~. Dois Irmãos .~

Um conto erótico de L. B. S. L.
Categoria: Homossexual
Contém 44267 palavras
Data: 04/04/2009 02:24:16
Assuntos: Gay, Homossexual

Fazia sol naquela manhã de verão. Diego estava sentado à beira da piscina se bronzeando. Ele ouvia seu IPOD quando foi surpreendido por Marta, a empregada da família.

- Seu Diego, telefone pro senhor – anunciou a empregada com o aparelho nas mãos.

- Mas que saco! Quem insiste em me incomodar? Já é a terceira vez hoje! – esbravejou o rapaz mergulhando na água.

- É a Dona Amanda. – disse a empregada sem jeito.

- Anda, me dá logo esse telefone – ordenou o rapaz estendo a mão pra Marta.

A empregada entregou o telefone ao rapaz e saiu logo em seguida.

- Alô? – disse Diego – O que você quer Amanda?

- Nossa, oi pra você também amor! – disse a namorada de Diego.

- O que quer?

- Acordou com o pé esquerdo hoje? Que mal humor!

- Desculpa, é que eu estou tomando sol e não gosto de ser incomodado, você sabe disso.

- Ah, então eu ligo outra hora.

- Não, já que ligou, fala o que quer.

- Não é nada demais. Só quero ver você. Posso ir aí?

- Você sabe que pode.

- Sua mãe não está aí?

- Então melhor eu não ir, você sabe que a sua mãe não aprova o nosso namoro.

- Minha mãe não tem que se intrometer entre a gente, você sabe disso Amanda. Você está namorando comigo ou com ela?

- Com você é claro – disse Amanda. – Mas a Dona Marlene me odeia.

- Impressão sua amor. Vem aqui que eu quero ver você.

- Tá. Mas não vou demorar.

- Por quê?

- Por causa da Dona Marlene, eu não quero que ela implique comigo.

- Amor, não fica pensando nisso tá? Vem logo pra cá. Estou te esperando.

- Então está bem. Eu chego aí em vinte minutos.

- Perfeito. Traga um biquíni porque está muito calor e eu estou na piscina.

- Tudo bem. Até já então meu amor. Te amo!

- Até, eu também te amo.

Diego desligou o telefone e depositou-o no gramado do jardim, em seguida mergulhou até o fundo da piscina e nadou até a outra borda. Ficou dentro d’água até sua namorada chegar, o que não demorou à acontecer.

- Oi amor – disse Amanda dando um selinho no namorado.

- Olá gata. Como você está?

- Bem e você?

- Também. Vem, entra aqui que a água está muito boa.

Amanda tirou a roupa e ficou só de biquíni. Caiu na piscina e foi direto pros braços do namorado. Eles deram um longo e apaixonado beijo.

...

Wesley virou a página do jornal. Estava difícil encontrar uma boa proposta de emprego nos anúncios do jornal àquela manhã.

- Ainda não achou nada meu filho? – perguntou a mãe do rapaz.

- Não mãe. Está difícil encontrar algo.

- Tenha fé em Deus, você vai conseguir um bom emprego logo, logo meu filho – disse Dona Neuza acariciando o rosto do filho.

- Espero que sim minha mãe, espero que sim.

- Venha meu amor, vamos tomar café, seu pai e seus irmãos já estão à mesa.

Wesley se levantou do sofá e foi para a cozinha com sua mãe.

- Onde está a geléia Neuza? – perguntou Julio, pai de Wesley.

- Acabou Julio. E acabou o requeijão também. Precisamos fazer compras novamente.

- Não tenho mais dinheiro mulher – disse Julio colocando café em sua xícara. – Temos que agüentar as pontas pelo menos por enquanto.

- A geladeira e a dispensa estão ficando vazias Julio – alertou Neuza. – Não vai durar muito tempo o pouco de comida que nós temos.

- Daremos um jeito Neuza, daremos um jeito.

- Pai, eu estou procurando emprego para ajudar vocês na despesas – disse Wesley – Mas está difícil.

- Não se preocupe filho, eu dou um jeito – retrucou Julio impaciente.

- Camila, você está atrasada pra escola filha, anda logo. Fred, você vai se atrasar pra faculdade. Se apressem vocês dois.

- Já estou indo mãe – disse Camila, a irmã mais nova de Wesley – Já estou terminando meu café.

- Eu já terminei e estou de saída – disse Fred, o irmão mais velho de Wesley – Bom dia a todos. Não venho almoçar mãe, tenho trabalho na casa de uma amiga hoje.

- Tudo bem meu filho. Vai com Deus.

...

Miguel chegou a sua sala com quinze minutos de atraso.

- Você está atrasado de novo meu filho – disse Mauricio.

- Me desculpe pai, está um transito muito grande lá fora.

- Você diz isso todos os dias meu filho. Está na hora de se tornar um pouco mais responsável Miguel, afinal de contas você já está com vinte e cinco anos meu filho.

- Eu sei pai, mas você sabe como é né. A Juliana mora longe. E eu dormi lá ontem...

- De novo Miguel? Quantas vezes por semana você dorme na casa da sua namorada?

- Ah pai, não começa logo cedo. Eu sou vacinado e maior de idade, sei muito bem o que eu faço.

- Sim eu sei, mas as vezes você parece um garotinho imaturo e irresponsável. Quando é que você vai abrir os olhos e perceber que você é herdeiro de um império? Filho, você tem que tomar conta da empresa. Eu não estou mais com cabeça pra essas coisas.

- Outra vez isso pai? Eu não quero ser o presidente, você sabe disso.

- Mas tem que ser Miguel. Você é meu filho mais velho, e agora que eu vou me aposentar, você que tem que assumir o meu posto.

- Pai, outra hora a gente fala sobre esse assunto tá bom?

- Como quiser Miguel. Agora mãos à obra que nós temos muito o que fazer.

- Pai, estive pensando. Nós precisamos de uma nova secretária porque a Janaína não está dando conta do trabalho.

- Mais uma? Para quê você quer mais uma secretária? Para se relacionar com ela também? Porque as últimas cinco foram demitidas por sua causa.

- Não precisa lembrar né pai, é passado. E eu estou firme com a Juliana.

- Mas das outras vezes você também estava com ela e mesmo assim você teve um caso com cada uma delas.

- Pai, é sério. A Janaína não está conseguindo dar conta da função. Se você quiser pode contratar um homem para ser secretário. Ou para ser meu assessor não sei. Preciso de ajuda.

- Se você quiser pode colocar um anúncio no jornal e fazer algumas entrevistas. Eu não vou fazer nada. Se você quer um assessor você que corra atrás de um meu filho. Agora me dê licença que eu tenho uma reunião com os gerentes das outras filiais.

...

Na manhã seguinte, Wesley estava novamente com o jornal nas mãos, olhando os classificados e vendo possíveis entrevistas de emprego.

- Nada filho? – perguntou sua mãe.

- Ainda não mãe. Mas eu vou encontrar.

- Vai sim, tenha fé em Deus.

- É esse o problema mãe, acho que já tive tanta fé que ela está se esgotando.

- Não fale assim meu filho! Deus não irá lhe desamparar.

- Assim espero minha mãe, assim espero.

Ele virou a folha do jornal e voltou a mirar os classificados. Viu, quase no fim da página um anúncio que lhe chamou a atenção. Anotou o número do telefone em um papel e foi tomar café com sua família.

...

Diego e Miguel estavam sentados à mesa com sua mãe. Miguel estava mais uma vez, atrasado para o trabalho.

- Você sabe que seu pai não gosta que você se atrase meu filho – disse Marlene bebendo uma xícara de café.

- Ah mãe, ele sabe que eu sou assim – falou Miguel.

- Mas pode melhorar né meu filho? – disse Marlene – Pontualidade é sempre bom. Mostra que você está comprometido. E além do mais, você agora vai ser o presidente da empresa filho, tem que se impor e chegar na hora.

- Ah não precisa ficar me lembrando de cinco em cinco minutos que eu vou ser o presidente. Vocês sabem que eu não gosto desse cargo, é muita responsabilidade para mim.

- Mas tem que ser você, Miguel! O Diego ainda não tem idade, e muito menos responsabilidade pra ocupar tal cargo.

- Eu to fora, não quero trabalhar tão cedo. Quero mais é curtir a minha vida e o meu dinheiro. – disse Diego no lado oposto da mesa.

- O seu dinheiro não meu querido, o dinheiro do seu pai – disse Marlene.

- Ou seja, consecutivamente meu dinheiro. Sou filho e herdeiro, tenho direito mãe.

- Não vou discutir com você. Só acho que você deveria dar valor ao suor de seu pai. E não ficar gastando a torto e a direita como você faz.

- Não briguem vocês dois. – disse Miguel. – E mãe, não adianta você perder tempo com esse daí. Você sabe como ele é. Agora deixem-me ir antes que me atrase mais, se não meu pai me manda me buscar de viatura.

Miguel se levantou da mesa e foi até onde estava sua mãe e a beijou na testa. Em seguida saiu de casa e rumou para a empresa para mais um longo dia de trabalho.

...

Assim que terminou o café da manhã, Wesley pegou o número de telefone do anúncio do jornal e ligou para verificar a possibilidade de uma entrevista de emprego.

- Escritório do doutor Miguel e do doutor Maurício, bom dia – disse a secretária de Miguel.

- Ah, bom dia. Eu estou entrando em contato referente ao anúncio do jornal...

- Ah sim, com quem eu falo?

- Wesley...

- Bom senhor Wesley, o senhor tem todos os requisitos da vaga?

- Tenho sim senhora...

- Tem disponibilidade de horário?

- Sim senhora...

- Tem fácil acesso ao centro da cidade?

- Tenho sim senhora...

- Então podemos agendar uma entrevista com o senhor para a data de hoje. O senhor tem interesse?

- Com certeza...

- O senhor pode comparecer na empresa hoje às três horas da tarde?

- Posso sim senhora...

- Perfeito então. É Wesley de quê?

- Wesley Gonçalves de Lima.

- Agendado então senhor Wesley, é necessário que o senhor traga um currículo e os seus documentos originais.

- Tudo bem.

- Então muito obrigada e boa sorte.

- Obrigado.

Wesley desligou, sentou no sofá e suspirou profundamente. Ele não conseguia acreditar que depois de quase um ano sem nenhuma possibilidade de emprego ele tinha conseguido agendar uma entrevista.

A uma e meia da tarde Wesley saiu de casa para ir na entrevista com Miguel. A empresa não era longe de sua casa, ele fez o percurso em vinte minutos de ônibus.

A exportadora do pai de Miguel ficava no centro da cidade, não seria difícil fazer aquele trajeto todos os dias. Era uma ótima oportunidade de emprego.

Ele entrou e anunciou para que veio. Uma moça muito simpática o conduziu até a sala de Maurício e Miguel. Ele entrou e avistou a secretária.

- Em que posso ser útil? – disse a moça.

- Ah, boa tarde, eu me chamo Wesley, vim para uma entrevista àsAh sim – disse a secretária – Eu me recordo do senhor. Por favor, sente-se. Vou anunciar o senhor ao entrevistador.

Wesley sentou-se e a secretária fez uma ligação.

- Pois não, Michelle? – atendeu Miguel.

- Senhor Miguel, estou com um candidato à vaga do jornal aguardando uma entrevista que está marcada para as três horas.

- Ah, perfeito Michelle – disse Miguel – Peça que ele aguarde alguns instantes.

- Perfeito senhor – disse a moça – Senhor Wesley, o senhor Miguel pediu que o senhor aguardasse alguns instantes, logo ele irá atendê-lo.

- Tudo bem, obrigado – disse Wesley do sofá.

- O senhor deseja uma água, ou um café? – perguntou a secretária prontamente.

- Não, não. Obrigado.

- Fique a vontade e com licença – disse a moça saindo da sala por um momento.

O coração do rapaz batia acelerado. O nervosismo era evidente, mesmo com o clima tenso ele tentou se acalmar. Em poucos minutos a secretária voltou.

...

Diego estava tomando sol novamente. A tarde estava quente e ele não deixou de aproveitar a água da piscina. Sentada em uma cadeira de praia estava sua mãe. Ela lia um romance internacional enquanto aproveitava um pouco dos raios solares.

Marta vinha com o telefone novamente. Ela se aproximou o suficiente da piscina e disse:

- Senhor Diego, telefone para o senhor.

- Quem é Marta? – disse ele saindo da água.

- É a dona Amanda.

- O que essa menina quer com você Diego? – esbravejou Marlene do local onde estava.

Diego pegou o telefone da mão da empregada e saiu de perto da mãe para poder atender.

- Oi meu amor tudo bem?

- Oi bebê – disse Amanda – Estou bem e você?

- Melhor agora.

- Eu posso ir tomar sol com você meu amor?

- Claro né amor. Nem precisa perguntar.

- Mas e a sua mãe?

- Já disse para você esquecer dela.

- Mas ela está onde?

- Tomando sol perto da piscina.

- Ah, então eu não irei.

- Vem. Eu to pedindo. Ela não vai fazer nada, eu prometo.

- Então tudo bem. Eu estarei aí em vinte minutos. Mas Diego, se acontecer alguma coisa, eu jamais lhe perdoarei.

- Não vai acontecer nada. Eu prometo. Estou te esperando. Um beijo.

Ele voltou para a piscina e mergulhou. Ficou dentro d’água alguns instantes e depois saiu para poder colocar uma bermuda.

- Mãe, a Amanda está vindo aqui.

- O quê? – gritou Marlene – Eu não admito essa pobretona dentro de minha casa.

- Quem não admite que você destrate a minha namorada sou eu. Ela vem e ponto final.

- Diego abre os seus olhos meu filho! Essa menina não tem onde cair morta! É uma desqualificada...

- Quando você se casou com o meu pai você também não tinha onde cair morta. Se você se meter entre a gente mãe, eu juro, eu juro que eu saio de casa e não volto nunca mais.

Marlene saiu do jardim com a cara vermelha de raiva. Ela entrou dentro de casa e bateu a porta com severidadeSenhor Wesley? – chamou a secretária.

- Sim?

- O senhor Miguel pediu para o senhor entrar. Por favor, dirija-se a segunda porta a direita.

- Muito obrigado moça.

O rapaz se levantou, ajeitou o traje social que vestia e seguiu pelo corredor. Quando avistou a segunda porta a direita ele parou e bateu levemente.

- Pode entrar – disse uma voz masculina de dentro da sala.

Ele entrou e analisou previamente o local. Era sem sombra de duvidas um escritório.

- Ah, olá – disse Miguel se levantando. – Você deve ser Wesley não? – tornou a dizer o rapaz, dessa vez esbanjando um sorriso nos lábios.

Wesley não sabia para onde olhar tamanha a beleza do rapaz. Ombros largos, sorriso branco, dentes perfeitos. Cabelos loiros e espetados e para terminar um lindo par de olhos verdes.

- Sim – disse Wesley depois de alguns segundos – Sou eu sim.

- Muito prazer, me chamo Miguel – disse estendendo a mão para o rapaz.

- O prazer é todo meu senhor...

- Sente-se, fique a vontade.

- Obrigado – disse Wesley sentando-se na cadeira à frente de Miguel.

- Deseja uma água, um suco, café...? – perguntou Miguel ainda com o sorriso nos lábios.

- Não, não. Muito obrigado.

- Bom, então está bem. Você veio interessado no anúncio da vaga de Auxiliar Administrativo não é?

- Exatamente.

- Quantos anos você tem Wesley?Mora aqui na cidade mesmo?

- Sim.

- Sua formação acadêmica?

- Sou formado em Administração de Empresas.

- Quando se formou?

- No semestre passado.

- Alguma experiência na área?

- Sim. Estagiei em uma assessoria jurídica por um ano e meio.

- E por que saiu?

- A empresa estava em processo de redução de custos e também porque eu estava em fase de conclusão da faculdade e queria me dedicar somente aos estudos.

- Por que eu devo lhe contratar?

- Porque eu estou apto a exercer a função. Estou cheio de idéias para poder resolver as mais diversas situações. Estou pronto para tudo.

- OK... – disse Miguel fazendo algumas anotações. – Você tem disponibilidade de horário?

- Integral.

- Alguma dificuldade em trabalhar aos sábados?

- Não, nenhuma.

- Qual foi seu último salário?

- 650,00.

Miguel fez mais algumas anotações e por fim concluiu.

- Muito bem Wesley. Gostei de você e gostei do seu perfil.

Wesley ficou imóvel e prendeu a respiração.

- Está contratado. Pode começar na segunda feira. Tudo bem para você?

- Com certeza – disse aliviado.

- Então está combinado. Vou passar algumas informações sobre a vaga. – falou Miguel – Como você viu no anúncio do jornal, a vaga é de Auxiliar Administrativo. Porém, você vai atuar basicamente comigo. Eu vou ser nomeado presidente da empresa e preciso de um braço direito para me ajudar em todas as funções. E essa pessoa vai ser você. Tudo bem?

- Sem problemas.

- Ótimo. O salário é de 580,00, porém, como seu último salário foi de 650,00, eu vou aumentar a remuneração para 780,00. Tudo bem para você?

- Perfeitamente.

- Os benefícios são Vale Alimentação e Vale Transporte, quantas conduções forem necessárias. O horário de trabalho é de segunda a sexta feira das sete da manhã às seis da tarde e aos sábados das nove da manhã à uma da tarde com uma hora de almoço. De acordo?

- Sim senhor.

- Então perfeito. Aqui está – disse Miguel entregando uma folha a Wesley – Toda a relação de documentos que você deve apresentar no R.H. É necessária a entrega ainda essa semana. Pode agendar com a secretária o melhor dia e horário.

- Tudo bem.

- Alguma dúvida?

- Não, nenhuma – disse o rapaz sorrindo.

- Muito bem então, bem vindo a Multifox.

- Obrigado – disse Wesley se levantando da cadeira.

- Agende com a secretária o horário está bem?

- Sim senhor.

Miguel se levantou e foi até a porta.

- Então está certo, até segunda as sete.

- Até senhor – disse Wesley apertando a mão de Miguel.

- Uma boa tarde para você.

- Para o senhor também – disse ele saindo do escritório.

- Obrigado – disse Miguel abandonando a sala e indo para a sala do pai.

Wesley não conseguia acreditar que estava empregado. E que seu chefe era um deus grego. Era muita sorte para uma pessoa só.

- Ah... Licença moça – disse Wesley para a secretária.

- Ah, pois não senhor?

- Eu preciso agendar um horário para a entrega desses documentos.

- Ah, então o senhor vai ser contratado? – disse a moça sorrindo.

- É, vou sim – disse ele retribuindo o sorriso.

- Muito prazer, me chamo Michelle.

- Ah, oi, sou Wesley...

- É, eu sei – disse sorrindo – Foi eu quem agendou sua entrevista. Fico feliz que tenha dado certo.

- Obrigado – disse ele sem graça.

- Que dia você pode vir para entregar os documentos? – perguntou Michelle.

- Ah, qualquer dia eu estou livre.

- Pode ser na quinta?

- Pode sim...

- Que horário prefere?

- Pode ser a tarde...

- As três de novo?

- Tudo bem.

- Então está agendado. É só ir direto à recepção e anunciar que é entrega de documentos admissionais. Eles vão perguntar para que setor aí você diz que é para a presidência. Eles vão lhe encaminhar até mim.

- Tudo bem...

- Então combinado. Até quinta as três horas. Traga todos os documentos da lista senão não dá para contratá-lo.

- Sem problemas. Muito obrigado Michelle.

- Não foi nada, até logo e parabéns.

- Obrigado. Até logo.

Wesley saiu e foi para casa.

Amanda vinha andando pelo jardim, Diego saiu da piscina e foi ao seu encontro.

- Oi amor – disse ela dando-lhe um beijo nos lábios.

- Olá minha gata – disse o rapaz retribuindo o carinho. – Como você está linda hoje.

- Obrigada! – exclamou a moça – Onde está a sua mãe?

- Deve estar no quarto dela olhando pra gente nesse exato momento.

Amanda deu risada e eles pularam na piscina. A moça estava com um fio dental preto, o que realçava sua pele branca. Diego estava com sua sunga branca.

...

Wesley chegou em casa e foi logo a procura de sua mãe. Ela estava na lavanderia passando roupas.

- Mãe, consegui o emprego – disse ele abraçando-a.

- Ai filho, que bom! Viu só, eu lhe disse que você ia conseguir.

- Eu começo na semana que vem – disse o rapaz.

- Que bom meu filho, fico muito feliz.

Eles ficaram conversando um pouco. Wesley contou como era a empresa e como era a sua função. Sua mãe ficou maravilhada com a oportunidade que surgira e simplesmente feliz pelo filho ter conseguido uma chance de emprego.

O resto da tarde foi normal. Wesley separou todas as documentações necessárias e colocou dentro de uma pasta. Na quinta ele iria entregar os documentos e na segunda ele começaria na função.

...

O beijo entre Diego e Amanda estava ficando mais quente. Eles estavam dentro da piscina, ora nadavam, ora se beijavam. O casal de namorados parecia muito feliz e entregues um ao outro. Mas de toda forma, Marlene não concordava com esse relacionamento. E iria fazer de tudo para que isso acabasse.

- Já disse que eu te amo hoje? – perguntou Diego.

- Não. Mas pode dizer se você quiser – disse Amanda sorrindo.

- Então eu direi quantas vezes forem necessárias. Eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo e eu te amo...

- Pois eu te amo muito mais do que isso sabia?

- Ah é?

- É sim...

- Então prova!

- Como?

- Se entrega pra mim...

- Ai... Isso ainda não. Não estou preparada.

- A gente já está junto há um bom tempo... Já está na hora amor.

- Espera o meu momento, quando eu estiver preparada eu me entrego pra você. Não me apressa seu espertinho.

Eles voltaram a se beijar. Marlene observava a cena da janela de seu quarto.

- Eu preciso separar esses dois de alguma forma – disse a mãe de Diego enquanto fumava um cigarro.

...

O sinal estava fechado. Rafael estava indo para casa. Mais um dia exaustivo de trabalho tinha se passado. O rapaz estava muito cansado. Antes de o sinal abrir seu celular toca.

- Alô?

- Oi Rafa, tudo bem?

- Quem tá falando?

- É a Bárbara...

- Ah, oi Bárbara, tudo bem sim e você?

- Melhor agora.

- Fala rápido que eu estou no trânsito.

- Ah, serei breve. Eu estava pensando, vou dar uma festa em minha casa esse fim de semana, você quer vir?

- Ah, é claro que sim. Você acha que eu vou perder uma festa? Não mesmo.

- Então está combinado. Já adicionei seu nome na lista. Vai ser no sábado a partir das dez.

- OK. Quem vai?

- Ah, chamei nossos amigos mesmo. O pessoal de sempre.

- Alguma gata solteira?

- Claro. Muitas. Você vai poder fazer a festa.

Ele riu.

- Maravilha! Agora tenho que desligar porque o sinal abriu. Beijo, Bárbara. Até sábado.

- Beijo. Te espero.

...

Juliana estava parada em frente ao ponto de ônibus esperando a chegada de seu namorado. Em menos de cinco minutos o carro do rapaz parou e ela entrou.

- Oi meu amor – disse beijando o rapaz – Como você está?

- Muito bem amor – disse Miguel – E você como está?

- Bem, graças a Deus. O que nós vamos fazer?

- Primeiramente, jantar – disse ele sorrindo – Depois... Adivinha o que iremos fazer?

- Ah seu safadinho – disse ela beijando-o – Adorei a idéia.

Eles se beijaram por alguns minutos, depois o rapaz acelerou o carro e seguiu rumo ao restaurante mais caro da cidadeMarlene e Maurício estavam sentados à mesa esperando o jantar.

- Marta, onde está o jantar? - perguntou Marlene.

- Já está pronto D. Marlene. Já irei servi-lo.

- Pois então ande logo – disse Maurício. – Eu estou faminto.

- Só mais alguns minutos senhor Maurício. – disse a empregada.

- Como anda a empresa querido? – quis saber Marlene.

- Bem. A partir da semana que vem Miguel assume o cargo de presidente. Essa é minha última semana na empresa.

- Magnífico. – falou Marlene – Você acha que Miguel dará conta da função?

- Claro que sim. Ele é um rapaz muito competente. Com certeza fará um ótimo trabalho a frente dos negócios.

- Excelente.

- Marlene, estive pensando. Agora que eu estou me aposentando, acho que está na hora de fazermos uma viagem pelo exterior. O que você acha?

- Uma ótima idéia – disse Marlene – Eu estou louca pra ir a Paris novamente.

- Paris... Uma ótima escolha querida. Será uma nova lua-de-mel.

Eles se beijaram por alguns segundos.

- Com licença – disse Marta – Aqui está o jantar.

A empregada colocou a mesa e os patrões começaram a comer.

...

A quinta feira chegou rapidamente. Wesley estava ansioso para a entrega da documentação e também para o início da nova atividade. Ele chegou na empresa as duas e meia da tarde.

- Pois não? – disse o segurança.

- Ah, olá – disse Wesley – É que eu preciso entregar a documentação de admissão...

- Para qual setor?

- Presidência.

- Aguarde um momento, por gentileza.

O guarda realizou rapidamente uma ligação.

- Pode subir. O senhor sabe onde é?

- Sei sim, obrigado.

Wesley entrou no elevador e apertou o décimo sexto andar.

Michelle estava sentada em sua mesa como sempre. Ao avistar Wesley a moça abriu um sorriso e logo falou:

- Pontualmente.

- Com certeza.

- Venha eu vou levá-lo ao R.H.

Eles entraram no elevador e Michelle apertou o sexto andar.

...

Não demorou muito e o sábado chegou. A casa de Bárbara estava sendo organizada para a festa. Todos os empregados estavam limpando e arrumando a mansão da garota.

- Marina, a piscina já foi limpa? – perguntou Bárbara com ar de superioridade.

- Está sendo limpa agora senhora.

- Ótimo. Quero a casa pronta às quatro horas.

- Sim senhora – disse a empregadaAh, vamos Diego – dizia Miguel – Vai ser legal. Os nossos amigos vão estar lá...

- Não sei mano, não gosto muito da Bárbara.

- Não se preocupa com ela. Eu dou um jeito dela ficar longe de você.

- Ah, vou pensar.

- Para mano, vamos... Pelo menos para me fazer companhia já que a Juliana não vai.

- Ta, vai. Você me convenceu.

- Isso! – disse Miguel sorrindo – Eu vou tomar banho e me arrumar. Em uma hora a gente sai.

- Ta.

...

Rafael estava tomando banho. Enquanto passava o sabonete no seu corpo escultural seu membro criou vida. O rapaz pegou o pênis em sua mão e disse:

- Meu amigo, hoje você vai se divertir e muitoDiego e Miguel estavam lindos. Os dois trajavam roupas modernas e parecidas: calça jeans, camiseta regata colada ao corpo e um tênis. Os dois irmãos sempre foram muito parecidos, mas depois de adultos a semelhança ficou ainda maior devido ao corte do cabelo igual.

Eles chegaram na casa de Bárbara as sete e quinze. Já tinham algumas pessoas no jardim bebendo e se divertindo.

- Hum... Vejo que os meus amores vieram me prestigiar – disse Bárbara esbajando um sorriso nos lábios ao ir ao encontro dos dois irmãos – Lindos e gostosos como sempre – complementou cumprimentando-os.

- Você sempre bajuladora né Bárbara – disse Miguel sorrindo.

- Impressão sua meu caro amigo. E como estão vocês? Mais gatos impossível né?

- Obrigado – disseram os dois irmãos ao mesmo tempo.

- Você está linda – disse Miguel.

- Hum... Muito obrigada, são seus olhos. Diego, o gato comeu a sua língua?

- Não. Só estou um pouco indisposto. Só vim mesmo fazer companhia ao meu irmão.

- Ora, ora, ora... Vejam só quem está aqui! – disse Rafael com um sorriso sarcástico nos lábios.

- Ah, já chegou o arroz de festa – disse Diego.

- Sempre o mesmo humor infantil não é Dieguinho...

- Sempre a mesma cara de esnobe não é Rafinha – retrucou Diego na mesma hora.

- Não comecem vocês dois – disse Miguel.

- Defendendo o irmãozinho Miguel?

- Não Rafael, não preciso defender o Diego. Ao contrário de você ele sabe se defender muito bem. Bárbara, nos dê licença, o clima está muito pesado aqui.

- Divirtam-se – disse Bárbara.

Miguel e Diego saíram e foram até um grupo de meninas que estava dançando no meio do jardim.

- Não sabia que você tinha convidado eles Bárbara – confessou Rafael.

- Claro que eu convidei Rafa, você acha que eu ia perder a oportunidade de me vingar do Diego pelo o que ele me fez? Não mesmo!

- Ainda com isso na cabeça?

- Até depois de morta meu querido... Jamais perdoou uma traição! Ele vai me pagar.

- Ui, que medo de você.

Ela riu.

- Olha quem fala né. Como se você não tivesse ódio desses dois.

- Ódio é pouco Bárbara. Se eu pudesse eu mataria essesUi... Agora eu que estou com medo.

Dessa vez ele que riu.

- Temos muito que conversar minha querida, muito mesmo – falou Rafael – Acho que podemos fazer uma ótima dupla para poder acabar com esses dois. Você com Diego, e eu com Miguel...

- Até que não é má idéia.

Os dois ficaram olhando os irmãos conversando com as meninas por algum tempo. Depois de alguns minutos a mais de conversa, Bárbara e Rafael se separaram e não se falaram mais naquele dia por um certo tempo.

Wesley não conseguia agüentar a ansiedade para que a segunda feira logo chegasse. Era importante para ele aquela oportunidade de emprego, e ele não iria desperdiçar a chance de ter um brilhante futuro profissional.

- Muito ansioso para o trabalho? – perguntou Fred, irmão mais velho de Wesley.

- Muito... Mal posso esperar para que chegue logo segunda feira.

- Você se dará bem – disse Camila, sua irmã mais nova.

- Assim espero – disse Wesley enquanto jantavam.

...

A festa na casa de Bárbara estava muito agitada. Vieram mais de cento e cinqüenta convidados, todos da listagem da garota. Diego estava sentado a beira da piscina tomando uma lata de cerveja enquanto seu irmão dançava na pista de dança com uma garota.

- Posso me sentar aqui com você? – perguntou uma garota loira e de olhos azuis.

- Claro que sim – disse Diego sorrindo.

- Obrigada – disse a moça sentando-se ao lado do rapaz – O que um gato como você faz sentado aqui? Por que não está dançando como todos?

- Não estou com pique para dançar hoje. Prefiro ficar na minha mesmo.

- Entendo. Também não estou com ânimo. Qual o seu nome lindo?

- Diego, e o seu gata?

- Alicia.

- Prazer.

- É todo meu. Você é amigo da Bárbara?

- Isso. Na verdade quem é amigo dela é meu irmão, digamos que eu sou um velho conhecido. E você?

- Ah, ela é minha prima.

- Nossa, já vi que as mulheres dessa família são lindas...

- Obrigada – disse Alicia ficando ligeiramente corada. – Mas me fala, tem namorada?

- Tenho sim. E você? Tá solteira ou tem namorado?

- Solteira. E os homens dessa festa estão todos compromissados. Isso não é justo.

Eles riram.

- Alicia – disse Bárbara – O que você está fazendo aí? Vem dançar!

- Ah, não estou com ânimo, Bárbara, prefiro ficar aqui com o Diego.

- Não mesmo – falou Bárbara puxando a prima pelo braço – Vem, vamos azarar uns gatinhos...

Elas saíram e Diego foi ao encontro de Miguel, que estava se divertindo com algumas garotas na pista de dança.

- Mano, vamos embora? – perguntou Diego.

- Já? Logo agora que eu estou rodeado de tantas garotas?

- Vamos Mig... Eu não estou muito bem não – falou ele olhando nos olhos do irmão.

- Relaxa gato – disse uma garota ao lado de Diego – Vem dançar, vamos nos divertir.

- Vai Diego, só mais meia hora... – falou Miguel.

- Ta. Meia hora. Nem um segundo a mais.

...

Rafael gemia enquanto a menina passava a língua em seu membro. O rapaz segurou nos cabelos da moça e forçou sua cabeça para baixo, fazendo com que ela colocasse todo seu pênis na boca.

- Vai vagabunda – disse ele enquanto gemia – Chupa meu caceteOs dois irmãos ainda se encontravam na pista de dança. Eles sabiam dançar muito bem. Estavam rodeados de belas garotas, mas mesmo com tantas mulheres dando-lhes atenção, eles não podiam ficar com nenhuma, afinal de contas os dois eram compromissados.

- Vejo que está se divertindo – disse Alicia com uma taça de champanhe na mão.

- Tentando – respondeu Diego.

- Miguel meu amor – disse Bárbara – Por que não está com nenhuma menina?

- Não posso Bárbara – falou o moço – Eu estou namorando.

- Nossa! Quem diria que o garanhão do bairro ficaria comportado em uma festa. Quem é a sortuda?

- Você não a conhece. Ela estudou comigo na faculdade.

- Preciso conhecê-la. Quero dar-lhe os parabéns por ter conseguido enlaçar o cara mais lindo de toda a cidade.

- Você conhecerá – falou Miguel sorrindo – Pode ter certeza. Agora se me dá licença...

- Claro – falou a moça sorrindo.

- Diego – disse Miguel – Vamos?

- Já não era sem tempo – falou o moço.

Diego se despediu de Alicia e saiu com Miguel. A festa ainda estava bem cheia, mas eles não estavam enturmados o suficiente para continuar no local.

- Eu quero esse homem Bárbara – disse Alicia.

Bárbara riu.

Ele é um nojento Alicia – falou a garota – Ouça o que lhe digo. Eles não prestam.

- Eu quero esse homem – falou Alicia novamente – E eu vou conseguir...

As primas ficaram olhando os irmãos irem embora.

...

O domingo estava ensolarado. Wesley aproveitou que esse era seu último dia sem emprego e foi visitar alguns amigos. Primeiramente foi na casa de Suellen, sua melhor amiga.

- Como você está? – perguntou a moça.

- Muito bem. Finalmente consegui emprego. Vou começar amanhã. E você como está?

- Feliz – disse Suellen – Onde você vai trabalhar?

- Numa empresa como auxiliar administrativo. Mas por que tanta felicidade?

- Ah, sei lá. As coisas começaram a dar certo sabe. Estou bem no meu emprego, estou bem no meu namoro... Não pode ficar melhor do que está.

- Ah que bom né – disse Wesley – Mas, você tem noticias do pessoal?

- Pior que não hein – disse ela – O pessoal sumiu e não deu mais satisfação para ninguém.

- É verdade. As coisas mudaram. Cada um tem sua vida agora para cuidar e não tem mais tempo para os velhos amigos.

- Pois é – disse Suellen – Não somos mais os mesmos adolescentes do terceiro colegial. Agora somos adultos, temos maiores responsabilidades.

...

Mais uma vez Diego estava na piscina. Desta vez acompanhado pelo irmão.

- Que sol maravilhoso – disse Miguel.

- É – falou Diego enquanto nadava – Faz tempo que você não vem pra piscina comigo né maninho?

- Pois é Di. A empresa me toma muito tempo.

- É. Você e o pai só pensam em trabalhar.

- Não é que pensamos só em trabalhar – disse Miguel indo para a borda da piscina – Precisamos manter os negócios da família Diego.

- É, eu sei – disse ele – Mas as vezes, eu acho que vocês trabalham demais.

- Pode até ser. Mas é necessário. E você quando vai dar as caras no nosso patrimônio?

- Não sei – falou o irmão mais novo sentando-se na grama – Não me sinto preparado para ir, sabe?

- Entendo. Mas Di, você já esta com vinte e dois anos, está na hora de ir né. Não é querendo dar uma de irmão mandão, mas é que é preciso. Agora que eu vou ser o presidente e que o pai vai se aposentar, seria um bom momento para você assumir um posto lá dentro. Quem sabe ser meu braço direito como eu sou para o papai agora.

- Ah Mig, não sei se eu sirvo pra essas coisas...

- Claro que serve né mano – falou Miguel deitando-se na grama de barriga para baixo – Você é formado em Administração. Tem uma carreira brilhante pela frente.

- Será? – perguntou Diego, também se deitando de barriga para baixo.

- Eu acredito que sim – falou Miguel – Vai mano, se dá uma chance. Confia em você mesmo. Vai lá pra ver a rotina, eu te ajudo no que você precisar.

- Ta, eu vou. Mas não agora. Deixa o pai se aposentar primeiro. Você sabe que eu e ele não nos damos muito bem.

- Sim, eu sei e entendo. Mas amanhã é a minha posse oficial como presidente. Eu não quero, mas infelizmente preciso fazer isso.

- E por que você não quer?

- Ah, porque eu acho que não é o momento entende? Eu não me sinto apto a fazer essa função.

- Saquei. Mas como você mesmo disse, confia em você mesmo.

- É o que eu estou fazendo – falou Miguel – Mas, é complicado.

- É eu sei – disse Diego – Eu me sinto assim também. Mas já que você está me apoiando, eu vou assumir um cargo lá dentro sim.

- Assim é que se fala maninho – disse Miguel sorrindo e abraçando o irmão – Eu vou te ajudar no que você precisar!

- Obrigado Mig. Eu sei que eu posso contar com você.

- Sempre.

- E você também pode contar comigo pro que precisar.

- Eu sei disso. Posso contar com você lá na terça?

- Na terça já?

- É. Amanhã o pai sai de lá. E amanhã mesmo ele e a mãe vão viajar pra Paris esqueceu?

- Ah é verdade. Então já que ele não vai estar lá, eu vou na terça!

- Perfeito.

Os irmãos sempre se deram bem desde criança, mas agora quando adultos, criaram um elo de cumplicidade muito maior, um elo de fraternidade com uma força inigualável, tudo que um fazia o outro ficava sabendo e vice-versa.

...

Quando saiu da casa de Suellen, Wesley dirigiu-se a casa de Allan, que morava duas ruas acima da casa dela.

- Você está lindo – disse Allan.

- Obrigado – disse Wesley sem graça – Você também está lindo.

- Valeu. Você está com alguém no momento? – perguntou Allan.

- Não. Ninguém me quer – respondeu Wesley sorrindo – Você com certeza está com alguém né?

- Até parece que ninguém quer você. E eu estou sozinho sim.

- É, ninguém me quer. Estou à procura mas está difícil.

- Eu quero você.

Wesley ficou calado e vermelho.

- Você sabe disso Wesley... Me dá uma chance – disse Allan olhando nos olhos de Wesley e segurando em suas mãos.

- Não é tão simples né Allan. Eu gosto de você, mas não estou apaixonado por você. Tenho medo de te machucar.

- Só iremos saber se você me der uma oportunidade. Se você está sozinho e eu também, não custa tentar...

- Se você conseguir me conquistar eu te dou a sua chance. Depende de você – disse Wesley se afastando de Allan.

- Se é assim que você quer, é assim que vai ser.

daquela tarde. Era verão aquela época do ano.

- Marta – chamou Miguel.

- Pois não senhor Miguel.

- Traga algo gelado para nós quatro, por favor.

- O que os senhores desejam?

- Eu quero uma cerveja – disse Diego.

- Para mim um suco – disse Amanda.

- Também quero um suco – disse Juliana.

- Duas cervejas e dois sucos Marta, por favor.

- Sim senhores. Só um momento, sim. – disse a empregada saindo para dentro da casa.

- O que vocês vão fazer hoje a noite? – perguntou Diego à Miguel.

- Nada demais, acho que vamos ao cinema. Tem um filme ótimo em cartaz. E vocês?

- Acho que nada. Quer fazer alguma coisa Amanda?

- Qualquer coisa ao seu lado é bom.

- Ah, decediremos depois – falou Diego – Qualquer coisa a gente janta fora.

- Ta bom.

- Vou pra piscina, não estou agüentando o sol – disse Miguel levantando-se e pulando na água – Vem Ju, tá muito boa.

- Ah, não Mig, obrigada – disse Juliana – Estou bem aqui.

Em pouco tempo a empregada surgiu com as bebidas. O resto da tarde eles ficaram na piscina, sem fazer nada, só jogando conversa fora e aproveitando o calor do verão.

Quando anoiteceu as meninas foram embora para as suas respectivas casas. Ficou combinado que os quatro iriam ao cinema as nove da noite, e depois iriam jantar juntos em algum restaurante no centro da cidade.

- Di? – perguntou Miguel entrando no quarto do irmão – Diego? – perguntou elevando o tom de voz.

- Estou tomando banho – gritou Diego da suíte.

Miguel não se fez de rogado, abriu a porta da suíte e entrou para falar com o irmão.

- Ai que susto – disse Diego ao ver Miguel dentro do banheiro.

- Você quer ir a qual cinema?

- Ah, qualquer um – respondeu Diego enquanto passava sabonete em seu corpo.

- Então deixa que elas decidam.

- É, pode ser.

- Então está feito.

- Já tomou seu banho né? – perguntou Diego.

- Já. Não sou tão lento que nem você – respondeu Miguel sorrindo.

Diego riu.

- Não sou lento mano, é que eu tenho que me lavar bem né – disse ele passando a mão no meio das pernas e sorrindo.

Miguel caiu na gargalhada e não disse mais nada, simplesmente saiu da suíte de Diego e foi se arrumar em seu quarto.

...

Wesley estava com frio na barriga. Em poucas horas ele estaria no seu novo emprego.

- Sua roupa já está passada – disse a mãe de Wesley sentando-se no sofá para fazer companhia a ele.

- Obrigado mãe.

- No que tanto pensa?

- Em nada em especial mãe. Só em uma conversa que eu tive com um amigo.

- E que conversa foi essa?

- Nada de importante, assunto nosso.

- Hum!

- Mãe, vou pro meu quarto. Depois eu como qualquer coisa. Com licença.

Wesley saiu da sala e deixou sua mãe sozinha. Ao entrar em seu quarto fechou a porta para não ser incomodado e se debruçou em sua cama.

- Meu Deus, o que eu faço? – dizia Wesley em tom baixo enquanto mirava para a televisão desligada em cima da cômoda.

A visão de Allan não sai de sua cabeça. Será que ficar com o rapaz seria uma idéia sensata? Ou será que Wesley iria se arrepender caso isso acontecesse?

De toda forma essa decisão não dependia somente de Wesley. Como Wesley mesmo tinha dito, caso Allan conseguisse conquistá-lo, ele daria uma chance ao moço. Mas, o que será que ele ia fazer?

...

A sala do cinema estava vazia. Já passava das nove da noite quando os casais entraram na sessão e sentaram na última fileira. Miguel e Juliana começaram um longo e apaixonado beijo. Vendo a atitude do irmão, Diego não quis ficar por baixo, começou a beijar Amanda de uma maneira provocante.

Com o passar do tempo, as carícias entre Miguel e Juliana começaram a ficar impróprias para uma sessão de cinema e o casal se controlou. Ao contrário do cunhado, Amanda se entrelaçava em Diego, à moça estava sentada em seu colo e não parava de beijá-lo.

Não demorou muito para o filme terminar, os casais saíram e foram para um restaurante no centro da cidade. Miguel e Juliana procuraram uma mesa nos fundos do estabelecimento. Por ser tarde da noite, o ambiente estava um tanto quanto deserto.

- Essa está boa para todos? – perguntou Miguel.

- Sim – responderam todos.

Os quatro sentaram-se e em segundos o garçom veio ao encontro deles.

- Boa noite – disse o funcionário – O que os senhores desejam?

- Traga a carta de vinhos, por favor – disse Diego.

- Sim senhor – disse o garçom retirando-se.

Em poucos minutos todos já tinham escolhido os pratos e já estavam jantando.

- Ora, ora, ora – disse Rafael à Bárbara – Olha só quem está aqui jantando...

- Quem? – quis saber Bárbara na mesma hora.

- Miguel, Diego e suas respectivas acompanhantes – falou Rafael, apontando discretamente para a mesa dos casais.

- Que interessante – disse Bárbara tomando seu vinho – Muito interessante.

- Vamos lá dar uma boa noite a eles – disse Rafael com tom de deboche.

- Primeiro vamos terminar nosso jantar. Se não eu vou perder o apetite com esse dois nojentinhos.

Rafael riu e eles continuaram jantando. Em poucos minutos, quando terminaram a refeição, foram até a mesa dos dois irmãos:

- Ora, veja só quem está aqui – disse Bárbara – Miguel e Diego. Que bela coincidência...

Os irmãos se levantaram e cumprimentaram Bárbara.

- Como vai Bárbara? – perguntou Miguel cordialmente.

- Vou bem meu querido. Não tão bem quanto vocês, acompanhados por duas mulheres lindas.

- Vejo que vocês sabem escolher uma companhia feminina – disse Rafael surgindo diante dos irmãos – Isso não é de se estranhar, sempre foram os “pegadores” da região – completou ironicamente.

- Sempre irônico e sarcástico não é Rafael? – falou Miguel.

- Eu? Irônico e sarcástico? Impressão sua meu caro.

- Não apresentam as moças meninos? – perguntou Bárbara.

- Claro – respondeu Miguel – Essa é Juliana, minha namorada.

- Muito prazer – disse Bárbara cumprimentando Juliana.

- E essa – falou Diego com cara de poucos amigos – É Amanda.

- Muito prazer em conhecê-la. Você deve ser a namorada de número mil do Diego. Ou será que é a de dois mil?

- Não importa qual a numeração – falou Amanda – O que importa é que eu estou com ele. E ninguém pode mudar isso.

Diego riu discretamente. Bárbara ficou com a cara fechada.

- Juntem-se a nós – falou Miguel – Jantem conosco.

Diego deu um beliscão nas costas de Miguel disfarcadamente.

- Não, obrigado – disse Rafael – Nós já jantamos. E já estamos indo. Não queremos atrapalhar os pombinhos. Divirtam-se.

- Até depois Miguel. Se cuida Dieguinho. Cuidado com o que você faz com sua namorada. Você pode magoá-la muito sabe.

- Não preciso de seus conselhos Bárbara. Eu sei me virar sozinho e sem a sua ajuda.

- É só um conselho. Boa noite aos dois. Vamos Rafa, o clima não está muito agradável aqui.

- Concordo com você.

Bárbara e Rafael saíram do restaurante e os dois irmãos com suas respectivas namoradas terminaram de jantar. Já passava da meia noite quando foram embora.

...

Wesley acordou cedo àquela manhã. Tomou um banho longo e vestiu seu traje social. A ansiedade era tamanha que o jovem nem ao menos tomou café da manhã.

- Toma café filho – disse seu pai – Até a hora do almoço você vai ficar faminto.

- Não pai – falou Wesley – Não consigo comer nada. Vou indo porque não quero me atrasar.

- Boa sorte meu amor – disse sua mãe beijando-o na testa.

- Obrigado mamãe – disse o rapaz – Ate de noite. Tchau galera.

Ele saiu de casa. Caminhou rapidamente até o ponto de ônibus e ficou aguardando até o transporte chegar, o que não levou muito tempo. Por ser um horário onde a maioria das pessoas sai para ir trabalhar, o ônibus estava lotado, mas Wesley conseguiu entrar nele mesmo assim.

O trajeto não era demorado. Aproximadamente meia hora até a empresa. Wesley desceu do ônibus e caminhou por alguns minutos, até que chegou ao prédio onde iria trabalhar.

O rapaz respirou fundo e entrou no prédio. Tinham algumas pessoas esperando os elevadores, Wesley juntou-se as pessoas e ficou esperando para poder subir ao seu andar.

- Ah, desculpe – disse uma moça ao lado de Wesley – Você é novo aqui não?

- Ah, sou sim – respondeu Wesley ficando levemente corado.

- E você foi contratado para que área? – perguntou a moça.

- Presidência – respondeu o rapaz.

- Nossa! – exclamou a moça – Parabéns! Ouvi dizer que o Sr. Maurício se aposenta hoje. Agora é o filho dele, o Sr. Miguel que fica na presidência não é?

- Na verdade eu não sei.

- E você vai exercer que função?

- Auxiliar Administrativo – respondeu Wesley.

- Nossa que interessante – falou a moça – Muito prazer, sou Thaisy.

- O prazer é meu, me chamo Wesley.

- Então seja bem vindo – disse Thaisy – Eu trabalho na advocacia.

- Ah sim. Você é advogada?

- Sou sim – respondeu a moça sorridente – Me formei a pouco tempo, e graças a Deus consegui esse emprego. Devo muito ao senhor Maurício. Você foi contratado por ele?

- Não, pelo Miguel – respondeu Wesley.

- Ah entendi.

Um dos elevadores chegou e eles entraram junto com mais algumas pessoas.

- Bom, eu fico no terceiro andar – disse Thaisy – Foi um prazer conhecê-lo.

- O prazer foi todo meu – falou Wesley – Até a próxima.

- Até mais.

O décimo sexto andar ainda estava vazio quando Wesley chegou. Nem ao menos Michelle tinha chegado. Sem saber o que fazer, o rapaz decidiu sentar no sofá e esperar até que alguém lhe passasse alguma posição de onde ele ficaria.

Passado alguns minutos o elevador abre. Michelle não notou a presença de Wesley. A secretária sentou-se em sua mesa, ligou o computador e começou a arrumar alguns papéis. Sem querer ser indiscreto, Wesley foi até a mesa da moça e falou:

- Bom dia.

Michelle levantou a cabeça tão rápido que os papéis que ela estava arrumando caíram do outro lado da mesa.

- Ai que susto menino – disse ela ofegante – O que você faz aqui tão cedo?

- Desculpe – disse Wesley indo recolher os papéis que caíram – É que hoje é o meu primeiro dia você esqueceu?

- Ai é verdade – falou Michelle – Desculpe gato... Quer dizer, desculpa Wesley, é que eu estou com a cabeça no mundo da lua. Nem vi você chegando.

- É que quando você chegou eu já estava aqui – disse o moço entregando a papelada a garota.

- Sério? E onde você estava?

- Sentado no sofá.

- Nossa e eu nem te vi! – exclamou Michelle.

- Pois é. Se fosse um ladrão você seria uma vítima fácil.

- É que eu não estou muito bem. Mas deixa isso pra lá...

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, nada demais. Problemas femininos.

- Se precisar de ajuda...

- Obrigada – disse ela sorrindo – Então, temos que esperar o Sr. Miguel chegar para saber onde vai ser seu posto de trabalho.

- E ele demora a chegar?

- Normalmente é o último a chegar – falou ela sorrindo – Mas sente-se novamente no sofá. Logo, logo ele chega.

- Está bem. Com licença.

- Fique a vontade.

- Obrigado.

Wesley sentou-se novamente no sofá e pegou uma revista para ler enquanto o seu novo chefe não chegava. O relógio marcava 08H17, Miguel estava mais uma vez, atrasado. Dessa vez ele não era o único, o pai de Miguel que era sempre tão pontual também estava atrasado naquele dia.

Com o passar do tempo, o décimo sexto andar foi ficando mais cheio. Chegaram mais alguns funcionários e, por volta das 08H30, Miguel juntamente com seu pai adentraram a presidência.

- Bom dia Michelle – disse Maurício – Preciso de você na minha sala em cinco minutos.

- Bom dia Sr. Maurício – cumprimentou Michelle – Sim senhor.

- Bom dia Michelle – disse Miguel – Algum telefonema para mim?

- Bom dia Sr. Miguel – cumprimentou Michelle – Nenhum telefonema.

- Ótimo – falou Miguel.

- Sr. Miguel, o funcionário que o senhor contratou está aguardando para saber onde ficará.

- Que funcionário? – perguntou Miguel.

- Aquele auxiliar administrativo – falou Michelle.

Wesley só ouvia do sofá enquanto fingia que estava lendo a revista.

- Ah, sei – disse Miguel – E onde ele está?

- No sofá – apontou Michelle com a cabeça.

Miguel foi até onde Wesley estava.

- Vejo que você é pontual – disse sorrindo.

Wesley levantou-se e olhou nos olhos do patrão. Um arrepio percorreu seu corpo.

- Com certeza sim – disse erguendo a mão para cumprimentar o patrão.

Eles apertaram as mãos.

- Preparado para trabalhar? – perguntou Miguel

- Sem dúvidas – respondeu Wesley sorridente.

- Ótimo. Preciso de pessoas animadas ao meu lado. Venha comigo. Vou lhe mostrar onde será a sua sala.

Miguel levou Wesley até sua sala.

- Sente-se – ordenou apontando a cadeira à frente de sua mesa.

- Sim senhor – falou Wesley sentando-se.

- Bom Wesley, vou lhe informar o que na verdade você vai fazer.

- Sim senhor – falou Wesley olhando nos olhos do patrão.

- Sua tarefa resume-se basicamente em entrar em contato com os clientes, enviar e receber fax, agendar reuniões com os diretores das outras filiais, resolver problemas que envolvam os setores financeiros e judiciário.

- Certo.

- E, por fim, você vai desencadear a função de ajudar o meu irmão.

- Seu irmão?

- Isso. Não sei se você sabe, mas a partir de hoje eu sou o presidente dessa empresa. Meu pai está se aposentando e eu vou ficar no lugar dele.

- Meus parabéns senhor! – exclamou Wesley.

- Obrigado – disse Miguel ficando ligeiramente corado – Mas, como eu ia dizendo, vou me tornar o novo presidente e em meu lugar vai ficar meu irmão. Ele assume o cargo a partir de amanhã. Vou precisar que você o ajude no que ele precisar.

- Tudo bem.

- No mais é isso. Seja bem vindo e boa sorte. Espero que possa contar com você para quando precisar.

- Com certeza sim senhor Miguel.

- Muito bem então. Vou lhe mostrar a sua sala. Ela fica em frente a minha.

Miguel e Wesley foram até um escritório desativado. Miguel explicou como funcionavam as normas e condutas da empresa, Wesley sentou-se em sua mesa e ligou o computador. Miguel explicou ao rapaz como funcionavam os sistemas que ele iria usar. Não parecia muito difícil, Wesley iria se adaptar rapidamente.

- Para começar, como você não vai ter muito o que fazer hoje, pode começar entrando em contato com o setor financeiro e verificar quais os nomes dos clientes que estão com os pagamentos em atraso conosco. Quando estiver com todos os nomes prontos você faz um relatório e me entrega para que eu possa verificar as devidas soluções.

- Sim senhor – disse Wesley.

- Qualquer dúvida, qualquer coisa que você precisar pode pedir a Michelle. Ela lhe ajudará. Os números de todos os telefones da empresa estão nesse arquivo – falou Miguel abrindo um arquivo no computador de Wesley – Se você precisar pode ligar para qualquer um deles.

- Está bem.

- Alguma dúvida?

- Por enquanto não – falou Wesley.

- Perfeito. Então se não tem dúvidas eu vou me retirar porque a cerimônia da posse da presidência começa logo mais. A Michelle lhe avisará para que você possa comparecer também.

- OK.

- Então mãos a obra Wesley. Seja bem vindo!

- Muito obrigado senhor Miguel. Obrigado mesmo.

- Não agradeça. Apenas desempenhe a sua função da melhor maneira possível.

- Pode estar certo disso senhor!

- Senhor Miguel? – perguntou Michelle – O senhor Mauricio está lhe procurando.

- Já estou indo Michelle, obrigado. Qualquer coisa, estou à disposição. Agora com licença – disse Miguel à Wesley.

O rapaz saiu e deixou o novo funcionário sozinho.

- Nossa! Que homem é esse? – falou Wesley encostando-se na sua cadeira – Eu quero esse gato pra mim!

Bárbara se revirou na cama. A moça abriu os olhos e se espreguiçou. Com um certo custo a garota se levantou e foi tomar um banho para poder despertar.

- Hum... Hoje é o dia em que o Miguel se torna presidente. Preciso ir acompanhar isso de perto – falava ela enquanto ensaboava seu corpo.

...

Miguel foi até a sala de seu pai. Não faltava muito para ele se tornar o novo presidente da empresa.

- Onde você estava? – perguntou Mauricio fitando o filho nos olhos.

- Passando as instruções ao novo funcionário.

- Ah sim. É hoje que começa o novo auxiliar não é?

- É sim.

- Ótimo. Espero que ele possa ser útil.

- Pelo jeito sim pai.

- Sente-se filho, tem algumas últimas tarefas que eu preciso lhe ensinar e alguns assuntos que você tem que ficar ciente.

Miguel sentou-se em frente ao pai e eles começaram a conversar. Mauricio explicou tudo o que ele teria que fazer, explicou os problemas que a empresa estava passando e deixou Miguel ciente das dificuldades que ele iria ter que enfrentar. Depois de aproximadamente uma hora, os dois terminaram de revisar todas as pendências que ainda restavam.

- Acho que é só – finalizou Mauricio – Sente-se apto a função?

- Mesmo não querendo exercer esse cargo agora, eu me sinto pronto sim, pai – contou Miguel.

- Eu sei que você vai dar conta – disse Mauricio – Você sabe que eu não consigo mais ficar aqui, Miguel. Eu não tenho mais a mesma emoção e o mesmo amor de antes por esse lugar.

- Sim, eu sei pai – disse Miguel – Só não acho certo você abandonar seu patrimônio que foi criado com tanto suor.

- Não vou abandonar. Só não serei mais o presidente. Mas ainda sou o dono.

- É, isso é verdade – falou Miguel – Bom, espero conseguir administrar a empresa da melhor forma possível.

- Eu sei que você vai conseguir filho. Estou apostando todas as minhas cartas em você.

- É, eu sei – falou Miguel.

O telefone tocou nesse momento.

- Pois não Michelle? – perguntou Maurício atendendo ao telefone.

- Senhor Maurício, a senhora Bárbara deseja vê-lo.

- A mim?

- Sim.

- Bom, mande-a entrar...

- Está bem senhor.

- Quem é pai? – perguntou Miguel curioso.

- A Bárbara – respondeu Mauricio.

- A Bárbara? – perguntou Miguel – Mas o que ela quer?

- Se eu soubesse não estaria me perguntando a mesma coisa – disse Maurício.

- Com licença Maurício – disse Bárbara entrando na sala do homem.

- Ora, a que devo a ilustre visita? – perguntou Maurício levantando-se para receber a moça.

- Nada demais meu caro, simplesmente venho ver a cerimônia de posse do Miguel – falou Bárbara cumprimentando o homem.

- Ah... Entendi – disse Mauricio.

- Como vai Miguelzinho? – perguntou Bárbara.

- Muito bem – respondeu Miguel secamente.

- Sabe tio – disse Bárbara dirigindo-se a Maurício – Acho que está na hora de assumir o meu cargo nesse lugar, visto que eu também sou uma das herdeiras não é?

- Creio que você está equivocada minha querida – disse Mauricio brandamente – Você não é herdeira. Já faz mais de quinze anos que seu pai não é mais acionista desse lugar. Sendo assim você não tem mais vínculos conosco. Esse patrimônio é dos meus filhos.

- Ora, titio – disse Bárbara cinicamente – Se eu sou sua sobrinha, eu devo ter chances a ocupar um cargo aqui, não?

- Não Bárbara – respondeu Mauricio – Acho que seu interesse para com a empresa, é com referência ao meu filho, não?

- Claro que não meu querido tio – disse Bárbara – Eu simplesmente quero ajudar Miguel a tocar o seu patrimônio. Mas se você não quer a minha presença tio, eu saio. Não tem nenhum problema.

- Não disse isso Bárbara, disse apenas que você não é herdeira...

- Pai – disse Miguel – A cerimônia de posse é em cinco minutos, todos já devem estar agrupados nos esperando...

- Bárbara, trate desse assunto com seu primo que é o novo presidente. Se ele lhe der o cargo você pode vir. Caso contrário, eu não posso fazer nada.

- Vem, pai – disse Miguel – Não adianta tratar desse assunto agora.

Todos, inclusive Wesley, estavam na cerimônia de posse de Miguel. Pontualmente as onze da manhã, Miguel e Mauricio surgiram e começaram com os devidos discursos.

- Bom dia a todos – disse Maurício – Como todos sabem, a partir de hoje eu estou me desligando da presidência. Deixo em meu lugar, a pessoa que tem a minha maior confiança, meu filho Miguel...

Por mais de vinte minutos Mauricio discursou a todos os funcionários, depois, foi a vez de Miguel falar algumas palavras.

- Não tenho muitas coisas a dizer, apenas conto com o comprometimento de todos, com a colaboração e com a dedicação que vocês dão ao meu pai por tanto tempo...

A posse foi feita rapidamente. Após a nomeação do novo presidente, Maurício se despediu de todos os funcionários e por fim, saiu da empresa, deixando-a nas mãos de seu filho. Bárbara, que assistira a cerimônia na primeira fila, ainda não tinha saído do recinto, esperou toda a aglomeração acabar para poder ir na sala de Miguel e falar com ele.

- Quer dizer que o meu priminho favorito é o novo presidente dessa espelunca? – disse em tom de deboche.

- Em primeiro, não sou seu primo, afinal você sabe que você é adotada. Em segundo, mais respeito com essa empresa, você não está em sua casa.

- Ficou bravinho foi? – disse a moça com um sorriso sarcástico nos lábios.

- Ora, Bárbara, o que você quer? Um emprego? Para que? Você não é rica? Não precisa trabalhar!

- E você acha que só porque eu sou rica eu não preciso trabalhar? Conhecer novas pessoas, me sentir útil?

- Deixe de ironias garota – falou Miguel se levantando de sua nova cadeira – Deixe-me trabalhar em paz. Ao contrário de você, eu tenho muita coisa para fazer!

- Você não vai se livrar de mim tão fácil Miguelzinho – disse Bárbara com ironia na voz – Você ainda vai me ver muitas vezes.

- Não se eu puder evitar – falou Miguel abrindo a porta para a moça sair – Passar bem, Bárbara – completou imitando o tom de deboche da prima.

- Igualmente Miguelzinho – disse a vilã saindo da presidência.

Miguel sentou em sua cadeira e colocou as duas mãos na cabeça. Era seu primeiro dia como presidente e ele já tinha arrumado um problema. Conforme o estresse que Bárbara havia lhe causado fora sumindo, o rapaz foi exercendo as novas funções.

- Michelle – disse Miguel quando a secretária atendeu ao telefone.

- Pois não senhor Miguel?

- Quero que você entre em contato com o gerente do banco onde possuímos conta. Tenho um assunto a tratar com ele.

- Sim senhor – disse a moça – Assim que conseguir contactá-lo eu transfiro a ligação.

- Perfeito.

Miguel desligou, mas nem ao menos começou a fazer outra tarefa e o telefone tocou novamente. Percebeu que quem estava entrando em contato era Wesley.

- Pois não Wesley? Algum problema?

- Nenhum senhor Miguel – disse Wesley – Acontece que eu já terminei os relatórios que o senhor me pediu.

- Excelente – disse Miguel – Traga-os a minha sala.

- Sim senhor.

Em menos de dois minutos Wesley bateu a porta.

- Entra – ordenou Miguel.

- Aqui estão senhor – disse Wesley entregando os anexos ao chefe.

- Pode se sentar – falou Miguel brandamente.

O rapaz se sentou e analisou a bela fisionomia do chefe enquanto o mesmo analisava os relatórios que foram solicitados.

- Estão muito bons Wesley – disse Miguel – Você me parece ser bem organizado, vejo que colocou todos os nomes em ordem alfabética.

- Exato, assim fica mais fácil de entrar em contato.

- Muito bem – disse Miguel sorridente – Um excelente trabalho.

- Obrigado senhor – agradeceu Wesley corando levemente.

- Agora já que você já terminou – disse Miguel – Eu preciso que você vá até a advocacia e entregue esses papéis a uma das advogadas.

- Está bem senhor. Quem eu devo procurar?

- Thaisy. A sala dela é a segunda a direita. Entregue diretamente a ela e diga que foi eu quem mandou. Ela trabalha no terceiro andar.

- Está bem senhor – disse Wesley levantando-se.

- E caso haja algum papel a ser entregue você pode trazer diretamente até mim.

- Perfeito. Com licença senhor – disse Wesley saindo da sala do chefe.

Nenhum elevador estava parado no décimo sexto andar.

- Como está sendo o primeiro dia de emprego? – perguntou Michelle de sua mesa.

- Excelente – respondeu Wesley sorridente.

- Que bom, fico feliz por você.

- Obrigado. Me dê licença que eu preciso levar isso lá no terceiro andar. Até já.

- Até.

Em pouco menos de cinco minutos o rapaz desceu no terceiro andar. Devido a um intenso movimento naquele horário, o elevador parou diversas vezes.

Ele seguiu a direita e foi até a segunda porta que estava fechada. Olhou para a placa que nela continha e leu:

“Dra. Thaisy Macedo Canhizares Lourenzo

Advogada”

Antes de entrar o rapaz deu duas batidas leves na porta.

- Pode entrar – disse Thaisy.

- Olá Dra. Thaisy – disse Wesley entrando na sala.

- Ah olá moço. A que devo a honra? – perguntou interessada.

- Venho a mando do novo presidente. Ele pediu para entregar-lhe esses documentos...

- Deixe-me ver – disse a moça pegando a papelada – Hum... Processos criminais... Isso leva certo tempo... Sente-se Wesley, eu preciso analisar os papéis para poder mandar uma resposta escrita ao Miguel.

O rapaz sentou-se e a moça ficou analisando a papelada por algum tempo. Depois disso disse:

- Causa ganha. Só mais um momento viu Wesley? Já vou escrever o bilhete que você vai entregar ao chefe. Só um instante – falou ainda lendo os papéis.

- Sem pressa – disse o moço.

Depois de ler e reler os papéis, Thaisy escreveu um pequeno bilhete que deveria ser entregue a Miguel.

- Você pode entregar ao chefe, por favor?

- Claro que sim.

- E, ah! Tem também alguns documentos que ele precisa assinar para mim. Pode entregá-los?

- Claro que sim Dra.

- Ah, por favor, né... Sem o doutora, somos amigos.

- Então está bem, Thaisy.

- Melhorou – disse Thaisy sorrindo – Só um momento que eu vou pegar os documentos.

- Está bem.

A moça levantou-se e foi até uma cômoda com algumas gavetas; abriu a terceira delas e de dentro, retirou uma pasta onde continham vários inquéritos e processos judiciais.

- Entregue esses documentos a ele, por favor.

- Está bem. Deixe-me ir porque não quero fazer feio no meu primeiro dia.

Thaisy riu.

- Está bem. E obrigada.

- Não agradeça. Tchau.

- Tchau.

O rapaz apertou o botão do elevador, esse se abriu na mesma hora. Ele entrou e apertou o décimo sexto. Não demorou muito e já estava lá. Foi direto até a sala do chefe. Quando chegou bateu e Miguel mandou ele entrar.

- Com licença senhor Miguel. A Dra. Thaisy mandou-lhe entregar estes documentos, pediu para o senhor assinar – disse entregando-os ao chefe – E também pediu para entregar-lhe esse bilhete – disse dando ao chefe o papel.

- Muito bem. Obrigado Wesley, pode retirar-se.

- Ah, senhor... O que eu devo fazer agora?

- Nada – disse Miguel sorrindo – É uma boa hora para se almoçar. Você deve estar com fome.

- Então está bem.

- Uma hora de almoço. Quando voltar passe em minha sala que eu lhe dou novas instruções.

- Sim senhor, com licença – disse o rapaz saindo da presidência.

...

Diego estava sozinho agora em casa. Seu pai já tinha chegado da empresa, porém já tinha ido viajar com sua mãe. Agora era ele e Miguel e ninguém mais. Sem nem pensar duas vezes, o rapaz ligou para Amanda e pediu que ela fosse para a casa dele, afinal agora ele estava sozinho e poderiam namorar sem os empecilhos de Marlene.

Com um plano na cabeça, Diego começou a arrumar seu quarto. Colocou algumas velas espalhadas pelo chão, acendeu um incenso para aromatizar o ambiente e fechou todas as janelas e cortinas, deixando o local com uma luz fraca, porém convidativa.

Quando Amanda chegou, Diego não pensou duas vezes em chamá-la ao quarto dele, quando eles entraram a moça levou um susto:

- Nossa meu amor, o que é isso?

- Apenas quero que a gente fique em um lugar romântico meu amor, apenas isso.

- Que fofo que você é – disse Amanda começando a beijá-lo.

Diego envolveu a namorada nos braços e começou a levá-la para sua cama. Quando se deu conta já estava por cima dela só de cueca e a moça por sua vez, só de calcinha.

- Eu te quero meu amor – sussurrou Diego no ouvido de Amanda, deixando a moça totalmente arrepiada.

- Eu também te quero meu amor – retribuiu Amanda passando as unhas nas costas do namorado.

Eles começaram a se beijar. Em pouco tempo, Diego tirou a única peça de roupa dos dois, e eles começaram a se amar.

...

Wesley voltou do almoço, bateu e entrou na sala do chefe.

- O que devo fazer? – perguntou.

- Você vai realizar um serviço externo tudo bem?

- Serviço externo?

- Exato. Nós estamos com um problema no banco, já falei com o gerente agora há pouco, ele está ciente do problema, o fato é que eu preciso de alguém que fale pessoalmente com o gerente do banco e que encontre a solução para o problema.

- Sem problema algum – disse Wesley – Mas para resolver a situação, eu preciso saber o que está acontecendo.

- Claro – disse Miguel sorrindo.

O presidente contou toda a situação à Wesley, quando terminou disse:

- Consegue resolver isso?

- Com certeza sim – respondeu Wesley – Quando eu voltar eu trago a solução. Com licença senhor.

O rapaz saiu da sala do chefe, passou em sua sala, pegou uma pasta e colocou as documentações bancárias dentro dela. Saiu e foi até o banco. Lá encontrou-se com o gerente e, em menos de meia hora saiu de lá com o problema solucionado. Ao retornar a empresa a primeira coisa que fez foi falar com seu chefe:

- Senhor Miguel, problema solucionado!

- Mas em tão pouco tempo? – espantou-se Miguel.

- Sim senhor. Não demorei muito a convencer o gerente a aumentar as ações da empresa. Afinal nós estamos em constante crescimento financeiro e foi isso que eu mostrei a ele.

- Perfeito, Wesley, perfeito! – exclamou Miguel com um sorriso de orelha a orelha – Você foi excelente, está de parabéns! Por ser o primeiro dia de emprego você já demonstrou que é confiável e que sabe resolver problemas rapidamente. Estou muito contente.

- Muito obrigado senhor! – disse Wesley com timidez.

Os dois ficaram conversando por mais algum tempo, até que por fim, Wesley voltou a sua sala e começou a fazer algumas outras tarefas, essas, mais fáceis.

Finalmente aquele primeiro dia de trabalho chegou ao fim. Wesley, apesar de muito feliz, estava também muito cansado.

Ao chegar em casa o rapaz tomou um banho bem demorado. Quando chegou a hora do jantar, contou tudo o que tinha acontecido naquele primeiro dia no novo emprego.

Depois do jantar a família ficou reunida na sala assistindo televisão. Por volta das dez horas da noite, Wesley foi por quarto descansarNão esquece que amanhã você tem que ir pra empresa comigo – disse Miguel à Diego.

- Eu sei. Não esqueci não – disse o irmão mais novo – Mas eu vou ter que ir de social é?

- É claro né – disse Miguel – Você queria trabalhar de sunga como você fica o dia inteiro?

- Ah, não seria má idéia – disse o rapaz sorrindo – Garanto que iria fazer sucesso.

Os dois irmãos riram.

- Anda, vamos dormir que amanhã é um dia longo – disse Miguel – Esteje de pé e pronto as sete.

- Mas eu não tenho roupa social – disse Diego.

- Então compra. Amanhã eu te empresto uma minha.

- Beleza. Boa noite então – disse Diego indo para seu quarto.

- Boa noite. Em pé as sete hein?

- Sem problemas irmãozinho mandão. Eu vou levantar.

E dizendo isso Diego foi para os seus aposentos. Miguel estava sentado no sofá da sala. Os pensamentos tomavam conta da cabeça do empresário. Em meio a tantos pensamentos, Miguel percebeu que estava pensando em seu novo funcionário, na competência que ele teve para resolver o assunto no bancoQuando estava quase dormindo o celular de Wesley vibra. O rapaz já sonolento viu que tinha chegado uma mensagem. Abriu e notou que era de Allan:

“Todas as noites quando coloco a cabeça em meu travesseiro, a única coisa em que eu consigo pensar é em você e nos seus lábios...”

Sem dar muita importância, Wesley voltou a dormir. Não demorou muito e adormeceu.

...

Diego bateu a mão no despertador ao lado da cama sobre o criado mudo. O objeto marcava seis e meio. Ainda com muito sono o rapaz levantou-se e foi direto tomar banho para poder despertar.

Demorou cerca de quinze minutos até acordar completamente. Já disposto para ajudar o irmão, Diego foi até o quarto de Miguel para poder pegar uma roupa emprestada.

- Miguel? – perguntou entrando no quarto.

Ninguém respondeu nada.

- Miguel? – perguntou um pouco mais alto.

- To no banheiro – respondeu o irmão mais velho da suíte.

Diego foi até a porta do banheiro e perguntou:

- Posso entrar?

- Pode sim, vou tomar banho agora.

Diego empurrou a porta e entrou. Já dentro do sanitário viu o irmão pelado.

- Diga. O que você quer? – perguntou Miguel olhando o irmão.

- É... – disse Diego olhando pro corpo de Miguel – Quero uma roupa...

- Ah é verdade... – disse Miguel – Esqueci que você não tem. Pega no guarda roupa...

Diego estava enrolado só com uma toalha de banho, olhando o corpo escultural do irmão mais velho, Diego ficou excitando, deixando transparecer o desejo para Miguel.

- Armou a barraca foi? – perguntou Miguel sorrindo discaradamente.

Diego corou levemente.

- É... Acontece – disse segurando o órgão.

Miguel ficou olhando para o membro de Diego e mais uma vez sorriu. Não demorou muito e também ficou excitado.

- Realmente Diego, acontece – disse exibindo seu pênis pro irmão que olhou sem pestanejar.

Os dois ficaram fitando um ao outro por algum tempo, depois, quando caíram em si, Diego disse:

- Onde que estão as roupas sociais no seu armário?

- Terceira porta. Pega a que você quiser.

Antes de sair para pegar a roupa, Diego olhou mais uma vez para o pênis do irmão, em seguida se dirigiu ao guarda-roupas e pegou uma calça social preta e uma camisa de mangas cumpridas azul. Saiu do quarto de Miguel e foi até o dele para se vestir e se arrumar.

...

Aquela manhã estava bem ensolarada. Wesley acordou com o cantar dos pássaros e com a claridade da luz do sol batendo em seu rosto. Com um pouco de dificuldade o rapaz se sentou. Olhou no relógio: sete e dez da manhã. Sem nem ao menos pensar em deitar novamente, o rapaz foi direto para o banho, ele estava atrasado.

Ao sair do banho, Wesley se vestiu rapidamente e saiu de casa sem nem ao menos tomar café. Quando chegou no ponto de ônibus pôde notar que sua condução ainda não tinha passado pois o local estava bem cheio, isso o tranqüilizou o suficiente para não fazer nada de errado.

Em pouco mais de cinco minutos o ônibus que ia até o centro passou e Wesley entrou. Agora sim não estava mais atrasado. Embora estivesse faminto e ainda sonolento, o rapaz não podia se dar ao luxo de chegar atrasado no segundo dia de trabalho.

Wesley chegou ao décimo sexto andar faltando cinco minutos para o inicio do expediente. Como era de costume, Michelle já estava em sua mesa arrumando alguns papéis e esperando que o computador carregasse todas as informações necessárias para mais um dia de trabalho.

- Bom dia moça – disse ele encostando-se na mesa da secretária.

- Ah, bom dia Wesley – disse sorrindo – Preparado para seu segundo dia?

- Com certeza sim – respondeu ele retribuindo o sorriso.

Eles ficaram conversando por alguns minutos até que as portas do elevador se abriram. Ao invés de sair de dentro do elevador algum funcionário daquele andar, saiu Thaisy.

- Bom dia – disse a advogada sorridente.

- Bom dia – responderam Michelle e Wesley ao mesmo tempo.

- Era com você mesmo que eu queria falar – disse Thaisy, referindo-se a Wesley.

- Comigo? – perguntou ele atordoado.

- Sim. Tem um minuto para mim? – perguntou ainda sorridente.

- Claro. Venha até a minha sala.

Os dois foram até a sala de Wesley. Quando entraram logo se sentaram e ela foi logo ao ponto:

- Me diz uma coisa, você gosta de sair?

- Claro... Mas por que essa pergunta?

- Sabe o que é Wesley, ontem a noite eu recebi um convite para ir a uma festa nessa sexta feira, e como eu não tenho acompanhante... Queria saber se você pode me fazer a gentileza de me acompanhar.

- Ai, obrigado pelo convite Thaisy – disse ele com vergonha – Mas é que tipo de festa?

- Festa normal. Uma amiga que está promovendo. Queria muito que você fosse comigo. Vamos?

- Ah, na verdade eu não sei... Fico meio sem graça...

- Não tem que se preocupar com nada. É só pra gente se conhecer melhor e se divertir um pouco. Mas vou entender se você não quiser ir.

- Não vejo problemas. Mas que hora que vai ser essa festa?

- As nove. Vai dar tempo a gente sair da empresa. Posso contar com você?

- Pode sim – disse ele ficando vermelho.

- Então está marcado. Sexta as oito. A gente sai direto daqui mesmo.

- Tudo bem.

Até aquele dia, Wesley não tinha sido convidado para sair por nenhuma mulher. Era uma sensação diferente. Será que Thaisy estava interessada no rapaz?

Depois de alguns minutos ela saiu da sala e ele ligou o computador. Antes mesmo de aparecer a tela inicial, o telefone tocou.

- Wesley – disse ele atendendo ao telefone.

- Wesley bom dia, sou eu Miguel.

- Bom dia senhor Miguel.

- Já ligou o computador?

- Sim senhor, ele está carregando ainda.

- Ótimo. Anote o que você vai fazer hoje.

Wesley pegou papel e caneta e começou a escrever as instruções de Miguel.

- Primeiramente – disse Miguel – Abra a pasta que está com o seu nome na área de trabalho. Em seguida, abra o ícone “Novos Clientes”. Depois vai aparecer uma listagem com mais de mil novos clientes da empresa. Preciso que você entre em contato com todos eles e veja se as mercadorias da loja que fica no Rio de Janeiro já foram entregues. Claro que essa tarefa não é só para hoje, vá fazendo aos poucos, quando terminar todos os nomes, faça um relatório e me entregue.

- Sim senhor – respondeu Wesley.

- Hoje é só isso que você vai fazer – disse Miguel.

- Está bem – concordou Wesley.

- E ah, venha a minha sala que eu preciso lhe apresentar o novo funcionário da empresa. Ele vai trabalhar basicamente com você.

- Sim senhor – disse Miguel – Quando quiser.

- Venha agora mesmo – ordenou Miguel.

Eles desligaram.

- Vou te apresentar pro auxiliar administrativo – disse Miguel a Diego – O nome dele é Wesley e me parece ser muito competente.

- Beleza – disse Diego que estava sentado na cadeira em frente ao irmão.

Wesley bateu na porta.

- Entra – ordenou Miguel – Bom dia Wesley...

- Bom dia senhor – disse o rapaz entrando na sala e fechando a porta.

- Quero que conheça o meu irmão, Diego. Diego, esse é o nosso auxiliar administrativo, Wesley.

Os olhos de Wesley não podiam acreditar no que estavam vendo. Como um homem podia ser tão lindo? Alto, malhado, traços fortes, pele bronzeada, rosto juvenil, cabelos arrepiados, olhos claros... Era sem sombra de dúvidas, um deus grego...

- Olá – disse Diego estendendo a mão a Wesley – Muito prazer em conhecê-lo.

- É... – disse Wesley olhando nos olhos de Diego – O... O prazer é... meu – terminou estendendo a mão para cumprimentá-lo.

Eles soltaram as mãos, mas ainda ficaram se fitando por alguns segundos.

- Wesley, sente-se. Tenho que passar alguns procedimentos a vocês dois.

Wesley sentou-se ao lado de Diego, seu coração estava acelerado e ele começou a suar frio.

- Bom, acontece que eu ainda estou tendo um pouco de dificuldades para administrar essa empresa. O meu pai me deixou em uma situação difícil, temos um quadro muito grande de funcionários, e a empresa não está passando por um bom momento em questão financeira.

- Como assim? – perguntou Diego, começando a se interessar pela situação.

- Acontece, Diego, que somos mais de vinte empresas unidas para poder formar esse grupo que somos. Quando uma dessas empresas não vende ou não consegue arrecadar fundos, todas as outras sofrem, junto com ela, os danos e riscos. E nós estamos passando por esse problema no momento.

Wesley olhava de Miguel para Diego. Ainda não tinha conseguido decifrar qual dos dois irmãos era mais bonito.

- Mas, qual núcleo está ruim agora? – perguntou Diego.

- O de vendas. Por isso lhe pedi para verificar as mercadorias Wesley! – exclamou Miguel.

- Não está vendendo?

- Vendendo está. Mas não está recebendo.

- E o que você pretende fazer?

- Uma reforma no sistema de vendas. E para isso eu preciso de vocês.

- E o que a gente tem que fazer? – perguntou Wesley tentando se focar somente no assunto e não nos irmãos.

- Primeiramente, entrar em contato com todos os clientes e verificar o que está acontecendo, perguntar por que eles não estão pagando em dia. E tentar achar uma solução para esse problema. Isso vocês que irão fazer. Depois que tiverem isso em mãos, vamos ter que reformular todo o sistema da loja. E se for o caso, trocar de matéria prima, começar a vender outras coisas que não seja material de estética domiciliar.

- Entendi – disse Diego – Mas isso são soluções viáveis Miguel?

- Creio que sim Diego, creio que sim. Vamos fazer isso, se não der 0certo, tomaremos outras decisões posteriormente. Mas por enquanto, é isso. Os demais núcleos estão sob controle, caso precise eu convoco vocês e a junta de diretores e tomaremos as devidas providências.

- E o que eu vou ter que fazer? – perguntou Diego.

- Ajudar o Wesley – respondeu Miguel – Na sala dele tem uma relação com mais de mil nomes que ele tem que entrar em contato. Por enquanto, ajude ele a fazer isso.

- Está bem – concordou Diego.

Wesley ainda não acreditava no que estava vendo. Como dois irmãos podiam ser tão bonitos assim? Era impossível ter tanta beleza que nem Diego e Miguel. Ele tinha tirado a sorte grande. Um chefe lindo como Miguel e agora um colega de trabalho exuberante como Diego... Ele já tinha até esquecido de Allan...

Depois de conversarem um pouco mais, Wesley retirou-se e foi para a sua sala. Diego não saia de seus pensamentos. Como um homem podia ser tão lindo?

Antes mesmo do irmão de Miguel entrar para auxiliá-lo, Wesley começou a fazer o que o chefe ordenou. Abriu a planilha de clientes e começou a entrar em contato com eles. A lista era realmente grande.

Antes mesmo das nove horas da manhã, Diego chegou para ajudá-lo.

- Posso entrar? – perguntou colocando a cabeça dentro da sala de Wesley.

- Claro que sim – disse o rapaz ajeitando-se na cadeira.

- Muito trabalho?

- Um pouco – respondeu Wesley sem graça e sem saber o que falar.

- Meu irmão pediu para eu ficar na outra mesa e utilizar o outro computador. Tudo bem para você?

- Sem problemas – falou Wesley.

Diego sentou-se na mesa que ficava no outro lado da sala, ligou o computador e enquanto o objeto carregava fez uma ligação.

- Oi meu amor – disse ele – Como você tá?

Pela primeira vez naquele dia, Wesley notou a aliança de compromisso no dedo da mão direita de Diego. Aquilo mexeu com ele. Quando finalmente encerrou a ligação, Diego perguntou a Wesley:

- Onde está a planilha?

- Tem uma pasta na área de trabalho com meu nome. Está nela.

- Existem muitas pastas aqui. Como você se chama mesmo?

- Wesley – disse ficando completamente vermelho.

- Ah é verdade – disse Diego olhando para o computador – E depois?

- Você abre a planilha “Novos Clientes”, lá tem a relação de todos os nomes que temos que entrar em contato.

- Então tá. Eu começo de cima para baixo e você de baixo para cima.

- Eu já comecei de cima para baixo. Começa de baixo para cima.

- E por que você começou sem mim?

- Porque não temos tempo a perder – disse Wesley com cara de poucos amigos.

- Então tá né. Mas como funciona essa planilha?

- Tem o nome dos clientes que a gente tem que ligar para ver se estão satisfeitos com as mercadorias e também para saber por que eles estão em atraso com o pagamento.

- Mas como eu vou saber quanto que eles estão devendo?

- É só você clicar em cima do nome da pessoa, vai abrir uma janela com o nome completo, endereço, telefone, a mercadoria que ele comprou e quanto tem em débito.

- Ah tá – disse Diego sem entender muito bem.

- Abra um bloco de notas e escreva as informações que os clientes passaram. Depois eu faço um relatório e entrego para o senhor Miguel.

- Tá bom, já entendi.

Wesley já estava ligando para o sétimo cliente. Não estava sendo uma tarefa fácil. Existiam muitas pessoas que estavam em débito. Ainda por cima tinha um deus grego como companhia, assim ele não conseguiria se concentrarAlô? – disse Rafael.

- Oi Rafinha, como você está? – disse Bárbara.

- Ah, é você Bárbara, o que você quer dessa vez?

- Ai, mas que recepção! – exclamou a moça – Já pensou em algo para tirar a presidência de Miguel?

- Ainda não Bárbara, ainda não. Mas posso saber o por que de tanto interesse nessa presidência?

- Simples meu caro, vou fazer com que eles me paguem por todas as humilhações que já me fizeram passar nessa vida.

Rafael riu.

- Você é uma vagabunda mesmo – disse ainda rindo.

Dessa vez quem riu foi Bárbara.

- Você não sabe do que eu sou capaz meu anjo, você não sabe do que eu sou capaz para adquirir a presidência daquela espelunca.

- Não se apresse Bárbara. Nós vamos encontrar algo para fazer com que ele saia de lá. Mas eu preciso de tempo para pensar em algo que funcione.

- O tempo que precisar meu caro, o tempo que precisar. Enquanto isso eu dou um jeito no velho. Ninguém mandou ele me destratar daquela forma ontem!

- O que pensa em fazer?

- Ora meu caro. Dar um basta nisso.

- E como?

- Vou fazer com que meu querido titio Maurício e a esposinha dele sofram um grave acidente de carro. É só eles voltarem da viagem.

Os dois riram e em seguida se despediram.

- Agora é a hora da vingança... – disse Bárbara.

...

Allan não parava de pensar em Wesley. Ele tinha que conseguir conquistá-lo, de um jeito ou de outro. O rapaz pegou o celular e começou a escrever uma mensagem de texto:

“Como pode em tão pouco tempo, uma pessoa se tornar tão essencial na vida de alguém? Você se tornou uma pessoa insubstituível em minha vida. Preciso de você.”

...

O celular de Wesley vibrou em cima de sua mesa. Ele não deu atenção, afinal de contas estava falando com um cliente.

- Mas por qual motivo o senhor está em débito com a empresa?

Diego não estava entrando em contato com nenhum cliente até aquele momento. Ele analisava a maneira como Wesley lidava com a situação, ele precisava de uma maneira própria para falar com os clientes. E ainda tinha muito que aprender.

Quando acabou a ligação, Wesley pegou o celular e viu a mensagem de Allan. Sem nem pensar duas vezes respondeu:

“Não é dessa maneira que você vai me conquistar. E eu estou trabalhando.”

O resto da manhã, Wesley voltou sua atenção para o trabalho. A fome consumia os seus pensamentos, mas ele ainda não podia sair para o almoço.

Já por volta do meio dia, Miguel entrou em contato com ele para saber como Diego estava se saindo.

- Para ser sincero senhor Miguel, não vi ele fazer muita coisa.

- Como assim? – perguntou Miguel.

- Ele ainda não ligou para ninguém!

- Peça que ele venha a minha sala. E você pode ir almoçar.

- Sim, senhor – disse aliviado, ele estava com tanta fome que mal conseguia ficar em pé.

Miguel desligou o telefone e Wesley colocou o computador em espera.

- Senhor Diego?

- Hum?

- O senhor Miguel pediu que o senhor vá a sala dele.

- Ah tá – disse Diego desinteressado.

Wesley levantou-se e seguiu sentido a porta.

- Aonde você vai? – quis saber Diego.

- Almoçar.

E dizendo isso ele saiu sem dar muita atenção ao rapaz.

- Já vai almoçar Wesley? – perguntou Michelle.

- Sim, por quê?

- Por que eu também estou indo. Se importa se lhe fizer companhia?

- Ah, é claro que não moça, vamos que eu estou faminto.

- E onde você vai comer? – perguntou Michelle.

- Na verdade eu ainda não sei, e você?

- Ah, eu costumo almoçar em um restaurante de comida caseira que tem na rua de cima.

- Lá é bom?

- Muito.

- Então vamos lá mesmo. Hoje eu como qualquer coisa.

- Nossa, mas que fome é essa homem? – perguntou Michelle sorrindo.

- É que eu não tomei café – respondeu ele sem jeito – Acabei perdendo a hora e não tive tempo de comer nada.

- Entendo. Às vezes acontece comigo também.

Eles entraram no elevador e desceram até o térreo. Eles saíram e seguiram até a rua de cima do prédio onde trabalhavam. Andaram três quarteirões e entraram em um estabelecimento pequeno, porém aconchegante. Eles procuraram uma mesa e sentaram. Em poucos minutos o garçom veio atendê-los.

- O que vão querer? – perguntou ele.

- Dois pratos do dia, por favor – anunciou Michelle.

O homem se retirou e os dois começaram a conversar:

- Me diz Wesley – falou Michelle – Você faz o que da vida?

- Eu, nada. Só trabalho mesmo. E você?

- Também. Você é casado?

- Não, solteiro. E você?

- Casada. Tenho uma filha de sete meses.

- Nossa sério? – espantou-se o rapaz.

- É sim! – exclamou a moça.

- Mas você tem quantos anos?

- Vinte e dois. E você?

- Vinte e cinco. Você não tem cara de mãe. E nem idade. E muito menos parece ser casada.

Michelle riu.

- Pois é, Wesley – disse ela sorrindo – As aparências enganam.

- Você é prova disso!

O garçom veio e colocou a mesa, em poucos minutos eles já estavam almoçando. Wesley comeu muito rápido, o rapaz estava realmente faminto.

Após terminarem o almoço, Michelle e Wesley foram até uma sorveteria na mesma rua e tomaram cada um uma taça de sundae. Após terminarem a sobremesa, voltaram para o escritório e as suas respectivas tarefas.

Diego estava sentado na sua mesa, olhando alguns arquivos em seu computador. Ele estava com uma péssima fisionomia, nem se deu conta de que Wesley tinha regressado.

A hora estava passando rápido a essa altura. Por volta das duas horas, Diego e Miguel saíram para o almoço. Wesley já tinha contactado mais de trinta clientes, porém Diego, ainda não tinha falado com ninguém.

O resto da terça-feira foi sem maiores novidades. O dia acabou rápido e até proveitoso. As sete e vinte Wesley saiu do escritório e foi embora para a sua casa.

Antes mesmo de entrar no ônibus, Wesley recebe um telefonema:

- Alô? – disse atendendo ao celular.

- Oi – disse Allan.

- Quem é? – perguntou curioso.

- Nossa nem reconhece a minha voz – disse Allan entristecido.

- Ah, é você. O que você quer?

- Já saiu do serviço?

- Já, por quê?

- Onde você está?

- Esperando o ônibus, por quê? – insistiu Wesley já ficando impaciente.

- Posso ir te buscar?

- Não.

- Por quê?

- Porque não. Era só isso?

- Não. Vamos jantar juntos hoje? Queria falar com você.

- Não, obrigado, vou jantar com minha família. E você já está falando comigo. O que deseja?

- Deixa pra lá – disse Allan entristecido – Já vi que não vou ter chances com você mesmo né?

- Se for desse jeito, não! Você não está se aproximando da melhor maneira, sabe? E eu ainda não esqueci do Felipe e você sabe disso.

- O Felipe é passado, e eu sou seu presente. Acho que você poderia dar um pouco de atenção para mim.

Wesley não soube o que responder.

- Olha, me dá uma chance de tentar te conquistar... Você sabe que desde que você e o Felipe terminaram, eu quero ficar com você.

- Eu sei. Mas acontece que você é ex dele também. E eu não estou afim de você. Desculpa.

- Mas isso pode mudar, só depende de você. Vamos jantar?

- Você é muito insistente sabe?

- Sim eu sei. É por isso que eu consigo as coisas que eu quero.

- Tá. Onde vamos jantar?

- Em um restaurante no centro. Você tá em que ponto?

- Em frente ao prédio onde eu trabalho.

- Já sei onde é. Fica aí que eu vou te pegar de moto.

- Tá.

- Chego em quinze minutos.

- Tá – disse Wesley novamente.

- Até já.

- Até.

Wesley desligou o celular e ficou esperando Allan chegar. Em mais ou menos quinze minutos ele chegou.

- Sobe – disse estacionando a moto próximo ao acostamento e dando um capacete a Wesley.

Wesley colocou o capacete e subiu na moto, segurou na cintura do rapaz e eles saíram.

- Pontual você – disse Wesley.

- Sempre.

Em menos de dez minutos eles chegaram ao destino. Desceram da moto e entraram em um restaurante de classe média. Escolheram uma mesa mais afastada e sentaram-se.

Wesley não olhou nos olhos de Allan, ao invés disso pegou o cardápio e verificou o que ele iria escolher. Allan não fez nada, apenas ficou olhando Wesley escolher o prato. Em seguida o garçom veio atendê-los.

- Boa noite senhores, já escolheram o que vão comer?

- Boa noite – disse Wesley voltando-se ao garçom – Eu quero uma lasanha aos quatro queijos, por favor.

- E o senhor? – perguntou o garçom, olhando para Allan.

- O mesmo.

- E para beber? – perguntou o garçom.

- Vinho – respondeu Allan na mesma hora – O que você recomendar.

- Muito bem. Só um momento que eu já retorno.

Pela primeira vez na noite, Wesley olhou para Allan.

- Você é lindo sabia? – perguntou Allan olhando nos olhos do rapaz.

- Obrigado – disse Wesley ficando levemente corado.

- É a verdade. Wesley, me diz uma coisa, por que você não quer se relacionar comigo?

- Primeiro, porque eu não esqueci o idiota do Felipe ainda, segundo porque eu estou fechado para balanço e terceiro, porque não sei se eu estou preparado para me relacionar com outra pessoa agora.

- E por que não?

- Porque está recente o término do meu namoro. E você sabe disso.

- Sim eu sei, e é justamente por isso que você deve se relacionar novamente.

- Por quê?

- Para esquecer de uma vez por todas o ex.

- Será que eu consigo?

- Com certeza sim. Comigo foi assim. Só se esquece um grande amor, vivendo um outro amor.

Wesley ficou pensativo.

- O que me diz?

- Não sei – respondeu ele sem graça – Não sei se eu estou pronto para isso.

- O problema sou eu não é?

- Como assim?

- Eu não sirvo para você!

- Eu não disse isso Allan.

- Mas é o que parece.

- Você é lindo Allan. Mas é que eu não estou pronto entendeu?

- Pelo menos tenta! – exclamou ele.

- Falamos disso depois, o garçom está vindo com a comida.

Os rapazes não se falaram enquanto jantaram, apenas trocaram alguns olhares e nada mais. Quando terminaram de comer, Allan pagou a conta e eles saíram.

- Vamos para onde? – perguntou Allan.

- Nossas respectivas casas.

- Por que você não passa no meu apartamento para a gente poder conversar mais um pouco.

- Não Allan, ainda não. Você está indo no caminho certo agora, mas está cedo tá?

- Você é quem sabe – disse Allan.

- Outro dia. Agora vou para casa que eu estou cansado e preciso dormir porque amanhã eu vou ter um longo dia no escritório.

- Sei – disse Allan subindo na moto – Sobe então.

Wesley subiu. Eles colocaram os capacetes e em seguida saíram. Em meia hora Allan deixou Wesley na porta de sua casa.

- Obrigado pela carona e pelo jantar – disse Wesley.

- Não foi nada. Obrigado por me acompanhar.

- Não foi nada. Bom, então boa noite.

- Boa noite – disse Allan.

Wesley começou a abrir o portão.

- Ah, Wesley?

- O quê?

- Só mais uma coisa...

- O quê? – perguntou Wesley voltando até a moto.

- Isso – disse Allan começando a beijar o rapaz.

O que achou? – perguntou Miguel enquanto ele e Diego estavam jantando.

- Ah, sei lá – respondeu Diego.

- Você tem que ter uma opinião.

- Não é difícil, mas é meio chato.

- É, eu sei que é chato, mas eu preciso de você nessa função. O Wesley não agüenta sozinho.

- Tudo bem, eu faço.

- Senhor Miguel? – chamou Marta.

- Pois não Marta?

- O senhor Maurício pediu para o senhor ligar para ele quando o senhor chegasse.

- Obrigado, Marta. Daqui a pouco eu ligo para ele.

- Com licença – disse a empregada saindo da sala de jantar.

- Bom – disse Diego – Já que você ainda tem que ligar pro velho, eu vou subir. Estou na maior vontade de ver um filminho para poder me animar um pouco.

Miguel deu risada.

- Vai lá mano – disse ele.

- Passa lá no meu quarto depois pra gente conversar um pouco.

- Beleza.

Diego subiu e foi para o quarto. Miguel foi até a sala de televisão e ligou para o pai.

...

Wesley empurrou Allan.

- NUNCA MAIS FAÇA ISSO – gritou dando um tapa no rosto do rapaz.

Wesley entrou no quintal e bateu o portão furiosamente. Nem olhou para trás quando entrou na sala e fechou a porta.

- Algum problema maninho? – perguntou Fred.

- Hã? Ah, não Fred, nenhum problema não.

- Tá com uma cara...

- Que cara?

- Sei lá. Parece que está assustado com alguma coisa.

- Impressão sua. Deixa eu ir tomar banho.

- Não vai jantar?

- Não, já jantei.

- E com quem? Posso saber?

- Pode claro, com um amigo que você não conhece.

- Sei – disse Fred sorrindo.

Wesley não disse mais nada, foi até seu quarto e pegou uma roupa limpa. Entrou no banheiro, despiu-se e tomou um banho quente bem demorado. Ao sair do banho, deparou-se com Fred deitado em sua cama.

- O que tá fazendo aí? – perguntou para o irmão mais novo.

- Nada, esperando você sair do banho.

- E para que?

- Para conversarmos.

- Sobre? – perguntou cruzando os braços.

Fred sentou-se na cama.

- Estou pensando em ir morar sozinho mano.

- Sério? – perguntou Wesley, indo se vestir.

- É. Mas eu não sei se vou conseguir me manter sozinho sabe.

- Entendo. Mas por que você quer fazer isso?

- Ah mano, tá na hora de deixar os pais sozinhos né?

- É, nisso eu concordo com você. Eles já cuidaram da gente demais.

- Também acho. Eu já estou quase com vinte e seis anos e você quase com vinte e cinco. Pensei que talvez, agora com nós dois trabalhando, nós pudéssemos nos juntar e alugar um apartamento e morarmos juntos. O que você acha disso?

- Não sei mano. Eu acabei de entrar na firma. Ainda nem passei pela experiência. A gente tem que esperar um pouco e planejar isso direito.

- Sim, eu sei disso. Não é uma coisa para agora, é algo para daqui à alguns meses. Mas temos que começar a organizar tudo.

- Eu acho que é uma boa idéia sim. Mas a gente tem que conversar com os nossos pais sobre o assunto.

- A gente faz isso amanhã. O que eu queria saber mesmo é a sua opinião.

- Eu acredito que seja uma boa idéia sim.

- Ótimo. Então posso contar com sua ajuda?

- Claro que sim.

- Perfeito. Agora eu vou sair que você deve estar bem cansado né?

- Um pouquinho.

- Então amanhã a gente fala com os coroas. Boa noite mano, dorme bem.

- Você também Fred.

Fred saiu do quarto do irmão mais novo. Wesley apagou a luz do quarto e foi direto para a cama. Ele ficou pensando alguns minutos no beijo que Allan tinha roubado dele. Mesmo frustrado com o acontecido, ele não podia negar que o rapaz beijava muito bem, e aquilo tinha mexido com ele de alguma formaPosso entrar? – perguntou Miguel colocando a cabeça dentro do quarto do irmão.

- Claro – disse Diego pausando o filme que estava vendo.

- Quer conversar sobre o que? – perguntou Miguel.

- Apaga a luz, ela ta me incomodando.

Miguel foi até próximo a porta e apagou a luz do quarto. diego desligou a televisão e ascendeu o abajur do lado de sua cama. Miguel sentou-se nela e ficou olhando para o irmão.

- Como anda o namoro com a Juliana? – perguntou Diego.

- Vai bem – disse Miguel deitando-se ao lado do irmão mais novo – E o seu com a Amanda?

- Não muito bem – disse Diego.

- Por quê? O que aconteceu?

- Ah, ela não quer ir para a cama comigo.

- E por que não?

- Não sei. Acho que ela tem medo ou insegurança.

- E você já conversou com ela?

- Já. Ela disse que não está pronta. Mas não sei se é isso ou se é medo.

- Mas medo de que?

- Não sei Miguel. Ela ainda é virgem. Acho que ela tem medo que doa sei lá.

- Mas uma hora ela vai ter que perder a virgindade a não ser que ela vire irmã de caridade.

Os dois deram risada.

- O pior é que eu não agüento mais ficar só na punheta.

Miguel riu.

- Ninguém merece ficar só na punheta. Mas a quanto tempo você está sem sexo?

- Uns quatro meses já.

- Caralho! – exclamou Miguel – Eu não agüento ficar qiatrp semanas que dirá ficar quatro meses. Você vai receber um troféu: o homem que fica tempo sem sexo no mundo.

Os dois riram novamente.

- Mas, me diz – disse Diego – O que eu faço.

- Sinceramente, não faço idéia. Se ela tem medo ela tem que perder de algum jeito.

- Mas de que jeito?

- Ah, sei lá. Tenta levar ela pra cama qualquer dia desses, seja carinhoso e bem romântico que talvez ela aceite e vocês transem.

- Será que isso funciona?

- Na maioria das vezes sim.

- Vou tentar fazer isso.

- Mantenha-me informado. Estou com dó de você. Quatro meses sem sexo! É muito tempo.

- É. Mas até que eu to agüentando bem.

- Deve se masturbar umas dez vezes por dia né?

Eles riram mais uma vez.

- Até que não – disse Diego – Mas pelo menos uma por dia eu faço.

Miguel caiu na gargalhada.

- Do que você ri? Até parece que você não se masturba.

- Não tanto como você.

- Muito engraçado senhor Miguel – disse Diego – Falar desse assunto me deixou excitado.

- A mim também – disse Miguel.

- Fala de mim mas fica aí de pau duro né? – disse Diego sorridente.

- Ah, faz bem né – falou Miguel, também sorrindo.

- Quando foi sua última vez? – perguntou Diego.

- No dia em que nós quatro fomos jantar.

- Imaginei mesmo. A Juliana é safada?

Miguel riu.

- Um pouco sim.

- Ela faz de tudo?

- De tudo e mais um pouco.

- Delícia – disse Diego – Estou louco para comer alguém.

- Pega uma garota de programa.

- Não rola, elas não me excitam.

- Nem a mim.

- Acho que vou ter que esperar a boa vontade da Amanda.

- Eu também acho. Ou então termina e namora outra menina menos encucada.

- Ah não Mig, eu gosto dela.

- Então se você gosta e não quer terminar, você vai ter que esperar e se contentar com uma boa punheta mano.

- É o jeito. Mas me diz, você não sente vontade de transar com outras pessoas não?

- Depende. Quais pessoas?

- Ah, outras mulheres.

- Sinto claro, mas eu respeito a Jú.

- É, eu sei como é, acontece o mesmo comigo, como já lhe disse. E você não pensa em casar não?

- Claro que sim. Mas não agora. Tenho que focar meus pensamentos na empresa.

- Sei como é.

- E você? Quer se casar?

- Não sei. Acho que não.

- E por que não?

- Não tenho paciência para essas coisas não. Viver em baixo de um teto com uma mulher por vinte e quatro horas, sete dias na semana... Eu enlouqueço.

Miguel riu.

- Então, acho que você vai ficar solteiro para sempre.

- É muito melhor namorar do que casar. Namorar fica cada um em sua devida casa sem pegar no pé um do outro. E no casamento não, os dois têm que morarem juntos e dividir as mesmas coisas. Isso não dá certo comigo não.

- Mas não deve ser tão ruim né?

- Eu acho que é.

- Sei lá. Nunca me casei. Mas que filme que você estava vendo?

- Ah, um pornô é claro – disse Diego sorrindo – Quer ver?

- Claro, liga aí.

Diego ligou a televisão e o DVD.

- Vou voltar desde o início essa cena para você não perder os detalhes.

O rapaz voltou o filme desde o início e apertou o play. Os dois ficaram assistindo as cenas de sexo sem falar nada. Não demorou muito e Diego começou a mexer em seu membro, deixando Miguel inquieto.

- Que garota gostosa – disse Diego.

- Muito – falou Miguel olhando para o pênis do irmão, ainda dentro da bermuda.

Miguel também começou a mexer em seu pênis. Diego voltou a atenção para o irmão. Os dois sem falar nada continuaram a se tocar.

O filme ainda estava passando. Conforme os gemidos dos atores se intensificavam, os dois irmãos ficavam ainda mais excitados e ouriçados.

Antes mesmo de trocar de cena, Diego tirou a bermuda e ficou somente de cueca. Miguel resolveu não fazer isso. Diego ainda massageava o pênis por cima da cueca, o volume estava cada vez maior.

Quando Miguel estava distraído, prestando atenção nas cenas do filme, Diego colocou o membro para fora e começou a se masturbar lentamente, fazendo com que seu irmão voltasse a sua atenção mais uma vez para ele.

Miguel ficou olhando o irmão se masturbar, os dois se olharam e Diego mordeu os lábios. Miguel não podia negar que o corpo do irmão era atraente. Diego tinha o corpo completamente musculoso, e se não fosse pouco, ainda dispunha de um órgão sexual de vinte e dois centímetros, o que deixou Miguel ainda mais alarmado e excitado.

Miguel sem agüentar ver aquela cena e não fazer nada, também tirou o pau para fora da bermuda e também começou a se masturbar lentamente, assim como Diego.

Desta vez foi a vez de Diego voltar a atenção ao irmão. Assim como ele, seu irmão mais velho dispunha de um belo e grande órgão sexual, com aproximadamente vinte e três centímetros e com a cabeça totalmente exposta.

Os dois irmãos estavam deitados e se entreolhavam. Ora para o pau um do outro, ora para os olhos um do outro. Até que em um ato inesperado, Diego chegou ao clímax e gozou, lambuzando todo o seu peito com seu esperma espesso. Miguel não ficou atrás. Intensificando os movimentos em seu pênis, o rapaz também ejaculou em seu peito. Os dois estavam agora de olhos fechados, os gemidos dos atores do filme pornô se misturavam com os gemidos dos dois irmãos, em uma cena de total e completa volúpia.

O celular de Wesley tocou. Ele custou a acordar, mas finalmente fez-lo e atendeu a chamada:

- Alô? – disse com voz de sono?

- Wesley? Te acordei? – perguntou uma voz feminina.

- Quem é? – perguntou ele curioso.

- Patrícia. Tudo bem?

- Ah, oi Paty, tudo bem e você?

- Tudo ótimo, mas eu te acordei?

- Na verdade, sim – respondeu ele rindo.

- E isso é hora de dormir? – perguntou Patrícia rindo – Ainda nem é meia noite!

- Ah, mas é que eu estou muito cansado.

- Que anda fazendo?

- Trabalhando, como já lhe disse.

- Ah é mesmo. Mas então, eu te liguei para saber o que você vai fazer neste sábado.

- Trabalhar, por quê?

- Então, chamei a galera pra vir aqui em casa de noite, você quer vir?

- Mas que horas e para quê?

- As oito. Ver filme, comer pipoca e brigadeiro, e óbvio, falar asneiras e dar risada.

- Adorei a parte do brigadeiro. Mas quem vai?

- Eduardo, Suellen, Daniela, Danilo, Carol, eu é claro, e você, se você vier. Só o pessoal mais íntimo mesmo.

- Ah, eu vou é claro. Estou com a maior saudade de vocês.

- Também estou com saudades. Então posso contar com você né?

- Claro que pode. Mas estou indo, única e exclusivamente pelo brigadeiro.

Eles riram.

- Então, para você não tem mais brigadeiro! – exclamou Patrícia.

- Então cancela meu nome – disse ele rindo.

- Peste. Então é sábado as oito aqui em casa tudo bem?

- Tranqüilo. Posso dormir agora?

- Pode – disse Patrícia rindo novamente – Bom descanso e boa noite.

- Obrigado, Paty – falou Wesley – Boa noite para você também.

- Beijos e até sábado.

- Beijo. Tchau.

Ele desligou o celular e em menos de cinco minutos já estava dormindo um sono pesado.

...

Diego levantou-se. Ele já estava completamente pelado. Dirigiu-se a suíte e ligou o chuveiro para encher a banheira.

- Vem tomar banho comigo mano – disse ele sorrindo – Faz tempo que não fazemos isso.

Miguel levantou-se e foi ao banheiro com o irmão. Quando a banheira estava cheia os dois entraram. O tamanho era suficiente para os dois. Ficaram sentados um de frente para o outro. A água estava morna e agradável, eles encheram-na de espuma e ficaram relaxando por alguns minutos.

- Faz tempo que a gente não faz isso né? – perguntou Diego.

- Desde que éramos crianças – respondeu Miguel.

- A gente sempre se deu bem né Mig? Não lembro de nenhuma briga entre nós dois.

- Eu também não lembro. É que temos esse elo de irmandade.

- Uhum. As vezes eu sinto falta de ficar mais tempo ao seu lado.

- Eu digo o mesmo. De poder conversar sobre tudo horas e horas como fazíamos antes.

- É... A gente precisa ficar mais tempo um com o outro, apesar de que o tempo ultimamente é curto.

- Isso é verdade. Mas a gente sempre dá um jeitinho né?

Eles sorriram.

- Então estamos combinados. Onde um for, o outro vai atrás. Tudo o que acontecer com um, o outro vai ficar sabendo – disse Diego.

- Feito.

Os dois irmãos sempre foram unidos, desde crianças. Mas, conforme foram crescendo, foram perdendo um pouco do convívio. Principalmente no último ano, quando ambos começaram um relacionamento. Ficaram sem tempo um para o outro. O desejo de mudar essa história fez com que os dois se aproximassem novamente, criando, mais do que nunca, um elo de fraternidade muito forte e inquebrável.

...

Rafael foi abrir a porta.

- Ah, é você Bárbara – disse – Entra.

- Boa noite meu querido – disse a moça dando-lhe um beijo na bochecha – Como vai?

- Bem, o que você quer?

Bárbara sentou-se no sofá.

- Já arranjei um jeito de colocar meu querido titio fora do jogo.

- E qual é? – perguntou Rafael sentando-se ao lado de Bárbara.

- Quando eles voltarem de viagem, vão ter que vir do aeroporto até a casa deles de carro. Vou cortar o freio do automóvel para que cause um acidente... – disse a moça fazendo cara de choro.

- Você é uma vagabunda – disse Rafael dando uma gargalhada – Mas você sabe que as chances dele morrer não são muito grandes, já que não é ele que vai dirigir.

- Não me importa. Causar um acidente já é o suficiente. Eu preciso deixar ele longe do escritório para poder entrar lá. Só isso.

- Já entendi a sua jogada. Quer tirar a presidência do Miguel né?

- Nossa Rafa, como você é inteligente – disse ela com cinismo – Merece até um troféu de homem mais inteligente do ano!

- Deixa de ser cínica Bárbara – disse Rafael – Faça o que der na sua telha, quem vai arcar com as conseqüências é você.

Bárbara deu uma gargalhada.

- Com medo meu querido? Ora, não tenha medo, a Babí aqui sabe o que está fazendo. Como é tolo...

- Não estou com medo. Veja lá se eu vou ter medo de alguma coisa... Faça-me o favor... Só não quero entrar nessa com você. Se vira sozinha!

- Ou seja, você está com medo – disse Bárbara levantando-se e rindo – Mas não tem problema, eu ajo sozinha. Não preciso de uma galinha ao meu lado, muito ajuda quem não atrapalha!

Rafael pegou a garota pelo ante braço e fez com que ela olhasse para ele.

- Olha bem como fala comigo tá ouvindo? Não tá falando com seu pai não.

Ele soltou o braço dela e a moça saiu do apartamento sem dizer mais nada, apenas riu.

Wesley levantou para mais um dia de trabalho. O relógio despertou com meia hora de antecedência esse dia. Ele foi direto ao banho. Fez sua higiene normalmente, se vestiu, e foi tomar café da manhã. Todos já estavam reunidos para a primeira refeição do dia.

- Bom dia, bom dia, bom dia – disse ele sentando-se e pegando um pão francês.

- Bom dia – responderam todos.

- Dormiu bem meu filho? – perguntou sua mãe.

- Sim mãe, e a senhora?

- Mais ou menos meu filho.

- Algum problema mãe?

- Não, filho nenhum. Fique tranqüilo.

- Bem – disse Fred – Aproveitando que estamos todos reunidos, eu tenho uma noticia a dar a vocês.

- Então fala – disse Júlio olhando para o primogênito.

- Mãe, pai... Eu estive pensando. Vocês dois já estão aposentados, já cuidaram da gente e não têm mais que fazer isso. Eu estive conversando com o Wesley e nós chegamos a um consenso. Estamos pensando em alugar um apartamento para nós irmos morar sozinhos.

Todos ficaram calados. Júlio olhou para a esposa e por fim disse:

- Vocês estão seguros com essa decisão?

- Sim – disse Wesley – Mas é claro que não é uma coisa para já. Isso leva um certo tempo. Mas queremos sim pai. Já está na hora de deixar vocês desfrutarem sozinhos.

- Se é isso que vocês querem – disse Neuza – Eu dou o meu total apoio. Mesmo achando que não precisa disso.

- Ainda vai demorar um certo tempo mãe – disse Fred – Mas é melhor porque assim nós conseguimos nossa independência. E isso mais cedo ou mais tarde irá ter que acontecer.

- Já que vocês tocaram nesse assunto – disse Camila – Eu também tenho uma noticia para dar...

- Não vai me dizer que também está querendo ir morar sozinha? – perguntou Júlio.

- Sozinha não... Pai, o Henrique me pediu em casamento.

Júlio começou a tossir. Neuza levantou e foi bater nas costas do marido.

- Casamento? – repetiu ele bebendo um gole do café – Mas já? Tão cedo?

- Não é cedo pai – disse Camila – Nós já estamos namorando a dois anos...

- Mas você aceitou? – perguntou Wesley.

- Ainda não. Mas vou aceitar. Ele vem aqui em casa hoje a noite para pedir a você pai.

- Todos meus filhos saindo de casa – disse Neuza começando a chorar.

- Não chora mãe – disse Fred fazendo carinho no rosto dela – É melhor para todos nós.

- Eu sei meu filho – disse Neuza – Mas é que parece que foi ontem que vocês nasceram e uma já vai casar e os outros dois vão morar juntos... Estou tão... Orgulhosa – disse secando as lágrimas.

- Então é isso – disse Júlio – Parece que todos se acertaram...

Eles ficaram conversando por mais alguns minutos. Depois, um por um foi se levantando e saindo, deixando Neuza sozinha com seus pensamentos e afazeres.

...

Diego demorou para acordar no dia seguinte. Ainda era difícil para ele se acostumar com essa nova rotina de trabalho. Quando finalmente pôs-se de pé, foi tomar seu banho. Quando desceu para tomar café, encontrou o irmão já sentado à mesa.

- Você está atrasado – disse Miguel.

- Eu sei. O celular não despertou – informou servindo-se um copo de vitamina.

- Hoje será um dia cheio – falou Miguel enquanto comia uma fatia de mamão.

- É? Por quê?

- Tenho uma reunião com o diretor da ala de vendas.

- Isso é bom. Pelo menos vocês podem tentar achar uma solução para os problemas. Ou não?

- Justamente por isso que nós vamos nos reunir.

- Ah tá.

Eles ficaram conversando por mais alguns minutos, até que algo inusitado aconteceu.

- Oi – disse uma voz feminina entrando na sala de jantar.

- Joyce! – exclamaram os dois irmãos.

Os dois se levantaram e foram ao encontro da irmã mais nova. Ficaram se abraçando por alguns minutos, depois se sentaram à mesa e deram continuidade a refeição.

- Por que não avisou que ia voltar de viagem maninha? – perguntou Diego.

- Quis fazer uma surpresa – disse ela sorrindo – Nossos pais foram viajar mesmo?

- Foram – disse Miguel – E não sabemos quando eles voltam.

- Que bom. Eles merecem um descanso. Mas como anda tudo por aqui?

- Na mais absoluta paz – informou Diego – E como foi em Nova York?

- Maravilhosamente bem – disse Joyce sorridente – É uma cidade maravilhosa e aconchegante. Eu quero voltar.

- Mas nem chegou direito e já quer voltar? – perguntou Miguel rindo.

- Ah, é claro Mig – disse Joyce – Tenho que pensar em meu futuro. Estou pensando em entrar em uma universidade lá nos Estados Unidos.

- Sério? – quis saber Diego – Mas você pretende fazer que curso?

- Ainda não sei. Mas isso é o de menos. Preciso conversar com nosso pai para ver o que ele acha da idéia.

- Com certeza ele vai apoiar – disse Miguel – Que bom que você voltou, mas agora eu e Diego precisamos ir pro escritório que já estamos atrasados.

- Diego? No escritório? – espantou-se Joyce.

- As coisas mudam e o mundo dá voltas maninha – disse Diego rindo.

- É, mas por essa mudança eu não esperava – disse ela levantando-se – Agora vou tomar um bom banho de banheira e depois dormir bastante porque estou muito cansada da viagem. Até mais meninos.

Ela subiu para o seu quarto e eles saíram para a empresa.

...

Wesley chegou adiantado neste dia. Foi direto para a sua sala porque Michelle ainda não tinha chegado e ele não tinha com quem conversar.

A primeira coisa que fez, como de costume, foi ligar o computador. Enquanto a máquina carregava, Wesley foi ao banheiro.

Quando voltou a sala encontrou Diego sentado à sua mesa já com o computador ligado e já executando a tarefa imposta pelo seu irmão.

- Bom dia – disse Wesley achando encabulado.

- Ah, bom dia Wesley, tudo bem? – perguntou Diego.

- Tudo e você?^

- Estou bem, obrigado. Chegando agora?

- Não, estava no banheiro.

- Ah sim. Hoje vai ser um dia daqueles.

- É, eu fiquei sabendo – disse Wesley sentando-se à sua mesa – Então, mãos a obra.

- É isso aí – disse Diego pegando o telefone para realizar a primeira ligação do dia.

Wesley não pôde deixar de se espantar com a mudança do rapaz. No mínimo Miguel tinha lhe dado uma lição de moral. Mas isso não cabia a ele, o importante era que Diego estava disposto a ajudá-lo.

...

Alícia estava sentada a beira da piscina esperando por Bárbara. O sol àquela manhã estava propicio para um bronzeamento.

- Alícia – disse Bárbara – Que bom vê-la priminha.

As duas se cumprimentaram.

- Para que você me chamou aqui Babí?

- Ah, tenho um assunto importante para tratar com você.

- Assunto importante?

- Sim. Não sei se você se lembra dos meus queridos priminhos por parte de pai, o Miguel e o Diego?

- Como posso me esquecer de dois deuses gregos que nem eles?

- Pois bem. O fato é que Miguel virou presidente da empresa do pai, porque meu tio finalmente decidiu se aposentar.

- E o que eu tenho haver com isso?

- Calma, vou chegar lá. Só que nem eu, nem meu pai concordamos com Miguel na presidência.

- Mas, por que não?

- Porque ele não é o melhor para essa função. A melhor sou eu – disse dando uma gargalhada.

- Mas, pelo que eu me lembro, seu pai não é mais membro da empresa do seu tio por mais de quinze anos não é?

- Exato priminha – disse Bárbara – Mas, ele quer voltar. No caso, ele quer que eu entre na empresa para ocupar o cargo que ele não conseguiu exercer.

- Acho que estou começando a entender – disse Alícia.

- Muito bem Alícia. O fato é que eu não sei como fazer para entrar nesse lugar. E preciso de sua ajuda para ter uma boa idéia de tirar Miguel da presidência e ficar no lugar dele.

- Mas, como eu posso te ajudar?

- Me ajudando a ter alguma idéia para entrar lá oras – afirmou Bárbara.

- Entendi. Mas isso não vai ser nada fácil – disse a garota.

- Eu sei. Mas eu tenho que conseguir. Tenho que vingar meu pai.

- Vingar? Como assim?

- É minha cara. Quando meu pai saiu dessa espelunca, ele foi expulso pelo meu tio. E agora que Maurício saiu de lá, eu preciso dar o troco a eles.

As duas deram uma gargalhada.

- Você não presta Babí – disse Alícia ainda rindo.

- Você não viu nada priminha, você não viu nadaO telefone da mesa de Diego tocou.

- Diego? – atendeu o rapaz.

- Sou eu – disse Miguel.

- Diga.

- Estou saindo para a reunião com o diretor de vendas. Não sei que horas eu volto. Se der a hora de você ir embora e eu não voltar, pode ir sozinho. Liga pro motorista que ele vem te pegar.

- Sem problemas.

- Você já almoçou?

- Ainda não, mas estou indo agora.

- Perfeito. Até de noite em casa então.

- Até mano.

Eles desligaram.

Em poucos minutos depois o telefone de Wesley tocou.

- Wesley? – atendeu ele.

- Olá moço, é a Michelle – disse a secretária.

- Oi moça, tudo bem? – perguntou.

- Sim e você?

- Estou bem.

- Olha só, você já almoçou?

- Ainda não. Por quê?

- Eu estou indo agora e não tenho companhia. Você quer vir comigo?

- Claro. Me espera aí que eu estou finalizando um relatório de um cliente e já passo aí para a gente ir.

- Ok. Até já.

- Até.

Em pouco mais de cinco minutos, Wesley levantou-se e saiu para o almoço.

- Wesley você está indo almoçar? – perguntou Diego.

- Estou sim, por quê?

- É que eu também vou. Posso ir com você?

- Claro, mas a Michelle também vai, pode ser?

- Sem problemas.

Os dois saíram e foram até a mesa de Michelle.

- Se importa se eu almoçar com vocês Michelle?

- Claro que não senhor Diego.

- Por favor, sem cerimônias. Pode me chamar de você.

A moça ficou encabulada e sorriu.

- Está bem – disse sem jeito.

- Onde vocês vão comer?

Wesley e Michelle se entreolharam.

- Em um restaurante simples aqui perto – disse Wesley.

- Comida caseira? – perguntou Diego.

- Sim – responderam os dois ao mesmo tempo.

- Ótimo. Adoro comida caseira. Vamos?

Os três saíram e foram ao mesmo restaurante que Michelle e Wesley tinham ido anteriormente. Quando chegaram escolheram uma mesa distante da porta e logo escolheram o que iam comer. Não demorou muito e o almoço foi servido pelo garçom.

- Faz muito tempo que você trabalha no escritório Michelle? – perguntou Diego curioso.

- Pouco mais de dois anos senhor – disse Michelle – Perdão, Diego – complementou sorrindo.

- Ah, já faz tempo – disse ele – E você Wesley?

- Entrei segunda – falou ele.

- Caramba. Você é tão novo quanto eu – disse Diego.

- Sim.

Eles conversaram sobre mais alguns assuntos enquanto almoçavam. Depois que todos terminaram eles saíram e voltaram direto para o escritório.

O resto da tarde foi a mesma rotina dos dias anteriores. As seis e meia Wesley e Diego finalizaram seus contatos e começaram a arrumar as coisas para poderem ir embora. Aquele terceiro dia de trabalho finalmente tinha chegado ao fim.

- Quer dizer então que você quer casar com minha filha? – perguntou Júlio à Henrique.

- Quero – respondeu o genro de Júlio e Neuza.

- E pra quando vai ser esse casamento? – perguntou Júlio.

- Um ano mais ou menos. É só o tempo de arrumar tudo.

- Muito bem... Então eu concedo a mão dela em casamento.

A porta da sala se abriu, Wesley entrou e ficou olhando a movimentação na sala.

- Olá, olá – disse ele fechando a porta.

- Oi, meu filho – respondeu Neuza indo ao encontro dele – Já vou servir o jantar – complementou dando-lhe um beijo no rosto.

- Tudo bem mãe. E aí cunhado – disse ele apertando a mão de Henrique – Agora sim você é meu cunhado né?

Os dois riram.

- Agora oficialmente – disse Henrique.

Todos estavam sentados na sala e ficaram conversando por mais algum tempo. Por volta das nove horas, Neuza serviu o jantar. Após todos terem terminado a refeição, voltaram a sala e Henrique e Camila oficializaram o noivado com a troca de alianças.

...

Diego e Miguel chegaram em casa cedo àquela noite. Joyce estava esperando os dois irmãos para poderem jantarem juntos e terminar de contar todos os últimos acontecimentos.

Eles jantaram e depois ficaram na sala de televisão assistindo a uma partida de futebol. Por volta das dez e meia o telefone tocou, Marta veio até eles e anunciou que o telefonema era para Diego. Ele saiu e foi atender o telefone no escritório:

- Alô? – disse ele.

- Oi, sou eu – falou Amanda.

- Oi amor! – exclamou Diego – Como você está?

- Indo – respondeu a namorada – Você pode vir aqui em casa?

- Agora?

- Sim.

- Posso, mas por quê?

- Quero falar com você.

Diego ficou apreensivo, o tom de voz de Amanda não estava como de costume. Ela estava tensa.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele.

- Quando você chegar nós conversamos. Estou te esperando – e sem dizer mais nada ela desligou.

Diego voltou à sala de televisão e informou aos irmãos que iria à casa da namorada. Dirigiu-se até a garagem da mansão, entrou em seu carro e saiu. Em menos de quinze minutos estava na casa da namorada.

...

Henrique deixou à casa da noiva por volta das onze horas. Wesley foi tomar um banho para poder ir dormir. O dia tinha sido desgastante, mas proveitoso.

Antes de se deitar, ele lembrou que tinha que colocar seu celular para carregar. Quando pegou o aparelho notou uma nova mensagem de texto. Abriu-a e leu:

“Não consigo esquecer o doce sabor de sua boca, te amo”

Sem nem pensar duas vezes, o rapaz apagou a mensagem de Allan, colocou o celular para carregar e deitou-se, em poucos minutos já tinha adormecido.

...

Eles deram um selinho.

- Entra – pediu Amanda.

Os dois entraram e foram até o quarto da moça.

- O que houve? – perguntou Diego olhando para a amada.

- Sabe, queria falar com você.

- Pois então fala, estou ouvindo – disse sentando-se em uma poltrona.

- Meu amor, eu e minha família vamos mudar de cidade.

- Como assim? Por quê? – quis saber ele.

- Minha tia, que mora lá no interior, não está bem de saúde. Minha mãe quer ir cuidar dela. E meu pai não quer mais morar aqui.

- Ai Deus... – falou ele – E a gente?

- Me dói fazer isso, mas é o melhor – falou ela com a voz triste – Melhor terminar aqui Diego.

Ele não falou nada.

- Eu queria muito continuar com você, mas meus pais estão decididos a ir morar lá no interior, vai ser melhor pra eles e pra mim também. Desculpa.

Ele ainda ficou calado.

- Queria muito que tivesse dado certo entre a gente, mas infelizmente às coisas nem sempre são como nós queremos.

- Quando vocês vão?

- Daqui três dias.

- Então tá. Se você quer assim... Boa sorte!

Ele se levantou.

- Acho que não temos mais nada para falar – disse Diego indo até a porta – Até mais então Amanda.

- Espero que ainda possamos ser amigos.

- Claro. Sem problemas... – disse ele – Pode me levar até a porta?

Eles saíram do quarto de Amanda e foram até o portão. Antes de Diego entrar no carro Amanda deu-lhe um longo e apaixonado beijo.

- Eu te amo – disse ela abraçando ele e começando a chorar.

- Também amo minha princesa – disse ele correspondendo ao abraço – Te amo muito...

Eles ficaram se abraçando por mais alguns minutos, depois Diego entrou no carro e voltou para casaAlô? – atendeu Miguel.

- Priminho querido – disse Bárbara – Como vai?

- Ah, é você? Bem. O que quer?

- Como anda a presidência?

- Muito bem, obrigado. O que você deseja? – perguntou Miguel.

- Ai, primo... Que mal humor... Eu quero apenas conversar...

- Péssima hora Bárbara, ao contrário de você eu acordo cedo e tenho que dormir. Outra hora conversamos está bem? Boa noite – e dizendo isso ele desligou.

Era certo que ninguém na casa de Miguel, exceto Marlene, gostava de Bárbara. A moça nunca foi vista com bons olhos pela família dos dois irmãos, mas mesmo assim, ela sempre tentava se aproximar para puxar o tapete deles.

Diego foi direto pro seu quarto. Tirou a roupa e deitou na cama. Ficou pensando em Amanda, como tinha sido bom aquele tempo em que estavam juntos... Mas, mesmo triste, resolveu não deixar se abalar. Aquilo era só um mau momento que logo iria passar.

Já na sexta...

- Finalmente, mais um dia que acabou – disse Diego relaxando na cadeira.

- Concordo com você – disse Wesley – Mas hoje foi um dia aproveitável.

- Isso é verdade.

- Posso entrar? – perguntou Thaisy abrindo de leve a porta.

- Claro que sim – disse Wesley sorridente.

- Está preparado? – perguntou ela, jogando os longos cabelos morenos para trás do ombro.

- Claro – disse ele – Thaisy, já conhece o Diego? – perguntou ele.

Ela se voltou para ver o irmão de Miguel.

- Ah, não acredito – disse ela indo cumprimentá-lo – Você por aqui?

- Pois é morena – disse ele sorrindo e levantando-se para abraçá-la, Wesley não pode deixar de sentir ciúmes.

- O que está fazendo aqui? – perguntou Thaisy interessada.

- Trabalhando, vim ajudar meu irmão.

- Que maravilha! Aposto que Maurício está orgulhoso não?

- É... Meu pai não sabe – disse ele rindo.

- Ai, só você e Miguel mesmo... Mas, Wesley vamos indo? Já estamos atrasados.

- Vamos sim – disse Wesley – Até amanhã Diego.

- Até Wesley! Bom revê-la Thata – falou Diego.

- Digo o mesmo Dieguinho. Boa noite.

- Boa noite.

Wesley e Thaisy saíram.

- Onde é essa festa?

- Na minha amiga. Ela mora perto da minha casa.

- Mas onde você mora?

- Na zona norte – informou Thaisy.

- Sério? Eu também...

- Verdade?

- É sim. Onde você mora?

- Perto do colégio Antunes. Sabe onde é?

Wesley riu.

- Claro que conheço. Eu estudei lá minha infância e adolescência inteira.

- Verdade? Eu também.

- Sem querer ser indiscreto, mas ao mesmo tempo sendo, quantos anos você tem?

- Moço, isso não é uma pergunta que se faça para uma mulher, sabe? – disse ela rindo.

Wesley riu novamente.

- Mas, respondendo a sua pergunta completamente indiscreta, eu tenho vinte e três anos.

- Então a gente estudou na mesma época no colégio. Coincidência né?

- Não acredito em coincidência, acredito em destino – disse Thaisy enquanto dirigia – Você terminou o colegial em que ano?– disse ele – E você?

- Eu também – disse ela olhando para ele – Você estudava em que classe hein? Por que na minha não era, não me lembro de você na minha sala. E não tinha nenhum Wesley na minha série.

- Eu sempre estudei a noite.

- Então é por isso que eu não me lembro de você. Eu estudei de manhã.

- Encontramos o X da questão – disse ele rindo.

- Verdade.

Eles ficaram calados por alguns minutos.

- Já chegamos – disse ela.

- Nossa, que casa chique – disse Wesley olhando para o local onde tinham parado.

- Vamos? – perguntou.

- Sim, sim – disse ele tirando o cinto de segurança.

Eles desceram do carro e Thaisy tocou o interfone. Rapidamente o portão foi aberto e eles entraram. Wesley não pôde deixar de se admirar com o tamanho daquela casa. Um local muito bonito, o jardim era grande, tinha uma piscina no meio do gramado, a casa estava completamente iluminada e tocava uma música internacional que dava vontade de dançar.

- Thata! – exclamou uma moça vindo ao encontro de Thaisy.

- Oi, Nicole! – exclamou Thaisy abraçando a amiga – Quanto tempo não?

- Realmente – disse Nicole – Você está muito bem pelo jeito não?

- Melhor impossível. Você não fica atrás não é?

- Sempre minha querida! Não me apresenta o gato? – perguntou Nicole sorridente, olhando para Wesley.

Ele ficou muito vermelho ao ouvir a palavra gato.

- Ah, claro – disse Thaisy – Esse é meu amigo, Wesley, ele trabalha comigo e essa é minha amiga Nicole.

- Muito prazer – disse Nicole indo cumprimentá-lo.

- O prazer é todo meu – disse o rapaz encabulado.

- Espero que vocês se divirtam – disse Nicole – A casa é de vocês, aproveitem bastante.

- Brigada amiga – disse Thaisy.

- Me dêem licença, tenho que receber mais alguns convidados, já vou ao encontro de vocês.

- Sem problemas – disse Thaisy – Vem, Wesley, vou te apresentar para algumas pessoas – complementou.

Eles começaram a andar por entre as pessoas, Wesley estava nervoso, mas não ao mesmo tempo estava adorando aquele lugar. Tinha muitos homens interessantes.

...

Miguel e Diego finalmente chegaram em casa. Aquele dia tinha sido exaustivo pro presidente da Multifox, mas por outro lado tinha sido compensador, vários problemas tinham sido sanados.

- Ainda está abalado com o fim do namoro mano? – perguntou Miguel.

- Não. Eu não costumo me abalar por mulheres, por mais que eu esteja apaixonado, não costumo ficar mal por elas.

- É assim que tem que ser – disse ele passando o braço direito por cima do ombro do irmão – Vamos jantar?

- É pra já, estou faminto – disse Diego sorrindo.

...

Wesley já tinha conhecido boa parte dos amigos de Thaisy, eles eram muito legais, mas alguns deles pareciam não ir com a cara do rapaz.

- Está gostando? – perguntou Thaisy enquanto os dois estavam na pista de dança ao som de black.

- Muito – disse ele dançando – Mas já está ficando tarde, acho melhor a gente ir porque amanhã é dia.

- Mas amanhã é sábado – disse Thaisy – Eu to de folga.

- Mas eu não – disse Wesley.

- Ninguém manda ser funcionário do Miguel, bem feito pra você – disse rindo.

- Ah, obrigado pela colaboração – falou ele sorrindo – Mas é sério, vamos?

- Tá, vamos, não estou me divertindo muito mesmo.

Eles saíram e procuraram a anfitriã, como a festa estava bem cheia, eles demoraram um certo tempo para encontrá-la, mas conseguiram.

- Nicole estamos indo – informou Thaisy.

- Mas já? – perguntou a moça.

- Sim, esse moço tem que acordar cedo amanh㠖 disse Thaisy.

- Ah, que pena... A festa está só começando...

- É, mas na próxima eu fico mais tempo – disse Wesley tentando ser agradável.

- É assim que se fala – disse Nicole – Bom, foi um prazer conhecê-lo.

- O prazer foi todo meu – disse o rapaz – Vamos? – perguntou à Thaisy.

- Vamos. Até mais amiga, manda um beijo pros seus pais viu?

- Pode deixar Thata, apareça mais vezes.

- Sim senhora.

Eles saíram. Em menos de dez minutos Wesley estava em casa.

...

Amanheceu muito rapidamente. Ainda cansado pela noite que teve, Wesley teve dificuldade para acordar. O relógio despertou as sete e meia, mas ele só conseguiu levantar as oito horas.

Quando deu por si estava atrasado. O rapaz levantou rapidamente, tomou um banho e se vestiu. Não teve tempo para tomar café, apenas bebeu um copo de suco de laranja e saiu as pressas para pegar o ônibus e chegar a tempo na empresa.

Em menos de uma semana já era a segunda vez que isso acontecia, Wesley não podia fazer mais isso ou então seria capaz de perder o emprego, algo que não seria nada favorável.

Ele entrou no edifício as nove em ponto. Conseguiu chegar em sua sala antes de Diego, isso iria aliviar a sua barra, pelo menos assim não teria como Miguel saber que ele se atrasou alguns minutos.

Diego chegou por volta das nove e meia. Wesley já estava na terceira ligação do dia.

- Bom dia – disse Diego com voz de sono.

- Bom dia – respondeu Wesley que também estava com voz de sono.

- Também está com sono? – perguntou Diego enquanto ligava seu computador.

- Só um pouco – disfarçou Wesley.

- Ah, pois eu estou com muito – disse Diego – Não estou acostumado a acordar tão cedo assim. Principalmente no sábado.

- Entendo – disse Wesley – Hoje o dia é mais tranqüilo. A uma nós vamos embora.

- Graças a Deus. Não quero perder meu sábado nesse escritório.

Eles ficaram trabalhando cada um em sua mesa, durante o resto do dia não se falaram.

O dia passou rápido. Quando Wesley olhou no relógio já era meio dia e cinqüenta e sete.

- Graças a Deus, acabou – disse Diego levantando-se.

Wesley também se levantou e foi ao banheiro. Quando ele voltou notou pela primeira vez que Diego estava sem a aliança de compromisso. Não pôde deixar de não ficar feliz com isso.

Ele desligou o computador, fechou a gaveta da escrivaninha com a chave, guardou alguns papéis, fechou a janela e a persiana e saiu da sala.

- Até segunda Diego – disse ele saindo do aposento.

- Até cara – disse Diego – Bom descanso.

- Pra você também.

Ele saiu, se despediu de Michelle e pegou o primeiro elevador. O prédio estava praticamente vazio naquele dia. Os únicos andares que trabalhavam aos sábados eram o décimo sexto, o novo, o quinto e o terceiro. Os demais não abriam aos finais de semana. Wesley sentiu uma ponta de inveja desses trabalhadores, mas mesmo assim, estava contente com seu emprego novo.

Tinha estreado nos cinemas um filme que Miguel adorava. Ele e Diego passaram em frente ao shopping e não pensaram duas vezes em ir assistir ao filme. Miguel sabia que Juliana iria se chatear, mas mesmo assim decidiu ir. Eles entraram pelo estacionamento superior, onde sempre tinha mais vagas, estacionaram e foram até a praça de alimentação.

Eles comeram hambúrgueres, batata frita e milk shake. Uma vez feita a refeição, foram a bilheteria do cinema e compraram as entradas. A sessão estava marcada para as quatro da tarde, eles ainda tinham tempo.

- Mig, preciso comprar roupa social – disse Diego – Não posso usar as suas o resto da vida.

- É mesmo – disse o irmão mais velho – Vamos aproveitar que temos tempo e vamos comprar tudo o que você precisa. Aproveito e compro algumas também.

Eles começaram a passear pelo shopping olhando as vitrines com atenção. Quase deram a volta no piso superior inteiro, até que encontraram uma loja de roupas a rigor e entraram.

Antes mesmo de começar a olhar os modelos e as cores mais bonitas, uma moça veio auxiliá-los.

- Boa tarde senhores, posso ajudá-los? – perguntou a moça educadamente.

- Ah, olá – disse Diego – Estamos apenas olhando mesmo, se precisar eu chamo está bem?

- Certo. Meu nome é Júlia, é só me anunciar. Com licença.

Diego e Miguel não deram ouvidos ao que a moça disse, ficaram olhando os ternos e as camisas de manga cumprida que eram exibidas pelos manequins.

- Essa é bonita – disse Miguel à Diego – A cor é bonita.

- Credo Mig, que cor berrante – disse Diego rindo – Tem outra loja no piso inferior que é melhor que essa, vamos lá.

Eles saíram da loja e desceram as escadas rolantes. Deram a volta pelo terceiro andar do shopping e entraram em outra loja de trajes sociais.

Essa era maior que a anterior e com mais opções de cores e modelos, Diego parou na vitrine, algo lhe chamara a atenção.

- Miguel, olha a cor dessa camisa – disse apontando discretamente.

- Bonito verde – disse o irmão – Você sempre só compra coisas verdes – completou.

- Eu gosto, fico bem com essa cor. Quero experimentar.

- Então chame um vendedor – disse Miguel.

Eles foram até onde os vendedores ficavam e logo uma bonita moça veio ajudá-los.

- Boa tarde senhores – disse – Posso ajudá-los?

- Pode sim – disse Diego – Eu gostaria de experimentar uma camisa que está na vitrine.

- Qual exatamente?

Eles foram para fora da loja e Diego mostrou.

- Só um momento que eu já trago. Fiquem a vontade – disse a vendedora.

- Di, olha essa calça – disse Miguel – Vai ficar bonita em você.

- Você acha?

- Sim. E essa camisa também – falou mostrando uma camisa de cor vermelha.

Diego analisou as duas peças de roupa e decidiu experimentá-las. Escolheu mais alguns modelos de cores diversas e acrescentou a outra que a vendedora trazia.

- Perdão, senhor, mas qual o número do senhor.

- Deve ser um moça – informou Miguel, visto que Diego não saberia informar.

- Como imaginei – disse a moça sorrindo – Aqui está. O senhor vai experimentar todas essas? – perguntou.

- Sim, sim – informou Diego.

- Os provadores ficam à direita. Pode ir lá.

Diego se dirigiu aos provadores e Miguel ficou olhando alguns relógios que estavam em um cubículo.

- Mig, vem comigo – disse Diego – Preciso de sua opinião.

Miguel deixou os relógios de lado e foi atrás do irmão. Os dois entraram no mesmo provador.

Enquanto Diego se despia, Miguel segurava as peças de roupa para o irmão. Primeiro foram experimentadas as camisas. Diego vestiu uma por uma, e acabou escolhendo sete, de oito que tinha levado ao provador.

- Ficaram boas – informou Miguel que olhava atentamente o corpo do irmão.

- Também achei – disse ele se olhando no espelho – Só não gostei dessa laranja. Ela tá larga demais.

- Então não a leve.

Diego tirou o sapato, o cinto e por último a calça, ficando apenas de cueca. Miguel olhou para o volume do irmão pelo espelho, e não pôde segurar um leve tesão por baixo das calças.

Diego experimentou todas as peças e ficou com todas. Todas em tonalidade escura. Faltava agora comprar sapatos, cintos e um relógio novo.

Eles saíram do provador e foram até a atendente que lhes estava auxiliando. Entregaram as roupas novas e foram em busca de cintos.

Diego comprou apenas um, Miguel ficou com dois. Foram na ala de sapatos. Cada um comprou dois pares. Era a hora de relógios. Diego se encantou por um em particular que ficou muito bem em seu pulso. Miguel gostou do mesmo modelo que o irmão, mas a peça era única. Comprou então um semelhante, mas não idêntico.

Era a vez do irmão mais velho comprar suas as suas roupas. Ele rapidamente escolheu algumas camisas, calças, gravatas e ternos e foi ao provador, seguido pelo irmão mais novo.

Novamente fizeram a mesma coisa, entraram no mesmo provador. Diego segurou todas as peças enquanto o irmão se despia, ficando apenas de cueca. Ele experimentou tudo que gostado, e acabou ficando com todas as peças.

Eles voltaram a falar com a moça que lhes atendia, ela dirigiu-os ao caixa e cada um pagou pelo que comprou. Saíram da loja por volta das três e meia. Eles foram ao estacionamento e colocaram as sacolas no porta malas, em seguida desceram as escadas rolantes mais uma vez e foram direto para o cinema. Diego comprou pipoca e chocolate para ele e o irmão. As dez para as quatro a sessão abriu e eles entraram, sentaram-se na última fileira e ficaram aguardando o filme começar.

...

Wesley não agüentou o sono e acabou dormindo após o almoço. Ele só conseguiu dispertar por volta das sete horas da noite. Como tinha compromisso com seus amigos, ele rapidamente tomou um banho, se trocou e saiu de casa.

Antes mesmo de cruzar a esquina para ir ao ponto de ônibus, Wesley encontra com Allan que estava, como de costume, com sua moto.

- Posso saber aonde o gato vai? – perguntou Allan.

- Em um lugar que não é da sua conta – disse ele ríspido.

- Nossa! Que bela educação que sua mãe te deu hein!

- Minha educação depende da pessoa com quem eu falo, e no seu caso ela não é das melhores – disse ele retornando a andar.

- Eu ainda te pego de jeito.

- Não da maneira como você me trata – disse Wesley – Se você está pensando que só por que tem um rostinho bonito você vai me ganhar está é muito enganado.

- Eu sei disso, mas não é só pelo fato de ser bonito que eu vou te pegar, eu vou te ganhar de algum jeito. Uma hora você vai ceder. Já ouviu aquele ditado “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”? Pois é. Não costumo desistir tão fácil do que eu quero.

- Estou vendo – disse Wesley olhando para Allan – Mas se você encostar em mim de novo sem a minha permissão, considere-se morto.

- Não tenho medo de você meu amor – disse Allan exibindo um belo sorriso nos lábios – Você não consegue fazer mal a uma mosca, que dirá conseguir me matar.

Wesley não pode deixar de não rir. Aos poucos, Allan estava ganhando espaço na vida dele. E ele não podia negar que o rapaz tinha os seus encantos.

- Então, onde vai? – perguntou Allan.

- Vou à casa de minha amiga. E você?

- Estou indo visitar meu pai. Onde essa tal amiga mora?

- Na cidade vizinha.

- Mas em que lugar?

- Centro, curioso você né?

Allan riu.

- Um pouco. Sobe aí, eu to indo pro mesmo lugar que você.

- Vou fingir que eu acredito.

- É verdade, meu pai mora na cidade vizinha, eu vou ter que passar pelo centro, então não custa levar você.

Wesley ficou analisando o semblante de Allan por alguns minutos.

- Bom, fica a seu critério. Você pode vir comigo e chegar lá rapidamente, ou pegar um ônibus e chegar lá em mais ou menos uma hora.

Wesley ficou pensativo. Depois de mais alguns minutos ele pegou o capacete que estava preso à moto de Allan e subiu na garupa.

- Assim que eu gosto – disse Allan sorrindo – Se segura que hoje eu to afim de correr.

- Não tenho medo de andar de moto – disse Wesley.

Allan deu a partida, em seguida saiu com a moto em alta velocidade pelas ruas do tranqüilo bairro onde os dois moravam.

...

Diego lia uma revista de esportes no sofá da sala de televisão, onde estava acompanhado pela irmã. Miguel veio ao encontro deles. O rapaz estava muito bem arrumado e perfumado.

- Vai aonde desse jeito mano? – perguntou Joyce.

- Ver minha namorada – respondeu ele sentando do lado dela.

- Preciso conhecê-la e ver se ela está aprovada ou não.

- Amanhã eu trago ela pra jantar com a gente – disse Miguel fazendo cafuné nos cabelos ruivos da irmã.

- Faça isso – disse Joyce.

Diego estava tão entretido na leitura da revista que nem notou a presença do irmão.

- Diego? – chamou Miguel.

Ele nem deu ouvidos.

- DIEGO? – chamou Miguel de novo.

- Hum? – murmurou Diego levantando a cabeça espantado – Ah, você tá aí?

- Brigado por ter me notado antes – disse Miguel com cara de poucos amigos – O que lê?

- Revista de motociclismo.

- Você e a paixão pelas motos né? – perguntou Joyce.

- Essa paixão está na minha veia irmãzinha – disse Diego voltando a ler a revista.

- Bom, eu vou indo senão eu me atraso – disse Miguel – Até amanhã.

- Amanhã? – perguntou Joyce curiosa – Não vai dormir em casa?

- Hoje não – disse ele beijando a testa da irmã.

- Miguel, Miguel, juízo rapaz! – exclamou Joyce sorrindo.

- Juízo é quase meu sobrenome.

Os dois riram, Diego não ouviu o trocadilho.

Miguel deu um tapa na cabeça de Diego, este levantou-se e começou a correr atrás do irmão mais velho, que saiu em disparada pra longe dele.

Os dois saíram de casa e no jardim, Diego conseguiu pegar Miguel. O irmão mais novo deu uma leve tapa na orelha de Miguel que riu. Os dois se abraçaram enquanto davam risada.

- Estou saindo e só volto amanh㠖 informou Miguel.

- Ui – disse Diego mordendo os lábios – Vai fazer o que eu to pensando?

Miguel acenou com a cabeça positivamente e sorriu.

- Eita, delícia – disse Diego mordendo de novo os lábios – Me leva junto?

Eles riram.

- Vai plantar batatas – disse Miguel dando mais um tapinha na cabeça do irmão – Amanhã eu te conto como foi.

- Aproveita por mim e por você – disse ele rindo – Já que eu não tenho essa sorte.

- Agora você tem. Já tá solteiro, pode ir à caça. Mulher tem de monte por aí.

- Eu não costumo pegar qualquer uma. Tem que passar pelo teste – disse ele sorridente – Só pego as mais gatas e as mais gostosas.

Eles caíram na gargalhada.

- É por isso que você tá sozinho – disse Miguel.

Eles se abraçaram mais uma vez.

- Vou indo senão eu me atraso.

- Comporte-se – disse Diego sorrindo.

- Vou fazer justamente o contrário hoje – disse Miguel indo para a garagem – Até amanhã maninho.

- Até – disse Diego voltando para dentro de casa.

...

Wesley chegou à casa de Patrícia. Ele ouviu vozes e risadas de dentro da velha casa onde a amiga morava.

- Obrigado pela carona – disse Wesley sorrindo para Allan.

- Não foi nada – disse ele retribuindo ao sorriso – Eu já te disse que você tem o sorriso mais bonito que eu já vi nesse mundo?

Wesley corou e balançou a cabeça negativamente.

- Pois você tem o sorriso mais lindo que eu já vi nesse mundo – disse Allan.

- Obrigado – falou Wesley sem jeito.

Eles ficaram se entreolhando por alguns segundos, em seguida Wesley disse:

- Bom, então obrigado, agora eu preciso entrar que eles estão me esperando...

- Quando vamos nos ver de novo?

- Um dia... Qualquer dia desses...

Allan sorriu.

- Então, tchau! – exclamou Wesley olhando nos olhos do rapaz.

- Até a próxima, meu gato – disse Allan sorridente.

Wesley ficou ainda mais vermelho. Ele não respondeu nada, apenas virou-se e tocou o interfone da casa de Patrícia.

- Quem é? – perguntou uma voz masculina.

- Eu – respondeu ele.

- Oi eu! – disse o homem.

Wesley riu alto.

- Abre aí Edu, é o Wesley.

- Ah, o eu tem nome! – disse o rapaz – Abriu? – perguntou.

O portão deu um “clique” e abriu.

- Sim, obrigado.

Ele entrou e fechou o portão. Allan estava o observando sentado em sua moto.

- Ainda aí? – perguntou Wesley sorrindo.

- Admirando sua beleza – falou Allan.

- Como você é bobo – falou Wesley – Vou entrar, tchau.

- Tchau! – exclamou Allan todo sorridente.

Wesley começou a subir as escadas, quando chegou à porta Allan saiu com a moto. Ele tocou a campainha, Patrícia o atendeu. Eles se abraçaram e foram até a sala.

Na sala já estavam Eduardo, Patrícia, Daniela e agora Wesley. Ainda faltavam mais algumas pessoas para chegar. Mas só com esses quatro a farra já estava garantida.

Wesley abraçou a todos e se sentou ao lado de Eduardo. Os dois sempre foram muito amigos, desde a época do colegial, na universidade não foi diferente, os dois ficaram na mesma turma por acaso do destino.

Eduardo era uma das poucas pessoas que sabia da orientação sexual de Wesley. As demais eram apenas seus pais, seus dois irmãos, e os rapazes com quem ele tinha se relacionado até então.

- Como é que você tá? – perguntou Eduardo.

- Muito bem! – exclamou Wesley sorrindo – E você?

- Estou ótimo, graças a Deus. Vamos conversar no quarto por que com elas aqui fica difícil – disse Eduardo.

Wesley assentiu com a cabeça.

- Meninas nós vamos bater um papo lá no quarto, quando os outros chegaram nos avisem.

- O que tanto vão conversar? Posso saber? – perguntou Patrícia curiosa.

- Se você pudesse saber a gente falaria aqui mesmo né amor? – disse Eduardo rindo.

Antes mesmo dos dois saírem pro quarto o interfone tocou.

- Du, vai atender amor? – perguntou Patrícia.

- Mas, eu de novo?

- É, e vai logo.

Wesley riu.

- Obedeça – disse ele – É o melhor nesses casos.

Eduardo foi atender. Voltou em menos de meio minuto.

- O resto da renca chegou – informou ele.

Patrícia foi atender a porta. Suellen, Danilo, Carol e Daniela entraram. Eles abraçaram um por um, e quando todos já tinham se cumprimentado, eles foram comer.

- É, pelo jeito nosso papo não vai rolar né? – perguntou Eduardo para Wesley na cozinha.

- Espera eles saírem, aí a gente conversa sossegado.

Eles fizeram brigadeiro de panela, pipoca de microondas e abriram um refrigerante. Pegaram colheres, copos e as tigelas de pipoca e voltaram pra sala pra poderem assistir um DVD.

- Bom, eu tenho... A múmia, Titanic, Piratas do Caribe, Um amor para Recordar e Se eu fosse Você. O que vocês querem? – perguntou Patrícia.

Todos disseram ao mesmo tempo: “Um amor para Recordar”.

- Nossa! – exclamou Patrícia – Se vocês insitem...

Ela colocou o DVD e apagou as luzes. Em seguida encostou-se no namorado e eles começaram a ver o filmeVocê está linda – disse Miguel.

- Obrigada – falou Juliana – Você também está lindo.

- Obrigado – disse dando um beijo demorado na namorada.

Eles entraram no carro. Miguel parou em um restaurante. O casal jantou a luz de velas.

- Espero que hoje sua noite seje inesquecível meu amor – disse Miguel.

- Qualquer momento ao seu lado é inesquecível minha vida – falou Juliana, encantada com o romantismo do namorado.

Eles novamente entraram no carro, Miguel colocou uma musica romântica e saiu guiando pelas ruas, a essa altura da noite praticamente desertas. Ele dirigiu por cerca de meia hora, e parou em um motel já longe da cidade.

O casal desceu do automóvel e começou um longo e apaixonado beijo. Aos poucos chegaram a cama. Despiram-se e fizeram amor.

...

O filme tinha acabado. Os amigos estavam emotivos. Paty se adiantou e tirou o DVD.

- Querem ver outro? – perguntou.

- Não – disse Suellen – Já está ficando tarde.

- É mesmo – disse Danilo – Eu preciso ir embora.

Suellen e Danilo se despediram de todos e em seguida foram embora. Nesse momento Eduardo e Wesley foram para o quarto de Paty para poderem conversar a sós.

- Conta tudo que está acontecendo com você – disse Eduardo fechando a porta com a chave.

- Muitas coisas – disse Wesley – A começar pelo novo emprego que eu já te contei...

Ele contou tudo o que acontecia. Diego, Miguel, Allan, Thaisy, casamento da irmã, morar com o irmão, o interesse pelos dois irmãos... Tudo o que estava acontecendo.

Eduardo ouviu atentamente, não deixou passar nenhum detalhe.

- Mas, afinal, com quem você quer ficar? O Miguel, o Diego ou o Allan? – perguntou Eduardo.

- Eu não sei. Os dois irmãos são lindos. Mas são héteros. O Allan é meio bonitinho, é gay, mas eu não sinto nada por ele.

- Você quer mesmo é os dois irmãos né safado? – perguntou Eduardo sorrindo.

- Olha Edu, não seria má idéia viu – disse ele coçando a nuca – Aqueles dois são perfeitos.

- Então luta por eles, ué.

- Ah, mas são héteros.

- Ah, mas o Augusto também era e você trouxe ele para a sua realidade, tá lembrado?

- Como posso esquecer? – perguntou ele sorrindo – O Augusto foi meu melhor namorado – disse pensativo.

- Então, se você conseguiu com o Augusto, você consegue com Diego ou com Miguel. Ou quem sabe com os dois.

- Sonho demais Edu. Acho difícil.

- Difícil, mas não impossível. Leva tempo, mas você consegue.

- Será?

- Vai por mim – falou Eduardo – É só você jogar as cartas. E conquistar um deles. Ou os dois, sei lá – falou rindo.

Wesley ficou pensando. Depois de alguns segundos disse:

- É isso, mas e você como tá?

- Mesma vidinha de sempre. Ainda não arranjei emprego, mas também não estou desesperado. Na hora certa aparece. E namorando com a Paty como você já sabe. E é só.

- Não se desespere. Quando você menos esperar aparece um emprego. Comigo foi assim. Se bem que eu já estava perdendo as esperanças. Está bem difícil.

- Difícil está mesmo. Mas é normal.

- Mas e o namoro, como está?

- Bem, graças a Deus.

- Quanto tempo já?

- Dois anos e quatro meses.

- Bastante tempo.

- É. Estamos pensando em noivar final do ano.

- Verdade? Que maravilha! Casamento... Hum, adoro bolo de casamento.

Eles riram.

- Se prepara que você é o padrinho.

- Lá vem. Mas eu aceito. Só porque são vocês.

Eduardo riu.

- Mas que bom que está tudo bem com você – disse Eduardo – Agora só falta conquistar os moleques.

- É. E precisa ser logo. Estou na seca a alguns meses já.

- Aí é complicado. Sem sexo é complicado – disse Eduardo rindo – Ainda bem que eu namoro.

- Vocês transam sempre?

- As vezes. Esses dias a menstruação dela atrasou. Eu já fiquei todo feliz pensando que era um bebê. Mas não era.

- Que bom que não era. Como é que você pode ser pai sem um bom emprego pra sustentar essa criança cabeção?

- Isso é o lado ruim, eu costumo pensar no lado bom das coisas.

- É, você sempre foi assim.

Batidos na porta. Eduardo a abre.

- A gente tá indo – falou Daniela.

- Ai, eu também estou. Vocês estão de carro? – perguntou Wesley.

- Sim. Te levamos. Mas vamos agora.

- Também vou. Não vou perder essa carona.

Todos foram até a sala. Wesley, Daniela e Carol se despediram de Eduardo e Patrícia. Os três saíram e entraram no carro.

- Me liga – disse Eduardo à Wesley – Me mantenha informado dos acontecimentos.

- Pode deixar – falou ele do banco traseiro – E você também.

- Claro! – exclamou.

Daniela deu partida no carro e desceu a rua, sumindo no horizonte.

- Você hein mocinho – disse Patrícia dando um selinho no namorado – Cheio de segredinhos com o Wesley né?

- Ah, coisas de homem amor – falou dando-lhe um beijo.

Os dois entraram e foram para o quarto da moça.

Dois meses depois...

Dois meses depois...

A duas semanas de completar vinte e cinco anos de idade, Wesley levantou-se para mais um dia na empresa. O jovem fez a barba, tomou um banho demorado, colocou uma roupa recém passada e saiu para o trabalho.

Chegou em seu escritório com dez minutos de antecedência. Como de costume, ligou o computador e esperou ele carregar para poder iniciar as tarefas diárias. Diego entrou na sala poucos minutos antes das nove da manhã.

- Oi – disse Diego indo apertar a mão de Wesley.

- E aí Di, tudo bem? – perguntou Wesley.

- Tudo e você?

- Bem, bem.

A semana estava só começando, e eles tinham muito que fazer dali pra frente. Antes mesmo das dez horas da manhã, Miguel mandou chamá-los em sua sala.

- Graças a ajuda de vocês dois – começou – A Multifox conseguiu reverter um quadro de inadimplência muito grande. E, para poder recompensá-los, eu vou mudá-los de setor.

- Mudarmos de setor? – perguntou Diego – Mas, por quê?

- Já vou chegar lá, Diego – respondeu Miguel – Como já sabem, a partir da próxima semana, a Multifox entra no ramo de produções cinematográficas. Esse contrato foi fechado sexta-feira, após anos de negociação.

Wesley e Diego se entreolharam.

- Vocês fizeram um excelente trabalho na área de vendas, e como reconhecimento, nomeio você Diego, como gerente de produção. E você Wesley, como subgerente e administrador chefe.

Wesley engoliu em seco.

- Pode repetir? – perguntou com a voz trêmula.

Miguel sorriu.

- Você agora é subgerente de produção e administrador chefe – repetiu Miguel.

- Isso é verdade? – perguntou Wesley.

- Claro que sim – falou Miguel – Ninguém melhor do que você para exercer essas funções. Você é um excelente funcionário, eu estou admirado e orgulhoso pelo êxito que você tem obtido nos dois últimos meses.

- Fico sem palavras para agradecer – disse Wesley visivelmente abalado com a notícia de sua promoção.

- Não agradeça – disse Miguel – Apenas continue colaborando conosco da maneira que tem feito. Isso é o mínimo que eu posso fazer.

Wesley não falou nada, apenas sorriu em agradecimento.

- E você, maninho – disse Miguel olhando para Diego – Conto com sua colaboração como novo gerente de produção.

- Sem problemas.

- A remuneração será negociada depois – disse Miguel – Wesley, você tem que trazer a carteira profissional para ser atualizada.

- Está bem – disse Wesley.

O rapaz ficou muito contente com a promoção. Eles ficaram conversando por mais alguns minutos e depois, Diego e Wesley voltaram as suas respectivas tarefas.

...

A campainha tocou. A empregada abriu, em segundos, Rafael entrou na sala onde estavam Bárbara e Alícia.

- Que bom que você chegou meu caro – disse Bárbara.

- O que quer dessa vez?

- Sente-se – disse ela – Meus amores, fiquei sabendo que hoje meus queridos titios voltam da Europa.

- E o que a gente tem haver com isso? – perguntou Alícia com cara de desentendida.

- Na verdade, eu preciso de um favorzinho seu Rafa, por enquanto Alícia, você só irá me fazer companhia.

- E o que você quer? – perguntou Rafael.

- Quero que você corte os freios do carro do meu tio.

- Moleza, mas como eu vou fazer isso? – perguntou ele.

- É simples, amanhã nós três iremos à casa deles para fazer uma visita. Garanto que a idiota da minha tia Marlene irá ficar muito feliz em ver-nos.

Rafael olhou para Bárbara e perguntou:

- Fala logo como que eu vou fazer, já estou ficando irritado.

- Calma meu querido – disse Bárbara – Sua tarefa é muito simples, você só vai à garagem e corta o freio, não fica ninguém lá e não tem câmera de segurança, você vai poder fazer isso tranquilamente.

- Acho que estou começando a entender – disse Alícia com um sorriso perverso nos lábios.

Bárbara deu uma gargalhada.

- É por isso que somos primas Alícia! Você puxou a minha inteligência – riu Bárbara.

As duas riram, Rafael não esbanjou nenhum sentimento.

- Quando menos esperar eles vão sofrer um trágico acidente de carro – falou Bárbara se fazendo de triste.

...

Já era a segunda vez em cinco dias que Camila se sentia mal. As náuseas e os vômitos estavam se tornando constantes.

- Já é a segunda vez nessa semana – disse Neuza à Camila – O que a senhora andou aprontando.

- Nada mãe – disse Camila levantando a cabeça que estava abaixada devido ao acesso de vômito – Deve ser minha gastrite outra vez.

- Não será um bebê? – perguntou Neuza olhando para os olhos da filha.

- Ai, mãe... Claro que não. É a gastrite que está atacando outra vez.

- Gastrite não causa vômitos minha filha!

Camila ficou apreensivaQuando colocou o primeiro pé na calçada, Wesley notou Allan o esperando. O rapaz estava muito bonito àquele começo de noite. Cabelos arrepiados, camisa regata branca e uma bermuda colada ao corpo de cor vermelha. Wesley não pôde deixar de admirá-lo.

- Oi – disse Wesley atrás do moço, que levou um susto ao ouvi-lo.

- Ah, oi amor – disse Allan dando-lhe um selinho – Pensei que não ia sair mais.

- É, pois é – falou Wesley subindo na moto do novo namorado – Tem muito serviço pra ser feito.

- Ah, mas isso é bom.

- Sim. Tenho novidades.

- Então conta.

- Na sua casa eu conto.

Allan deu partida na moto e eles saíram em disparada rua acima. Em pouco mais de vinte minutos chegaram à casa de Allan.

Eles nem tinham entrado direito. Allan segurou Wesley pela cintura e começou a beijá-lo de uma maneira avassaladora. Enquanto se beijavam, Allan empurrou a porta com o pé, fazendo com que essa se fechasse com um barulho ensurdecedor.

Já estavam na cama. O beijo foi ficando mais quente e eles começaram a se despir. Allan tirou a camisa de Wesley e começou a beijá-lo peitoral abaixo. O rapaz sabia como deixar Wesley excitado.

Já estavam ambos só de cueca quando o celular de Wesley tocou. Ficaram se beijando por mais algum tempo, até que Wesley disse entre os beijos:

- Preciso atender...

- Não, deixa pra lá, depois você liga de volta...

- Pode ser importante – falou ele se desvencilhando de mais um beijo de Allan – Alô?

- Oi, sou eu – disse uma voz masculina.

- Eu quem?

- Diego seu pamonha! – falou Diego rindo.

- Ah, oi – disse Wesley suspirando – Aconteceu alguma coisa?

- Na verdade não, mas está para acontecer.

- Ah é? O quê?

- Preciso sair para beber algo. Você me acompanha?

- Ah, não posso... – falou Wesley – Já tenho compromisso para hoje, mas por que não pede a Miguel?

- Ele vai sair com a namorada.

- Entendo... Sinto muito Diego, mas hoje eu não posso.

- E amanhã?

- Amanhã eu estou disponível. Mas se não se importa, preciso desligar agora. Amanhã conversamos na empresa Ok?

- Então está bem. Mas não marque nada amanhã, amanhã você é só meu.

Wesley riu e Diego também.

- Até amanh㠖 falou Wesley.

- Até – disse Diego.

Desligaram.

- Quem era? – perguntou Allan com cara de poucos amigos.

- Diego. Queria sair para beber.

- Sei.

- Verdade. Não fica com essa cara. Onde estávamos mesmo? – perguntou Wesley puxando Allan para um beijo.

- Em lugar nenhum – falou Allan saindo de cima de Wesley – Vai lá com seu amiguinho vai. Ele tá te esperando.

- Sem crise de ciúme agora. Eu já disse que ele queria apenas tomar um drink para espairecer.

- E por que justo com você?

- Porque nós somos amigos. Sem crise. Vem aqui vem?

Com relutância, Allan volta para cima de Wesley. Os dois voltam a se beijar demoradamente.

...

Diego estava sozinho em casa. Sua irmã tinha saído com as amigas e seu irmão com a namorada, ele ficou sozinho. No entanto, Miguel e Joyce esqueceram de um fato importante: naquela noite, Maurício e Marlene voltavam da Europa, fato que foi completamente esquecido e deixado de lado pelos irmãos.

Por volta das onze horas da noite, o barulho de um carro adentrando pelo jardim da mansão fez com que Diego ficasse alerta. Ele levantou-se do sofá onde estava e foi até uma das janelas da sala de televisão, lá fora estava um táxi. Será que tinha acontecido alguma coisa com Miguel ou Joyce?

Ele ficou na espreita na esperança de ver quem estava dentro do automóvel. O motorista desceu e abriu a porta traseira. Marlene saiu com um chapéu branco, em seguida saiu Maurício que estava de trajes sociais, como de costume.

- Droga! – exclamou Diego – Esqueci que eles voltavam hoje.

Na mesma hora Diego chamou os empregados e ordenou que eles fizessem algo para os pais jantarem, em seguida ligou para os irmãos, avisando que os pais tinham chegado. Tanto Joyce quanto Miguel ficaram irritados pelo fato do esquecimento desta data, mas voltaram para casa na mesma hora.

Diego abriu a porta do hall de entrada no exato momento em que Marlene iria pegar as suas chaves.

- Mãe! – exclamou ele – Que saudades!

Eles se abraçaram.

- Meu filho! – disse Marlene – Como você está lindo... Onde está Miguel?

- Papai – disse Diego indo abraçar ao pai – Como o senhor está?

- Muito bem meu filho. O ar europeu me revigorou.

- Diego, onde está Miguel? – perguntou Marlene mais uma vez.

- Ele teve um problema com Juliana mamãe, mas ele já está voltando pra casa.

- Algo sério? – perguntou Maurício.

- Parece que a mãe da Juliana não passou muito bem hoje a tarde, ele foi levá-las ao médico se não me engano.

- Meu filho sempre um cavalheiro! – exclamou Marlene.

O senhor e a senhora Castelli entraram e foram ao salão de jogos. Diego pediu para que os empregados pegassem as malas que estavam no táxi e deu uma quantia em dinheiro para que a corrida fosse paga. Em seguida foi reunir-se aos pais que estavam sentados cada uma em uma poltrona.

- Como andam as coisas por aqui? – perguntou Marlene.

- Bem – informou Diego – Tudo na mais devida ordem.

- E na empresa? – perguntou Maurício.

- Pai, as mil maravilhas. Prefiro que Miguel te conte as novidades. Mas adianto que o senhor vai adorar.

- Assim espero. Mas me adiante, quais as mudanças que ocorreram lá?

- Adianto apenas uma coisa, Miguel me convenceu a trabalhar lá.

- Como é que é? – perguntaram Maurício e Marlene ao mesmo tempo.

Diego riu.

- É isso aí, eu estou lá a dois meses já. Assim que vocês viajaram, eu ocupei o cargo do Miguel, se não ele ia ficar louco com tanto serviço.

- Quer dizer – disse Maurício – Que você esperou eu me aposentar para assumir seu posto?

- Na verdade sim pai – disse Diego – Enquanto você estava lá não precisava de mim, você tinha Miguel. Não tinha necessidade da minha presença. Agora que você está fora, que você está longe, eu e Miguel vamos tomar conta do que é nosso, e vamos e estamos fazendo com que nosso patrimônio cresça.

- Isso é verdade mesmo – concordou Mauricio – Não tinha necessidade de você ir enquanto eu estava lá, mas de toda forma, estou orgulhoso de você meu filho!

Diego sorriu.

- E você ainda está com aquelazinha? – perguntou Marlene.

- Para o seu total agrado mãe, não. Ela mudou para o interior.

- Louvado seja Deus! – exclamou Marlene – Só assim eu fico tranqüila.

- SURPRESA – gritou Joyce correndo pelo salão de jogos.

- Joyce! – exclamaram os pais ao mesmo tempo indo os dois abraçar a filha que não viam a mais de um ano.

- Nossa como você está linda minha filha – disse Marlene visivelmente emocionada com a mudança da caçula.

- Obrigada. A senhora não fica atrás. Sempre elegante.

- Filha, por que não disse que iria voltar? – perguntou Mauricio – Teríamos adiado a viagem...

- Justamente por isso que não avisei para vocês irem viajar em paz. Cheguei não faz muito tempo. Como foi em Portugal, Itália, Paris, Espanha?

- Divino, como sempre – disse Marlene.

Eles ficaram conversando até que...

- Ora, ora, ora, quem vejo! – disse Miguel adentrando ao salão.

O rapaz abraçou aos pais e logo em seguida Diego perguntou:

- Como está a mãe da Jú, Mig? – e deu uma piscadinha discreta pro irmão entender.

- Agora está bem Di.

- Conte tudo o que aconteceu na Multifox. Diego me disse que está te ajudando é verdade? – perguntou Maurício.

- Sim é verdade sim, e está ajudando muito. Ele agora é nosso mais novo gerente da ala de produção – Miguel enfatizou a palavra produção para que o pai entendesse que eles tinham conseguido o contrato.

- Não acredito que você conseguiu o contrato com a Pictures!

- Cinco anos – disse Miguel sorrindo.

Maurício não pôde deixar de rir.

- Esse é meu filho! – disse levando-o para o escritório.

O resto da família foi para a sala de leitura e ficou conversando até o jantar ser servido, por volta da meia noiteFui promovido – disse Wesley à Allan.

- Sério? – perguntou – Para qual função?

- Subgerente de produção e também administrador chefe.

- Nossa, que chique! – disse Allan – Fico feliz por você, amor.

- Obrigado – disse Wesley levantando-se.

Ele começou a se vestir.

- Agora eu vou ir mesmo, amanhã eu acordo cedo e já passa da meia noite.

- Eu levo você.

- Nem precisa, moro aqui em baixo, em cinco minutos eu estou lá.

- Se você diz – falou Allan se espreguiçando e deitando na cama.

Wesley deu um selinho no namorado e saiu. Em poucos minutos já estava dormindo um sono pesado.

...

Os preparativos para a incorporação da ala produtiva na Multifox estavam de vento em polpa. Já estava tudo organizado, só faltava a inauguração que seria na segunda seguinte.

- Você entendeu tudo o que vai ter que fazer? – perguntou Miguel a Diego.

- Claro – respondeu o jovem – Acho que posso me adaptar facilmente.

- Não é nada difícil. Só questão de aprendizagem e aperfeiçoamento.

Miguel tinha explicado como seria a função do irmão. Wesley já sabia como seria seus cargos, afinal ele era formado em Administração, já tinha os conceitos básicos em sua mente, só precisava ver na prática.

...

O interfone tocou.

- Dona Marlene, sua sobrinha e mais dois amigos dela estão aqui para vê-la.

- Mande-os entrar Marta – disse Marlene que tomava sol à beira da piscina.

Bárbara, Alícia e Rafael entraram pelo jardim e foram ao encontro de Marlene.

- Tia! – exclamou Bárbara indo cumprimentá-la – Como foi de viagem.

- Muito bem minha filha, muito bem. Que milagre vê-la, nunca vem me fazer uma visita.

- Ah, sabe como é não é tia, muitos afazeres acabo ficando sem tempo. Mas aqui estou eu.

- Pois deveria vir mais vezes.

- Não sei se você se lembra de minha prima Alícia? – perguntou Bárbara apresentando a moça a senhora Castelli.

- Claro que me lembro, como vai Alícia?

- Muito bem e a senhora?

- Bem, obrigada. E esse lindo rapaz, quem é?

- Ah, esse é um amigo de longa data, Rafael, minha tia Marlene, tia Marlene, Rafael.

- Muito prazer senhora – disse Rafael beijando as costas da mão de Marlene.

- Encantada – respondeu a senhora sorrindo e tirando os óculos de sol para poder ver o rapaz melhor – Você é muito bonito!

- A beleza está nos olhos de quem vê – falou o rapaz curvando-se em sinal de agradecimento.

Marlene bebeu um pouco da água de côco enquanto olhava para Rafael.

- O sol está muito forte hoje tia, não posso ficar debaixo dele, podemos entrar?

- Mas é claro que sim – disse Marlene – Almoçamos todos juntos e aproveitamos e conversamos – complementou levantando-se da cadeira de praia.

Os quatro começaram a andar em direção ao hall de entrada da mansão, antes de entrarem, Bárbara puxou Rafael pelo pulso e disse entre os dentes:

- A garagem fica no fundo da casa. Vai lá disfarçadamente. O carro deles é um FOX vermelho.

- Entendido.

Eles andaram mais alguns passos até que...

- Se importam de ir sem mim? – perguntou Rafael – Preciso realizar uma ligação.

- Claro que não – disse Bárbara – A gente te espera lá dentro. Mas não demore!

- Está bem, com licença.

O rapaz pegou o celular e fingiu que realizava uma ligação. Quando as mulheres entraram em casa, ele começou a procurar pela garagem. Não demorou muito e avistou ao FOX vermelho de que Bárbara tinha mencionado.

Ele analisou para ver se não estava sendo visto, abriu o compartimento do motor e com uma chave de fendas, soltou algumas peças e cortou o freio do carro.

Com cuidado, Rafael fechou o capô do carro e deitou-se no chão para poder soltar um parafuso de cada uma das rodas dianteiras. Ao terminar levantou-se, verificou novamente se não estava sendo notado, e foi ao encontro de Bárbara e Alícia.

Camila teve um novo acesso de vômito. A moça já estava ficando preocupada.

- Tudo bem minha filha? – perguntou Neuza batendo na porta do banheiro.

- Tudo mãe! – mentiu a moça vomitando mais uma vez.

- Você está vomitando de novo? – perguntou Neuza abrindo a porta do banheiro, Camila tinha esquecido de trancá-la.

- Não é nada – falou se recompondo – É a gastrite.

- Vamos ao médico agora – disse Neuza ficando nervosa – Isto não é nada comum e você sabe disso.

Camila ficou com a visão turva e estremeceu. A mãe a segurou pelo cotovelo e disse:

- Acho que já sei qual é o seu problema. Ande, troque de roupa, nós vamos ao médico agora mesmoObrigada pelo almoço tia, estava divino!

- Não foi nada minha cara, voltem mais vezes.

Marlene se despediu de todos, em seguida eles foram embora, Bárbara voltou dirigindo.

- Muito em breve estaremos no velório dela – disse dando uma gargalhada.

Rafael e Alícia compactaram com o momento triunfante de Bárbara e também riram. Eles não negavam a satisfação de terem concluído a primeira parte do plano da loira.

...

Bom, vamos ver – disse o médico abrindo o exame de sangue de Camila.

- Aposto que é gravidez doutor – disse Neuza – Só pode ser isso, ela fica tonta, vomita e enjoa com facilidade. Não encontro outra solução.

- Não, não é isso – constatou o médico – Você não tem absolutamente nada minha filha!

- Como? – perguntou Neuza – Mas, e esses enjôos?

Camila sorriu aliviada.

- Deve ser alguma virose – informou o médico – Caso eles continuem, volte que iremos fazer um exame mais detalhado, mas fiquem tranqüilas que não é dessa vez que vem um neném.

...

Miguel e Diego finalmente chegaram em casa. O dia tinha sido puxado para os dois irmãos, as rotinas do escritório estavam cada vez mais pesadas.

- Como foi hoje? – perguntou Mauricio.

- Bem, nada de muito novo para contar – informou Miguel enquanto cortava um pedaço de bife – Tudo na santa rotina de sempre.

- Pai, mãe, estive pensando – disse Diego – O que acham de irmos a casa de campo nesse final de semana?

- Não seria má idéia – disse Joyce – O ar do campo sempre faz bem.

- Pode ser – disse Marlene – Assim podemos ficar mais tempo juntos e esquecer os problemas do cotidiano.

- Até a sexta veremos isso – disse Maurício.

- Bárbara esteve aqui hoje Miguel – disse Marlene.

- Bárbara? O que ela queria?

- Veio me felicitar pela volta. E ela me disse que está muito interessada em ocupar um cargo na Multifox.

- E pra que? Só para nos dar gastos? – perguntou Miguel.

- Não, não dessa vez não – informou Marlene – Ela me parece realmente interessada em fazer algo de útil de sua vida. E nós temos como propiciá-la uma função.

- Ela já falou disso comigo outro dia – falou Maurício – Mas não achei conveniente no momento. Mas se você quiser, pode dar algum cargo que não seje muito alto a ela Miguel.

- Que tal de faxineira? – propôs Diego.

Ele e Miguel riram.

- Parem de brincadeira sem graça – disse Joyce – A Babí é uma boa pessoa, não vejo por que não ajudá-la.

- Qualquer dia desses eu falo com ela – falou Miguel – Mas não prometo nada.

Eles não tocaram mais no assunto. Todos terminaram o jantar e depois foram para a sala de televisão. Miguel e Diego subiram para o salão de jogos e ficaram até meia noite jogando bilhar.

...

Allan tirou a camisa de Wesley e se deitou por cima dele. Wesley passou as pernas por cima da cintura do namorado e começou a morder os seus lábios bem devagar.

Calmamente, Allan tirou toda a sua roupa e também a de Wesley, ambos estavam em sincronia e com um tesão acima do normal.

Allan começou a beijar o pescoço do namorado, enquanto fazia movimentos circulares com a língua, ele pegou no membro de Wesley e segurou com força, fazendo com que sua mão descesse e subisse num ritmo frenético.

Wesley soltou um gemido baixo, o que deixou Allan ainda mais excitado, o rapaz adorava ouvir os gemidos de Wesley. Allan percorreu o peitoral definido de Wesley com a língua e parou nos mamilos, chupou-os por algum tempo e depois continuou descendo.

Wesley colocou a cabeça para trás e começou a passar os dedos por entre os cabelos de Allan. Não demorou muito e o rapaz chegou no ponto fraco de Wesley; Allan segurou o pênis do rapaz delicadamente e começou a beijá-lo.

Sem nenhum pudor, Allan começou a chupar o pau de Wesley, que vez ou outra esbanjava sua satisfação através de um gemido. Allan fez sexo oral no rapaz por cerca de dez minutos. Wesley se sentou na cama e Allan sentou no membro dele devagar, descendo cautelosamente.

Os gemidos dos dois eram intensos. O ritmo acelerado do movimento de penetração fez com que Wesley começasse a suar. Ele e Allan estavam extremamente sedentos de prazer.

Um beijo longo e selvagem fez com que a sensação do gozo de Wesley fosse ainda mais forte. Ele gemia alto e continuamente, até que o prazer cessou e ele caiu deitado na cama.

Allan deitou-se por cima do namorado e o casal começou a se beijar mais uma vez, desta vez com movimentos mais compassados e ritmados. Wesley fez com que ele se deitasse de lado e começou a masturbá-lo, em segundos o rapaz chegou ao ápice.

Miguel e Diego já estavam chegando na empresa, quando avistaram Wesley descendo da moto de Allan.

- Quem será aquele que está com Wesley? – perguntou Diego.

- E você vem perguntar para mim? – falou rindo – Deve ser um amigo, sei lá.

Wesley deu um selinho em Allan.

- Ou namorado – falou Diego espantado – Nossa não sabia que ele era gay!

Miguel ficou em silêncio por algum momento, mas por fim disse:

- Nem eu!

Eles adentraram o estacionamento da empresa e não falaram mais no assunto.

Wesley entrou em sua sala e foi direto para a sua mesa.

- Bom dia Diego! – exclamou com uma voz de satisfação.

- Bom dia – disse Diego com uma voz que demonstrava desinteresse.

- Algum problema?

- Não, nenhum – falou saindo da sala.

Wesley ficou apreensivo. O que será que tinha acontecido?

...

- Como é possível? – perguntou Bárbara – Eles ainda não saíram de casa! Que bando de incompetentes!

- Calma prima – confortou Alícia – Uma hora eles vão ter que usar esse carro não é?

- Mas que seja logo Alícia, que seja logo porque eu preciso vingar a morte do meu pai! – esbravejava a loira.

...

Fred chegou cinco minutos antes do horário estipulado pelo dono do apartamento que queria alugar. Ele apertou a campainha e uma senhora de aparência muito frágil o recepcionou.

- Bom dia – disse Fred – Eu vim para ver o apartamento...

- Sim – disse a velhota – Entre.

Fred entrou e deu uma olhada na sala.

- Pode se sentar que eu vou chamar o meu filho.

- Sim senhora, obrigado.

A senhora entrou pelo corredor e sumiu sem deixar rastros. Em poucos minutos um homem de meia idade apareceu.

- Você deve ser o Fred – disse indo cumprimentá-lo.

- Exato – respondeu o rapaz apertando a mão do homem.

- Muito bem, venha, vou apresentar o apartamento.

Fred se levantou e seguiu o senhor, eles entraram em todos os cômodos do apartamento. Fred ficou entusiasmado para fazer a locação.

- Perfeito – disse o homem – Em dois meses você ocupa o local.

- De acordo! – exclamou Fred satisfeito.

...

Diego já não tinha o mesmo semblante feliz dos dias anteriores, algo tinha acontecido e Wesley queria saber o que era, mas resolveu não questionar.

Cada um estava em sua mesa, vez ou outra, Diego lançava um olhar enigmático até Wesley, fazendo com que o rapaz ficasse ainda mais curioso em saber o que acontecia.

O dia passou rápido, Wesley como de costume almoçou com Michelle. Diego comeu com seu irmão. Por volta das cinco horas da tarde, algo inusitado aconteceu. O prédio criou um certo movimento, e Miguel adentrou a sala dos rapazes com uma certa pressa.

- Vão os dois para o banheiro, agora! – exclamou o presidente.

- O que aconteceu? – perguntou Diego preocupado.

- Estamos sendo assaltados – informou Miguel – Anda, vão logo!

Wesley e Diego levantaram das suas respectivas cadeiras e foram correndo ao banheiro masculino do décimo sexto andar. Os três ficaram calados e apreensivos.

Miguel tinha ordenado que todos os funcionários evacuassem o andar, só restaram os três, que por um motivo ainda não descoberto por Miguel, tinham decido se esconder no banheiro.

- Fiquem em silêncio – sussurrou Miguel.

O coração de Wesley batia acelerado, ele estava em um cômodo demasiado pequeno com os dois homens que ele tanto desejava.

Lá fora começava um certo movimento. Passos acelerados começaram a percorrer toda a extensão daquele andar. Vozes masculinas incompreensíveis foram ouvidas, mas não identificadas. Miguel estava nervoso. Ele sentou-se no vaso sanitário e deu um soco em sua coxa.

- Calma! – disse Diego – Não vai dar ataque agora!

Wesley colou o ouvido na porta e tentou ouvir algo. O movimento ainda continuava.

Miguel e Diego olharam para Wesley. O rapaz não entendeu o porquê daqueles olhares tão instigante.

Passaram-se alguns minutos e o movimento parou por completo.

- Acho que já foram – disse Wesley em voz baixa.

- Melhor ficarmos mais um tempo aqui – disse Miguel – Vai que eles estão esperando em alguma sala.

- Já chamaram a polícia?

- Já. Chamei antes de ir à sala de vocês.

Silêncio absolutoHumberto – chamou Marlene.

- Pois não senhora Marlene? – disse o motorista colocando-se as ordens da patroa.

- Preciso que você leve Marta ao supermercado para ela fazer as compras do mês.

- Sim senhora.

- Pode ir no meu carro mesmo. As chaves estão dentro.

- Sim senhora.

O funcionário se retirou e Marlene subiu até o quarto para ler um de seus romances internacionais.

...

O clima entre os três rapazes era tenso. O olhar que os dois irmãos lançavam a Wesley o deixava intimidado, mas ele não tinha coragem de perguntar o que acontecia.

A luz apagou. A única fonte de iluminação era a luz do dia que estava sendo irradiada através da pequena janela.

- Desligaram a força do prédio – disse Miguel.

Mais uma vez movimento. Wesley abriu uma fresta da porta para poder verificar o que estava acontecendo. Era a polícia.

- Polícia! – exclamou ele abrindo a porta e saindo do aposento.

Miguel e Diego vieram atrás dele. Os policiais foram ao encontro dos três rapazes.

- Quem é Miguel? – perguntou um deles.

- Sou eu – disse Miguel.

- Inspetor Marcelo – informou o policial – Foram vítimas de um assalto não é?

- Exato inspetor – informou o presidente – Não sei quantos porque nós ficamos presos no banheiro para eles não nos acharem, mas nós temos circuito interno de câmeras, podemos ver as imagens.

- Isso será de extrema ajuda.

Os homens começaram a vasculhar todo o prédio em busca de pistas. Wesley foi à sua sala. Nada tinha acontecido por lá, exceto algumas gavetas que estavam abertas.

Miguel resolveu mandar todos os funcionários embora mais cedo àquele dia, isso facilitaria para que o trabalho dos policiais fosse feito com maior eficáciaEstou preocupada – disse Marlene à Maurício – Pedi para Humberto levar Marta ao supermercado e até agora eles não voltaram.

- Tranqüilize-se, o supermercado deve estar cheio.

- É, deve ser isso.

...

Wesley chegou em casa.

- Mas já chegou? – perguntou Neuza – Tão cedo, o que houve?

- Miguel liberou todos mais cedo. O prédio foi assaltado.

- Deus misericordioso! Você está bem? – perguntou a mãe de Wesley.

- Sim, eu me tranquei no banheiro. Eles não me encontraram.

- Graças a Deus! Mas que absurdo, não temos mais paz em lugar nenhum!

Wesley tomou um banho demorado e depois jantou. Após o jantar o rapaz conectou-se à internet e nela ficou até a hora de dormir. Não quis encontrar com Allan aquela noite. A cena que tinha vivenciado mais cedo com Miguel e Diego juntos a ele no mesmo local apertado não saía de sua cabeça.

Quando já estava apenas de cueca pronto para ir dormir, Fred bateu à porta do quarto e perguntou se podia entrar.

- Entra – disse Wesley.

- Tenho uma coisa importante pra te contar – informou Fred visivelmente entusiasmado.

- O quê? – perguntou Wesley.

- Eu visitei um apartamento próximo daqui.

- Já?

- Sim. E eu estou com muita vontade de alugá-lo. Se tudo der certo nós nos mudamos em dois meses.

- Mas tão cedo? – perguntou Wesley – Pensei que ainda ia demorar um ano mais ou menos.

- Também pensei – disse Fred – Mas o quanto antes nos mudarmos melhor. As despesas do papai estão aumentando...

- É, eu sei – disse Wesley – Mesmo com a nossa ajuda ele não consegue dar conta de todas as despesas. Bom, o que você decidir está decidido.

- Não prefere ir ver o Ap.?

- Não, eu confio em você.

- Então está bem. Agora vou sair, preciso resolver um assunto que está pendente.

- A essa hora? Sei muito bem qual é o assunto que você tem que resolver.

Fred sorriu e saiu do quarto do irmão mais novo.

...

A família Castelli assistia ao noticiário noturno.

- Não posso acreditar que minha empresa foi assaltada – esbravejava Maurício enquanto caminhava em círculos pela sala de televisão.

- Foi sim pai – disse Miguel – Por sorte não aconteceu nada com ninguém. Os assaltantes não levaram quase nada, apensas alguns computadores e dinheiro, além de celulares é claro.

- Temos que agradecer que estão todos sãos e salvos – disse Marlene.

- “Um acidente com dois carros na zona oeste da cidade, deixa duas pessoas mortas e uma gravemente ferida no início dessa noite...” – dizia o apresentador do telejornal.

- Mãe, aquele não é seu carro? – precipitou-se Joyce olhando mais de perto à televisão.

- Deus do céu! – exclamou Marlene – É meu carro! Humberto, Marta!

Os demais começaram a se exaltar.

- Calma, não deve ser o nosso carro – disse Mauricio – Pode ser semelhante...

- É meu carro! Tenho certeza – falou Marlene visivelmente alterada com a notícia.

- Precisamos averiguar isso – disse Miguel levantando-se de imediato – Vou ao hospital que fica mais próximo verificar se eles têm algum registro de Humberto ou de Marta.

- Eu vou com você – disse Diego pondo-se de pé.

- Me mantenham informada – disse Marlene – E tomem cuidado.

Os dois irmãos saíram. Miguel entrou em seu carro e Diego foi para o banco do carona, o rapaz deu partida no automóvel e eles saíram. Em cerca de quinze minutos chegaram ao local do acidente onde o movimento de policiais e de curiosos ainda era constante.

- Com licença senhor – disse Miguel estacionando o carro próximo à um policial – O senhor sabe para qual hospital as vítimas foram encaminhadas?

- Sim – disse o homem – Estão todos na Santa Casa de Misericórdia.

- Muito obrigado – disse Miguel ligando novamente o carro.

- Mas, por que você quer essa informação?

- Temos quase certeza que duas das vítimas são nossos empregados

- O senhor reconhece a placa de algum desses carros?

Miguel saiu do carro e foi analisar os dois automóveis que tinham colidido. Os dois estavam praticamente irreconhecíveis. Em segundos ele voltou ao policial.

- O carro vermelho é nosso – disse abalado – Agora se o senhor me der licença, eu preciso verificar o que aconteceu com meus empregados.

O policial assentiu com a cabeça. Miguel entrou no carro e saiu em disparada até o hospital onde estavam Humberto e Marta.

- Não posso acreditar – dizia ele ao volante – Que eles tenham morrido...

- Acalme-se – confortava Diego – Pode ser que eles tenham sobrevivido...

- Deus te ouça! – exclamou.

Com mais alguns minutos ele chegou ao destino. Estacionou o carro apressadamente e depois eles saíram quase que correndo até a recepção do hospital.

- Boa noite senhorita – disse Miguel – Eu sou conhecido de duas das vítimas do acidente de carro que aconteceu aqui perto, gostaria de saber qual o estado de saúde deles ou se eles estão vivos...

- Ah, sim – disse a recepcionista mexendo no computador – São três pessoas. Duas mulheres e um homem... Duas vítimas fatais e a outra está sendo operada nesse momento senhor...

- Quais foram as vítimas fatais? – perguntou Diego.

- Um casal – informou a moça.

- Humberto! – disseram os dois irmãos ao mesmo tempo.

- Sinto muito senhores – disse a moça.

- Podemos reconhecer o corpo da mulher?

- A autópsia está sendo feita nesse momento, peço que, por favor, os senhores aguardem na sala de espera. Assim que terminarem eu mando avisá-los.

- Muito obrigado senhorita – disse Miguel.

Eles saíram da recepção e foram até a sala de espera.

- Não consigo acreditar – disse Diego – Coitado do Humberto, ele trabalha a séculos pra gente...

- É... Eu o conheço desde que nasci... E a Marta então! Ela foi nossa babá... Coitada dela...

Eles ficaram aguardando um posicionamento da enfermeira que estava na recepção, depois de aproximadamente vinte minutos um enfermeiro veio ao encontro deles.

- Os senhores são conhecidos das vítimas do acidente automobilístico? – perguntou o enfermeiro.

- Sim... Podemos reconhecer os corpos? – perguntou Miguel levantando-se.

- Sim, por favor, me acompanhem.

Os três homens começaram a andar por entre os corredores. Subiram cinco lances de escadas e viraram a direita, entrando na última porta, também a direita.

- São esses dois – disse apontando dois cadáveres cobertos com um lençol de cor azul muito vivido.

Miguel dirigiu-se a um deles e respirando fundo puxou o lençol para descobrir o rosto do morto. Era Humberto. Diego juntou-se ao irmão e engoliu em seco ao ver o motorista que ele conhecia desde criança naquele estado degradante.

Eles se entreolharam e foram ao outro morto. Fechando os olhos com força para não ver, Miguel puxou o lençol. Demorou alguns segundos para abrir novamente os olhos, e quando fez-lo, descobriu que não era Marta que tinha morrido.

- Graças a Deus! – exclamou ele.

Diego não pôde deixar de ficar aliviado em saber que sua empregada não estava morta.

Eles saíram da sala e o enfermeiro veio ao encontro deles.

- Conhecem alguma vítima?

- Sim – disse Diego – O homem era nosso motorista.

- Meus sentimentos! – exclamou o enfermeiro – Vou precisar que o senhor assine alguns papéis para que seje feita a liberação do corpo.

- Tudo bem – disse Miguel – Di, volta para casa e avisa a todos. Eu vou direto pro cemitério.

- Tudo bem – disse Diego – Moço, e a outra mulher, o que ela teve?

- Traumatismo craniano e várias fraturas pelo corpo – informou o enfermeiro – O estado dela é grave. Nesse momento ela passa por uma cirurgia na cabeça para reversão da hemorragia no cérebro.

- Quais as chances de sobrevivência? – perguntou Miguel.

- Mínimas. Por favor senhor, me acompanhe sim?

Miguel seguiu o enfermeiro e Diego foi para casa de táxi.

...

A gargalhada de Bárbara ecoava por toda a casa.

- Consegui! – exclamou enquanto bebia um gole de champanhe – Consegui!

- Calma que você ainda não sabe quem morreu – disse Alícia – Pode ter sido outra pessoa...

- Pelo menos um dos dois morreu, e com sorte foi meu querido titio que eu tanto amo – disse dando mais uma risadaO estado dela é grave, teve várias fraturas e está sendo operada devido a um traumatismo. O acidente foi horrível, o carro está completamente irreconhecível. Miguel só o reconheceu devido a placa.

- Eu também só conheci pela placa – disse Joyce.

- Que horror meu Deus! – dizia Marlene abismada – Coitado do Humberto... Um homem tão bom...

- Precisamos avisar a família dele – disse Mauricio – Isso é, se ele tiver família.

- Pelo que eu me lembro – disse Marlene – Ele tem um irmão que mora no interior de Pernambuco, mas como fazer para avisá-lo?

- Algum dos empregados deve ter o telefone – disse Joyce.

...

O dia amanheceu. Wesley estava muito disposto àquela manhã. Ele, como de costume, tomou um banho quente demorado e depois foi tomar café.

- Bom dia família – disse ele sentando-se à mesa – Que fome...

- Bom dia meu filho – disse Neuza – Dormiu bem?

- Maravilhosamente.

O telefone começou a tocar.

- Deixa que eu atendo – disse Camila levantando-se.

- Que bom que dormiu bem – disse Neuza.

- Meu filho, como está o relacionamento com o Allan? – perguntou Júlio tomando uma xícara de café.

- Vai bem pai – disse Wesley passando geléia em um pão.

- Wesley, é para você – informou Camila.

- Quem é? – quis saber Wesley curioso.

- Tal de Miguel – falou a irmã.

- Ah, é meu chefe garota – disse ele rindo.

- Ah, não sabia né.

- Alô? – atendeu.

- Oi Wesley, sou eu.

- Diga Mig.

- Cara, to com um problema aqui, meu motorista morreu eu to cheio de pepino pra resolver. Nem eu nem o Diego vamos pra empresa hoje. Será que você pode me substituir por hoje?

- Eu? – disse ele espantado – Mas, eu não sei...

- Sabe. Eu confio em você. Quebra essa cara, realmente não tenho como ir hoje e você é a melhor pessoa para ficar no meu lugar.

- Tá...

- Muito obrigado cara! Fico te devendo essa – falou Miguel aliviado – Um abraço e de noite eu ligo pra saber como foi tudo.

- Tá... – disse sem entender muito bem o que estava acontecendo.

Miguel desligou e Wesley ainda ficou com o telefone na orelha, depois de alguns minutos foi que ele desligou e voltou para a mesa.

- O que aconteceu? – perguntou Júlio – Que cara é essa?

Ele ainda não tinha entendido o que Miguel tinha pedido.

- Meu chefe não vai poder ir trabalhar hoje...

- E o que tem demais nisso? – perguntou Fred.

- Ele quer que eu o substitua...

- Nossa! Que maravilha! – disse Neuza sorridente – Você vau ser presidente por um dia!

- É – disse ele com a voz fina – Acho que vou...

A família fez a maior festa com a noticia, mas Wesley ainda não estava acreditando no que ele tinha ouvido no telefone.

A família de Miguel chegou ao velório do motorista. O corpo do homem estava coberto de flores até o pescoço, deixando de fora apenas as mãos cruzadas sobre o peito e o rosto encoberto pelo véu do caixão.

- Como você está meu filho? – perguntou Marlene indo abraçar ao primogênito.

- Bem mãe – disse ele – Vocês conseguiram localizar o irmão dele?

- Sim. Ele deve estar chegando em algumas horas.

- Menos mal – disse Miguel.

As únicas pessoas que estavam acompanhando ao velório de Humberto eram os patrões e os amigos que trabalhavam com ele.

- Que morte estúpida – disse Joyce à beira do corpo – Coitado do Humberto.

- Em pensar que eu poderia ter evitado esse acidente...

- Não pensa nisso mãe – disse Diego – Era para acontecer assim.

- Ninguém pode prever as coisas Marlene – disse Mauricio – Era a hora dele partir. Agora temos que pensar no futuro e esquecer do que aconteceuBom dia Michelle – disse Wesley entrando no décimo sexto.

- Bom dia senhor presidente por um dia – disse a moça sorrindo para o amigo.

Wesley sorriu constrangido.

- Você tem que ligar para esses clientes – disse Michelle entregando um papel com aproximadamente dez números de telefone.

- Sobre o que devo tratar?

- Possíveis alianças com a empresa.

- Entendo – disse Wesley – Ai, espero que me saia bem...

- Vai sair – incentivou a amiga – Boa sorte e qualquer coisa, conte comigo.

- Obrigado. Agora eu vou indo, por que pelo jeito o dia promete...

O rapaz foi entrou na sala de Miguel e ligou o computador. Fez a primeira ligação, mas não conseguiu falar com o cliente. Antes de pensar em ligar para o segundo número, o telefone tocou.

- Diga – disse ele atendendo.

- O senhor Miguel. Transfiro ou dou desculpa? – perguntou Michelle.

- Transfere – disse ele rindo.

- Está bem, um minuto – disse a secretária.

Wesley abriu um arquivo no computador do chefe.

- Wesley? – perguntou Miguel.

- Oi Mig – disse o rapaz – Algum problema?

- Não cara, ligando pra saber se você está bem aí.

- Sim, estou sim – disse Wesley – Ainda não fiz nada, acabei de ligar o computador.

Miguel riu.

- Se você tiver alguma dúvida eu estarei no celular. Se ele ficar na caixa postal você liga pro Diego.

- Está bem – disse Wesley.

- Aproveitando que eu liguei, hoje é dia de você ligar para algumas empresas em busca de alianças com a Multifox...

- É exatamente isso que eu estou fazendo – informou Wesley – Pode deixar que eu me viro e consigo essas alianças. Ou pelo menos consigo marcar algum almoço...

- Faça o possível e o impossível, nós necessitamos disso meu caro.

- Fica tranqüilo. Qualquer coisa eu ligo.

- Perfeito. Obrigado pela ajuda cara, te devo essa.

- Nem se preocupa, uma mão lava a outra.

- Um abraço.

- Outro pra você.

Eles desligaram e Wesley começou a mexer no computador, abrindo alguns arquivos da área de trabalho. Ele encontrou uma pasta intitulada “Fotos”. Não agüentando a curiosidade, o rapaz abriu o arquivo e se deparou com muitas fotos de conteúdo erótico. Ele abriu uma delas e viu um casal fazendo sexo.

- Safado – disse mordendo os lábios enquanto olhava as fotos – Então é isso que ele fica fazendo... Delícia – dizia Wesley para si mesmo.

- Acho que ele vai dar conta – disse Miguel à Maurício – Ele é um excelente rapaz, saberá conseguir nossas alianças, não fique preocupado, eu confio nele.

- Bom, se você confia nele eu fico mais tranqüilo.

Um senhor de idade média entrou na sala de velório. Ele se aproximou do caixão e passou os dedos na testa do morto.

- Humberto – disse ele com a voz baixa de modo que só os mais próximos ouviram.

- Desculpe-me senhor, mas... O senhor é o irmão dele? – perguntou Joyce que estava do lado do homem.

- Sim, sou eu sim... Como aconteceu?

Todos foram ao encontro do homem. Ele recebeu os sentimentos de cada um que estava presente, em seguida eles contaram como tinha acontecido o acidente.

- A perícia já está verificando o que aconteceu – disse Mauricio ao homem – Assim que nós tivermos o resultado entraremos em contato e lhe diremos o que aconteceu.

O homem não disse nada, ficou contemplando o corpo inerte do irmão. Uma lágrima caiu de seu olho esquerdoAcho que já está na hora de ligar para meu querido priminho para saber se estão todos bem... – disse Bárbara a Alícia.

Ela pegou o telefone e discou para a empresa.

- Alô? Quero falar com o presidente.

- Quem deseja? – perguntou Michelle.

- É a prima dele. Transfira logo.

- Desculpe senhora...

- Senhorita! – corrigiu Bárbara.

- Desculpe senhorita – disse Michelle enfatizando a última palavra – O senhor Miguel não veio trabalhar hoje...

- Como não? – perguntou esbanjando um sorriso – E por que ele não foi trabalhar?

- Na verdade eu não sei. Ele não me passou esta informação. Talvez o substituto do senhor Miguel tenha essa informação.

- Transfira para ele.

- Um momento, vou verificar se ele pode atendê-la. Vagabunda – disse quando o telefone já estava no mudo – Wesley tem uma moça querendo falar com você.

- Quem? – perguntou ele interessado.

- Uma prima do senhor Miguel. Transfiro?

- Pode transferir.

- Está bem – disse ela – Senhorita? – perguntou enfatizando a palavra.

- Que é? – perguntou Bárbara.

- Vou transferi-la. Tenha um bom dia senhora – disse Michelle apertando o botão para transferir a ligação para a presidência – Nojenta! – exclamou desligando o telefone.

- Qual é o seu nome mocinho? – perguntou Bárbara com voz de superior.

- O que a senhora deseja? – perguntou Wesley desinteressado.

- Sabe me dizer por que o meu primo não foi trabalhar hoje?

- Sim, sei sim. Mas prefiro não responder a essa pergunta. Se você quer saber entre em contato diretamente com ele. Com licença – disse ele desligando o telefone – Nojenta, não gostei dessa garota...

- QUE ÓDIO – gritou Bárbara – Quem esse verme pensa que é para desligar o telefone na minha cara?

- Acalme-se – disse Alícia – Se exaltar não vai te levar a nada.

- E para piorar eu não sei o que aconteceu. Espero que tenham morrido todos, TODOS! – urrou a loira enquanto ligava no celular de Miguel.

- Alô? – atendeu ele.

- Priminho lindo do meu coração – disse ela maneirando a voz – Como você vai?

- O que você quer?

- Liguei para você na empresa, me disseram que você não estava... O que houve? Por que não foi trabalhar?

- Não é da sua conta. O que você quer?

- Sempre brincalhão não é mesmo priminho – disse Bárbara em tom cínico – Preciso falar com você sobre meu emprego na Multifox...

- Agora não é o momento minha querida – disse Miguel – Outra hora nós falamos sobre isso está bem? Passar bem...

- Espera Miguel! – disse Bárbara – O que aconteceu? Por que esse tom triste em sua voz?

- Nada demais, apenas um problema com dois de nossos funcionários.

- Com os empregados?

- É. Agora tenho que desligar.

- Espera! Como estão os seus pais? – perguntou a loira.

- Bem. Tchau.

Miguel desligou o celular.

- MALDITOS! – urrou Bárbara.

- Que foi? – perguntou Alícia olhando para a face de ódio da prima.

- Meus tios não morreram... Pelo jeito foram os empregados que estavam no carro no acidente... MALDITOS!

...

Thaisy ficou sabendo que Wesley estava na presidência e decidiu ligar para ele para parabenizá-lo.

- Oi Thaisy tudo bem? – perguntou Wesley atendendo o telefone.

- Oi presidente! Estou ótima, melhor agora e você?

- Bem também. A que devo a honra de sua ligação?

- Nenhum caso em especial meu lindo, apenas estou ligando para parabenizá-lo pela escolha como presidente por um dia.

- Ah, muito obrigado linda – disse Wesley satisfeito pela amiga ter lembrado dele.

- Você merece! – exclamou Thaisy.

- Fico feliz de você ter lembrado de mim...

- É impossível esquecer alguém especial e lindo como você.

...

O velório de Humberto tinha chegado ao fim. Eles lacraram o caixão e o cortejo até o local do sepultamento começou. Apenas nove pessoas compareceram ao último adeus do homem. O irmão dele, chamado Moises, estava forte, não demonstrava emoção.

As três horas da tarde ele foi enterrado. Mauricio fez um cheque e entregou ao irmão do falecido, como homenagem por tantos anos de trabalho e de fidelidade de Humberto. Moises aceitou o dinheiro como gratidão por tudo que eles tinham feito por seu único irmão, o senhor voltou a sua cidade natal e os Castelli nunca mais souberam dele.

Todos foram direto para o chuveiro quando chegaram em casa àquela tarde. Miguel estava exausto. Não tinha dormido durante a noite inteira, o cansaço dele era evidente.

Quando Miguel saiu do banho foi direto para a cama, nem ao menos se deu o trabalho de se vestir, dormiu completamente pelado.

Diego foi ao quarto do irmão para verificar se ele estava bem. A porta do quarto estava aberta, ele entrou e viu que Miguel tinha dormido do jeito que saiu do banho. Ele foi até a cama do irmão e ficou admirando o corpo dele. Como ele era bonito. Barriga tanquinho assim como a dele, coxas grossas, bunda arrebitada e durinha... Diego pegou-se admirando o corpo de um homem pela primeira vez na vida. Seu pau começou a crescer em baixo do short do pijama, ele decidiu sair dali. Cobriu o irmão com um lençol, encostou a porta do quarto e foi para o seus aposentos. Ele se deitou e em seguida dormiu.

...

Allan fechou a porta do quarto e começou a beijar Wesley de uma maneira selvagem. Em segundos eles estavam completamente pelados. Wesley ficou de joelhos no chão e começou a chupar o pênis do namorado, que a essa altura estava completamente excitado.

Ele começou passando a língua pela base, chupou o saco e subiu devagar com sua língua até chegar na cabeça do membro de Allan, que soltou um gemido alto e forte. Wesley abocanhou o seu brinquedo, empurrando Allan para a cama. O rapaz segurou o pau do namorado com força e continuou o sexo oral, deixando o membro completamente molhado de saliva.

- Continua... – dizia Allan com uma voz sexy – Não pára...

O rapaz parou de chupá-lo e foi beijá-lo. Desta vez foi a vez de Wesley receber a boca do namorado em seu pênis. Allan sabia como deixá-lo excitado, o rapaz abriu as pernas de Wesley e começou a passar a língua na entradinha de seu orifício, fazendo com que ele estremecesse em cima da cama. Em seguida, segurou o pênis dele e de uma só vez, colocou-o em sua boca fazendo movimentos circulares com a língua.

Após alguns instantes nessa brincadeira, Wesley segurou a cabeça de Allan com força e o puxou para um beijo. As línguas estavam sedentas uma da outra, eles pareciam dois animais no cio de tão intensa que estavam as chupadas.

Wesley abriu as pernas e deitou-se de bruços, Allan colocou uma camisinha e passou um gel lubrificante na entradinha de Wesley. Em seguida, colocou a cabeça de seu pau dentro do namorado, que mordeu a travesseira para evitar um grito de dor. Aos poucos a pica de Allan foi entrando, até que por fim ele introduziu tudo dentro de Wesley, deixando-o se acostumar com a dor e com seu membro em seu orifício.

Após alguns minutos, Wesley relaxou e Allan começou um movimento de vai-e-vem ritmado, deixando Wesley maluco de tanto tesão e desejo. Conforme as estocadas iam aumentando, o quadril de Wesley ia sendo friccionado contra o colchão da cama, fazendo com que seu membro tocasse no lençol.

Passado alguns minutos, Wesley sentiu o prazer se aproximar e começou a gemer alto e forte. Allan, pressentindo o que ia acontecer, começou a intensificar os movimentos e em segundos, gozou. Wesley também chegou ao orgasmo no mesmo instante.

Eles ficaram deitados na cama e acabaram adormecendo abraçados.

Durante o final de semana nada de extraordinário aconteceu. Na Multifox acontecia tudo normalmente. Wesley tinha conseguido marcar dois almoços com os empresários das futuras alianças, o que deixou Miguel extremamente contente e satisfeito.

A segunda feira chegou rapidamente. Wesley, Diego e Miguel estavam no local onde seria a produtora de comerciais, a ala de produção não ficava no mesmo prédio que a Multifox, afinal todos os andares daquele prédio já eram ocupados.

- Acho que agora está tudo pronto – disse Miguel dando uma olhada na sala de Diego – Agora vamos para a sua – falou dirigindo-se à Wesley.

Diego iria ficar em uma sala e Wesley em outra. Era a primeira vez que eles iriam se separar.

- Também está tudo pronto – disse Miguel – Podem começar a trabalhar.

Os três se entreolharam. Tudo estava pronto. Agora só faltavam os clientes para poderem começar as tarefas.

- Boa sorte aos dois – disse Miguel.

Eles agradeceram e Miguel saiu para a empresa.

- Agora é com a gente – disse Diego.

- Mãos à obra – falou Wesley.

Ainda faltavam alguns minutos para os demais funcionários chegarem, Wesley e Diego foram para as suas respectivas salas e aguardaram os demais para efetuarem a inauguraçãoO que iremos fazer para comemorar o aniversário dele? – perguntou Camila.

- Ainda não sei – disse Neuza – Mas podia ser algo só para nós e os amigos mais próximos dele.

- Não é má idéia – disse Júlio.

- Até segunda nós decidimos – disse Fred.

Camila foi ao banheiro. As náuseas tinham voltado.

- O que será que eu tenho? – questionava-seDona Marlene – disse uma das empregadas da milionária – A sobrinha da senhora está lhe aguardando na sala de leitura.

- Obrigada Manoella, já irei descer.

- Dona Marta, perdão pelo atrevimento – disse a empregada cabisbaixa – Mas, a senhora tem alguma noticia da Marta?

- Não é atrevimento minha querida, mas não, ainda não tenho nenhuma notícia concreta sobre ela. A informação que temos é que ela se encontra na UTI e o estado de saúde ainda é grave, mas os médicos estão esperançosos. Mas ninguém sabe o que irá acontecer. Temos que rezar para sair tudo bem – falou a ricaça.

- Por favor senhora Marta, qualquer novidade eu peço que a senhora me avise... Eu estou muito preocupada, a Marta é como se fosse a minha mãe...

- Não se preocupe, qualquer novidade eu reúno todos os empregados e comunico o acontecido.

- Muito obrigada senhora, com licença – disse Manoella saindo do quarto da patroa.

...

Diego já estava trabalhando. Todos já tinham chegado e a inauguração já tinha sido feita. Wesley estava supervisionando a gravação do primeiro comercial da empresa, e Diego estava falando com um cliente pelo telefone.

Por volta da uma da tarde, Diego foi ao encontro de Wesley para eles iram almoçar.

- Vamos almoçar? – perguntou esperançoso.

- Ah, com certeza – disse Wesley levantando-se – Estou faminto...

- Eu também – disse Diego.

Eles saíram do local e foram em busca de um restaurante.

- Acho que vamos nos sair muito bem nessa nova função – disse Diego – Parece ser mais fácil do que a outra que nós exercíamos.

- Eu não acho que seja mais fácil, mas é mais produtiva que a outra – falou Wesley.

Eles saíram rua acima e encontraram um bar onde serviam comida caseira.

- Pode ser aqui? – perguntou Wesley.

- Claro – disse Diego entrando no recinto e sentando em uma mesa vazia – Qualquer lugar que sirva um bom prato de comida é válido.

Eles ficaram aguardando uma garçonete e que demorou a atendê-losA que devo a visita minha querida? – perguntou Marlene indo cumprimentar a sobrinha que estava sentada no sofá.

- Titia, que bom vê-la – disse a loira com ironia – Como a senhora está?

- Muito bem, obrigada – disse Marta sentando-se em outro sofá – E você?

- Vou bem também. Titia, que história foi aquela de acidente aqui perto? Eu vi no telejornal e notei que era o seu carro... Mas...

- Sim minha querida – disse Marta em um suspiro profundo – Era o meu carro...

- Mas, quem estava dirigindo? Não me diga que era meu tio...

- Claro que não! Era meu motorista, que Deus o tenha...

- Ele morreu? – quis saber Bárbara com um tom de raiva na voz.

- Infelizmente sim.

- Que tragédia meu Deus – disse a jovem – Nossa tia, em pensar que podia ser um de vocês que estivesse lá dentro!

- Mas não foi. E sou grata à Deus por isso.

- Mas como que esse acidente aconteceu?

- Não sabemos. A perícia está averiguando os dois carros.

- Que estranho – disse a loira com cinismo.

- Com licença – disse Manoella – Desejam algo para beber?

- Sim – disse Marlene – Traga-me um suco de caju.

- E a senhora? – perguntou Manoella à Bárbara.

- O mesmo que a minha tia.

- Com licença – disse a empregada se retirando.

- Tia, e quanto ao meu emprego na Multifox? Já falou com Miguel?

- Sim e ele disse que depois fala com você sobre isso – informou Marlene frustrada.

...

O almoço estava servido e eles começaram a comer.

- Nossa estou com muita fome – disse Diego – Não tive tempo de tomar café da manhã hoje cedo.

- Eu também não – disse Wesley cortando a carne – Acordei atrasado.

- Wesley – disse Diego.

- O que foi Diego? – perguntou Wesley olhando para o amigo.

- Posso te fazer uma pergunta?

- Claro – respondeu ele.

- Quem é aquele rapaz que foi te levar na Multifox há alguns dias atrás? Vocês estavam de moto...

Wesley engoliu em seco. Será que ele devia contar sobre Allan?

- Hã... É um amigo... – respondeu ele envergonhado.

- Mas... Amigos se beijam? – disse Diego abaixando os olhos.

Wesley ficou em silêncio. Era visível o constrangimento do rapaz.

- É... – disse ele sem jeito – Na verdade, ele é meu namorado – falou abaixando a cabeça.

Diego ficou quieto, eles estavam contemplando o prato de comida e sem se olhar.

- Espero que isso não interfira na nossa relação – disse Wesley enquanto colocava uma garfada na boca.

- De maneira alguma – disse Diego levantando a cabeça – Só perguntei porque a curiosidade estava me consumindo. Mas fica tranqüilo que isso não tem nada haver. Não posso interferir em sua vida privada.

- Fico mais aliviado – disse Wesley ainda de cabeça baixa.

...

Miguel estava sentindo falta do irmão e de Wesley. Ele estava acostumado a ver os dois sempre ao seu lado o ajudando, e agora se encontravam em outro local que não era aquele. Era esquisito.

- Senhor Miguel? – disse Michelle entrando na sala do presidente.

- Oi Michelle – disse o rapaz levantando a cabeça para vê-la.

- Preciso que o senhor assine esses papéis, por favor. Sua prima deseja vê-lo.

Miguel bufou.

- Mande-a entrar – disse com um tom de raiva – Aqui estão os papéis.

- Obrigada senhor. Com licença – disse a ruiva saindo da sala.

Em segundos, Bárbara entrou na sala.

- Meu querido! – exclamou indo cumprimentar o primo.

- Oi Bárbara – disse Miguel – Sente-se.

- Lindo como sempre.

Miguel deu um sorriso amarelo.

- Você quer um emprego não é isso? – perguntou ele colocando os braços em cima da mesa.

- Exatamente – disse a loira sorrindo – Acho que eu preciso...

- A única vaga que eu tenho é de secretária. Você quer?

- Secretária Miguel? E eu lá nasci para ser secretária?

- É o que eu tenho – disse ele – Ou você prefere um emprego de faxineira?

O sorriso nos lábios da jovem desapareceu. Ela ficou em silencio alguns minutos e depois disse:

- E eu vou ser sua secretária?

- Não.

- E de quem então?

- Do subgerente da produção. Quer ou não quer?

- Se é a única coisa que você tem... Eu aceito. Mas vou logo avisando que eu não vou ficar muito tempo nesta função.

- Veremos isso depois – disse Miguel – Vou precisar de uma série de documentos para poder registrá-la na função. Mas antes, você vai ficar uma semana fazendo um treinamento com a Michelle. E depois, na próxima segunda-feira, você ficará no lugar dela. Se você se sair bem na função, o emprego é seu. Se não se sair, eu sinto muito.

- Não há necessidade de fazer treinamento gato – disse a loira sorrindo – Eu vou ser uma excelente secretária...

- E por acaso você sabe o que uma secretária faz?

- Claro – respondeu ela – Atende o telefone e recebe as pessoas...

- Errado. Faz muito mais do que isso. Você vai ficar em treinamento sim, se você recusar, não vai ter o emprego.

Novamente o sorriso nos lábios de Bárbara se desfez.

- Então está bem, se é o único jeito eu aceito.

Miguel pegou o telefone.

- Michelle venha até a minha sala – disse – Você começa o treinamento agora – falou dirigindo-se a prima.

- Pois não senhor Miguel? – perguntou Michelle entrando na sala.

- Michelle meu anjo, vou precisar de sua ajuda!

- Em que posso ser útil senhor?

- Preciso que você dê um treinamento qualificativo para a Bárbara. Ela irá ocupar o posto de secretária de Wesley a partir da próxima semana. Preciso que lhe ensine tudo o que ela precisa saber.

- Sim senhor – disse Michelle.

- Pode ir com ela Bárbara. E vê se aprende tudo direitinho, senão sem chances de você vir trabalhar com a gente.

- Deixa comigo priminho – falou Bárbara – Não vou desapontá-lo – completou saindo da sala.

- Pois é justamente o contrário que você tem que fazer – disse ele baixinho para ela não ouvir – Me desaponte ao máximoWesley não conseguia esquecer o que tinha acontecido enquanto almoçava. Como é que Diego tinha visto ele beijar Allan? E Miguel? Será que Miguel também tinha visto?

Ele estava em sua sala pensando no que tinha acontecido até que o telefone em sua mesa toca.

- Wesley – disse atendendo-o.

- Oi Wesley – disse Miguel – Sou eu.

- Oi Miguel – falou ele com a voz entristecida.

- Algum problema? – perguntou Miguel identificando o tom de voz do rapaz.

- Não, nenhum – falou mudando a entonação.

- Como está o primeiro dia como subgerente?

- Bem – falou demonstrando satisfação.

- Que bom. Estou ligando para avisar que arranjei uma secretária para você. Se tudo der certo ela começa na próxima terça-feira.

- Que ótimo! – exclamou Wesley – Confesso que é muito complicado trabalhar sem secretária. A função exige uma.

- Sim eu sei – falou Miguel – Só não contratei uma ainda por causa dos problemas que estou tendo que resolver, mas fique tranqüilo que logo, logo você terá uma para lhe ajudar.

- Está bem, obrigado pela preocupação.

- Não tem que agradecer. Agora vou desligar e ligar pro Diego.

- Sem problemas.

- Abraço.

- Outro.

Eles desligaram e Wesley ficou pensando no rapaz. O que iria acontecer se Miguel soubesse que ele era gay?

...

Bárbara não estava prestando atenção no que Michelle falava.

- Bárbara? – perguntou Michelle.

- Hum – fez a moça pensativa.

- Você está prestando atenção no que eu estou falando?

- Claro que estou menina! – disse a loira com agressividade – E veja lá como fala comigo!

- Falo com você como falo com qualquer outra secretária – disse Michelle se divertindo – Agora ou você presta atenção ou vai embora, porque eu tenho muito o que fazer!

Bárbara bufou e começou a analisar o que a ruiva fazia e dizia.

...

O primeiro dia como subgerente de produção tinha chegado ao fim. Wesley tentou se dedicar ao trabalho e esquecer o que tinha acontecido com Diego. Mas foi difícil.

- Até amanh㠖 disse ele aos funcionários – Foi um excelente primeiro dia!

- Vamos? – perguntou Diego vindo encontrá-lo.

- Vamos sim – disse ele – Finalmente acabou. Estou exausto.

- Eu também – confirmou Diego – Como eu não vou mais embora com meu irmão, estou de carro. Eu te dou uma carona, isso é, se você não for ir de moto...

- Não, não se preocupe – disse Wesley – Eu vou de ônibus mesmo.

- Não, eu te levo. Você mora no caminho da minha casa. Não custa nada. E eu não aceito não como resposta – completou sorrindo.

Wesley não teve escolha a não ser aceitar.

- Então está bem né – disse correspondendo ao sorriso de DiegoFinalmente acabou – disse Bárbara se levantando – Adeus ruivinha – falou com menosprezo.

- Até amanhã, loirinha – falou Michelle sorrindo – Adorei ser sua treinadora sua vaca! Vou me divertir bastante esta semanaObrigado – disse Wesley descendo do carro – Vejo você amanhã.

- É. Até lá.

- Até.

Ele entrou em casa e Diego saiu com o carro

...

Miguel estava esperando o irmão no quarto dele. O rapaz se deitou, apenas de bermuda, e esperou o irmão chegar.

- Oi – disse Diego – O que está fazendo na minha cama?

- Te esperando.

Os dois se abraçaram.

- Como foi seu primeiro dia como gerente? – perguntou Miguel bagunçando o cabelo arrepiado do irmão mais novo.

- Foi muito legal – disse ele sorridente – O pessoal de lá é muito divertido...

- É, eu sei – disse Miguel acompanhando o irmão ao banheiro – Mas nenhuma novidade em especial?

Diego estava se despindo enquanto a banheira enchia de água.

- Até tenho – disse Diego – Mas não é relacionado a Multipictures.

- Então é relacionado com o quê? – quis saber Miguel visivelmente curioso.

- Wesley – disse Diego tirando a cueca.

- Wesley? – perguntou Miguel.

- É sim – falou Diego entrando na banheira.

Miguel se aproximou e sentou na beira da banheira, olhando nos olhos do irmão perguntou:

- O que tem ele?

- A gente almoçou juntos hoje – começou Diego – E eu tive coragem de perguntar quem era aquele rapaz da moto...

- E quem é? – interessou-se Miguel.

- É o namorado dele! – exclamou Diego.

- Namorado? – questionou Miguel – Tem certeza?

- Sim. Ele mesmo me disse isso!

- Que coisa. Ele não parece ser gay!

- Não mesmo. Mas sabe, isso não interfere em nada. Ele é uma pesso boníssima!

- É verdade. Orientação sexual não interfere em nada mesmo. Aliás, ele é mais que nosso funcionário, ele virou nosso amigo, então temos que respeitá-lo acima de tudo.

- Concordo contigo – disse Diego ensaboando o corpo.

...

Wesley não conseguiu esquecer o acontecido, mas decidiu não levar em conta. Diego parecia não se preocupar com o fato dele ser gay, ele era um cara descolado, não tinha preconceito, o que deixou Wesley realmente aliviado.

O rapaz deitou-se em sua cama e adormeceu rapidamente. Àquela noite ele teve um sonho estranho: ele sonhou que Miguel estava demitindo ele por justa causa, única e exclusivamente pelo fato do rapaz ser gay.

Por volta das três e meia Wesley acordou e foi beber um copo de água. Ele ligou para o namorado e contou o que aconteceu, Allan ficou preocupado com o que Wesley lhe disse, mas mesmo assim tentou não transparecer seus sentimentos e acalmou o rapaz.

- Fica tranqüilo – dizia Allan – Nada vai te acontecer.

- Eu sei que não, mas sabe quando a gente fica angustiado?

- Sei. Mas você não precisa ficar assim amor, fica tranqüilo. E agora vai dormir que amanhã você tem que levantar cedo.

- Vou ir mesmo. Obrigado por me acalentar.

- Não é nada. Eu te amo.

- Eu também.

- Boa noite.

- Boa noite. Dorme bem.

Wesley desligou o celular e em minutos adormeceu novamente.

Miguel acordou mais cedo que de costume na manhã seguinte. Ainda deitado em sua cama, pegou-se pensando em Wesley. Seu funcionário preferido e também amigo era gay. Por que ele não tinha contado? Provavelmente por constrangimento... Ou não?

O namoro com Juliana ia bem, mas já faziam alguns dias que eles não se viam. Ele pensou em pedir a namorada em noivado, mas decidiu não ter aquela atitude, pelo menos não naquele momento.

O jovem se levantou e foi para a suíte tomar um banho de banheira para esquecer os problemas. Ligou o chuveiro e deixou a banheira encher até o fim, enquanto isso fez a barba e suas necessidades fisiológicas.

Já estava relaxando quando começou a pensar novamente em Wesley. Por que ele estava pensando no funcionário? Ele era apenas mais um entre milhares de homens homossexuais, não tinha porque Miguel ficar pensando nisso...

Decido a esquecer o amigo, Miguel saiu do banho e se vestiu, desceu até a sala de jantar onde o café já estava servido e a família já estava reunida, com exceção apenas de Diego.

- Bom dia meu amor – disse Marlene – Dormiu bem?

- Bom dia a todos – disse ele se sentando – Dormi sim mãe.

...

Wesley tinha acabado de acordar, quando sentiu o celular vibrar em baixo do travesseiro. Pegou o aparelho móvel e viu que tinha recebido uma nova mensagem de texto. Abriu-a e leu:

“Bom dia Wesley, tudo bem? Me espera no portão da sua casa as quinze para as oito, eu vou te pegar de carro e a gente vai junto para a empresa. Um abraço, Diego.”

Ele achou estranha a atitude de Diego, mas resolveu aceitar a carona, assim ele evitaria pegar um ônibus lotado àquela hora da manhã.

Ainda faltava um certo tempo para Diego vir buscá-lo, então ele decidiu ficar deitado mais um pouco. Começou a pensar em Miguel. Será que seu chefe já sabia que ele era gay? O que iria acontecer? E se Miguel fosse preconceituoso e o demitisse?

Tentando não pensar em nada, ele se levantou para tomar banho. Enquanto ensaboava suas coxas, seu membro começou a crescer assiduamente. Percebendo que não teria como abaixá-lo, ele começou a se masturbar. A imagem de Miguel veio em sua mente. Pensou no rapaz pelado, excitado em sua frente. Imaginou-se fazendo sexo oral no chefe enquanto o mesmo o penetrava com um dedo. Não demorou e gozou.

Saiu do banho mais leve. Foi à cozinha, tomou café e as quinze para as sete, como estipulado por Diego, ele foi para o portão. Em menos de dois minutos avistou o carro do amigo. Entrou e disse:

- Não tinha necessidade de se preocupar!

- Deixa de bobagem – falou Diego – É caminho não me custa te dar uma carona.

Wesley ficou quieto e sentiu um perfume delicioso no ar.

- Que perfume é esse?

- Gostou? É novo... – disse Diego sorrindo – O meu acabou e eu comprei um novo...

- Nossa – disse inalando a maior quantidade de ar possível – É muito bom...

Diego sorria enquanto dirigia. Além de lindo e gostoso, agora Diego era também cheiroso... Wesley ficou balançado com tudo isso. Miguel, Diego ou Allan? Em quem ele deveria pensar?

...

Miguel chegou à empresa e perguntou à Michelle:

- Cadê a Bárbara?

- Ainda não chegou senhor Miguel – disse a secretária.

- Quando ela chegar peça que vá a minha sala.

- Sim senhor.

Miguel entrou em sua sala e sentou na cadeira. Wesley não saía de seus pensamentos. Por que ele estava pensando tanto no rapaz?

Colocou as mãos no rosto e suspirou profundamente. Decididamente aquilo não era normal. Começou a trabalhar para esquecer o dilema. Depois de certo tempo, Bárbara entrou na sala dele e disse:

- Bom dia priminho lindo!

- Isso são horas de você chegar? – falou Miguel com a cara fechada.

- Sim meu amor – disse Bárbara – Esqueceu que eu sou sobrinha do dono?

- Esqueceu que você é uma simples secretária? Só porque você é sobrinha do meu pai não quer dizer que você vai chegar a hora que você quiser. O horário é as oito em ponto. E não as nove. As nove entro eu, Diego e Wesley. Você é as oito entendeu?

Bárbara amarrou a cara e fez que sim com a cabeça. A loira tinha que se submeter a tudo que fosse preciso para poder ter o seu objetivo concretizado.

...

Wesley já estava em sua sala quando recebeu um telefonema:

- Wesley?

- Oi Wesley sou eu – disse a voz de Miguel.

- Oi Mig! Tudo bom?

- Tudo sim e você?

- Muito bem!

- Escuta o que você vai fazer esse final de semana?

- Acho que nada, por quê?

- Creio que eu e Diego vamos ir à praia. Quer ir com a gente?

- Ah, não sei se posso – falou Wesley – Preciso verificar...

- Então vê aí e me mantém informado – falou Miguel – Liguei só pra te convidar mesmo.

- Aviso sim, e obrigado pelo convite – disse Wesley.

- Tudo em ordem? – questionou Miguel.

- Na mais plena e absoluta tranquilidade, pelo menos até agora.

- Excelente! – exclamou Miguel – Vou ligar pro Di e depois nos falamos.

- Está bem – finalizou Wesley desligando o telefone.

Ele pensou no convite de Miguel. Ir a praia? Fazia tanto tempo que ele não ia... Seria uma boa oportunidade para rever o mar...

Diego? – atendeu o rapaz.

- Oi mano! – exclamou Miguel – Você não sabe a idéia que eu tive agora...

- É, eu não estou na sua mente para saber – disse rindo – Então me conta logo!

- Vamos para a praia no fim de semana?!

- Nossa! Que maravilha! Ainda mais com esse sol... Adorei a idéia! Fechado!

- Convidei o Wesley tudo bem?

- Claro que sim! – exclamou Diego – Ele é sempre uma boa companhiaMichelle ainda continuava a ensinar as tarefas a Bárbara, que não prestava muita atenção.

- Se você não prestar atenção não vai ter o emprego – lembrou Michelle.

A loira fechou a cara e começou a fazer o que a secretária pediu.

...

Tinha chegado ao fim mais um dia de trabalho. Wesley voltou para casa com Allan àquela noite, Diego ficou frustrado por Wesley não voltar com ele de carro, mas decidiu relevar.

Durante o resto da semana tudo transcorreu normalmente. Na sexta, Wesley decidiu aceitar o convite dos dois irmãos, no sábado, eles iriam para a praia no período da manhã.

O aniversário do moreno estava chegando, mas ele ainda não sabia se iria comemorar ou não. Pensou em comentar com Diego e Miguel, mas resolveu não fazê-lo, era melhor que eles não soubessem.

Às seis horas do sábado ele acordou. Miguel deu folga a todos os funcionários, visto que não tinha muito trabalho naquela época do ano. Wesley conversou com Allan sobre o que iria acontecer, o namorado não achou uma boa idéia, porém resolveu não proibir, afinal ele confiava em Wesley.

O rapaz colocou algumas roupas em uma mochila, iria ficar apenas dois dias, não era necessário levar muita coisa. Com tudo arrumado, ele desceu até o portão e ficou esperando Miguel passar para pegá-lo.

Quando o carro dos dois irmãos chegou, Diego desceu e abriu o porta malas para que Wesley pudesse guardar a sua mochila. Feito isso, eles entraram e seguiram rumo ao litoral.

- Nossa intenção – disse Diego na frente do carro junto à Miguel – Era passar o fim de semana na casa de campo, mas o tempo está tão gostoso para ficar na praia que mudamos de idéia.

Wesley sorriu no banco traseiro. Miguel dirigia com atenção. Aquela manhã ele estava mais calado do que de costume.

Depois de três horas de viagem, eles desceram no estacionamento do apartamento. Cada um pegou a sua bagagem e eles subiram no segundo andar, onde se localizava a moradia.

Instalaram-se. Wesley ficaria em um quarto exclusivo. Os irmãos dividiriam o quarto principal. O apartamento era bem simples, dois quartos, sala, cozinha, banheiro e lavanderia. Não tinha luxo, mas era devidamente organizado e até bonito.

Eles almoçaram. Miguel preparou o almoço. Macarrão ao alho e óleo. Além de bonito, gostoso, cheiroso e charmoso, o rapaz ainda sabia cozinhar? Wesley ficou ainda mais encantado pelo patrão.

Após o almoço eles decidiram ir para a praia. Estava um dia muito quente e ensolarado. Os irmãos foram para o quarto deles e Wesley para o seu. Ele colocou uma sunga vermelha, uma bermuda azul e uma regata branca, pegou um boné e óculos de sol e também um protetor solar e foi esperar os irmãos na sala.

Ele não sabia qual dos dois estava mais bonito. Ambos com o mesmo estilo de cabelo arrepiado, Miguel estava com uma camiseta azul e bermuda preta, Diego trajava uma bermuda cinza claro e uma regata preta. Os dois tinham o corpo musculoso, braços fortes, pernas grossas e peitoral definido. Um sonho para qualquer gay.

Eu ainda não posso acreditar que vou ter que me submeter a essa humilhação – dizia Bárbara – De ser uma simples secretária...

- Você que aceitou... – falou Rafael – Pensa que esse é o começo de sua vingança!

- É isso que me mantém animada, esse é o começo do retorno dos Diniz ao poder. Ainda vai chegar o dia que eu vou ser presidenta daquela espelunca, só para ter o gostinho que meu pai nunca conseguiu ter...

- É assim que tem que pensar – animou-a Alícia – Pensa que você vai começar de baixo, mas que um dia você vai alcançar o cargo máximo, e vai poder fazer o que o seu pai não conseguiu.

Bárbara deu um mergulho na piscina. A loira estava feliz, mesmo frustrada com o cargo que ganhara de seu primo Miguel.

...

O sol estava forte. Eles procuraram um lugar na areia em que não tivessem muita gente, ficando assim, meio afastados do mar. Eles abriram as cadeiras e os guarda-sóis, mas não quiseram ficar sob a sombra.

Diego tratou de tirar sua regata, fazendo com que Wesley mudasse a direção de seus olhos, o rapaz não podia se sentir atraído por nenhum dos dois irmãos. Miguel não ficou atrás e também tirou a camiseta, deixando Wesley sem jeito.

- Vou ir pro mar – disse Diego pegando sua prancha que estava na areia – Preciso pegar uma onda, e hoje o mar está perfeito.

- Vai que daqui a pouco eu vou – falou Miguel deitando-se na cadeira – Cuidado para não ser comido por um tubarão.

Diego sorriu e saiu correndo para o mar, fazendo com que Wesley olhasse de esguelha para seu corpo escultural.

Não agüentando o calor, ele tirou a camiseta e começou a passar protetor solar pelo peitoral. Miguel levantou o óculos e olhou para o rapaz.

- Passa nas minhas costas? – perguntou franzindo a testa.

- Passo sim – disse ele.

Miguel sentou-se na areia, de costas para Wesley. O rapaz pegou uma boa quantidade de protetor e começou a passar nas costas do amigo.

Ele pôde sentir pela primeira vez, a textura da pele de Miguel. Pele lisa, mas musculatura rígida. Ele começou a descer as mãos devagar, acariciando as costas de Miguel. Quando chegou próximo à cintura do rapaz, ele subiu as mãos rapidamente e disse:

- Pronto.

- Obrigado – disse Miguel pegando o protetor e passando no peitoral e braços – Adoro esse sol.

- Eu não sou muito fã, mas preciso pegar uma cor.

- Precisa mesmo Wesley, vai ser branquelo assim lá longe meu – disse rindo.

Wesley riu. Ele se deitou na cadeira e ficou debaixo do sol para se bronzear. Depois de certo tempo, Diego voltou do marO que você acha da gente marcar a data do casamento? – perguntou Henrique – Com esse emprego novo nós vamos ter como arcar com todas as despesas. E você também já trabalha...

- Você está falando sério? – perguntou Camila.

- Nunca falei tão sério em toda a minha vida.

Camila abraçou o noivo e abriu um sorriso de orelha a orelha.

- Eu te amo! – exclamou no ouvido do amado.

Diego estava somente de sunga. Miguel passava protetor solar nas costas do irmão, enquanto o mesmo olhava para as moças que passavam.

Wesley ficou olhando para o volume na sunga de Diego, como ele estava de óculos escuros, eles não iriam perceber a direção de seus olhos. Era um volume razoavelmente grande, ele ficou imaginando quanto centímetros ele teria.

- Vamos pro mar Wesley? – perguntou Miguel.

- Você vai surfar?

- Não. Não gosto de surfar à tarde, só pela manhã.

- Então vamos – disse ele se levantando.

Ambos tiraram as bermudas e ficaram de sunga. Wesley jogou a bermuda e os óculos em cima da cadeira, tirou o chinelo e arrumou a sunga para que nada indevido aparecesse.

Quando finalmente olhou para Miguel, notou que o rapaz utilizava uma sunga branca, o que deixou ele visivelmente abalado.

- Vamos? – perguntou Miguel colocando as mãos na cintura.

- Sim – disse ele desviando o olhar do volume do chefe.

Eles foram andando sem pressa até o mar. Enquanto caminhavam, dispertaram uma série de olhares femininos, e também masculinos.

- Isso daqui está muito bom – disse Miguel sorrindo ao ver uma morena olhando para ele – Você não acha?

- Acho, ô se acho! – disse Wesley lançando um discreto olhar em direção a bunda do loiroMãe, pai – disse Camila ao chegar em casa – Tenho uma novidade...

- Qual? – perguntou Júlio curioso.

- Henrique e eu já marcamos a data do nosso casamento! – exclamou esbanjando um sorriso nos lábios.

- Nossa sério minha filha? – perguntou Neuza.

- Sim mãe, nós marcamos para daqui três meses. Dia dezessete de outubro às sete da noite na igreja da matriz.

- Nossa, mas vocês estão mesmo com pressa hein? – questionou Júlio – Primeiro o noivado, agora casamento praticamente às pressas...

- Não é as pressas pai. Temos que aproveitar enquanto o Henrique está com condições, afinal com esse novo emprego dele ele está ganhando muito bem, não temos porque esperar...

- E casa? E móveis? – perguntou o pai da moça.

- A casa nós já temos e os móveis também. O senhor esqueceu que ele mora sozinho?

Júlio não disse mais nada, Neuza, feliz com a novidade da filha, foi para o quarto da jovem para elas poderem conversar melhor.

...

Wesley estava na água, se refrescando enquanto Miguel afundava e submergia vezes seguidas.

- Estava precisando disso – falou ele em uma das vezes que voltou a superfície.

Wesley estava muito calado, ele estava se segurando para não ficar excitado. Ter Diego e Miguel ao lado praticamente pelados e não poder fazer nada não era muito fácil, ele tinha que se segurar para não fazer nada de errado, além do que ele era comprometido e não podia trair o namorado.

Eles voltaram para a companhia de Diego, que estava deitado de costas na areia e parecia dormir. O irmão foi para cima dele e começou a enterrá-lo, fazendo com que ele ficasse preso.

- Ah, me solta Miguel – falou ele rindo – Agora não né!

Miguel riu e começou a desenterrá-lo, eles sentaram-se e ficaram olhando o movimento. Wesley deitou em sua cadeira e voltou a passar protetor.

- O que você tem Wesley? – perguntou Diego com a testa franzida.

- Nada, só estou sonolento...

- Mas tá tão cedo pra ficar com sono! – exclamou Diego.

- É por causa do calor, eu não me sinto muito bem.

- Ah ta, se quiser a gente volta pro apartamento – completou Diego.

- Ah, claro que não. Mesmo não me sentindo bem eu não vou perder essa praia por nada, preciso me bronzear.

Diego sorriu.

- Vou comprar um sorvete – disse Miguel – Querem?

- Não – responderam os dois ao mesmo tempo.

Ele saiu. Wesley, já de óculos de sol, ficou olhando para a bunda de Miguel. Estava sendo realmente difícil não cair em tentação, mas ele precisava ficar calmo.

Allan sentiu a falta do namorado, mas decidiu não ligar para não atrapalhar o divertimento dele. Será que ele tinha feito uma sábia escolha em permitir que Wesley fosse à praia com os irmãos?

...

Rapidamente começou a anoitecer. Eles ainda estavam no mesmo lugar, nenhum dos três quis entrar na água pelo restante da tarde. O sol começou a se pôr no horizonte, escondendo-se atrás do mar. Uma cena típica de filme de romance cinematográfico.

- Que lindo! – exclamou Wesley tirando os óculos para poder ver melhor.

Diego e Miguel se apoiaram no cotovelo e olharam o que acontecia. Eles ficaram admirando o sol ir embora até o último vestígio de luz.

- Vamos voltar pro apartamento? – sugeriu Miguel sentando-se na areia da praia.

- Por mim tudo bem – disse Diego – E você Wesley, o que acha?

- Vamos sim. Já acabou o sol mesmo...

Eles se levantaram e pegaram os seus pertences. Wesley olhou de esguelha para o volume na sunga de Diego e teve a impressão que esse estava maior que antes. Seria uma excitação?

Deixou o fato de lado para não ficar abalado emocionalmente. Colocou sua bermuda, amarrou a camiseta no cós da mesma e saiu na frente dos amigos.

- Ei apressadinho – disse Miguel indo atrás dele – Espera aí criatura – falou puxando ele pela bermuda.

Wesley parou e olhou para o amigo. Miguel sorria. Ele sorriu também e disse:

- Não quer ir embora?

- Quero, mas espera pra gente ir junto né? Diego tá comprando sorvete.

- Ah tá – disse Wesley fixando os pés na areia maciça – Então eu espero.

- O que você tem hoje? – perguntou Miguel – Parece tão... Longe!

- Pensando na vida – falou Wesley contemplando aquele par de olhos verdes.

- Em que exatamente? Isso é, se eu puder saber...

- Nos meus pais – disse Wesley – Eu e meu irmão vamos morar sozinhos e a minha irmã vai casar... Não sei se eles vão se adaptar sem a nossa presença.

- Entendo – falou Miguel – Mas não deve ficar se preocupando. Você já está na idade de morar sozinho mesmo, de ter a sua própria vida e de ser independente.

- É, nisso eu concordo – falou – Mas, o que me preocupa é meus pais não se acostumarem sem a nossa presença.

- Eles vão se acostumar. E vocês podem morar perto, fazerem visitas constantes. Não precisa sumir de casa, basta sair.

- É, nisso você tem razão. Bom, deixa isso pra lá.

- Eu não quero ver você com essa cara está me ouvindo bem? – perguntou Miguel – Pára com isso e se diverte, você veio para a praia para ficar pensando nos seus pais? Deixa isso de lado, pelo menos neste final de semana.

Wesley sorriu.

- Você é demais mesmo Miguel – disse olhando nos olhos do amigo – Só você para me tirar de meus pensamentos e me fazer esquecê-los.

- Fico feliz em ser útil – disse ele esbanjando um sorriso.

- Vamos? – perguntou Diego que estava ouvindo a conversa desde o principio – Querem picolé de côco?

- Não – disse Wesley – Valeu.

- Eu quero uma chupadinha – disse Miguel pegando o sorvete do irmão – De côco é bom – completou chupando o picolé.

Os pensamentos de Wesley trabalharam a todo vapor. “Eu quero uma chupadinha...”. Ele imaginou chupando Miguel, o gato deitado na cama com as pernas abertas e ele fazendo sexo oral no chefe...

- Wesley? – perguntou Miguel – WESLEY!

- Oi, oi – disse ele.

- Você está no mundo da lua mesmo hein?

- Que nada, só meus pensamentos que foram no fim do mundo e voltaram... Mas nada que mereça destaque – completou rindo.

- Sei – falou Miguel começando a andar – Você que não tome jeito rapaz, vai ficar em casa amanhã se não ficar animado!

Wesley riu e eles começaram a andar pro apartamento.

...

Patrícia ligou para Wesley, mas o celular do rapaz só chamava.

- Onde será que ele está? – questionou ela ao namorado.

- Deve ter saído com alguém – supôs Eduardo pensativo.

- Mas ele sempre atende o celular... Vou ligar na casa dele.

- Faça isso – disse Eduardo ainda pensativo.

- Alô? Dona Neuza?

- Isso, quem é? – perguntou Neuza curiosa.

- Patrícia, lembra de mim? A amiga do Wesley...

- Oi, minha filha, claro que eu lembro! Como vai você?

- Muito bem e a senhora?

- Vou levando a vida né minha filha?

- O Wesley está? – questionou Paty.

- Não, ele foi viajar minha filha, só volta amanhã de noite.

- Viajar? Pra onde? – perguntou olhando para Eduardo.

- Ele foi pro litoral com os patrões...

- Ah é? Ah, que legal...

- Sim...

- Então tá, amanhã ou segunda eu ligo pra ele. Brigada dona Neuza.

- De nada minha querida.

- Ele foi para a praia! – explicou Paty à Eduardo.

- Praia? Com quem? – quis saber curioso.

- Com os chefes, segundo dona Neuza.

- Ah... – disse Eduardo sorrindo – Que bom pra ele...

- Por que esse sorrisinho hein? Posso saber? – perguntou dando um selinho no namorado.

- Nada não. Fiquei feliz por ele só isso.

- Quem não te conhece que te compreChegaram ao apartamento e colocaram as coisas da praia na lavanderia. Diego ficou com a sunga e jogou as outras peças de roupa no tanque, Miguel seguiu os passos do irmão, mas Wesley ficou vestido.

- O que vamos comer? – perguntou Miguel.

- Você vai cozinhar? – interrogou Wesley.

- Não estou muito afim não – disse Miguel – Você cozinha?

- Não muito bem, mas me viro... E o Diego?

- Não sabe nem ferver leite...

- Vocês dois não sabem viver sem eu né? – interveio Diego aparecendo da cozinha – O que falam da minha pessoa?

- Que você não sabe nem ferver leite – riu-se Miguel.

- Obrigado pela parte que me toca – disse Diego olhando para Miguel com olhos de incredulidade.

- Mas eu estou mentindo? – riu Miguel.

- É – disse Diego – Não, mas não tem que ficar espalhando né!

Wesley riu.

- Vamos pedir pizza – disse Miguel – É rápido, saboroso e mata a fome.

Todos concordaram. Miguel ligou para uma pizzaria e pediu duas pizzas, uma de mussarela e a outra portuguesa.

Enquanto a comida não chegava, Diego adiantou-se para tomar uma ducha refrescante. Miguel sentou-se no sofá da sala e pôs-se a assistir o telejornal noturno. Wesley foi para o quarto e deitou-se em sua cama, pegou-se pensando nos dois irmãos, eles estavam mexendo demasiado com seus pensamentos e com seu emotivo.

De repente ficou excitado. Tentado dispersar seus pensamentos, Wesley decidiu mandar uma mensagem pro namorado, e deixar de uma vez por todas os fantasmas de Miguel e Diego saírem de sua cabeça.

Quando pegou o aparelho notou algumas chamadas não atendidas.

- Paty? – questionou-se – O que ela quer?

Pensou em ligar para a amiga, mas desconsiderou a possibilidade, uma vez que ele iria pagar interurbano e ele não tinha tantos créditos assim. Mandou uma mensagem para Eduardo contando onde ele estava e as circunstâncias e, quando começou a digitar o texto do torpedo que iria enviar para Allan, Diego entrou no quarto:

- Hei o que fazes aí sozinho?

- Mandando um torpedo – disse ele com a voz calma, decidindo o que iria escrever a seguir.

- Ah... A pizza chegou, vamos comer!

- Hum?

- A pizza... – disse Diego se aproximando. Ele tirou o celular da mão de Wesley – Acorda cara!

Wesley olhou para o amigo que sorria.

- O que você disse? – perguntou ele tentando recuperar o telefone das mãos de Diego.

- A pizza chegou, aliás, as pizzas né! Vamos comer e depois você fala com seu namorado!

- E como é que você sabe que eu vou mandar mensagem para ele? – perguntou Wesley com desdém – Você nem ao menos leu a mensagem!

- Não preciso ler, a sua cara de pamonha apaixonado diz tudo.

Wesley ficou muito vermelho, mas discordou das palavras do amigo, ele não estava apaixonado por Allan.

- Mas aí é que você se engana, eu não estou apaixonado pelo Allan!

- Sei, seu rosto diz justamente o contrário!

- Eu posso estar com feições de quem está amando, mas com certeza não é ele!

- Não? – interessou-se Diego, sentando-se na cama ao lado de Wesley – E por quem é então?

- Não sei – mentiu Wesley – Mas, me devolve o celular e vamos comer...

- Só depois que você falar de quem você está gostando.

Wesley não podia dizer que era do próprio Diego que ele gostava. Ou talvez de seu irmão Miguel.

- Ah, mas eu não sei ainda. E não posso te contar. E me dá o celular – disse pegando o aparelho de Diego.

- Ah, me conta! – exclamou sorrindo, eu guardo segredo...

- Mas acontece, que eu não sei de quem eu gosto de verdade! É uma incógnita que está em minha cabeça e que parece não ter solução, pelo menos por hora!

Diego ficou calado por alguns segundos, ele parecia tentar decifrar o enigma que Wesley tinha nos olhos.

- Vocês não vão comer não? As pizzas vão esfriar – disse Miguel adentrando no quarto.

- Já vamos – disse Diego.

Wesley se levantou e guardou o celular na mochila, pegou uma muda de roupa limpa e foi ao banheiro para tomar banho e se livrar do sal e da areia que ainda insistiam em ficar em seu corpo.

- Não demora no banho, a gente vai sair – disse Miguel.

- É? Para onde?

- Uma feirinha que tem aqui perto, é muito legal. E também vamos andar na beira do mar porque a noite está linda!

- Então está bem né! – disse Wesley sorrindo.

Ele foi para o banheiro e começou a tomar banho.

- O que vocês estavam conversando? – perguntou Miguel parecendo interessado.

- Nada, nada demais. Assunto bobo – informou o irmão mais novo.

- Então por que você estava olhando para ele daquela maneira?

- Que maneira?

- Ah sei lá, como se estivesse apaixonado...

- Você bebeu? – interferiu Diego – Só queria saber uma coisa. Eu não estou apaixonado pelo Wesley!

Miguel ficou olhando para o irmão com uma ruga de expressão na testa. Será que Diego estava começando a se interessar por Wesley? Ou era só uma impressão que ele estava tendo?

- O que você pretende fazer agora? – questionou Rafael – Ainda está com essa obsessão para matar seu tio?

- Com toda a certeza Rafinha, meu querido – falou Bárbara com um tom ligeiramente sombrio – Meu pai morreu de tristeza por meu querido tio idiota ter praticamente expulso ele da presidência da Multifox...

- Babí, até agora tem uma coisa que eu não entendi – disse Alicia – Me explica como foi que seu pai saiu de lá.

- Tudo aconteceu quando eu ainda era criança – começou Bárbara – Eu, meu pai e minha mãe éramos muito felizes e tínhamos uma boa estrutura e renda para nos mantermos, tudo isso graças ao excelente trabalho de meu pai como presidente naquela empresa que ele idealizou, juntamente com meu tio Maurício.

Ela fez uma pausa e suspirou profundamente.

- Depois de alguns anos trabalhando juntos, meu tio Maurício começou a ter idéias realmente boas para incrementar na empresa, e os acionistas começaram a querê-lo na presidência. Mas meu pai não queria que isso acontecesse.

“Ele lutou com unhas e dentes para que conseguisse ficar na presidência, mas meu tio, ganhando força junto aos outros sócios, gerentes e acionistas ganhou muita força, e meu pai foi enfraquecendo. Em uma votação que foi imposta pelo meu tio, ele conseguiu a presidência e 51% das ações, sendo praticamente dono de tudo.”

Alicia olhou para a prima que mantinha um olhar deprimido, Rafael não falou nem fez nada.

- Então, sem a presidência, meu pai teve que aceitar um trabalho como gerente de algum núcleo que eles mantinham na época, mas não era isso que ele desejava. Com o passar dos anos, oito para ser exato, meu pai caiu em uma profunda depressão. Conforme foram-se passando os dias, os meses ele foi ficando pior e pior até que um dia ele faleceu. De tristeza.

Uma lágrima escorreu do olho esquerdo de Bárbara.

- Minha mãe, viúva e com uma filha ainda adolescente para criar, teve que começar a trabalhar para incorporar a nossa renda. Ela pediu auxílio ao tio Maurício para ela poder trabalhar na Multifox, ele não negou ajuda. Deu a ela o emprego, mas depois de dois anos, ela foi morta demitida pelo gerente do lugar onde ela trabalhava.

“As coisas não estavam boas aqui em casa. A aposentadoria que ela recebia do meu pai era boa, mas como estávamos acostumadas no luxo e requinto, aquilo não era suficiente. Em um certo dia, ela saiu de casa para ir falar com meu tio, desesperada para encontrar novamente um emprego. Antes mesmo de chegar na Multifox, ela foi atropelada por um carro. Ficou uma semana na UTI, mas não resistiu e morreu.”

Alicia estava começando a entender a obsessão que Bárbara tinha pela morte do tio, então era vingança!

- Eu fiquei sozinha – continuou Bárbara – Por sorte tenho o dinheiro que meu pai me deixou, que é com o que eu consigo sobreviver, por que se não fosse esse dinheiro, eu estaria na rua da amargura agora.

- Agora eu entendo o que você passou prima – disse Alicia – Eu me lembro quando o tio Afonso morreu, foi um sofrimento imenso para você e a tia Matilde.

- Sim Alicia, um sofrimento sem igual. A ferida ainda está aberta, e a sede de vingança é o que me mantém viva.

- Conta comigo – disse Alicia – Pro que der e vier eu estou ao seu lado.

- Obrigada Alicia, vou precisar de toda a ajuda possível para colocar fim de uma vez por todas na vida do meu querido, idolatrado e amado titio Mauricio!

- Será que você vai conseguir o que deseja? – perguntou Rafael em tom ameaçador.

- Sim – disse Bárbara decidida – Eu vou matar meu tio Mauricio, ou eu não me chamo Bárbara Victoria Diniz Castelli!

...

A pizza de mussarela, a preferida de Wesley, estava muito saborosa. Eles comiam enquanto assistiam a um programa de entretenimento na televisão.

- Eu estou satisfeito – disse Miguel após o terceiro pedaço de pizza.

- Eu também – disse Wesley que tinha comido três pedaços também.

- Eu ainda não – disse Diego colocando o quarto pedaço no prato.

- Você é magro de ruim garoto – disse Miguel batendo na barriga.

Wesley riu.

- Não ligo – disse Diego cortando a pizza.

Wesley olhou para a televisão. Ele pegou o controle e mudou de canal, parando por um segundo para ver o telejornal de outra emissora.

Eles falavam de uma epidemia de febre amarela que estava atacando o bairro onde ele morava. Todos pararam para ver o que o repórter dizia.

- Nossa, tome cuidado Wesley – sugeriu Miguel – Febre amarela não é brinquedo.

- Que estranho – disse Wesley – Nunca vi nenhum foco de febre amarela pelas redondezas... Isso é estranho vocês não acham?

- Nenhum lugar fica livre de uma epidemia meu querido – disse Miguel – A vida é assim.

Diego terminou a refeição e ingeriu um copo de refrigerante e por fim, relaxou com os braços e as pernas abertas sobre o sofá.

- Vamos levanta seu preguiçoso – disse Miguel puxando o irmão pela mão – A gente vai sair, esqueceu?

- Não, mas eu estou com uma preguiça... – disse Diego sorrindo.

- Vai logo preguiçoso – Miguel puxou as duas mãos do irmão que foi levantado contra a sua vontade.

Ele amarrou a cara para Miguel, que deu alguns tapinhas amigáveis na bunda de Diego.

- Pára de ser chato hein Di! – exclamou Miguel – A noite está maravilhosa, você não vai querer ficar preso nesse apartamento vai?

- Não, só queria descansar as pernas um pouquinho – disse fazendo bico.

Miguel apertou as bochechas do irmão.

- Sem choro nem vela – disse ele – Vamos Wesley?

- É pra já! – disse Wesley levantando-se – Só me esperem um segundo...

Ele adiantou-se até seu quarto e pegou o frasco de perfume, que estava quase no final. Passou uma quantia considerável pelo corpo todo, olhou-se no espelho para ver se a aparência estava ideal, penteou os cabelos deixando-os arrepiados como de costume e por fim, saiu.

- Nossa – disse Diego – Está bonitão hein! – riu-se.

- Obrigado – disse Wesley rindo também.

- E cheiroso – completou Miguel.

- Nada melhor que um pouco de perfume! – exclamou satisfeito em ver que Miguel tinha notado seu perfume.

- Vamos povo? – perguntou Miguel – Não agüento ficar nesse apartamento nem mais um minuto.

- Espera – disse Diego – Preciso escovar os dentes. E vocês deveriam fazer o mesmo.

- É verdade – disse Wesley – Esqueci esse pequeno detalhe.

- Ai vocês dois viu – falou Miguel seguindo para o banheiro.

Os três entraram ao mesmo tempo e sem cerimônia. Wesley ficou nervoso em dividir o mesmo espaço com os dois irmãos. E se ele não agüentasse e fizesse algo indevido?

- Pronto – disse Diego sorrindo para analisar os dentes – Agora estou pronto. Vamos?

Miguel e Wesley fizeram que sim com a cabeça, enquanto um de cada vez enxaguava a boca e sorria para ver os dentes.

Diego saiu do banheiro e em seguida saiu Miguel, voltando logo depois.

- Esqueci de fazer xixi – disse ele levantando a tampa do vaso sanitário.

O coração de Wesley disparou. Miguel abriu o velcro da bermuda de tactel preta e abaixou-a ligeiramente. Wesley não teve coragem de olhar. Ele secou os lábios com uma toalha de rosto próximo ao espelho e em seguida disse:

- Eu vou esperar você lá no hall com o Diego.

- Está bem – disse Miguel olhando para baixo.

O barulho da urina dele caindo na água deixou Wesley muito excitado. Ele saiu apressado do banheiro e foi juntar-se a Diego.

- Que foi? – perguntou Diego curioso – Parece que você viu um fantasma, está mais branco que um papel!

- Não foi nada, é o calor que me deixa assim...,

Chegaram na famoza feirinha de artesanato. Wesley separou-se dos dois irmãos e vasculhou as barracas em busca de uma pulseira e de conchas do mar para levar como lembranças e dar aos seus amigos.

Não demorou e logo encontrou o que encontrava. Ele escolheu uma pulseira feita de silicone e comprou cinco conchas.

Após o feito, saiu em busca de um vestígio de Miguel ou de Diego. Encontrou Miguel rapidamente, ele também realizava compras, mas onde estaria Diego?

- Cadê o Diego? – perguntou ele curioso à Miguel.

- Está logo ali – apontou Miguel com a cabeça.

Wesley olhou e não pôde deixar de não se sentir enciumado. Diego estava atracado nos braços de uma mulher. A moça era loira, a pele era bronzeada, os seios eram fartos e a cintura era de pilão. Wesley fez uma cara de desprezo e baixou os olhos.

- O que você acha dessa corrente? – perguntou Miguel.

Wesley estava pensando em Diego. Ele estava nos braços de uma mulher, como ele podia fazer isso na frente de Wesley?

- Wesley? – perguntou Miguel – Wesley, eu estou falando com você!

- Hum? Ah, é bonito, é bonito o colar...

- Onde é que você está com a cabeça? Ainda está pensando naquele assunto?

- Ai que nada Mig, eu só estou pensando para quem falta comprar lembrancinhas...

- Vou fingir que eu acredito e você finge que contou a verdade.

- Mas é a verdade Mig – insistiu Wesley – É que são muitos amigos, e eu não quero esquecer de ninguém.

Miguel fez uma cara de quem não acreditava, mas acabou encerrando o assunto. Por volta das onze horas eles saíram da feira, Wesley comprou uma lembrança para cada amigo e também para seus irmãos e seus pais.

Estavam ele e Miguel à frente de Diego e da misteriosa loira com quem ele estava ficando. Os quatro caminhavam na beira do mar, com os chinelos na mão para a maré não levar. A água batia no meio da perna deles.

- Adoro vir à praia nesse horário – disse Wesley – É tão bonito...

- É, a praia daqui é muito rica em beleza. A natureza é excepcional.

Eles podiam ouvir os beijos que o casal dava, Wesley ficava cada vez com mais raiva de Diego.

- Esse barulho de beijo me irrita – disse Miguel com a voz alta para que Diego ouvisse – Ainda mais quando não tenho uma companhia... – completou baixando o tom, de modo que só Wesley ouviu.

- Ah, mas você pode ter companhia a hora que você quiser...

- Não.

- Por que não? Tem namorada? – perguntou Wesley se contorcendo de curiosidade.

- Tenho sim – disse Miguel – Mas eu nem chamei ela pra vir com a gente.

- Hum entendi – falou Wesley com os nervos a flor da pele.

Ele soltou um longo e profundo suspiro.

- Por que esse suspiro tão profundo? Saudades de alguém?

- Não, nem estou não.

- Hum sim – falou Miguel – Posso te fazer uma pergunta?

Wesley já sabia o que Miguel ia perguntar, mas mesmo sabendo não interferiu para que o amigo não se sentisse constrangido.

- Claro – disse olhando para o céu.

- Você namora?

- Uhum.

- Que legal! – disse Miguel com satisfação – Qual o nome dela?

Wesley pensou por uma fração de segundos se deveria ou não falar a verdade. E se Diego tivesse contado para ele que ele era namorado de um homem?

- É Allan – disse por fim.

Miguel ficou calado por um segundo.

- Você não parece ser gay Wesley – disse ele por fim com um tom leve.

- Quase ninguém sabe – disse Wesley envergonhado – Espero que nossa relação não mude em nada...

- Claro que não vai mudar – disse Miguel – Eu não tenho preconceito!

- Isso é muito bom. Eu não podia esperar menos de você.

Miguel ficou calado por algum tempo.

- Vocês namoram a quanto tempo?

- Pouco mais de um mês – informou Wesley mais aliviado – E você?

- Sabe que eu não sei ao certo... Mas é quase um ano já!

- Então é longo já.

- É sim. Mas para mim não faz diferença. Nós estamos muito longe ultimamente, não sei se vai durar por muito tempo.

- Sei como é. Mas se você gosta dela, você tem que lutar para que o amor de vocês não acabe de uma hora para outra.

- Mas esse é o problema. Eu não gosto dela. Não que eu odeie ela, mas também não a amo.

- Então por que você está com ela? Só para iludi-la?

- Isso é o que eu me pergunto sempre. Eu gosto dela e tudo mais, mas não mais como mulher. Pelo menos não agora.

- Então deve ter outra mulher mexendo com você.

- Também não. Eu acho que estou numa fase que eu quero ficar mais sozinho comigo mesmo, com meus pensamentos... E uma mulher às vezes pode atrapalhar.

- Se você está bem consigo mesmo, então tem que terminar para não ficar iludindo a menina você não acha?

- Nisso você tem razão. Ah, sei lá. Às vezes eu me sinto tão confuso. Se eu penso em terminar eu começo a sentir falta dela. Quando eu estou com ela é muito bom!

- É complicado mesmo – disse Wesley.

Eles conversaram por um longo período, quando perceberam estavam longe do percurso que faziam para voltar para o apartamento.

Caminhando lentamente pela orla, eles voltaram para casa. Exausto pelo longo e agradável dia que eles tiveram juntos. Wesley estava muito pensativo depois que tiveram aquela conversa. Miguel também parecia pensativo. Diego era o único que estava elétrico.

- Vocês dois estão mais calados que um mudo – disse ele – O que aconteceu?

- Nada – responderam os dois.

- É sono – falou Miguel.

Wesley por sua vez não falou mais nada. O que iria acontecer agora que ele tinha certeza que Miguel sabia que ele era homossexual? Seria verdade que o amigo e chefe do rapaz não era preconceituoso? Ou ele só falou aquilo para deixar ele tranqüilo? As dúvidas não paravam de rondar os pensamentos de Wesley, mas as respostas ele só teria com o tempo.

- Senhora Marlene, telefone para a senhora – informou Manoella, uma das empregadas da mansão dos Castelli – É do hospital onde Marta está.

- Obrigada Manoella, já irei atender.

Marlene demorou cerca de cinco minutos para ir atender ao telefone, e voltou com um ar de satisfação que era notório.

- Marta saiu da UTI e já está no quarto. Já não corre risco de vida – informou aos presentes sentando-se novamente à mesa com a filha e o marido.

- Isso é muito bom – disse Joyce enquanto comia uma colher de doce de mamão – Podíamos ir fazer-lhe uma visita hoje a tarde, o que vocês acham?

- Uma boa idéia – falou Maurício passando geléia em sua torrada – Marta é nossa empregada a mais de vinte anos, devemos isso a ela.

...

Já estavam os três de pé e devidamente prontos para irem à praia. O dia estava ainda mais quente que o anterior, mas o sol não estava tão forte como era esperado por Diego.

Saíram sem pressa levando cada um sua cadeira de praia. Wesley, já mais tranqüilo depois da conversa da noite anterior com Miguel, estava ouvindo música com seu aparelho MP3, Miguel olhava o movimento das moças de biquíni pela calçada próximo à areia, e Diego, procurava alguém que não estava encontrando em nenhum lugar.

- Algum de vocês dois está vendo a Cíntia? – perguntou ele ainda procurando pela loira com quem tinha ficado na noite passada.

- Não – respondeu Miguel.

- E você Wesley? Está vendo a Cíntia?

Wesley não respondeu, mas desta vez pelo fato de estar ouvindo música com o volume alto.

Diego tirou o fone de ouvido da orelha do rapaz e novamente questionou:

- Você está vendo a Cíntia?

- Quem é essa criatura?

- A menina com quem eu estou ficando. Você a viu ontem à noite...

- Ah, é ela é? Não, não estou vendo ela não – disse procurando-a com os olhos e com ar de desdém.

Diego saiu a frente dos dois e entrou na areia, procurando pela moça. Miguel e Wesley foram procurar um lugar para se sentar, o mais próximo do mar possível.

Encontraram por fim, um local completamente livre, e antes que alguém chegasse, colocaram as cadeiras e uma moça veio com dois guarda-sóis, deixando-os ligeiramente cobertos pela sombra.

Diego veio ao encontro deles depois de certo tempo. Ele não tinha encontrado a moça, não estava com as feições felizes.

- Relaxa, logo-logo ela aparece – disse Miguel – Senta aí e curte esse mar divino.

Diego sentou-se ao lado de Wesley, deixando-o no meio de dois homens estranhamente lindos. Diego, assim como Miguel fez, despiu a bermuda, ficando somente de sunga, desta vez, amarela. Miguel trajava um modelo apertado, que marcava ainda mais o volume de seu pênis, àquele dia, de cor azul. Wesley por sua vez, tratou de colocar seu modelo mais provocante; uma sunga pequena, que marcava o contorno de sua bunda, e deixava o contorno de seu membro ainda mais volumoso, era de cor branca.

Os três curtiam o sol daquela manhã de domingo. Logo mais à noite eles teriam que voltar para a vida que levavam na cidade onde moravam, mas Wesley não quis pensar nisso, não naquele momento.

Com óculos de sol, ele intercalava o olhar entre o volume de Diego, ligeiramente avantajado, com o de Miguel, que ele tinha certeza que estava tendo uma ereção involuntária.

O fato foi comprovado quando Miguel decidiu deitar-se de bruços na areia, pedindo que Diego passasse protetor solar em suas costas.

Wesley agora admirava a sua bunda, que era redonda e ele tinha certeza que definida. A visão era perfeita, porém decidiu não olhar por muito tempo, senão ele ficaria excitado assim como Miguel.

Com o passar do tempo, Wesley sentiu as pernas, abdome e braços começarem a queimar, sendo assim, seguiu a idéia de Miguel e deitou-se de bruços sobre sua toalha, queimando as costas e as partes traseiras das pernas.

- Adoro me bronzear – disse Miguel vendo que o amigo estava ao lado dele.

- Percebe-se – falou Wesley rindo.

- O que você está ouvindo?

- Rock.

- Me dá um fone? – perguntou Miguel com ar de pidão.

- Claro – respondeu Wesley oferecendo um dos fones de ouvido ao chefe.

Miguel pegou-o e começou a ouvir a música com Wesley. Depois de mais de meia hora, eles mudaram de posição para queimar-se por igual.

Diego decidiu entrar no mar, o que fez sozinho porque nenhum dos outros dois quis acompanhá-lo. Miguel e Wesley se divertiam ouvindo música, até que foram interrompidos por uma presença feminina:

- Bom dia – disse uma morena se aproximando – Eu estou sem companhia... Posso me juntar a vocês?

Miguel entreabriu os lábios ao olhar o corpo da mulher.

- Claro que pode – respondeu ele por fim – O que uma deusa como você faz sozinha por aqui?

- Ah, minha amiga está ficando com um garoto – informou ela – E eu fiquei sem nenhuma companhia – terminou fazendo cara de triste.

- Agora você tem a mim gata – disse Miguel esbanjando um sorriso de orelha a orelha – E como se chama essa princesa?

- Sabrina – disse sorrindo.

- Muito prazer, sou o Miguel – disse o rapaz – E este é meu amigo Wesley.

Sabrina cumprimentou os dois e sentou-se ao lado de Miguel. Wesley fez cara de poucos amigos e pegou o fone de ouvido de Miguel de volta, voltando a deitar-se e a ouvir música.

Diego voltou do mar, Wesley, que já estava sentado na cadeira, longe de Miguel, pôde notar através dos óculos como Diego era bonito e despertava o interesse das mulheres, e também de alguns homens que ali estavam.

Enquanto veio até a cadeira, correndo, cinco mulheres olharam para ele, e dois homens viraram-se quando ele passou.

- O mar está uma delícia – disse ele à Wesley – Quem é ela? – perguntou olhando para Sabrina.

- Melhor você mesmo descobrir – disse ele com a cara fechada.

Diego foi até a morena e a cumprimentou, voltando logo em seguida para fazer companhia à Wesley.

Meu irmão não tem jeito mesmo – disse sentando-se e relaxando – Ele tem namorada e fica dando em cima das meninas...

- É, eu notei – disse Wesley – Se importa de voltar pro mar? Me deu vontade de mergulhar agora!

- Ah, claro que não. Vamos que ele tá muito gostoso.

Eles se levantaram, Wesley arrumou a sunga para que nada indevido pudesse aparecer e eles saíram. Ao entrar no mar, Wesley notou que um rapaz, ligeiramente bonito, estava olhando-o discaradamente. Ele não deu atenção ao fato, e foi para bem longe do rapaz.

Diego nadava distraidamente, quando uma onda mais forte do que o normal arrebatou-os de surpresa, fazendo com que ele perdesse a sunga.

- Wesley! Wesley! WESLEY – berrou ele para o amigo que estava mergulhando e submergindo.

- O que foi? – espantou-se Wesley com o grito do amigo.

Diego puxou o rapaz pelos ombros e disse em seu ouvido:

- Perdi minha sunga, vai lá à cadeira e pega a minha bermuda, por favor.

- Como você perdeu a sua sunga? – espantou-se Wesley mais uma vez.

- A onda, eu tinha acabado de mergulhar e começar a nadar, a onda foi tão forte que levou a minha sunga!

- Caramba hein – disse Wesley rindo – Eu já vou pegar o seu short, só deixa esse pessoal sair da minha frente – disse referindo-se a um grupo de turistas que brincava como crianças em uma festa de aniversário.

Diego mergulhou novamente, ficando sob a água por um longo período. Wesley pensou se deveria ou não mergulhar também para ver se o amigo estava bem, mas decidiu não fazê-lo, para não ficar constrangido em ver Diego pelado.

Passando-se mais um minuto, Diego apareceu às costas de Wesley, empurrando o amigo para debaixo d’água. Wesley, surpreso pelo que Diego fez, saiu de perto do amigo e foi até a praia para poder pegar a bermuda do rapaz, afinal ele não poderia ficar pelado em público.

- O que houve? – perguntou Miguel vendo que Wesley pegou a bermuda de Diego.

Wesley olhou para Miguel e não disse nada, para que Sabrina não ficasse sabendo. Ele fez um olhar de quem diz que depois explica e deu uma ligeira piscadela. Miguel sorriu e assentiu com a cabeça.

Ele saiu correndo, despertando o olhar de alguns homens e também mulheres, entrou no mar e saiu a procura de Diego.

Quando o encontrou, foi nadando até onde o amigo estava. Quando se aproximou, parou para não vê-lo pelado, ele não podia passar por aquela provação naquele momento.

- Aqui está – disse ele entregando a bermuda pro amigo – Vê se não perde ela também, senão vai ficar difícil né?

Diego sorriu em agradecimento.

- Vai ser meio difícil colocar isso, mais eu vou tentar – disse abaixando-se e ficando com a água pelo pescoço.

Wesley ficou observando a cena e não conseguiu segurar uma risada. Era engraçado ver o que Diego estava passando. A vontade dele era de afundar até ver o pênis do rapaz.

- Consegui! – exclamou Diego por fim – Finalmente. Ainda mais porque eu estou excitado – disse me tom baixo, de maneira que só Wesley ouviu.

Wesley mordeu os lábios de leve, e olhando para Diego disse:

- Você é tarado – riu-se.

- Tarado é você seu mané – falou Diego rindo e afundando Wesley debaixo d’água uma segunda vez.

Eles ficaram brincando por um longo período, Wesley vez ou outra, sentiu a excitação de Diego, que encostava o seu corpo no dele para afundá-lo. Sentindo isso, Wesley não conseguiu segurar uma ereção, ficando ligeiramente encabulado.

- Vamos indo? – perguntou Diego – Quero voltar pro apartamento para comer, estou com fome...

- Ah se você quiser pode ir na frente, eu não posso ir agora.

- E por que não?

- Porque estou impossibilitado, assim como você também estava, minutos atrás.

Diego riu alto e demorado.

- Bem feito pra você – disse ainda rindo – Ninguém mandou me chamar de tarado, agora paga pelas suas palavras, taradinho – completou.

Wesley fechou a cara, mas depois riu do que o amigo disse.

Eles ficaram brincando por mais alguns minutos, e

Eles ficaram brincando por mais alguns minutos, e depois, quando a excitação dos dois passou, eles voltaram para a areia junto de Miguel.

- Que demora – disse o irmão mais velho ao vê-los – Pensei que tinham morrido afogados.

- Que nada – disse Diego – A gente tava se divertindo.

Miguel, que já estava sozinho novamente, olhou para a bermuda do irmão e disse:

- Não acredito que você está sem sunga!

Diego e Wesley olharam para a bermuda que o rapaz trajava e perceberam o quanto ela marcava seu membro, era visível que ele estava sem sunga.

- Pois é, o mar arrancou de mim – informou ligeiramente constrangido.

Miguel riu e se levantou.

- Se não se importam, eu vou ir dar um mergulho.

- Não demora – disse Diego – Quero almoçar, estou faminto.

- Não vou demorar não me chamo Diego.

Ele saiu correndo, Wesley sentou-se na cadeira e ficou observando o movimento do local que a essa altura estava ficando lotado.

- Não acredito – disse Diego com a voz baixa – Que eu estou nessa situação... Que vergonha.

- Relaxa – disse Wesley – Poderia ser pior.

- Pior que isso? Impossível!

- Vai que você estivesse só de sunga e não tivesse essa bermuda.

- Vocês iam lá ao apartamento pegar uma para mim.

- Eu não ia não – disse Wesley rindo.

- Nossa quando você morrer você não vai para o céu – riu-se o amigo – Você é mal!

Wesley sorriu. Ele olhava um grupo de rapazes jogando futebol na beira do mar. Eles eram lindos. Corpos malhados e bronzeados, do jeito que o rapaz gostava.

Depois de algum tempo, Miguel voltou e eles decidiram voltar ao apartamento para almoçar. O dia estava se tornando mais quente do que o normal, e Wesley começou a sentir-se ligeiramente mal.

- Aqui está calor – disse Miguel ligando o ventilador de teto da sala – Assim não dá!

Wesley foi ao tanque da lavanderia e jogou um pouco de água em seu rosto, sentindo-se passageiramente entontecido.

- Você está bem? – perguntou Diego atrás do amigo.

- Sim – respondeu Wesley segurando no tanque – É so uma tonteira por causa do calor.

- Se estiver mal fala que a gente te leva no médico!

- Que médico que nada – disse Wesley olhando para o amigo – É só o calor que me deixa assim. Vou tomar um banho que passa.

Wesley saiu da lavanderia, deixando Diego sozinho, que tirou a bermuda e jogou-a no tanque e enrolou-se em uma toalha.

Miguel preparava o almoço, Diego foi se vestir e Wesley foi tomar banho gelado para passar o mal estar.

Em dez minutos estavam todos reunidos para o almoço, que desta vez era macarrão com lingüiça. Miguel sabia cozinhar muito bem. Será que ele teria feito algum curso de culinária?

Após o almoço, Wesley foi se deitar para poder relaxar um pouco, eles ainda iam voltar à praia antes de pegar a estrada para voltar para casa.

Ele não queria dormir, mas o sono começou a chegar aos poucos. Para a sua sorte, Miguel foi fazê-lo companhia, uma vez que Diego tinha adormecido e ele não queria ficar sozinho.

- Posso entrar? – perguntou em pé na porta do quarto.

- Claro – disse Wesley virando-se para o amigo.

- Não precisa se sentar, pode ficar deitado – disse Miguel sentando-se na cama – Se você quiser dormir eu saio...

- Não, dormir é o que eu menos quero nesse momento!

- Posso me deitar ao seu lado? – perguntou Miguel.

- Lógico que pode – disse Wesley – Sem cerimônia.

Miguel se deitou e ficou olhando para Wesley.

- Amanhã o dia vai ser longo na empresa – disse Miguel.

- Muito longo – disse Wesley pensando na primeira vez desde que chegou à praia que na segunda era seu aniversário.

- Mas a gente dá conta – sorriu Miguel – Que foi? Pensando em que desta vez?

- Nada, só me lembrei de algo que vai ter amanhã.

- O que? – quis saber Miguel.

- Nada de importante, deixa isso para lá.

- Não quer me contar?

- Não, não é isso. É que é realmente sem importância.

- Bom, se você diz...

Eles ficaram calados por alguns instantes. Miguel pensava no que iria acontecer no dia seguinte.

Wesley olhava no fundo dos olhos do rapaz, que olhar penetrante. Miguel pareceia ler a alma de Wesley através de seus olhos.

- O que foi? – perguntou Wesley.

- Nada não – disse Miguel – Só estou pensando.

- Ah, sei.

O celular de Wesley tocou. Era Allan. Ele resolveu não atender.

- Não vai atender?

- Não.

- Por quê? – perguntou Miguel curioso.

- Não estou afim de falar com ele agora.

- É seu namorado?

- Uhum – disse Wesley sem emoção.

- Mas, por que não quer falar com ele? Vocês brigaram?

- Não, simplesmente não estou com vontade de atender ele.

- Hum... Mas que coisa – riu-se Miguel – Wesley, eu posso perguntar uma coisa?

- Claro que pode.

- Você não sente nem nunca sentiu vontade de namorar ou ficar com uma mulher?

Wesley sorriu pela pergunta, mas logo respondeu:

- Claro que já. E eu já namorei com meninas quando eu era adolescente.

- Mas então, como você descobriu que é gay?

- Ah, sempre tive desejo por homens, quando tive oportunidade fiquei com um, aí agora eu não consigo parar mais – riu-se.

Miguel riu também.

- Qual é a sensação de beijar um homem?

- A mesma de beijar uma mulher, oras – respondeu Wesley.

- Mas não tem nenhuma diferença?

- O diferencial entre um homem e uma mulher, é que o homem faz as coisas muito melhor que as mulheres, com homem é mais intenso, é mais gostoso.

- Jura? Que esquisito.

- Esquisito por quê?

- Ah, não sei. É que eu não posso falar nada, eu nunca fiquei com homem né?

- Mas, tem vontade de ficar? – quis saber Wesley todo interessado.

- Até o prezado momento não, não sei daqui para a frente.

- Mas se você se interessar, você fica?

- Por que não? Mas não quero pensar nisso...

Wesley ficou com vontade de beijar Miguel. Ele aproximou o rosto do rosto do amigo, será que ele deveria beijá-lo?

(Continua...) EM BREVE

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Comentários

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Mto chato vc se envolver c o conto e o escritor, na reta final sumir sem dar qlqr satisfação. Perde a credibilidade!

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to chato vc se envolver c o conto e o escritor, na reta final sumir sem dar qlqr satisfação. Perde a credibilidade!

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Como um conto desse n tem continuação? Faz isso n cara! Bota mil !

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Meui esse conto so pode ser nota 10, mas o final ficou uma merda, cade as partes que esta faltando?

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Gostei!!Mto detalhado me vi diante de uma novela,tipo Manuel carlos!!D+ Parabéns cara essa hitória é mto boa!!Sensacional

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Muito show cara, vc tem talento! So estou morrendo de curiosidade para saber o fim da história... Espero resposta! Abrçs...

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Conto super envolvente, excitante, empolgante. Espero que ele fique com o Miguel e que a Barbara se de mal, estou no aguardo do final da historia.

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epa finalmente demorei 5 dias para acabar a 1 parte desta historia que dava muito bem para uma novela ou uma serie.

Em nome de portugal felicito-te pela boa dedicaçao.

Força ca espero a 2º parte mas nao demores pk eu estou curioso.

força ai irmao.

Esta historia leva nota 10

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Cara, muito boa essa história me envolveu muito ao ponto de deixar de lado o meu trabalho de ontem a tarde e hoje para saber o final, mas para minha surpresa está concluso, então deixo meus parabéns pra ti, e fico aguardando o desfecho dessa história. Me mantenha informado (paposerio2009@gmail.com)

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Cara, muito boa essa história me envolveu muito ao ponto de deixar de lado o meu trabalho de ontem a tarde e hoje para saber o final, mas para minha surpresa está concluso, então deixo meus parabéns pra ti, e fico aguardando o desfecho dessa história. Me mantenha informado (paposerio2009@gmail.com)

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conto maravilhoso, parabéns espero que wesley, fique com diogo e miguel nota 10

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cara maravilhoso estou torcendo para os tres ficarm juntos parabéns estou esperando o final

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