Restos da Noite

Um conto erótico de Ali Kamel
Categoria: Heterossexual
Contém 539 palavras
Data: 24/11/2010 07:54:20

Eu tinha certeza de que o sono não viria mais uma vez. Na TV nada me agradava; o rádio, nada. Impaciente para ler, ouvir CD, ir à geladeira ... enfim, aquele começo de sábado à noite me apresentavam noite sombria, embora a gente consiga ir se enganando em situações assim enquanto os ponteiros do relógio andam, mas não seria o caso, mas teria que ser, afinal, não tinha disposição para sair para nenhum lugar.

Cochilei. Acordei com movimentos de gente jovem indo pra balada, alegres demais, deviam ter fumado os primeiros cigarros do capeta, deixa meio bobão, alegrão, desengonçado. Saí, de cima da sacada do meu sobrado, deu para ver a rua deserta de noite alta, rua calma, sem ônibus. O único movimento eram de grupinhos que passavam de vez em quando. Ora de jovens, ora de outros nem tanto.

Voltei para a casa, fiz um chá de cidreira, dizem que é sonífero, acalma. Nada. Num estalo ... "quer saber de uma coisa, vou sair!". E fui. Peguei o carro, meio sem destino, andando lentamente até o burburinho das ruas centrais de travestis e -quase nenhuma mais - prostituta. Dei uma longa volta, passei por ruas e ruas até retornar ao mesmo roteiro.

Meu tesão aumentava com a ideia de ver alguma conhecida sem-vergonha, moradora no mesmo bairro, para chamar de minha nem que fosse pagando.

Sem ter noção da hora, como não sou da noite, era incrível como havia segmentos que começam quase na madrugada, mas ninguem, sem ser os profissionais do sexo, se oferecem ou se dão ao desfrute, vão ao que vieram mesmo: dançar, divertir-se. Enquanto meus hormônios me devoravam, os dessa gente toda, equilibrados, permitiam que se fixassem no que objetivavam mesmo. Ô desgraça.

Numa dessas voltas, alvo loiro, pele clara, sainha curta, tudo em cima, uma belezinha. Feminina, seios grandes, voz dengosa. Parei. Como não ia ficar muito tempo, assim mesmo, combinei ... "quer saber de uma coisa, vou gastar alguma coisa comigo mesmo, que eu queira, e que se foda, que se dane." E assim fiz. Fomos a um hotelzinho.

Chegamos, fomos ao quarto, e, antes de tudo, me cago de medo quando vejo tirar uma embalagenzinha e cheirar. Meu Deus! Começamos a falar, toca o telefone, começo a sentir mais medo de seu "amigo" ou "namorado" estar por perto, de escândalo. Peço oral, que me interessa, começo a passar a mão naquele corpo lindo, de mulher sonhada, e, mecanicamente, ela põe preservativo ao que eu retruco: "Já?". Pede que eu vá e "coma". Feito animal, vou, "como", gozo. Toca o telefone e mando que atenda, já doido pra ir embora, enquanto ela me pede carona até o fim de uma avenida, digo que sim. Chegamos à porta de saída da garagem e, do outro lado da rua, um homem espreita. Meu medo aumenta. Além do pagamento já feito na quarto, ela pede mais outro tanto. Dou. Não dá, pergunta quanto eu tenho. Tento negar ter mais, entretanto bastou ela olha pra fora e acenar que abri a carteira, e peguei o carro em direção à porta, dei seta, saí perigosamente, dobrei rua, esquina, avenida até deixá-la no lugar indicado.

Cheguei em casa, depois de gastar meio tanque de gasolina, lavei-me, desinfetei-me, dormi e ainda não acordei.

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Comentários

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Muito bom seu conto.Parabéns.Eu e como a maioria das mulheres adora textos assim com pitada de erotismon aliado a sensualidade minha nota é

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Muito bom seu conto.Parabéns.Eu e como a maioria das mulheres adora textos assim com pitada de erotismon aliadon a sensualidade minha nota é

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Alguém comentou sobre a escolha dos títulos... no seu caso não se aplica... não há nada de erótico... Acho que você escolheu o lugar errado para pôr essas suas histórias!

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