A conduta da mamãe

Um conto erótico de Verônica Dias
Categoria: Heterossexual
Contém 1422 palavras
Data: 23/04/2011 09:31:29
Última revisão: 15/03/2013 18:00:26

A conduta (dá) mamãe

Depois de muito tempo Lucinha reencontrou Dagoberto em um barzinho da periferia.Olharam-se na certeza que se conheciam de algum lugar no passado. Haviam se passado quase trinta anos, e os cabelos grisalhos dele e a tintura dos cabelos dela, carente de renovação, indicavam que os anos haviam se passado.

Com o passado (pela terceira vez esta palavra aparece em poucas linhas...) na cabeça ele se aproxima da mesa dela e pergunta: Você não é Lucinha. Claro, diz ela com olhos brilhantes, arrematando a frase com malícia, não acredito que você esqueceu de mim e do aconteceu no passado.

Dagoberto se viu obrigado a colocar os óculos de aro de tartaruga, que compunham com seu volumoso abdômen o cabedal de provas de que tempo passara com severidade para ele. Ela olhou para o próprio corpo, agradeceu a Deus por estar sentada com um vestido que lhe disfarçava as adiposidades que as gestações, o tempo e o desinteresse por si mesma haviam lhe adornado.

Sentados frente a frente, começaram a conversa com as mentiras habituais dos que se encontram depois de longo tempo:

-Você não mudou em nada, disse ele.

-Nem você, continua galanteador, disse ela, para arrematar mentalmente “e mentiroso”.

Lucinha nunca perdoara Dagoberto, pois apaixonada se entregara loucamente a uma noite de amor com o colega de faculdade depois do baile de formatura...e ele nunca mais telefonou para ela depois do dia em que recebera o diploma. Só ele sabia quanto a amava, mas que o destino lhe fora cruel. Quando acordou Lucinha havia deixado apenas um beijo marcado de batom no espelho do banheiro e partido silente. Ele revolveu que não telefonaria, e que faria uma surpresa para declarar seu amor.Como havia comprado o anel de formatura da amiga a pedido da mãe sabia o tamanho do dedo anelar de Lucinha. Passou o domingo sonhando, ruminando palavras e silêncios. Na segunda feira comprou um par de alianças e um buquê de rosas, e foi para casa da mulher de seus sonhos. Do portão da vila viu Lucinha beijando Fabiano na porta de casa. Com lágrimas nos olhos rodou nos calcanhares, entregou o buquê de flores a uma mendiga que lhe pediu esmolas a uma quadra de distância e colocou as alianças na caixa de doação da igreja de Nossa Senhora do Rosário.

Já sentado o macho se sentiu mais dono da situação e perguntou:

-O que você esta fazendo num barzinho da periferia?

- Eu é que pergunto, pois você sempre foi tão sofisticado. Mas estou esperando a turma da faculdade, disse ela, demonstrando que já era mais dona de si do que no passado.

- Eu estava com sede e parei para tomar uma água mineral, respondeu Dagoberto rindo abertamente da própria mentira.

O rumo da prosa foi modificado pela interrupção do garçom, que apresentou um cardápio de capa amarelada. Já eram adultos, não podiam se permitir àquele jogo...Olharam-se com ternura, tiveram que admitir cada um para si, e olhando para o homem desleixadamente trajado, apesar da gravata borboleta preta, disseram, em uníssono, “que não queremos nada”.

Apenas um copo de chope pela metade, com uma marca de batom, ornamentava a mesa coberta com uma toalha quadriculada. A fêmea ofereceu ao macho a bebida. Ele escolhendo o local carimbado pelo batom para encostar suavemente o lábio, sorveu lentamente um longo gole. Depositando o recipiente semivazio sobre a mesa, disse: estava com o gosto de seu beijo, arrematando depois de sorrir, que bom matar a saudade. Como aquele homem podia falar em saudade, se por vinte e seis anos nunca lhe telefonou ou escreveu uma linha para falar da noite de amor... Sim a noite fora amor só para ela, para ele foi apenas mais uma noite de sexo. Certamente ela entrara para uma listagem qualquer que ele apresentava rindo para os amigos, dizendo: Vou mandar fazer uma camiseta com o nome de todas elas! Mas ela verdadeiramente sentia saudades.

A conversa começou mastigada, substituindo o tira-gosto não pedido. Falaram de filhos, careiras e finalmente da separação. Ela se disse livre, embora estivesse com o marido morando ma mesma casa e legalmente casada. Ele estava vivendo com sua sexta companheira uma relação desgastada... O toque do celular mudou mais uma vez o rumo da conversa. Era Fernanda perguntando a Dagoberto onde ele estava, ao que ele respondeu: indo para casa, amor, um beijo. E desligou. As colegas de faculdade de Lucinha chegaram todas juntas e ainda viram os dois de braços estendidos desfazendo um lânguido aperto mãos.

Nua sobre a cama, esperando que Dagoberto voltasse do banheiro da suíte, Lucinha ficou a recordar os últimos trinta dias de sua vida. Muitos e-mails foram trocados depois do primeiro encontro, mas um deles era especial, como apenas uma linha: “Fernanda pediu para se separar e eu aceitei”. Lembrou-se das conversas no carro, do beijo terno que trocaram no cinema, da primeira vez no motel e finalmente voltou a sua mente, repetidas vezes o diálogo que tiveram há poucos minutos:

-Eu sempre te amei. Mas você casou com outro...

- Você nunca disse que me amava, nunca me telefonou depois daquela noite...

Dagoberto contara então a história do buquê e das alianças. Choraram juntos, se beijaram ternamente nos lábios, nos olhos, na face. O macho foi descendo a cabeça para beijar o pescoço da fêmea, que ainda fungava as últimas lágrimas. Enquanto passava as mãos pela lateral dos seios descendo até os quadris, a boca semi-aberta sugava a auréola do seio deixando o bico intumescido, sob o roçar da língua frenética.

Lucinha pensou em balbuciar alguma coisa quando a mão direita de Dagoberto lhe tocou suavemente o clitóris, mas como quase imediatamente ele lhe introduziu um dedo da bocetinha já úmida, e outro no ânus semi-serrado, ela apenas deu urro de dor e prazer. Seus olhos lacrimejaram novamente, agora de prazer e torpor. Quando já se acostumava com dedo no rabo, quando começou a sentir o frenesi do dedilhar que o homem lhe impunha ao grelinho, sentiu a boca de Dagoberto abandonar seu seio, a pressão se aliviar em seu ânus e o dedo polegar do seu macho findar o movimento no pequeno montículo em fogo que se tornara seu clitóride. Ela se sentiu abandonada nos segundos que se seguiram, enquanto aquele homem, com seu membro em riste, se levantava nu sobre seu corpo. Naquele instante, abandonada, sentiu vontade de xingar aquele homem e se lembrou da definição de clitóris, contida no dicionário que usara numa aula de anatomia: ”pequeno órgão erétil do aparelho genital feminino, situado na porção mais anterior da vulva, que se projeta entre os pequenos lábios, e é composto de uma glande, um corpo e dois pendúculos.

Todos os pensamentos tresloucados que passaram por sua cabeça, naquele instante que o macho não lhe tocava o corpo, se esvaíram no instante em que ele encostou a mesma língua rija que lhe bolinava o mamilo esquerdo no grelinho. Como um sopro em uma tora em brasa aquele beijo íntimo lhe reacendeu, com paixão e furor redobrados... O macho com calma e força impedia que sua bunda saltasse da cama, arremessada pelo movimento de suas pernas semi-dobradas. Ao ondular do seu corpo respondia com movimentos da cabeça, que fazia com que a língua só escapasse do grelo para lhe sorver o caldo espesso de dentro da vagina. Quando por um segundo levantou mais alto a bunda, o macho aproveitou para levantar sua pernas, colocando seus pés sobre os ombros e deixando sua boceta inteiramente refém da boca semi aberta. A língua do macho saía de dentro do seu canal vaginal e chicoteava seu grelo, e antes que ela pudesse se recompor ele repetia o movimento. Ela dizia palavras desconexas: “para”, “ta gostoso”, “continua”, “eu não agüento mais”. Seu último grito de insanidade foi: estou gozando seu filho da puta. Quedou extasiada no momento seguinte.

O celular findou definitivamente o momento de torpor. Lucinha abriu o flip, e ante de responder ao “alo mãe” saído do ínfimo alto-falante junto ao ouvido, relembrou que as últimas palavras que acabara de falar haviam sido: filho da puta. Não escondia nada de seus filhos, nem mesmo o tórrido relacionamento que estava tendo com Dagoberto, mas naquele momento tinha que ocultar que ela acabara de ser a “puta” para o homem que amara por toda a vida. Disse apenas “oi filho...”, fez uma pausa antes de concluir: “mamãe esta aqui com Dagoberto e não demora chegar em casa”. Desligou o celular, largou-o sobre a cama e retribuiu o sorriso sacana de seu homem.

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Comentários

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Tá bom. Ficou bonito o conto, mas não vi nada de tórrido nesse relacionamento. Pensei que as coisas iriam mais longe... Nem comeu o rabinho dela, não gozou direito e nem ela. Escreva mais um pouco. Quem sabe se, na sequência, o caso fica mais apetitoso. Desperdiçar uma bundinha dessas, 30 anos depois, é muito chato.

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