eu vou estudar no Objetivo agora. Não volto mais pra vocês.

_Como assim!? Por que??

_O ensino lá é melhor! - Menti o que havia ensaiado.

_Eu vou falar com meu pai. Vou com você!

_Ah tá! - disse ironicamente.

_É sério, acredite ou não ele queria que eu fosse pra lá. Eu insisti dizendo que não largaria a turma.

_Sério?

_Seríssimo. Olha só, eu tenho que ir. Chego aí dia 5, te ligo tá? Te amo, amiga! Beijo!

_Ok. Beijo.

Quando desliguei ainda havia o esboço de um sorriso em meu rosto. Ágata sempre me dizia "Te amo". Uma garota não muito alta, cheinha, com um sorriso de covinhas, que não enxerga sem óculos, vive de calça jeans e camisetas listradas, cada dia de uma cor. Quem a visse a julgaria uma nerd. Mas Ágata sempre foi dona daquela inteligencia que dispensa os estudos. Se dava bem com todo mundo, e dizia que amava à poucos. Ela era viciada em poesia, e não perdia uma oportunidade de citar Shakespeare dizendo "sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vemos." Confesso que não gostava quando me dizia isso, soava falso, ou era a impressão que eu tinha. Mas eu estava sorrindo aquele dia, naquele dia eu acreditei que ela me amava e me senti feliz por isso.

Dia 5 o pai de Ágata ligou para meus pais e combinaram de revesar no transporte. Eu já me sentia mais segura.

No Sábado a tarde Ágata passou em minha casa pra me entregar meu presente. Um elefante de pelúcia.

_Pra alegrar seu quarto. Vê se pelo menos ele, você deixa entrar na sua vida, sua chata. - Ela me abraçou e entrou no carro, onde o pai a esperava. - Até Segunda.

_Até!

O trajeto de carro levava apenas 30 minutos. Distancia entre cidades do interior. As aulas iam de 7:00 à 12:20, e depois das 13:00 as 17:00, quando um de nossos pais esperava para nos levar de volta para casa. O que significava que tínhamos de almoçar em um restaurante e passar um tempo esperando a escola reabrir.

Na Segunda Ágata me contou tudo sobre a viagem chata e eu disse que minhas férias não haviam sido melhores que as dela. No 1º final de semana já senti falta de sua companhia. Ela estava lendo "Os homens que não amavam as mulheres" E insistindo em me contar todos os detalhes, por fim me achei curiosa por saber quem era o assassino de Harriet Vanger.

_Oi, Gábi!

_Sei que deve estar cheia de mim mas eu tinha que te ligar!

_Cheia nada! Saudades já da sua chatice! Achei que fosse me ligar ontem, ainda. Eu sou irresistível, eu sei. Surpresa você esperar até Domingo! Tá, brincadeira. Aconteceu alguma coisa?

_Não. Quando te contar por que liguei você vai rir.

_Tenho certeza que sim. - Disse ela já sorrindo.

_Vai! Fala logo quem foi!

_Por que você não pega e lê? Eu acabei mesmo! Te empresto!

_Me conta logo, menina!

_Tá fazendo o que?

_Aff' Nada.

_Tá em casa?

_Aham. Meus pais me largaram aqui. Acho que foram pra uma espécie de jantar romântico. Victor e Junior foram passar o fim de semana em Resende com o meu avô. Pode me falar agora?

_Já chego aí!

_O q... - Ela desligou antes que eu pudesse reagir.

Me peguei de pijama com o cabelo bagunçado e Ágata prestes a chegar. Pensei "dane-se" Coloquei pipoca no microondas e sabia que ela chegaria em menos de 5 minutos. Estava certa.

_Que bom que você se convidou! - disse eu sorrindo ironicamente e abrindo o portão.

_Eu sei que você me ama! - respondeu já entrando - O que é que tem pra comer?

_Pipoca.

_Ótimo, por que eu trouxe um filme. E Coca-cola.

_Que filme? Achei que tivesse vindo me contar sobre o livro!

_O filme se chama "The Girl with the dragon tatto".E é a história do livro! A versão é sueca. A Americana só sai ano que vem. Mas imagino que seja bom! E ideal para os preguiçosos. - se aproximou e sussurrou no meu ouvido - Tipo a senhorita.

Me arrepiei com o sussurro e prestei atenção em Ágata. Estava usando um shorts, mais curto que de costume, mostrando que suas pernas eram firmes e depiladas. A camiseta era como sempre, listrada. Percebi pela primeira vez, com surpresa, que ela tinha peitos fartos.

_Sei que tá estranhando o shorts. Mas é que tá muito quente! E eu não ia ficar de calcinha! Vai que você me violenta!

Eu sorri um pouco sem graça mas não acho que ela percebeu. Fui para sala onde eu liguei o DVD, confesso que estava curiosa para saber o que aconteceria no final do filme. Me sentei no sofá, e quando Ágata chegou trazendo copos já foi logo argumentando que eu deveria me sentar no tapete, não entendi por que e ela disse que eu descobriria.

Resolvi obedecê-la; ela encheu os copos, colocou-os sobre a mesinha de centro atrás de nós, e deitou com a cabeça no meu colo.

_Mas que folga hein!

_Também te amo, Gábi. Dá play aí.

De repente me percebi mexendo nos cabelos pretos e lisos dela. Parei.

_Ow!

_Que foi?

_Tirando doce da boca de criança? Adoro que mexam no meu cabelo.

_Mas você é mesmo muito folgada!

Ela se sentou ao meu lado se fingindo indignada, apesar de meus protestos não se deitou outra vez. Assistimos o filme em silencio por um bom tempo. Até que começou a cena em que uma das personagens principais beijava outra garota.

_Éco!

_O que?

_Menina beijando menina. Quer dizer, nada contra, mas eu não faria. E você?

Me virei para ela e seus olhos estavam fixados em mim esperando uma resposta. Me inclinei para ela sem desgrudar meus olhos dos seus. Nossos lábios se tocaram. Ela não recuou. Fechamos os olhos simultaneamente e nos beijamos com delicadeza, mais que eu gostaria.Quando o beijo acabou encarei-a a procura de alguma reação. Ache que sairia correndo.

_Pois é. Nunca diga "desta água não beberei" - disse sorrindo. - Você beija bem Gábi.

Não respondi, continuei olhando para ela, que encarava a TV.

_Que foi? - falou e virou-se para mim.

Dessa vez quando meus lábios tocaram os seus, o desejo havia substituído a calma.

Me deitei sobre ela sabendo que poderia estar arruinando nossa amizade, e que se fosse da vontade dela me repelir, o faria sem dificuldades. Mas ela não o fez. Parei de beijá-la por mais um minuto para fitá-la. E dessa vez foi ela quem buscou meus lábios.

Entre beijos sôfregos, coloquei minha mão sob sua blusa a procura de um sutiã e não encontrei. Sorri, interrompendo o beijo, e ela protestou me puxando mais para perto. Tirei sua blusa e ela, desajeitadamente, tirou a minha. Passei a lamber sua barriga; sentir o seu corpo reagir a mim e ouvir os gemidos incontidos me excitava mais e mais.

_Eu nunca fiz isso. - Sua tentativa de falar com a respiração ofegante me fez sorrir. Passei a língua por seus mamilos rígidos. Ela se arrepiou.

_Eu sei.

Coloquei mão entre suas pernas, sobre seus shorts e forcei-a contra seu sexo.

Instintivamente e de uma maneira que aparentava desejo insano, Ágata começou a rebolar. Suas reações incalculadas, e a inegável falta de experiencia faziam-me desejá-la mais.

Quando toquei sua buceta molhada, ainda sem tirar o shorts, quem se arrepiou fui eu. Não resisti mais e me deixei levar, me abaixei passando a língua por todo seu tórax que se contorcia sincronizadamente, lambi sua cintura, intermeando beijos suaves. Tirei seu shorts e a calcinha de uma só vez. Senti o cheiro que seu mel exalava. Achei que ela gozaria assim que toquei seu clítoris, tal a grandeza de sua reação.

Ágata rebolava cada vez mais rápido conforme minha língua percorria sua buceta, como se todo seu corpo pedisse para que eu a penetrasse, e ela não estivesse consciente disso. Introduzi um dedo vagarosamente em seu buraquinho, e ela se contorceu tornando-o ainda mais apertado. Quando comecei os movimentos de vai-e-vem ela passou a gemer sem pudor, deixando transparecer seu prazer. Chupando seu clítoris, coloquei outro dedo, ela protestou inicialmente mas logo se acostumou...

Passei a fazer movimentos rápidos com a língua em seu grelinho enquanto penetrava-a cada vez mais rápido. Quando percebi o pequeno corrimento cor de sangue, me peguntei por um instante se a havia machucado, me lembrando em seguida que Ágata era virgem. Não tive tempo pra pensar no que aquilo significaria. Quando me dei conta Ágata estava tremendo levemente e tendo espasmos sequenciais, indicando que havia gozado. Retirei meus dedos, e a contemplei, ali, entregue.

Percebi o imenso prazer que ela havia me proporcionado, sentindo meu próprio mel molhar minha calcinha. Ágata segurou meus braços, puxou-me para cima e me beijou. Olhei-a inquiridora, esperando que ela comentasse sobre ter perdido a virgindade, ou se apavorasse, e tentasse fugir.

_Foi como tinha que ser- ela disse sorrindo, e me beijou.

Se encostou em meus braços e eu me senti mulher. O filme havia acabado e pairava no ar o silêncio. Que de algum modo não era constrangedor.

_Eu te amo, Gábi. Harriet não morreu,e o Martin é um assassino.

Me limitei a sorrir. Ágata adormeceu ali. Meus pais passaram mais tarde pelo corredor e não nos viram. Passei aquela noite em claro, contemplando Ágata. Ela ainda não havia acordado quando confessei:

_Eu também amo você.

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Comentários

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Oi Gábi, bom dia. :)Não descansei enquanto nao li o seu conto... mais uma vez me rendo às suas palavras, que prendem e nos fazem sonhar. A sua história toca mesmo bem fundo no meu ser... a minha virgindade também foi perdida na mão de uma mulher e digo-lhe que nao poderia ter sido melhor. Nota 10 para nao variar e continue a escrever.

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muito legal seus contos, adoraria conhecer vc melhor e saber mais se poderpode me add no msn ou me enviar um e-mail pra agente conversar?msn: heero.yuy12@hotmail.com / e-mail: heero_yuy_180@hotmail.com

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Adorei o seu conto!São os meus preferidos!Bjks

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