Irina-Surreral

Um conto erótico de Outreiro
Categoria: Heterossexual
Contém 1076 palavras
Data: 13/07/2011 19:22:22
Última revisão: 17/07/2011 19:51:24

As brumas envolvem a sala, que, coberta de névoa, assume um aspecto tão sinistro quanto uma floresta escura. Irina já havia visto aquela cena antes, quando seu pai, a levara para uma trilha na selva, não muito longe da mansão onde moravam. A floresta assustava, como se não bastassem todos os contos de fadas sobre lobos e monstros, o perigo daquela noite havia sido real. O lobo que os rodeara tinha dentes verdadeiramente afiados, que renderam a pedra da perna esquerda de seu pai. Ao literalmente ver seu próprio pai quase ser devorado vivo, Irina temia e estremecia toda vez que via um cachorro, lobo ou animal que se assemelhasse de alguma forma a algum predador. Também as brumas pareciam assustadoras, sem as via com certo olhar curioso, mas amedrontador, pela janela de seu quarto no terceiro andar, sentindo-se segura pelas barras que a separavam da floresta lá fora.

Do auge de seus 18 anos, Irina vivia isolada em seu pequeno mundo, quase um pequeno aparatamento no terceiro andar da mansão era reservado apenas a ela, filha única do casal, cuja mãe morrera ao nascer, e o pai, agora, estava preso em uma cadeira de rodas. Os poucos serviçais eram fiéis, mas raramente se aproximavam a não ser quando chamavam, a não ser a governanta, que cuidava de sua educação, até a sua festa de 18 anos, ocorrida na noite anterior.

Agora entretanto, a situação era completamente surreal. Pois as brumas não estavam lá fora, mas adentravam a ante-sala de seu quarto no terceiro andar. As janelas estilhaçadas de forma sobrenatural deram abertura àquela fumaça que tudo escurecia, em pleno dia, se não fossem pelas velas acessas. Estamos no século 19, já existia eletricidade, mas não na mansão Hosford. Irina sentiu o seu coração disparar desesperadoramente, ela sabia que brumas eram um mal sinal. No meio das brumas começou a ouvir um uivo distante, cada vez se aproximando mais e mais. Ela tentou gritar por socorro, mas sua respiração, tão ofegante, mal era suficiente para mantê-la de pé, sentia o sangue saindo de seu corpo, esvaindo, sua mente lhe pregava peças. Tentava ser racional, não deixar que essas ideias lhe assustassem tanto, queria retomar o controle de seu próprio corpo.

Foi então que percebeu que era mais real do que pensava, rapidamente o que pareciam apenas vultos começaram a tomar o formato de lobos reais, meio lobos e meio humanos. Aqueles olhos amarelos brilhavam no meio das brumas, ela reconhecia, era o mesmo lobo que havia atacado ela e o pai anos antes. Entretanto, agora, ele estava diferente, quase humano. Seu corpo parecia se tornar cada vez mais ereto, enquanto seus pelos encolhiam, pouco a pouco ele tornou-se por completo de pé e tomou a forma de um homem, completamente nu, parado em frente a ela, se não fosse pela transformação instantânea e pelos olhos ainda amarelos ela jamais poderia dizer que ele antes tinha a forma de um lobo. Olhando profundamente para ela começou a falar:

- Aquele a quem você chama de pai não é seu pai. Ele atacou a nossa prole na floresta, matando a sua mãe. Você é uma de nós. E nesta noite você se transformará.

Sem dúvida aquilo parecia ainda mais estranho do que qualquer outra coisa já ouvida por Irina, a situação completamente surreal era tão desconexa de tudo que ela conhecia que nenhum único sentimento parecia estar diante dela, nem mesmo o terrível medo que antes estava em seu corpo, mesmo assim ainda não conseguia gritar.

- Naquela noite na floresta ele te levou para nos ver ser caçados e fazer com que você tivesse raiva de nós, entretanto fomos mais espertos e conseguimos atacá-lo. Deste então ele lhe trancou neste castelo amaldiçoado, que suga suas forças.

Irina nunca saía da mansão, mas sempre sentia-se fraca e oprimida lá dentro, sendo que apesar do medo da floresta, as poucas saídas eram mais empolgantes e parecia, por alguns instantes, que conseguiria ser feliz.

Entretanto chegando mais perto dela, aquele ser estranho continua a olhá-la de forma fixa e contínua. Passo ante passo, Irina começou a sentir seu corpo arder em chamas. Parecia que arrepios saíam de todos os lados. Não havia um único músculo de seu corpo que não ardesse. Mas não um ardor ruim, uma comichão que ia a envolvendo em prazer. Os olhos em chamas do desconhecido pareciam possuir a alma da menina e seus pequenos pelos pelo corpo estavam eriçados, esperando para que fossem tocados pela primeira vez. Sua roupa como em passe de mágica rasgou-se por completo. Ela, que raras vezes havia visto um homem que não fosse da família, e apenas à distância, já iria se sentir excitada pela presença de um homem nu em sua frente, mas era algo a mais, não era apenas o ardor dos hormônios de uma menina-mulher, ela sabia que ele dizia a verdade, ela era uma loba.

Então, em uma volúpia fervorosa, aquele homem partiu para cima dela, tocando-lhe o corpo, causando faíscas de ardência conforme era tocada. A cada nova parte do corpo tocada um novo sentimento de prazer intenso. Com suas unhas crescidas ele arranha suas costas, encravando de forma profunda. Mas não é uma dor que ela sente, e sim uma intensa sensação de prazer, e sem esperar que ele tomasse o próximo masso, ela faz com que seus dentes cresçam e morde com intensidade o peito do homem, que sangra. Era a primeira vez que ela experimentava sangue, a não ser pelo pequeno corte em seu dedo anos antes.

Agora, parcialmente transformados em lobos e parcialmente humanos, atacavam-se mutuamente quebrando os móveis da sala, e parecia que quanto mais dor causavam um ao outro, maior era a intensidade deste prazer, e com as garras fincandas, um possuía ao outro em um sexo verdadeiramente animal, enquanto corriam para quebrar os cômodos.

Foi então que o falso pai apareceu com uma espingarda carregada, mas sem nem saber ao certo qual daqueles dois era aquela que ele antes chamava de filha. Desta forma atirou violentamente, mas as brumas o impediram de ter um tiro certeiro. Em volúpia de sangue, o casal pulou sobre o pai e devorou suas entranhas... já dizia Freud que só crescemos quando matamos nosso pai interior .... para Irina isso era mais do que uma metáfora.

Agora, livre para suas orgias na mata com os outros lobisomens, ela esquecia sua vida regrada e racional, e podia viver o sonho envolto em brumas de desejo, sem medo.

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