Coração Otário Parte 10

Um conto erótico de Passionate Boy
Categoria: Homossexual
Contém 4789 palavras
Data: 10/11/2011 22:52:47
Última revisão: 12/11/2011 12:35:48

Coração Otário

Capitulo: Ele é a única Exceção (10)

Alguém já sentiu que tinha uma chance de realizar seu sonho, e ficou tão nervoso a ponto de não conseguir comer, dormir? Assim que eu comecei a me sentir mais de uma semana antes do show. Era pressão demais, eu sabia o que fazer, mas ainda tinha medo. Mas daria certo. Eu tinha um bom plano. Eu ia até mesmo ter certeza de que ele não havia voltado a ser hétero antes de tentar alguma coisa. O nervosismo crescia quando eu assistia videos dos outros shows que houveram no Brasil. Se tinha alguém que sabia me deixar derretido além de Benjamin, era Hayley Williams. Essas pequenas faíscas que eu sentia por ela (as vezes, uma fogueira) me davam a certeza de que eu era pelo menos, Bissexual.

Quando relógio marcou 0:00 do diaeu soube que era oficial. Aquele era o dia. Seria o ultimo dia que eu sofreria por amor incorrespondido. Era pegar ou desistir, literalmente. Acordei cedo, já que não tinha conseguido dormir tão bem. Ansiedade me tirava a fome, sono. Benjamin me ligou animado.

_Oiiiiiiie! Como se sente? É hoje, é hoje... - Ele parecia tão animado quanto eu. Ele não era grande fã da banda, mas curtia. Se eu não estivesse irritado com Vanessa, eu adoraria visita-la antes do show. Só pra ver a cara de inveja dela. Após o almoço, o qual eu não comi nada, eu fui até a rua esperar Benjamin. Ele veio com uma camiseta preta, como eu havia dito pra ele. Estava muito gato e perfumado, pensei que fosse ter uma recaída.

_Oi oi oi oi. - Ele disse rápido.

_Não é só eu que sinto a adrenalina néh? - Eu disse rindo. Meu pai apareceu, então com o mapa que eu havia pego da internet nós fomos até o carro. Eu, Ben, meus pais. No caminho ninguém falou nada, Benjamin colocou o cinto, o que chamou a minha atenção. Ele havia comentado que meu pai é precavido demais. Não é por menos, ele estava costumado a percorrer mil km em alta velocidade...

Começou a chover. Bastante. Era mais um sinal pra mim de que era o dia. Meu pai nos largou na estação de trem. Até nós chegarmos dentro dela, acabamos molhados. Estava frio, lá dentro parecia ter ar condicionado. Eu adoro frio, gosto mesmo de pegar uma noite fria pra sair só com camiseta. Eu "sou do contra" como muitos me chamam. Na estação nós compramos dois bilhetes, com muita dificuldade. Eu não ouvia o que a moça falava, o barulho da chuva era alto demais. Chegando no embarque, Ben perguntou se eu estava com muito frio.

_Não, tudo bem. - Eu menti, estava tremendo de frio. Mencionei que meu cabelo havia ficado destruído? Ele estava realmente parecido com o de Benjamin.

Entramos no trem, vazio. Acho que pegamos o ultimo vagão. Benjamin sentou do meu lado e passou o braço por trás do meu pescoço.

_Você tá congelando... - Ele disse. Não protestei, não havia motivo pra sair de perto dele. Eu comecei a me sentir aquecido, talvez por causa do formigamento que eu estava sentindo. Ele já havia me aquecido, mas eu continuava fingindo que estava com o queixo tremendo. Após uns trinta minutos, a chuva havia parado. Eu disse então.

_Valeu. Tô melhor, mas to cansado, não dormi direito.

_Podia ter dormido. Nossa parada fica a quatro estações. - Porque ele não me avisou antes? Risos.

Não demorou muito nós desembarcamos. Logo na saída da estação havia um corredor por cima da rodovia que levava até o outro lado, na frente do aeroporto. Então, lendo o mapa nós seguimos até a direção do local. Foi fácil ver onde era, multidão, gritos, música. Era lá. Nós havíamos descido a frente da fila, ou seja, teríamos que percorrer toda ela começando do inicio. Há uns 50 metros de onde haviam os mais entusiasmados do começo, que não paravam por nada, Ben e eu fomos abordados por um vendedor de "coisas necessárias para um show". Camisetas, acessórios, faixas, bandeiras, ingressos. Nós compramos uma camiseta, cada um. Foi um momento inesquecível, assim que nós pegamos as camisetas, a multidão começou a gritar pra nossa direção. Haviam algumas pessoas além de nós dois, mas não fazia sentido. Ao nos aproximarmos, soava como "bem vindos". Nunca vou me esquecer disso... Nós percorremos passando por barracas, pessoas tocando e cantando, muitas bandeiras, e visualizamos o final da fila.

_Vamos comer alguma coisa? Eu não almocei... - Ele disse.

_Vamos, eu também não consegui comer, e agora deu fome. - Andamos até uma barraquinha de cachorro quente. Foi o nosso almoço, e pra beber, CAIPIRINHA. Sim, bem forte. Eu não sou acostumado a beber, quase desmaiei ao sentir o gosto do álcool puro LITERALMENTE. O Cheiro já era algo forte. O vendedor fez ela na nossa frente. Eu vi o quanto de álcool ele havia colocado. Mas foi uma boa ideia pra soltar Benjamin... Eu já estava com segundas intenções. Bebi uns três goles daquilo, e me senti tonto. Ben bebeu o resto em questão de segundos e já estava alegrinho. Ele nega até a morte até hoje, mas ele ficou todo "sorrisos".

_Vamos lá no banheiro do aeroporto colocar as camisas? - Ele disse. Eu tive uma ideia na hora... Ver como ficaria a camiseta enquanto ele colocava. Pro meu azar, os reservados eram minúsculos então era impossível. Ele colocou a camiseta e então saiu, eu já havia vestido a minha, torcendo terminar antes e abrir a porta que o escondia. Saímos de lá.

Voltamos pro final da fila e nos sentamos. Trinta minutos depois a fila estava tão grande pra frente como atrás de nós. Havia bastante barulho, mas estávamos conversando diretamente no ouvido, escorados no muro.

Quando o assunto surgiu, eu perguntei.

_E então, como você começou isso? - Eu perguntei baixinho.

_Isso oque? - Ele disse.

_Você, garotos... - Eu respondi no ouvido dele. Nada indiscreto.

_Precisamos falar disso? Foi quando eu tinha doze anos, eu fiquei com um amigo. - Ele estava envergonhado.

_Foi só dessa vez? - Eu sabia que ele achava um certo cantor atraente, mas isso era novidade. Não surpreendente, mas novidade.

_No carnaval do ano passado eu fiquei com alguns também. - Eu ri quando ele disse.

_Ahhhhh então, você fingia, se irritava, mas adorava pegar um no carnaval néh safado! Num dia você morria dizendo que era hétero, mas longe dos outros adorava dar uns amassos com um carinha. - Eu falei num tom mais alto, mas ninguém estava dando a minima mesmo.

_Nada ver... - Ele disse. É só uma vontade de ficar, nada demais.

_Quem beija melhor, meninos ou meninas? Eu sei que você fica excitado com meninas, mas com meninos...? - Estava muito curioso pela resposta.

_Meninos... Sempre. E... sabe.... - Ele fez um gesto que indicava que ele ficava excitado - Também... - Eu ri da vergonha dele.

_E você pega onde neles? - Agora que ele já havia concordado em falar, era tarde demais pra desistir.

_Depende, onde o cara passa a mão então eu posso fazer... - Fiquei pasmo. Ele era bem liberal.

_Então você transaria... - Não foi uma pergunta, foi uma afirmação. Pra quem já tinha feito tudo isso, o que era uma transa, não acham?

_Não, nada disso. Não tenho vontade... - Ignorei a resposta. Não fazia sentido, ele só estava tentando esconder a verdade.

_E você Zack? Fica falando ai mas eu sei que hétero você não é. - Ele tinha razão. Mas ele só sabia disso porque eu havia ficado com ele, me descoberto com ele.

_Eu já fiz algumas coisas com o Davi, mas é coisa de garoto. Só isso.

_Nunca ficou com ninguém, alem de...? - Porque ele não disse "mim" ? Fiquei magoado.

_Não... VOCÊ foi o meu único. O Primeiro. - Eu disse sério.

_E que tipo de coisas você fazia com o Davi? - Ele perguntou tentando fazer o mesmo que eu fiz com ele.

_Deixa pra lá, nem é nada tão importante quanto o que você disse, não vai ter graça pra você. - Estava irritado agora.

_Vem cá Ben, você é tão indeciso assim? De que lado do muro você tá? Ou tá em cima dele? Tem que decidir.... - Estava xingando ele.

_Eu devo estar em cima... Mas caindo pro lado de lá... - Ele disse apontando o outro lado.

_Hmmm gay? - Eu perguntei.

_Ér... Sim. - Ele disse.

_Não se preocupa, nós temos mais 6 horas aqui, sem distrações. Nós temos muito o que conversar.

_Então porque você não começa pelo assunto mais importante. - Ele disse.

_E que assunto seria? - Eu continuava alterado, nem passou pela minha cabeça o que poderia ser. Vindo dele, não tinha muito como tentar adivinhar.

_Nós. - Ele disse decidido. Finalmente.

_Nós nunca existiu. Você me magoou muito, mais de uma vez. Sem falar que ficou com esse outro carinha ai na praia, e ele é muito mais bonito que eu, porque você não corre pra ele? - Cheguei a ficar sem ar após terminar de falar.

_Eu.... Quer saber? Eu sempre sou o culpado de tudo, mas você que brigou comigo, não me dava a minima após toda confusão. Eu não queria que tivesse acontecido aquilo. Ela pode ter sido um erro, mas eu nunca o cometi. - Ele disse triste.

_Bom, agora foi. Se você quisesse minhas desculpas teria corrido atrás, mas você decidiu ignorar. - Ele estava certo.

_Eu pensei que fosse te perder. - Agora ele disse algo que fez sentido.

_Que talvez eu não quisesse mais? Nós ficamos um dia, e então acabou. Não tem desculpas. - Eu só precisava ouvir uma frase, três palavras fariam a diferença. Embora outra frase com apenas duas seria o suficiente pra me reconquistar.

_Eu t... - Então o casal da frente se virou e começou a conversar com a gente. O menino perguntou nossa idade, e eu senti que ele achava que nós eramos namorados. Dois caras num show. Eu particularmente não achava que isso era sinônimo para "namorados". Nós podíamos ser dois solteiros procurando meninas pra azarar. O rapaz nos assustou dizendo que talvez eles nos barrassem pela idade. Mas então metade das pessoas ali seriam barradas. Eles eram realmente legais de conversar, mas eu queria terminar de falar com Ben, e eu nem tinha ouvido a metade da sua ultima frase. Só fiquei sabendo que ele quase disse isso quando nós estávamos em casa.

Nós passamos pela entrada e exploramos o lugar. Estava escuro, e após alguns minutos acostumado com a luminosidade do ambiente, nós fomos até o único local com luz. Era perto do palco, lá vendiam refrigerante, aguá. Como era o vicio dele, comprou um refrigerante. Eu comprei uma aguá. Em alguns minutos o local que estava bem vazio, lotou. Pelo menos pra frente, já que para trás era mais difícil de ver. Eu devia ter pego um local bem na frente, mas odiaria passar o show sendo empurrado, pisoteado. Então fiquei perto do bar, onde eu podia até me erguer pra enxergar. De aquecimento, músicas de outras bandas, algumas legais, outras péssimas. Eu estava com meus pés doendo muito. Muito mesmo, eu havia ficado bastante tempo de pé, e aqueles tênis all star estavam me matando. Sentei um pouco pra aliviar a dor. Já nem me importava mais, estava cansado.

A banda de abertura começou, e era péssima. Não preciso nem dizer que eu não me levantei. Benjamin continuava comprando muito refrigerante. Eu já pressentia que ele iria ao banheiro em instantes.

Quando a banda saiu, uma adrenalina percorreu meu corpo. As luzes se apagaram e uma fumaça se formava pelo lugar. Apenas uma luz azul escura iluminava o ambiente. O Cheiro era estranho, devia ser da fumaça artificial. Estava quente, uma intro do metallica (se eu não me engano) tocava. O som da guitarra era maravilhoso. Me deixou anestesiado, enquanto mais uma carga de adrenalina percorria meu corpo, acabando com qualquer dor que eu sentia, me deixando animado pra pular. Eu tinha uma boa visão do palco, mas continuava pulando pra enxergar. Eu podia descrever com todo meu coração cada detalhe que eu lembro, mas eu com certeza prolongaria muito. Aqui vai o vídeo desse momento: (http://www.youtube.com/watch?v=4JTWHyb-V4w). Quando no meio daqueles flashes todos eu vi aquela figura vermelha, meu coração disparou. Meu sonho se realizando. Hayley Williams é elétrica. A sensação de rever o video me traz a mesma ansiedade e certos arrepios. Eu com certeza irei na próxima vez, com Ben. Após alguns segundos vendo ela, eu me sentia ligado a uma tomada. Energético algum, teria aquele efeito. Eu até havia tomado um, mas de nada adiantou mesmo. Naquela minha histeria, eu olhei pra Benjamin. Havia esquecido que ele estava ali, então o abracei. Nós começamos a pular ao som de "Ignorance". A música fala de uma amizade que acabou. É a minha "menos preferida". Eu ouvia ela lembrando de todas nossas brigas, então era um tanto negativa. Felling Sorry foi tocante. Essa foi a mostrada no dia seguinte, na televisão local. Eu cantava ela toda, acompanhando os pulos dos que estavam mais a frente. That's what you get era mais uma da lista "Músicas que trazem uma mensagem relacionada a Benjamin". Ela diz "É isso que você ganha por deixar seu coração vencer". Literalmente. Mas foi na The Only Exception que aconteceu. Benjamin balançou a cabeça como quem diz "isso é demais". Eu então sai de onde estava e fui até ele. Acho que ele sentiu o que aconteceria, já que ele começou a sorrir. Eu fui até ele, como se fosse falar no seu ouvido, mas cheguei bem perto. Então ele me beijou, Imaginem como eu me sentia? Meu sonho era esse. Beija-lo durante o show da minha banda preferida, na música mais romântica. Nos beijamos o refrão inteiro, então só nos olhamos. Ele passou o braço pelo meus pescoço, e com a outra mão pro alto eu balançava ao som da música. Então eu falei no ouvido dele, após 2:50 dá música, quando ela fala "THE ONLY EXCEPTIOOON"

_Você é a minha exceção pro amor, eu te amo. - O publico cantava em uníssono "You Are... The Only Exception"

_Demorou hein... Pensei que você nunca diria. - Ele disse. Não demorou muito e a música acabou com nós dois abraçados.

Em seguida começou uma música com um ritmo irresistível (Brick By Boring Brick: http://www.youtube.com/watch?v=VMIUAVye7rA&feature=related é realmente complicado não dançar a música ). Eu o puxei mais pro meio da galera, e nós começamos a dançar, assim como fizemos na minha casa. Foi mágico. Não tinha mais ninguém lá, eu conseguia ouvir a voz pura da ruiva cantando, mas eu só via Ben na minha frente. Nós dançamos a música inteira, entre alguns pulos. Até que chegou a hora do publico cantar sozinho "Pa ra pa pa pa parara para pa pa para pa pa". Quando a música chegou ao fim, eu percebi que a próxima seria a ultima. Era a mysery bussiness. A primeira musica que eu relacionei com Benjamin. Ela dizia "Eu nunca quis me gabar, mas eu o tenho nas minhas mãos agora, e eu sei que você o quer, mas ele é meu". Eu cantei ela toda, o que não é novidade, mas pra Ben. No segundo refrão ela parou de cantar e disse que dois garotos subiriam ao palco pra tocar e cantar. Na hora eu tremi, torcendo pra que fossemos nós. Mas eles não sorteariam alguém que talvez não soubesse tocar. Então dois garotos subiram ao palco. O guitarrista não era tão bom, mas ele tinha o espirito. Assim como o vocalista. Ele insistia em imitar a Hayley e os passos dela. Pensei que eu era o unico garoto no mundo que fazia aquela dança. Risos. Aqui vai o vídeo caso queiram dar uma olhada: (http://www.youtube.com/watch?v=poI68nO4FJM&feature=related) É só o final da música, mas está bem de perto. Existem outros em melhor qualidade.

Ben me colocou na garupa dele pra ver o finalzinho do show. Hayley fez algumas flexões, jeremy jogava aguá no publico, que só conseguia gritar, pedindo pra eles continuarem. Eu não acreditava que eu tinha visto ela, que meu sonho tinha se realizado. Benjamin, não fique com ciúmes, mas eu a amo também. Era um sonho tão grande, que não parecia se realizar, a ficha não caia. Então rapidamente, antes do tumulto, Ben e eu saímos pela porta recém aberta. O barulho da avenida chocou meus ouvidos. Por mais barulhenta que ela pudesse ser, principalmente numa noite tão agitada, nada se comparava ao som da guitarra + a voz da minha diva. Com os ouvidos zunindo, um pouco tonto e com energia para voltar pra casa correndo, nós atravessamos a rua correndo e brincando como duas crianças saindo da loja de doces.

_Eu te amo tanto, eu nem acredito que eu vivi isso, e com você... Do melhor jeito imaginável... Como eu queria que tivesse sido... Esse foi o maior sonho que eu já sonhei, e ele se realizou por completo. - Eu sentia o choro vindo.

_Foi a M-E-L-H-O-R noite da minha V-I-D-A. - Ele enfatizou cada letra.

_É sério, a melhor noite da minha vida. Não acredito que acabou. Pelo menos eu tenho você... - Ele disse. Eu me aproximei e coloquei a mão no peito dele.

_Eu quero ficar com você... Para sempre, e sempre... - Eu disse. Chorando... E então o beijei.

_Essa foi a melhor parte da noite... - Ele disse entre um beijo e outro.

Essas lembranças ainda mexem comigo. Nesse momento, eu estou com a camiseta que eu usei no dia, ainda com o mesmo perfume dele misturado ao cheiro de roupa nova. Eu queria poder descrever o que eu sinto, mas eu não consigo. Palavras são tão... especificas, elas não abrangem todas as emoções que eu sinto, sem falar que elas são fáceis de dizer, escrever. Aquela noite foi algo infinitamente melhor do que qualquer outra coisa que já havia me acontecido. Não existia nada além daquele lugar. Eu não precisei me sentir com medo de consequências da indiscrição. Eu só queria amar, e foi o que eu fiz. A camiseta, a faixa e a pulseira é tudo que eu tenho que me leva diretamente pra aquele dia, prova pra mim mesmo que tudo não foi um sonho.

Do outro lado da rua era o aeroporto. Se não fossem os litros e mais litros de refrigerante que Benjamin tomou, eu estranharia ele ir ao banheiro pela quarta vez, agora no aeroporto.

_Vamo Ben, se não der tempo de pegar o trem eu tenho que ligar pro meu pai! - Eram vinte duas horas e alguma coisa. Nós saímos do aeroporto, e com um movimento Benjamin tentou pegar a minha mão.

_Não tem problema, não tem ninguém que nós conhecemos.... É difícil alguém reconhecer a gente... - Ele disse perto do meu ouvido discretamente.

_Não... Meu pai conhece muita gente.... O pior é o seu.... Mas você tá certo sobre alguém poder nos reconhecer... Você tá um caco... Mas continua lindo. Que injustiça, tanta gente querendo um pouco de sexy appeal e você mesmo depois de pegar chuva, cruzar algumas cidades, ficar numa fila por horas embaixo do sol, gritar e pular, tomar tanto refrigerante, e dar uns amassos continua tãoooooo sexy. Isso devia ser crime... - Enquanto eu falava eu 'alfinetava' ele com meus dedos. Ele tentou desviar algumas vezes, até que ele me segurou e me puxou pra perto dele. Não tinha problema, pra onde nós caminhamos era mais difícil de enxergar.

-

O tempo não esperaria até nós nos acertarmos. Eu estava ficando cansado de esperar por ele. Eu estava ficando entediado, nós não estávamos ficando mais jovens, o tempo não volta, não olha para trás. Minha chance, minha ultima tentativa, funcionou.

-

Então eu liguei pro meu pai.

_Pai... Terminou... Eu ne- nem acredito.... - Meu pai respondeu algo que eu não entendo, então eu devo ter dito que pegaria um trem, caso ainda desse tempo, qualquer coisa eu ligava e avisava.

Eu e Ben subimos novamente naquele corredor que passa por cima das rodovias e fomos em direção a estação de trem. Compramos dois bilhetes e fomos até o embarque. Haviam mais pessoas, mesmo sendo quase meia noite. Alguns grupos de meninas, com camisetas do show também. Elas olhavam pra nós e riam, como "venham aqui...". Ben pegou a minha mão e a segurou, levantando-a para mostrar as garotas com quem ele estava. Olhando pra mim e passou o braço por trás do meu pescoço. Eu ri da expressão de insatisfação de uma delas. Ela fez uma cara tipo "Ahh porque isso sempre acontece?".

_Tô orgulhoso de estar com você... Você chama tanta atenção tá vendo? Eu quero tanto ter a coragem que você teve agora.... Me desculpa.... - Eu me sentia péssimo por não poder "fazer certo" como todos os casais deveriam fazer. Pegar a mão dele, abraça-lo, beija-lo quando eu quisesse, sem me preocupar com quem fosse achar ruim.

_Tudo bem... Essa é uma chance única, na nossa cidade só quando eu completar dezoito anos e comprar uma casa pra nós. - Ele disse sério, mas encenado. Limpou a garganta.

_Oi oque? Casa? - Ele já pensava nisso? Será que é eu que sou lento? Porque isso não passava pela minha cabeça... Eu não via problema em esperar, mas me comprometer era outra história.

_Vamo com calma? - Foi só o que eu disse, não tinha porque dar explicações. Foi tudo tão rápido, mesmo sendo um sentimento antigo.

_É Brincadeira... Mas você não cogita a hipótese de nós morarmos juntos? Nossa casa, família? Ir e voltar de carro da escola? Me apresentar pra sua família? Sem esconder nada? - Uou! Ele pensava longe mesmo. Isso me dava um medo.... A parte da família ainda envolvia Vanessa, o que complicava. Mas eu adoraria fazer ele repetir o gesto de agora com ela.

_Pensar é uma coisa, mas não se pode ficar pensando tanto em coisas tão delicadas, eu sou dois anos mais novo que você.... - Ao contrário de mim, ele faria a carteira em dois anos, eu em quatro.

_Você tá indo rápido demais... - Eu afirmei novamente.

_Tudo bem, não tá mais aqui quem falou... - Era chato falar isso, mas eu tinha tanto medo de olhar pro futuro... De qualquer jeito, com ou sem ele, era assustador. Eu queria ficar com ele, mais que tudo, mas ele era meu primeiro, e eu tinha que ter certeza. Era o que mais pesava quando o assunto era o futuro. Minha inexperiência.

_Vô pegar uma coca. - Se virou e foi até a maquina que vende coca-cola. Isso era um vicio. Franciele costuma dizer que ele não tem uma perna, é apenas o lugar pra onde vai todo refrigerante que ele toma. Eu estava sentado perto da linha do trem, escorado num dos pilares, apenas esperando o trem. Ali eu assistia Ben colocar a moeda na maquina. Ele estava tão lindo com a outra camiseta na mão esperando o refrigerante. Risos. É engraçado porque essa imagem ficou na minha cabeça. Naquele momento, um pouco da minha confusão ia embora, meus pensamentos se alinhavam novamente. Eu observei o meu dinheiro ao meu lado, junto com o ingresso que nem toco e a faixa que de tanto eu mexer já estava com as letras apagadas. Ele voltou e sentou do meu lado, colocando o braço por trás do meu pescoço. Eu me apoiei, com sono.

_Tive uma ideia! - Eu falei recuperando toda aquela energia, mas sem conseguir anestesiar a dor.

_Vamos tirar fotos... - Eu precisava registrar isso. Só algumas fotos do local e do show não serviriam. Eu não havia conseguido filmar porque estava empolgado demais.

_Então nós fomos até um canto da plataforma e tiramos algumas fotos, fotos que eu guardaria no meu celular, no meu computador, em todos lugares. Ele estava tão lindo... Fazendo poses, ainda por cima!

_Ok, tira assim. - Ele escolhia a pose e fazia uma careta (sexy). Eu fui até ele beija-lo, mas eu vi que havia uma pessoa na janela de um prédio, tinha vista pra toda plataforma. Eu fiquei com vergonha e só dei um abraço.

Após algum tempo, meu celular toca.

_Onde vocês estão? - Era meu pai.

_No trem, duas estações de chegar.

_Eu não acredito Izaque, eu tô no caminho, já andei duas cidades. - Mas que culpa eu tenho?

_Eu avisei que tentaria pegar o trem e ligaria se não conseguisse... - Eu estava certo. Eu não liguei.

_Tudo bem. - Ele desligou.

Descendo na estação da minha cidade, nós deveríamos esperar até meu pai aparecer. Na minha cidade estava frio. Havia chovido a tarde, e o vento estava de congelar. Me abracei em Benjamin num canto escuro da saída da estação agora vazia. Era realmente complicado de alguém enxergar nós. Já estavam fechando a estação, acredito eu.

Quando meus pais apareceram, eles me perguntavam como tinha sido. Eu contei p obvio, tinha sido magnifico, simplesmente perfeito. Contei que eu acreditava que ela tinha mandado um "olá" para mim, logo antes da mysery bussiness. Eu tinha subido no balcão do bar. Eles nos levaram pra comer algo, e eu só conseguia conversar com Ben e comentar o que tinha acontecido. No fundo eu queria passar a noite com ele.

_Nós vamos agora passar na casa da sua prima, suas irmãs ficaram lá. - Ah, eu teria que ver ela. Mas eu ia me vingar, ah se ia!

Chegando lá, ela estava na frente da casa, junto com minha tia.

_Oiii Izaque... Oh, Benjamin! - Me deu um abraço. Ben não olhou na cara dela. Quando ela foi abraça-lo eu peguei a mão dele e disse.

_Acho que não... Você criou confusão demais. - Ben olhou pra mim assustado por eu ter segurado sua mão.

_Como foi o show Izaque? Como eu queria ter ido... Deve ter sido maravilhoso! - Ela dizia enquanto eu continuava segurando a mão de Ben. Eu prefiro acreditar que não era cinismo, e o meu gesto não foi explicito. Só o meu apelo de um tempo atrás, mas isso eu justifiquei com ciúmes.

_Você sabe... Foi ótimo é claro, mas foi mágico sabe? A melhor noite da minha vida eu diria...

_Oh! Incrível, estou com inveja de você Zack... E da Gabriela, ela também foi ao show. - Gabriela é uma menina fã da Hayley que imita o look e a aparência dela. Elas são parecidas. Vanessa disse que Gabriela havia implorado meu outro ingresso, já que os lotes haviam acabado. Mais tarde o estádio mudou e mais vendas começaram. Se eu não estivesse apaixonado, teria ido com aquela menina. Meu lado B falando mais alto.

_Você devia estar mesmo. Não quero me gabar... - Mas eu o tenho onde eu quero agora. Essa era a música.

Então depois de alguns minutos nós fomos embora. Meu pai insistiu em levar Ben até a porta de casa, mas aparentemente o pai dele havia saído e sua irmã estava dormindo, talvez. Ele não conseguiu entrar.

_Diga pra ele dormir lá em casa então. - Disse meu pai ao ver a chateação de Ben ao tentar abrir a porta.

_Claro, claro. - Eu disse escondendo toda minha animação.

_Hey, se você quiser, pode dormir lá em casa. - Eu disse piscando pra ele.

_Meu pai não atende o celular... Eu vou. - Ele piscou de volta.

_Então vamos... Você vai dormir no meu quarto...

Obrigado a todos que acompanham, finalmente aconteceu! Demorou, bastante, mas é assim que as coisas ocorreram. E não podia ter sido melhor, no momento mais perfeito, toda a felicidade do mundo de uma vez. Esse capitulo fez eu chorar varias vezes, principalmente quando eu senti o perfume da minha camiseta. Benjamin, eu te amo. Você sabe a importância desse dia pra mim. Quando eu comecei a escrever, esse era o capitulo que eu queria contar. Foi o melhor dia da minha vida. Eu guardo suas fotos, porque eu sei que elas me servem pra matar a saudade. Obrigado a todos por lerem, eu fico muito feliz que gostem. Comentem, votem, saber que alguém gostou é extremamente importante pra mim. Eu verifico sempre se há comentários, amo conversar com quem me adiciona! Abraços a todos!

Outros capítulos!

Coração Otário - Capitulo: Prólogo

(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário - Capitulo: Destino (1)

(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário - Capitulo: Olhos Mistériosos (2)

(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário: - Capitulo: Ironia (3)

(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário: - Capitulo: Montanha Russa (4)

(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário - Capitulo: Aceitação? (5)

(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário - Capitulo: Verdade Incontestável (6)

(http://www.casadoscontos.com.br/texto/Coração Otário - Capitulo: Enfim Amor (7)

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Comentários

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nossa adorei, muito. E estou ancioso pelo procimo capitulo.

me add no msn gds_07_7@hotmail.com, gosto de fazer amigos.

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FANTÁSTICO IZAQUE!!!!!!!!

VIREI FÃ DA HAYLEY, POR SUA CAUSAAAAAAA......... ADOOOOORO AS MÚSICAS QUE VC COLOCA AO TEXTO, DEIXA O LEIOTR SENTIR UM POUCO QUE VC SENTIU NO DIA. OBRIGAAAAAAADO POR ESCREVER!!!!!!!!!

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Poxa queria ter coragem de andar de mão dada também rsrsrs. Não vou mentir... deu muita vontade de ir em um show agora hauhauahua. A historia ta cada vez melhor em tds os sentidos, esperando 11... ;)

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Aii kra mto perfeito sonho todo dia c o momento q eu cooseguir o msm c o R....

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Perfeito, e como não adorar Hayley Williams ? Ela é incrivél!! Parabéns pelos contos, vc é muito bom...vibro a cada capitulo!!

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AMEI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

MUUUIITTTTO BOM !!!

Perfeito!!

Continua logo to ancioso rsrsrsrsrsrsrsr

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