Meus desejos

Um conto erótico de Kou
Categoria: Homossexual
Contém 3709 palavras
Data: 04/01/2009 16:03:24
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

http://www.mp3tube.net/musics/Rascal-Flatts-My-Wish/Acima o link de My Wish do Rascal Flatts, sim My Wysh é a faixa 5 do cd, qd lerem entenderão. Espero que gostem, acho que ficou um pouco melosa ;x

“I hope that days come easy and moments pass slow,

And each road leads you where you want to go…”

Era estranho olhar o mar aquela noite, sempre adorou o oceano, o azul das águas batendo nas rochas, mas aquele dia o mar negro da noite parecia mais negro que qualquer outra coisa. O barulho das ondas, geralmente tão reconfortante, se assemelhava ao rugido de feras bravas, como se nada fosse realmente bom no mundo.

Yuu Shiroyama, ou apenas Aoi, como era chamado, sentia-se vazio e sozinho. Sempre acreditou na felicidade, mas ela parecia tão distante dele naquele momento. Seus cabelos negros e lisos, ligeiramente longos, caiam sobre seu rosto, emoldurando seus traços leves como se fosse um quadro, possuía um olhar melancólico enquanto o corpo se dobrava sobre a mureta de proteção que separavam os observadores que iam até o mirante de uma gigantesca queda precipício abaixo, até as rochas em que o mar batia.

Seu coração não estava realmente triste, apenas decepcionado, pois sentia que mais uma vez havia se enganado, mais um terrível engano em sua vida. Mais uma vez achou haver encontrado alguém para partilhar momentos alegres e tristes, mas novamente estava ali, observando o mar rugir, decepcionado consigo mesmo. Suspirou mais alto que o normal, sentindo como se possuísse um peso enorme nas costas.

Seu olhar se perdeu ao longe, vendo as nuvens negras que se concentravam no horizonte, iluminando-se pela luz de relâmpagos que se formavam ainda no alto, sem chegarem a descerem em terra, ou sobre as ondas do mar, que fosse.

Levou a mão ao bolso de trás de sua calça jeans batida, tirando de lá uma carteira de cigarros, retirando um e colocando-o preso entre os lábios deliciosamente cheios, mas no momento em que voltou sua atenção para os bolsos dianteiros, a procura de um isqueiro, viu uma chama se formar diante de seus olhos, segura por mãos brancas de dedos longos. Olhou curiosamente para o lado, encontrando alguém que nunca imaginara ver ali, sorrindo para ele, loiro e alto, mais alto que ele mesmo, vestindo um casaco grosso de couro sobre sua camisa branca que possuía o último botão aberto.

Os cabelos loiros e ligeiramente longos esvoaçavam ao ritmo do vento. Era impressionante o como aquele rapaz era belo, mesmo daquela forma, sem maquiagem ou qualquer roupa mais elaborada, apenas algo comum, tudo nele parecia ficar bem, principalmente aquele sorriso singelo e preocupado que possuía nos lábios, a forma como ria e seus olhos se fechavam minimamente, tudo adornava aquela beleza única.

Kouyou Takashima, ou apenas Uruha, recolheu o isqueiro ao notar que o cigarro já estava aceso, recostando-se naquela mureta, de costas para o mar, em um silencio absoluto. Estava ali, era o que importava, palavras não tinham sentido enquanto o mar rugia.

Aoi olhou-o por um curto espaço de tempo, seu amigo, aquele que tantas vezes o vira chorar por causa de uma decepção, agora o havia encontrado para lhe dar seu apoio mesmo sem que ele lhe fosse procurar. Aquele pensamento realmente confortava a mente do moreno enquanto a neve caia em sua mente. Uruha havia acendido um cigarro para si mesmo e fumava ali, ao seu lado, sem falar nada, sem nem mesmo lhe dirigir um olhar mais demorado, os óculos escuros colocados no topo da cabeça, permitindo que seu rosto fosse completamente visto, seu olhar parecia distante, mas apenas sua presença já era o bastante. Yuu voltou a mirar o horizonte, vendo o céu faiscar com relâmpagos que, uma hora ou outra, seriam descarregados em terra.

“I hope you choose the one that means the most to you…”

Sentiu finalmente que poderia desabar ali naquele lugar, pois tinha alguém para lhe amparar, mas estranhamente, pela primeira vez em tantas decepções ao longo daqueles últimos anos, não tinha vontade de chorar, apenas queria ver o céu cinza, estar ali e não pensar no passado, sentir-se acompanhado pela presença calmante de Uruha. Aoi abaixou a cabeça, sentindo que talvez aquilo fizesse algum sentido com a testa encostada aos antebraços que estavam apoiados sobre o concreto frio.

- Como me encontrou? – Sua voz saiu suave e baixa, antes mesmo que pudesse perceber que estava verbalizando seus pensamentos.

Mas o silêncio era reconfortante, principalmente quando acompanhado por uma respiração próxima, a forma como ele apenas tragava de seu cigarro mentolado e soltava a fumaça no ar, ele era sempre assim, sempre pensava no que falar, sempre, ao contrário do moreno que quase sempre falava sem pensar.

Uruha lançou o cigarro semi-consumido ao chão, pisando sobre a brasa e colocando as mãos nos bolsos, então falando quase ritmadamente:

- Você não tem mistério Yuu. É como um livro que eu já li, mas continuo a ler, me surpreendendo e me emocionando com cada fato conhecido, mesmo já tendo visto esta expressão de decepção tantas vezes, ainda me sinto mal todas elas Aoi. Por isso, por te conhecer, sabia que estaria aqui, o celular fora de área depois do que aconteceu... Sei que adora este mirante, mesmo em dias chuvosos e negros como este.

Aoi sorriu, ainda com a cabeça mergulhada em seus braços. Realmente, Uruha o conhecia mais do que qualquer um, às vezes mais que ele mesmo.

“...and if one door opens to another door closed,

I hope you keep on walkin' till you find the window”

Era estranha aquela sensação, mas era reconfortante ter alguém como Kouyou perto, sabia que sempre poderia contar com ele, que ele sempre lhe diria algo capaz de fazer a chuva cessar.

- Eu... – Aoi dizia, ainda fraco, talvez pensativo. – Eu achei que fosse dar certo desta vez... Acho que no fundo eu acredito demais, talvez a felicidade não exista realmente. – A decepção em sua voz era quase palpável. – Pelo menos não como pintam, acho que no fundo não exista pessoa certa.

Aoi tentava controlar seu coração, sua emotividade e decepção. Era sempre assim, sempre acabava desacreditando um pouco mais na felicidade que o amor poderia trazer, pois no fundo não sabia mais nem mesmo se acreditava no amor.

- Talvez exista e você apenas não tenha visto ainda Yuu. – O loiro tinha aquela mania, aquela intimidade para chamá-lo por seu nome e não pela alcunha comercial, apenas. – No fundo eu desejo que você encontre a felicidade Yuu, meu desejo é que a vida um dia te dê a felicidade que merece. – Ele falava calmamente, as palavras saiam com suavidade. – Um dia você vai encontrar a felicidade e eu estarei perto para rir com suas vitórias, com seus grandes sonhos realizados.

Era impressionante o efeito que ele tinha sobre o moreno, suas palavras eram sempre como um balsamo refrescante, calando a dor que cismava em gritar e queimar sua alma.

“if it's cold outside,

show the world the warmth of your smile”

- Você sempre fala isso, mas não sei se um dia isso vai ser possível... – A voz de Aoi era baixa e fraca, mas mesmo assim, tirando forças sabe-se lá de onde, talvez das palavras amigas de Uruha, ele ergueu o rosto, encarando o sorriso doce, mas enigmático de Kouyou. – Não sei se tenho mais fé, Kou... Acho que ela se foi.

Aoi se erguia, tentando ficar menos “deprimente” segundo a sua própria visão, afinal, estava prostrado. Uruha lhe olhava, sempre com aquele jeito, aquele olhar, ele o compreendia, Aoi podia jurar que, às vezes, via sofrimento no rosto do loiro, como se Uruha sofresse com ele. Aquele sorriso era ao mesmo tempo calmante e triste.

Com curiosidade, Aoi viu o Kouyou levar sua mão ao bolso, como se buscasse algo e então dizer:

- Melhor ir para casa Yuu, a chuva que vai cair será forte, as ruas se tornarão perigosas. Vá para casa e descanse, você precisa disso. – Ele sorria, colocando a mão livre no ombro do moreno, como um sinal, como se dissesse “estou aqui, conte comigo”, logo tirando um pacote do bolso, não muito grande, embrulhado em um saco dourado de presentes. O loiro colocou o embrulho na pequena, mas larga mureta, ao lado dos braços de Aoi. – Quando chegar em casa, abra...

Essas foram as ultimas palavras ditas pelo o loiro antes dele se virar, rumando em direção ao próprio carro, deixando o pequeno embrulho ali, sob o olhar curioso de Aoi.

Era estranho, mas parecia que Uruha tinha algo além para ele, aquele pedido: “Quando chegar em casa, abra”, o que significava? Pegou cuidadosamente o embrulho nas mãos, sentindo que era uma caixinha, de papelão talvez, a curiosidade começava a lhe corroer, mesmo que seu coração ainda estivesse pequeno.

Ouviu o mar rugir e viu o céu se iluminar novamente. Realmente, logo iria chover, Kouyou tinha razão, o melhor que tinha a fazer era ir para casa, pensar com calma, descansar. Segurou o embrulho firmemente nas mãos, caminhando até seu carro a passos lentos, seus pés se arrastando como se pesassem uma tonelada. Abriu a porta entrando, e colocou o embrulho sobre o banco, não podia esquecê-lo quando chegasse em seu apartamento. Olhou uma ultima vez para o horizonte tempestuoso, para só depois ligar o motor e rumar para casa.

“More than anything, more than anything,

My wish, for you, is that this life becomes all that you want it,

to your dreams stay big, and your worries stay small,

You never need to carry more then you can hold…”

As palavras de Uruha assombraram sua mente todo o caminho percorrido, tentava descobrir o que ele havia tentado lhe dizer, mas realmente não importava, ou pelo menos era assim que pensava.

As ruas de Tóquio estavam vazias, a noite corria lentamente e, aos poucos, grossas gotas de chuva começavam a cair sobre a cidade, regando as praças, molhando os caminhos, lavando as mágoas, talvez. Neste ritmo imposto pelo tilintar da chuva, logo seu carro entrou pelo estacionamento do prédio, Aoi sentia que talvez aquele dia sua vida começasse a mudar, ou talvez fosse só sua mente querendo lhe animar.

Tomou o embrulho nas mãos, logo rumando para o elevador e apertando o botão respectivo ao seu andar. Colocou a mão no bolso, puxando o molho de chaves e com o barulho do metal batendo no metal, abriu a porta de seu apartamento escuro, logo buscando o interruptor e iluminando a casa. A primeira coisa que fez foi retirar o grosso casaco Jeans e jogá-lo sobre a mesinha do telefone, caminhando até o sofá e se jogando no mesmo, tomou curiosamente o embrulho nas mãos desatando os laços e abrindo o saco de embrulho, retirando o seu conteúdo e encontrando uma caixa de presentes não muito grande ou alta. Não estava entendendo bem o que aquilo queria dizer, mas jogou o saco para o lado, logo retirando a tampa da caixa e encontrando em seu interior um CD sobre várias folhas de seda amassadas.

Com cuidado Aoi tomou o CD nas mãos deixando a caixa ao seu lado no sofá, notando que o disco não estava selado, abriu a caixinha encontrando em seu interior um bilhete em papel branco com a letra bela e bem desenhada de Uruha, que lhe dizia:

“Olá Yuu, deve estar curioso, não é mesmo? Eu imagino que sim, afinal, te conheço bem...

Sugiro que coloque este CD no aparelho e escute a música numero cinco, se quiser acompanhar pelo encarte, seu inglês é ótimo, vai aproveitar a canção. Depois que ouvir a música e entender a letra, retire todas as folhas amassadas da caixa de presentes, vai encontrar mais uma coisa minha para você.

Com carinho,

Uruha”

Definitivamente aquilo estava o confundindo, sentia a vontade de retirar aquelas folhas e ver o que mais havia lá para ele, mas se o loiro havia estabelecido uma ordem, talvez o que estivesse lá fizesse mais sentido depois de ouvir a música e talvez ler a letra.

Ergueu-se em um salto, colocando o CD no aparelho e colocando diretamente na musica de numero cinco, tirando o encarte e começando a ler a letra, acompanhado pela voz envolvente daquele cantor, pela musica reconfortante que tocava.

Conforme seus olhos avançavam pela poesia, conforme a canção se desenrolava, Aoi sentia seus olhos se inundarem, seu coração sendo preenchido por uma sensação gostosa, aquecida. Antes mesmo que pudesse notar estava de volta aquele sofá, sentindo as lágrimas saírem naturalmente de seus olhos, rolando por sua face branca. Era estranho, não estava triste, mas sentia um calor gostoso, seu choro era quase como uma libertação, o direito de chorar sabendo que alguém lhe desejava tão bem.

A música repetia enquanto o encarte era esquecido em um canto qualquer, o tempo não existia, precisava daquilo e sem saber quanto tempo havia chorado, acabou por dormir, talvez envolto no cansaço, talvez confortado pelas palavras que lhe eram dedicadas. Adormeceu no sofá, sentindo-se como se alguém o abraçasse.

“I hope you never look back, but ya never forget,

all the ones who love you, in the place you left,

I hope you always forgive, and you never regret,

and you help somebody every chance you get,

Oh, you find God's grace, in every mistake,

and you always give more then you take.”

Com o amanhecer de um novo dia, os raios do sol entravam sorrateiros pela janela, entrando de mansinho, até se tornar dia claro. Aos poucos o calor do dia limpo que sempre dominava aquela estação após uma chuva invadia a casa, fazendo com que Aoi sentisse o corpo relaxar, a mente lentamente voltar, lembrando-se que talvez fosse hora de acordar sem nem mesmo se recordar de haver dormido.

Seus olhos se abriram lentamente enquanto seus sentidos se acostumavam com o ambiente externo. O primeiro som que ouviu foi o som da musica ainda tocando, ainda repetindo no rádio. Sua mente sonolenta demorava para assimilar as informações, mas aos poucos se lembrava da noite anterior, das palavras do amigo, da sensação de abraço, de ser querido por alguém...

Esticou lentamente os braços, esticando o corpo, esbarrando as mãos em algo. Olhou em direção ao que sua mão havia esbarrado e encontrou a pequena caixa de presentes ainda com os papéis amassados dentro, lembrando-se então das ultimas palavras do pequeno bilhete.

Aoi sentou-se no sofá, cruzando as pernas e pegando a caixa cuidadosamente nas mãos passou a tirar folha por folha até sobrar apenas um envelope branco que parecia ter, pelo menos, três folhas dobradas dentro. No exterior do envelope estava a grafia de Uruha dizendo:

“Para Aoi, de todo o meu coração”

Seus olhos pararam naquela escrita, sua mente lhe levando ao amigo, a sua presença, ao seu sorriso lindo. Pegou-se pensando em cada um dos traços de Uruha, no como ele movia-se ao andar, o como estava sempre de bem com a vida, em como sempre tinha um ombro para ele. Naquele momento seu coração se apertou. Se apertou ao pensar no loiro, mas ao mesmo tempo sentiu-o se aquecer lentamente, de forma gostosa. Encarou novamente o envelope selado, abrindo-o com cuidado e retirando de seu interior algumas folhas manuscritas, pousou o olhar sobre a grafia de Uruha, passando a ler linha por linha que lhe havia sido dedicada:

“Yuu, como está? Espero que esteja melhor, sinceramente... sabe? Me dói o coração te ver sofrendo. Neste momento eu gostaria de estar ai para te olhar nos olhos e te dizer o que esta música diz, poder lhe dizer que eu espero que os dias venham facilmente e os momentos passem lentamente, mas apenas os momentos bons, que não quero que você sofra ou se sinta sozinho. Poder dizer que desejo que cada estrada leve você aonde você quer ir, e que se você estiver de cara com uma escolha, se você tiver que escolher, eu espero que você escolha aquilo que signifique mais pra você.

Queria poder segurar seu rosto e dizer para você que se uma porta se abrir para outra porta fechada, eu espero que você continue andando até você encontrar uma janela, e que essa janela lhe dê passagem para coisas melhores ainda do que você teria por uma porta. Poder olhar nos seus olhos, Yuu Shiroyama, e dizer que se estiver frio lá fora, é para você mostrar ao mundo o calor do seu sorriso, pois não sei se você sabe, mas seu sorriso possui um calor tão grande que aquece o coração de todos que estão à sua volta.

O que mais queria neste momento, mais que tudo, era poder dizer que eu desejo, pra você, é que a vida se torne tudo que você quiser. Desejo que seus sonhos continuem grandes, e suas preocupações continuem pequenas, pois você sonha alto Yuu e pode voar com seus sonhos, pode alcançar o céu, por isso me dói te ver triste e sem acreditar mais que os sonhos são reais. Desejo também que você nunca precise carregar mais do que você pode segurar, e quando precisar, pode contar comigo para te ajudar, e enquanto você estiver lá fora, chegando aonde você irá chegar, eu espero que você conheça alguém que te ame, e queira as mesmas coisas também, pois mesmo te amando Yuu, não sei se algum dia terei seu amor para mim, então, apenas desejo que encontre alguém que te queira tão bem quanto eu, pois se eu não tenho o direito de te afagar os cabelos, aquecer o coração e beijar seus lábios, dizendo que tudo ficará bem quando o dia amanhecer, meu maior desejo é que encontre alguém que possa fazer isso.

Aoi, este é o meu maior desejo.

Com Amor,

Uruha...”

Seus olhos pararam nas últimas palavras, surpreso com aquilo, com aquela declaração. Seus dedos foram involuntariamente ao papel, acariciando as palavras de Uruha, como se aquilo fosse acariciar o coração do loiro. Seu coração teimando em trazer a imagem do loiro à sua mente, todos os seus sorrisos e abraços e, antes que pudesse perceber, suas lágrimas já caiam sobre o papel, manchando a tinta, as palavras do loiro se cravando em seu coração.

Uruha lhe amava, como nunca havia percebido isso? Como ele devia se sentir, consolando-o a cada nova decepção amorosa? Aquilo era imperdoável, como Aoi podia ter sido tão egoísta, sem notar isso?

Mais que simplesmente sentir-se culpado, Aoi notava que a idéia de fazer Uruha sofrer também lhe machucava, fazia-lhe sofrer. A idéia de ter os sorrisos de Kouyou para si lhe confortava e lhe alegrava. Em um momento as palavras dele lhe doeram, mas afinal de contas, o que aquilo significava?

Aoi se pegou pensando em o como não havia doído a ultima decepção, realmente, não havia doído, estava mais decepcionado consigo do que com sua ex, mas notava agora que não havia lhe machucado, que de alguma forma sabia que teria o ombro de Kouyou. Sim, ele dependia de Uruha e só agora notava. Precisava falar isso para ele, precisava dizer o quanto havia sido burro, o quanto havia sido lerdo ao não notar.

Saltou do sofá, pegando as chaves do carro e, sem nem mesmo se preocupar com nada, saiu em direção à casa de Uruha. Precisava falar com ele, lhe pedir desculpas por não haver notado, lhe dizer que ninguém tinha mais direito a aquilo que ele, que era Aoi quem não tinha mais o direito de esperar alguma retribuição do loiro.

Aoi dirigiu pelas ruas, talvez ultrapassando alguns faróis vermelhos, talvez um pouco acima da velocidade permitida, estacionando diante do prédio, correndo pelo Hall, entrando em um elevador que já fechava as portas para subir. Foi então que se viu parado diante da porta de Kouyou, ofegante, tocando a campainha insistentemente, sem ter nenhuma resposta.

Seu coração se apertava diante daquela demora, foi quando uma senhora, vizinha do loiro, passou por Aoi e gentilmente disse:

- Procurando Takashima-San?

- Si-sim, sabe onde ele está? – Aoi parecia aflito.

- Ele não está, saiu esta manha com duas malas grandes, meu jovem. Acho que não volta tão cedo. – Disse sorrindo simpática e entrando no próprio apartamento.

Como? Duas malas? Mas afinal, o que estava acontecendo?

Aoi discou o celular do loiro, mas o mesmo estava desligado, decidiu ligar para Kai, mal conseguia se lembrar do número do amigo, afinal de contas, qual era mesmo? O nervosismo o consumia, finalmente, lembrou-se da agenda do aparelho e puxando o numero diretamente de lá, ouviu o telefone chamar várias vezes antes da voz de Yutaka dizer:

-Moshi-moshi.

- Kai? É o Aoi.

- Bom dia Aoi. Afinal, que milagre você me ligar logo no primeiro dia de férias. – Disse simpático.

- Kai, é que... – A voz de Aoi saia embolada, deixando o baterista confuso, em silêncio do outro lado da linha. – Eu estou aqui na frente do apartamento do Uruha, e me falaram que ele saiu com duas malas. Eu precisava muito falar com ele, urgente...

Aoi foi interrompido por Kai, que lhe disse:

­- Calma Aoi, o Kouyou não vai sumir das nossas vidas, só foi passar as férias com a família em Kanagawa. – houve uma pausa considerável, quando Kai voltou a se manifestar. – Pensei que ele tinha falado com a banda toda...

Aoi nem mesmo se despediu, apenas desligou o telefone, atordoado com aquela notícia. Haviam acabado de entrar de férias, após quase dois anos sem descanso algum, decidiram tirar dois meses de férias e agora Uruha ficaria longe dele por todo aquele tempo. Por que ele faria aquilo? Por que se declararia e fugiria? Talvez tivesse medo da reação de Aoi, será? O que fará agora?

Aoi deixou o corpo cair, recostado a porta daquele apartamento, o apartamento de Uruha, sentindo o coração quase parar enquanto as palavras daquela carta voltavam, elas estavam gravadas em sua mente... Tudo que Uruha lhe desejava era o melhor, mas e ele? Qual era o seu desejo?

“Oh More than anything, Yeah, and more than anything,

My wish, for you, is that this life becomes all that you want it,

to your dreams stay big, and your worries stay small,

You never need to carry more then you can hold,

and while you're out there getting where you're getting to,

I hope you know somebody loves you, and wants the same things too,

Yeah, this, is my wish...”

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Comentários

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Adorei Kou! Seus contos são demais!! E sem contar que eu tbm adoro Rascal Flatts! Vc é genial cara! Leva dez e um troféu!

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Seus contos são os melhores Kou! Você prende o leitor, apesar de mim não dominar muito o inglês :P adorei pra caramba tá de parabéns continua assim que tu vai a mil!

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credoooo.... nem gostei! complicado... e olha q falo ingles! esse blica tb é muito doido hora gosta de lixo hora critica coisas legais, 0 pro conto e nota 1 pro blica pelo esforço do puxa saquismo!

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Fenomenal! Extasiante! É um conto que vem na sequência de "Errado", deduzo eu e julgo que bem. Escrito com mestria e deixa o leitor em suspense aguardando a continuação, eu, pelo menos estou ansiando pela mesma a fim de poder saber qual os outros passos da história e se terá um final feliz ou não. A ver vamos, força amigo Kou, eu esarei aqui aguardando ansiosamente. Nota 10 porque não posso dar mais.

Post Scriptum: Fizeste bem em desfazer a confusão dos nomes, com que o leitor desprevenido ficava na leitura descontraída de "Errado. Força mais uma vez e um grande beijo. titize55@gmail.com

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Vai se tratar!Tem psiquiatra barato por aí...E tb vai ter aulas de teoria lietrária cara!

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