A iniciação (parte 2)

Um conto erótico de Contista1968
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 8096 palavras
Data: 03/08/2008 11:12:55
Última revisão: 11/08/2008 08:41:13
Assuntos: Sadomasoquismo

III.

[continua]

Rogério demorou um pouco a voltar. Fiquei ali, abandonada na minha poltrona, sentindo minhas coxas úmidas do gozo e dos sucos que brotavam da vagina. Eu devia estar ficando louca. Como pudera deixar aquele homem entrar na minha casa daquele jeito, com um cachorro ainda por cima? Talvez, eu devesse correr à janela e gritar. A janela de meu quarto dava para a rua, que não era tão movimentada de carros. Se gritasse, alguém poderia me ouvir. Chamar a polícia. Vir ao meu socorro. Muitas coisas passaram por minha cabeça, mas nada fiz. Não movi um músculo, paralisada no mundo dos meus medos e fantasias, protagonista de um enredo que bem poderia ter sido criação minha. Talvez, eu estivesse ficando louca. Talvez, tudo não passasse de uma alucinação. Ou, quem sabe?, de um castigo. É, era bem capaz de ser um castigo. Eu estava sendo punida pela ira divina.

Em meio a pensamentos desconexos, vi Rogério chegar com uma das cadeiras da mesa de jantar na sala. Ele deixou a cadeira no meio do quarto e se foi novamente, voltando logo em seguida, com um pote na mão. Um pote e uma faca. “Como hoje é dia de brincar com os seus brinquedos, respeitei as regras e procurei na sua geladeira algo que seja do agrado de Tuli” – explicou, polidamente, como se não estivesse dizendo coisas absurdas. Para mim, nada daquilo fez qualquer sentido. Para Tuli, porém, foi o bastante. O cachorro batia o rabo e deu um latido. “Se estivéssemos em minha casa, seria mais fácil”. “O quê...? O que você...? O que é isso...?”. “Patê. De fígado. Você não se lembra de ter patê de fígado na sua geladeira?”. Claro que eu me lembrava. Eu só não entendia o que ele queria fazer com o patê de fígado e a faca na mão. Tuli, porém, continuava a bater o rabo, aguando na boca. “Hora de brincar, Heloísa. Seja boazinha, porque você gostar muito da brincadeira. Onde estão as suas algemas?”. “Não...!” – supliquei, apavorada. “Onde estão as suas algemas, Heloísa? Não me faça repetir a pergunta”.

Em um impulso suicida, tentei levantar-se para sair dali. Foi algo inútil e estúpido, talvez um desejo secreto de ser punida – porque a punição logo veio. Rogério agarrou-me pelos cabelos e me impediu de dar dois passos além da poltrona. “Não!” – era a voz de treinador de cães, impondo sua autoridade. “Me largue...!” – pedi, escorregando para o chão, onde fiquei de joelhos. Mas Rogério não iria me largar. Ele puxava meu cabelo como se estivesse agarrando cordas. Girou aquele tufo ao redor de sua mão esquerda e, com a direita, acertou-me uma bofetada numa das faces, depois outra bofetada na outra face. “Não repita isso, Heloísa. Nunca mais. Estamos entendidos? Vou puni-la por essa transgressão, mas... da próxima vez... a punição será muito mais severa. Você compreende o que eu estou dizendo?”. Gemi algo no sentido de que sim. A dor era muito grande, mais forte nos cabelos do que no meu rosto, que latejava muito. “Não escutei”. “Sim...”. – repeti, soluçando. “Sim, meu Mestre. Repita”. “Sim... meu Mestre...” – repeti, alucinada. “Ótimo. Agora, levante-se. Lentamente”.

Eu não tinha condições de me levantar de outro modo que não fosse lentamente. “Onde estão as suas algemas? Vá pegar”. Apesar das ordens, ele me falava de um modo bastante polido. Com medo de ser punida, fiz como ele ordenava e fui buscar as algemas em uma gaveta dentro do armário, onde eu guardava meus “brinquedos”. “Muito bom. Agora, sente-se na cadeira”. Novamente, obedeci. Mas, antes de me sentar, senti as mãos de Rogério por trás. Ele agarrou-me pela saia, o que me causou um grande susto. “Calma... calma, minha cadela, calma...” – tranqüilizou-me, com um afago nos quadris. O que ele queria era tirar a saia, o que fez com cuidado para não arrebentá-la. Senti quando baixou o zíper e o tecido, de crepe, deslizou suavemente pelas minhas pernas. “Tire a calcinha, anjo”. Comecei a chorar. Eu queria pedir, implorar, perguntar o que ele pretendia fazer, mas tive medo. Por isso, apavorada e impotente, chorei de mansinho. Mas obedeci a ordem. Tirei a calcinha e fiquei, enfim, nua – embora ainda calçada com as minhas sandálias de salto. “Sente-se na cadeira, Heloísa”. – Rogério instruiu-me, senhor e mestre da situação.

Sentei-me. Era estranho sentar nua na cadeira da sala. Era uma cadeira dessas de espaldar alto, de madeira maciça. Eu ainda chorava quando ele me fez um carinho na cabeça, um cafuné que, em outras circunstâncias, seria muito agradável. “Sabe, anjinha...? O melhor de tudo é que você vai gostar muito. Eu garanto”. Ele enxugou as lágrimas de meu rosto e me deu um beijo na testa, outra vez. Fiquei esperando um pouco. Ele me afagava do jeito que se afaga uma criança assustada. Então, foi para trás da cadeira e puxou meus braços gentil e firmemente para trás. Eu ofegava de pavor, sem saber o que me aguardava. E foi o clique metálico das algemas, junto com o sensação do metal frio em minha pele, que me fez quase perder o fôlego. Eu estava presa. Amarrada. Impotente. Vulnerável. Exposta. “Relaxe, anjinha... relaxe...” – Rogério beijou-me na cabeça. “Eu já volto...”. Eu não poderia relaxar. Era um animal em desespero. Não vi quando ele se afastou, mas pude entender o que estava fazendo pelas minhas costas – estava remexendo no meu armário. Havia visto onde eu guardava meus objetos especiais.

“Ah... que danadinha!” – ele riu. Quando Rogério voltou, tinha meu vibrador na mão e minha gag ball. “Gag ball... muito picante, anjinha... você gosta de se sentir presa, não...?”. Eu não podia responder àquilo. “E para que serve essa coisinha aqui...?” – mostrou-me o vibrador, achando graça da delicadeza do objeto: - “Para você fazer cócegas em si mesma?”. Rogério riu da própria piada, mas me fez outro carinho. Era insano. Nem de longe parecia um psicopata. Era gentil e polido, me sorria de um modo bondoso e protetor, como um pai sorri para sua filha – branda e amorosamente. “Vamos começar pela gag. Depois, vamos ver o que esse vibrador faz...”. O vibrador foi largado de qualquer jeito sobre a cama. Rogério aproximou-se de mim e colocou a gag ball em minha boca. Eu estava em pânico, chorando, implorando com os olhos, sem coragem de dizer uma palavra sequer. “Ssh, ssh, ssh... nada disso... nada disso... boa menina, Heloísa. Boa menina!”. Eu ofegava com um animal acuado. Deixei que ele introduzisse a bola laranja em minha boca e fechei os olhos. Acho que nunca me senti tão humilhada antes. Aquela gag me deixava com a sensação de perda de identidade, de brutalização. Havia sido constrangedor com André, mas André era meu namorado, alguém em quem eu confiava. Com Rogério era diferente. Enquanto ele afivelava as tiras de couro da gag ao redor da minha cabeça, chorei convulsivamente. Estava com muito medo, humilhada e com uma sensação ruim, muito ruim. Se precisasse gritar, ninguém me escutaria. Era como descer a um porão, a uma masmorra.

“Agora, vamos cuidar dessas suas pernas...”. Ele foi-se de novo, para fuxicar no meu armário, e voltou com alguns de meus cintos. “Claro que, se estivéssemos lá em casa, haveria tiras de couro feitas para esse propósito. Mas, como eu disse, vamos brincar hoje com os seus brinquedos”. Era insano. Estava algemada, amordaçada e, agora, Rogério prendia minhas pernas às pernas da cadeira, usando os cintos. Usou dois cintos em cada uma, de modo que fiquei bem aberta. “Vamos ajeitar o seu corpo...” – e, me puxando pelos quadris, fez com que eu chegasse mais para frente. Eu nunca havia ficado antes assim tão exposta. Não podia mover o meu corpo e, com as pernas abertas e afastadas, minha boceta estava bem à mostra. “Você tem pouco pelinho, mas... amanhã, lá em casa... a gente dá um jeito nisso. Cadela peluda é tão feio quanto cadela peituda”. Gemi uma súplica, mas Rogério me contemplava como um artista que contempla sua obra prima. “Relaxe, anjinha... vai ser bom, eu garanto”. Ele foi buscar o pote de patê de fígado e a faca. Claro que me incomodei mais com a faca do que com o patê em si, embora a alegria de Tuli, abanando o rabo loucamente, fosse algo bastante aflitivo.

“Fique bem quietinha, tá? Porque, senão, posso machucar você”. Para meu horror, Rogério começou a me besuntar de patê, usando a faca do jeito que usaria uma para besuntar patê no pão. Eu era o pão. Tuli latiu uma, duas vezes e, com o olhar severo do dono, baixou a cabeça. Foi quando desconfiei, aterrorizada, que talvez aquele animal tivesse algo a ver com o patê. “Relaxe, anjinha... relaxe...”. Ele espalhou bastante patê na minha genitália, o que me estimulou de um jeito irritantemente prazeroso. Estar amarrada e sentir o metal da faca na minha pele era tão apavorante que logo senti os sucos despontarem em minha vagina, o que era muito humilhante. Meu corpo parecia não me pertencer. Certamente não obedecia minha cabeça – porque, enquanto eu chorava de terror, ele era engolfado por uma acachapante sensação de prazer. “Um pouco nesses biquinhos cor de rosa...” – ele disse, ocupado em usar todo o patê do pote. Joguei a cabeça para trás e fechei os olhos, agoniada. Havia bastante patê entre as minhas pernas – patê frio, tirado da geladeira, que causava uma comoção na mucosa da vagina. Com o que sobrou, no pote, ele lambuzou meus peitos. “Pronto... Olhe para mim, Heloísa...”.

Relutei, mas acabei fazendo como ele mandava. Estava algemada, amarrada com as pernas bem abertas, amordaçada e, agora, besuntada em patê. Chorava de medo e de humilhação, vergonha, culpa. E Rogério, muito amoroso, me fez um afago no rosto. “Vamos nos divertir muito, minha querida. Relaxe”. – e, com um assobio: “Tuli! Vem cá! Vem cá, garota!”. A cadela obedeceu prontamente, abanando seu rabo. “Pronto, Tuli... papá. Papá, vai!”. Arregalei os olhos, desesperada. Quis gritar, com toda força dos meus pulmões, mas a gag ball não deixava. Quis me sacudir, fechar as pernas, puxar os braços para frente, me proteger, derrubar a cadeira, mas era tudo inútil. Por um momento, Rogério esperou pelo fim do meu desespero. Segurava Tuli pela coleira e afagava a cadela, sabendo que haveria a hora certa de soltá-la em cima de mim. E a hora certa finalmente chegou quando parei de me debater, em parte por cansaço, em parte porque debater-me era inútil. Fui perdendo as forças, perdendo as forças, até que sosseguei. “Vai, menina... papá”.

Solta, Tuli correu em minha direção. Fechei os olhos e joguei a cabeça para trás, como se isso mudasse qualquer coisa. Mas não mudava nada. O focinho gigantesco daquele pastor alemão meteu-se entre as minhas pernas e começou a me lamber. Gritei à toa, chorei, me desesperei, mas a língua de Tuli não parava. Não encontrava resistência. Foi lambendo o patê das minhas coxas e logo chegou à genitália exposta. Eu tinha medo que ela me mordesse. Tinha nojo daquela língua imensa. Tinha nojo de mim mesma, pois estava sendo conspurcada por um animal. Por algum tempo, lutei contra, do modo que podia, mas a verdade é que, aos poucos, aquelas lambidas intermináveis foram fazendo o seu efeito. Minha visão foi ficando escura. Eu sentia as patas daquela cadela no meu corpo. Senti quando ela subiu em mim para lamber o patê nos meus seios, que estava bem mais fácil de ser abocanhado. As unhas me arranhavam as pernas, mas era um arranhado bom. Senti meus mamilos ficando bem duros. Tuli lambia, lambia, lambia. Nunca fui lambida daquele jeito. Meus gemidos eram de medo, de horror, mas agora também de prazer. “Boa garota! Boa garota!”. Em meu delírio, eu não sabia se Rogério se dirigia a mim ou a Tuli, o que já dava boa mostra do meu estado mental. Poderia ser tanto para uma quanto para a outra, pois estávamos, ambas, fazendo exatamente o que ele queria que acontecesse. Quando Tuli voltou a enfiar o focinho entre as minhas pernas, eu já estava entregue. Gozei. Com a cabeça pendendo para trás, eu babava de gozo pela gag ball. Gemia, revirava os olhos. Era delicioso. Havia uma barreira indefinível, uma coisa que nunca entendi direito... uma linha a partir da qual, não sei, meu desespero se transformava em outra coisa.

Eu gozava loucamente quando senti as mãos de Rogério me afagando na cabeça. Não estava raciocinando direito, e só tinha uma vaga idéia do que se passava ao meu redor, mas ouvi a voz dele em meu ouvido: “Goze, anjinha... goze muito... goze, vai... goze...”. Ele nem precisava me dizer aquilo porque eu estava mesmo gozando, sem parar. Já nem mais me protegia das investidas daquela língua imensa. Ao contrário, tentava arregaçar ainda mais as minhas pernas, para que Tuli chegasse mais longe e não parasse de me lamber. Rogério conseguiu fazer com que eu deixasse de existir naquele momento – a Heloísa mesmo estava reduzida à sua boceta e ao grelo que, muito inchado, pulsava loucamente, buscando a língua da cadela. Eu me debatia de prazer agora. A cada orgasmo, outro se sucedia, misturando meus gemidos a risos. Não sei por quanto tempo ficamos ali, eu e Tuli, mas a cadela prosseguiu por uma eternidade até dar-se por satisfeita. Foi parando aos poucos de me lamber, para meu desespero, e enfim afastou-se. Gritei, amordaçada, não de medo, mas querendo que ela voltasse. Foi quando meus olhos cruzaram com os olhos de Rogério e eu vi algo que me fez parar – ele me sorria, muito tranqüilo, certamente degustando aquela cena absurda. Eu havia lutado para afastar Tuli e, agora, eu lutava para trazê-la de volta. Minha rendição não poderia ser mais completa. “Eu não disse que seria bom...?”.

Quis morrer. É engraçado quando o seu eu se anula tão completamente e, logo em seguida, recupera a consciência de si mesmo. Senti meu rosto enrubescer de vergonha, mas nada se compararia a ver a minha imagem no espelho. Porque Rogério me desamarrou da cadeira – braços e pernas – e me levou para frente do espelho do quarto. Eu parecia uma bêbada, estava trôpega e cambaleante, por isso precisei ser amparada. Quando vi o quis ele pretendia fazer, resisti, chorei, mas não houve jeito. “Calma, calma... boa menina, boa menina...”. Ele me agarrou por trás e me levou para frente do espelho, onde pude me ver do jeito que eu estava – um trapo humano. A gag ball me angustiava sobremaneira, era uma imagem que me provocava arrepios, e que me fazia pulsar entre as pernas – o que, mais do que tudo, me perturbava tremendamente. Vi uma Heloísa destruída. Baba escorria pelo rosto. As lágrimas haviam borrado a minha maquiagem – que não era muita, mas agora manchava meus olhos e minhas bochechas. “Você está linda, Heloísa... linda... olhe o seu gozo... você gozou muito, gozou sem parar... contemple a beleza do seu prazer, minha cadelinha...”. Chorei com a cabeça no peito de Rogério, enquanto ele me afagava carinhosamente. O homem que me torturava era o mesmo homem com quem eu buscava consolo.

“Não se preocupe, anjinha... não acabou ainda... nós dois ainda vamos gozar muito... muito mesmo”. Não era uma ameaça – era uma promessa. Eu estava tão fora de mim que Rogério pegou-me no colo com a facilidade de quem pega uma boneca de pano. “Vamos brincar mais um pouco, minha cadela...”. Ele deitou-me na minha cama – na minha cama macia e confortável, onde meu corpo moído encontrou algum repouso. Por uns breves segundos, achei que teria paz. Mas Rogério sentou-se na cama a meu lado e vi que ele trazia algo nas mãos. “Hora de amarrar as mãozinhas, Heloísa”. Eram as minhas algemas. Olhei para Rogério em súplica, mas ele não teve nenhuma piedade, do jeito que os pais não têm nenhuma piedade de um filho que precisa de ir ao dentista. Era como se estivesse fazendo algo para o meu próprio bem. “Vire-se, cadelinha... vamos”. Por um momento, hesitei, mas fiz como ordenado. Seria punida se não fosse obediente. Virei-me como ele queria, ficando de joelhos, com a bunda empinada para cima e o rosto encostado no colchão. Nessa posição, senti meus braços serem delicadamente puxados para trás. Foi quando Rogério prendeu-me de novo com as algemas. Por uma grande perversão, eu não estava com medo. Estava ansiosa, mas não com medo. Devia já estar ficando maluca mesmo.

“Vamos ver agora pra que serve esse seu vibrador tão delicado...”. Ah, isso era bom. Muito bom. O vibrador entrou em minha vagina sem qualquer dificuldade, pois eu havia gozado muito com Tuli e até antes dela. A vibração era deliciosa, como um carinho. Fiquei ali saboreando aquele vai e vem inebriante até que Rogério resolveu brincar com o meu ânus. “Relaxa... relaxa...”. Estava muito, muito bom. Eu queria ser penetrada, ansiava pela estocada e pela pressão que fariam o silicone subir pelo meu reto. Já nem mais ligava para o fato de estar babando com a gag ball, gemendo e rebolando como uma cadela no cio. “Você é toda cremosa, Heloísa...” – ele disse, enquanto ia forçando o vibrador pelo meu rabinho. “Branquinha e cor de rosa... um tesão... seus peitinhos são um tesão... seu grelo parece um cachinho de uva, todo inchadinho... um morango, uma cerejinha... Dá vontade de ficar brincando com ele...”. E foi o que ele fez, para o meu mais absoluto êxtase. O vibrador de silicone, todo lambuzado dos meus sucos e do meu gozo, ia entrando pelo ânus enquanto eu fazia força contra, para abrir bem os músculos e deixá-lo passar. Ao mesmo tempo, Rogério acariciava meu grelo, usando as pontas dos dedos. Meu corpo todo tremia com os espasmos de prazer, eu não sei nem como eu não tombei para o lado, completamente zonza. Eu ria, gemia, gozava. Quando Rogério terminou de enterrar o vibrador em mim, seus dedos pararam de bolinar meu grelo e passaram a beliscá-lo, do mesmo jeito que antes. A essa altura, eu estava pronta, estava querendo, passei a me sacudir, implorando. “Cadela... vagabunda... puta safada... goza, vai... goza, sua vadia... goza na minha mão...”.

Eu estava fora de mim. Ele puxava o meu grelo, esticando a carne pulsante ao máximo. No desvario, a dor já era prazer, já era gozo, já estava me tomando por completo. Eu gemia, sacudia meu corpo alucinadamente, esfregando meu rosto na colcha toda babada. O vibrador estava ligado ao máximo, para o meu delírio. Minhas entranhas vibravam, meu grelo latejava e Rogério, para levar-me ao mais absoluto êxtase, passou a desferir golpes em minhas nádegas. Palmadas fortes, cada vez mais fortes, bem espalmadas, que espalhavam dor e um rastilho alucinante de prazer. Foi quando gozei. Perdi-me em mim mesma e gozei, sentindo meu clitóris pulsar nos dedos de Rogério. “Boa menina... boa menina...”. Sua voz era um bálsamo. Eu não sabia por que, nem como, nem a partir de quando isso começou a ser verdade, mas ouvi-lo dizer... “boa menina, boa menina”... passou a ser profundamente gratificante. “Agora, não se mexa, anjinha... não se mexa...”. Não me mexi. Estava deliciada, ainda saboreando a sensação prazerosa e pulsante em meu grelo, quando senti que Rogério me puxava para a beirada da cama. Não podia me mover por mim mesma, era ele que me ajeitava. “Quanto gozo, Heloísa... você é mesmo deliciosa...”.

Deliciosa... que maravilha ouvir isso da boca daquele homem... sorri como uma criança feliz, toda babada e amordaçada. A mão de Rogério me tocava, brincava com minha vulva toda umedecida. Era ótimo, como uma cócega deliciosa. Não demorou muito e ele enfiou dois dedos. Gemi, extasiada. “Seu gozo é bem viscoso, cadelinha... quase que nem porra...”. Sorri. Os dedos prosseguiram e escorregaram para dentro do meu canal vaginal. Minha boceta. Minha boceta engolindo aqueles dois dedos, banhando os dois com os sucos e os gozos que jorravam loucamente de dentro de mim. “Anjinha, a sua boceta mais parece uma boca chupando os meus dedos... que delícia...”. Estava mesmo uma delícia. Ele fazia os movimentos de vai e vem, vai e vem, e eu gemendo, rebolando, reclamando baixinho, como que pedindo por mais. Pedindo para ser penetrada. “Fique calminha, meu doce... bem calminha...”. Eu estava indócil. Quando Rogério tirou os dedos de dentro de mim, gemi reclamando. Era como se eu dissesse, "não pare!, não pare!”. “Ora... nada disso! Quieta, cadela, quieta! Calminha!”. Era como se ele estivesse falando com Tuli. Aquilo me alucinava. Esperar pelo pau nas minhas entranhas me alucinava. O vibrador no meu ânus me alucinava. Nem sei mais quem eu era. Sei apenas que, enfim, Rogério introduziu seu pênis em mim com uma única e vigorosa estocada que me fez urrar de prazer por trás daquela gag ball.

“Vou te cobrir, minha cadela!” – lembro vagamente da voz rouca e das estocadas ritmadas, que iam bem fundo. Eu ainda não havia visto o pênis de Rogério, mas o sentia bem duro dentro de mim. Duro e latejante. Eu nunca havia experimentado nada como aquilo, absolutamente nada. Ele gemia de prazer e batia seu corpo contra o meu. Pensei que iria morrer. Ás vezes, me sentia sufocando pela gag, mas Rogério parava, me ajeitava de novo na posição correta, e voltava a me estocar. Éramos como um sagitário – ele, a metade homem; eu, a metade animal. Nossa trepada era forte, vigorosa, grotesca, cheia de urros e gozos. Eu babava e gozava sem parar. Ele me cobria, me fazia de boneca, de cadela, me batia, me xingava. Quando finalmente gozou, senti minha boceta ser inundada de porra, que ficou jorrando dentro de mim enquanto ele saboreava aqueles preciosos segundos.

Por alguns momentos, ficamos parados, inertes, na mesma posição em que atingimos o clímax daquela trepada magnífica. Então, Rogério saiu de dentro de mim. Gemi, em protesto. Reclamei. Queria mais, mais, mais! “Calma! Quieta!”. Eu estava passada, além de mim. Mesmo com a gag, reclamava. Queria que ele não parasse. E, em minha agitação, ouvi o distinto ruído de um cinto sendo puxado das alças da calça. “Quieta, cadela! Quieta!”. A primeira cintada veio com uma fúria que me deixou paralisada. O cinto zuniu pelo ar e me atingiu na nádega. “Uma!”. Veio outra. Eu gritava de dor, urrava por trás da mordaça. “Duas!”. Mais outra. “Três!”. Mais outra. “Quatro!”. E a última. “Cinco!”. “Má menina! Má menina!”. Rogério agarrou-me pelos cabelos e me puxou para cima, para que eu não engasgasse com a minha própria saliva. Acho que cheguei a desfalecer de dor, mas ele me sacudiu e me jogou na cama. Eu havia chegado a uma espécie de transe. “Quieta...! Quieta...!”. Senti o vibrador sendo tirado de dentro do meu ânus. Estava agora de barriga para cima, com os braços algemados para trás. Rogério forçou minhas pernas, fez com que os joelhos dobrassem, me deixando inteiramente exposta para ele. “Quieta...!”.

O pênis estava duro de novo. Rogério olhava-me nos olhos, queria ver a minha reação. Quando senti aquele volume forçando a entrada no ânus, não havia como fugir. Meu corpo estava por conta própria, me peguei corcoveando como uma égua nervosa, mas Rogério foi deslizando aquele pau intumescido reto acima. A cabeça passou com uma dor lancinante – ele não era descomunal nem absurdo, mas era maior do que André. Rebolei, em parte fugindo, em parte querendo ver aquilo enterrado até o fim. Era uma coisa maluca, desvairada. “Quieta... calma... ssh... ssh...” – ele dizia com a voz rouca, procurando conter o seu próprio gozo. Queria entrar todo e foi isso que fez, ora me estocando, ora me puxando pelos quadris, ora debruçando seu corpo sobre o meu. Pensei que iria desfalecer de dor, de agonia, de desespero, mas – como sempre acontecia comigo – a dor ia aos poucos virando uma outra coisa. Um calor, uma comichão, um delírio. Algo maior do que eu e que me engolfava por completo. Rogério entrou todo, até sumir dentro de mim. Era a beirada do precipício, o meu salto em direção ao nada, a minha entrega. E quando ele começou a meter, para frente e para trás, para frente e para trás, pegando ritmo, pegando força, renasci daquele vácuo, ressurgi do precipício, do vazio, delirando de prazer. Estávamos de novo enganchados como dois animais, pulsando como um só corpo. A dor não me rasgava mais, era uma explosão de espasmos, vários orgasmos que me engoliam, me faziam gemer, chorar, rir, como uma louca alucinada. No auge de minha insanidade, gozei com um urro feliz assim que senti o jorro de esperma me invadindo, me inundando, me preenchendo toda por dentro, nas entranhas, no corpo e na alma.

Naquela sexta-feira, terminamos assim. Rogério livrou-me da gag ball, das algemas, e deu-me um banho no chuveiro da minha suíte. Não foi um banho sensual, foi mais como o banho que um adulto dá em uma criança. Lavou meu cabelo, lavou meu rosto e passou sabonete em meu corpo. Eu estava trôpega, não esperava por aquela gentileza. Enquanto me enxugava, ele parecia inspecionar cada centímetro da minha pele. Mais tarde, eu entenderia por quê – como Dono, não gostava de deixar marcas permanentes, o que nem sempre é o caso entre dominadores. Eu, porém, ainda não conhecia o vocabulário, não sabia que estava entrando de cabeça – e muito fascinada – em um mundo inteiramente novo, que iria mudar minha vida por completo. Fiquei feliz quando Rogério secou meu cabelo com secador, o que me relaxou bastante, e me levou nua para baixo das cobertas. Eu precisava dormir, sentia um sono avassalador. Ele preparou minha cama, fez com que eu deitasse e me cobriu com carinho, mas não sem antes algemar minhas mãos. "Para frente agora, minha cadelinha... assim, você pode se divertir um pouco. Eu deixo". Sorri, vagamente grata e feliz. Foi quando ganhei um beijo na testa. Não me importei nem com o fato de ele estar levando consigo as chaves das algemas e do meu apartamento em seu bolso.

[continua]

IV.

[continua]

Depois que Rogério se foi, naquela noite de sexta-feira, dormi como um anjo. Meu corpo latejava, como se eu houvesse feito ginástica ou uma longa caminhada por trilha de montanha. Sei que caí em sono profundo com uma estranha sensação de completude. De satisfação. Antes do sol raiar, acordei meio zonza, meio perdida, sem saber se tudo aquilo de que eu me lembrava era verdade ou só um sonho louco. Mas é claro que as mãos algemadas não deixavam dúvida quanto à veracidade das minhas memórias. Foi quando, ofegante, escorreguei meus dedos por baixo das cobertas e comecei a me acariciar. "Para frente agora, minha cadelinha..." – eu me lembrava dele dizendo, de um jeito tão bondoso: "Assim, você pode se divertir um pouco. Eu deixo". Fechei os olhos e lembrei das cenas, das sensações... da língua de Tuli, das mãos de Rogério, de seu pênis dentro de mim... Não demorou muito e gozei, caindo em sono profundo logo em seguida.

Algum tempo depois, acordei com um afago. Era Rogério, sentado na cama, a meu lado. "Hora de levantar, Bela Adormecida. Já são oito e meia da manhã". Ao mesmo tempo em que eu me sentia feliz por vê-lo – não sei nem por quê – também havia aquela incômoda sensação de ansiedade, de não saber o que aconteceria comigo, em que eu estava me metendo tão docilmente. E tudo isso, claro, era bastante excitante. Sorri para Rogério e deixei que ele me inspecionasse. "Hmm... você andou brincando sozinha, não? Uma menininha fogosa que você é...". Ganhei um beijo na testa, já com vontade de que ele me beijasse na boca. Mas assim são os Mestres e Donos, eles é que decidem quando, como e onde, geralmente esperando que seu bichinho lateje de desejo. "Vamos tirar essas algemas. Quero que você vista uma calcinha, uma camisola e um robe. Hoje e amanhã, nós brincamos lá na minha casa". Eu não sabia o que me aguardava. Não fazia idéia. Levantei-me com o coração batendo na minha boca, de tanta ansiedade. Já sem algemas, fiz como ele mandava. Escolhi uma calcinha preta bem delicada, uma camisola de seda preta, curta, e o robe que a acompanhava. Era um conjunto bonito, de rendas, de catálogo. Mas Rogério não pareceu muito satisfeito. "Por hoje, tudo bem, meu anjinho. Mas vamos mudar esse seu guarda roupa. Quero você sempre de cores claras, nada de preto". Fiz que sim, como uma criança. Já estava admitindo que ele falasse de nosso futuro, de mudanças de guarda roupa e tudo mais.

Aquela manhã de sábado foi a primeira vez em que entrei no apartamento dele. Atravessei o curto caminho entre a minha porta e a dele enquanto Rogério trancava meu apartamento. "Calma, lindinha... calma...". Ele falava comigo do mesmo jeito que falaria com Tuli, se ela estivesse aflita para sair de casa e dar um passeio. E a verdade é que eu me sentia mesmo como uma cadela excitada para dar uma volta. Queria também sair do corredor, pois ainda tinha – naquele momento – medo de que algum outro vizinho ou os zeladores do prédio me vissem de intimidade com Rogério. De camisola, cruzando o corredor. Por isso, fique feliz de entrar na casa dele, mesmo sabendo que estava pisando em território desconhecido.

"Fique aqui, linda. Eu já volto". Fiz que sim, muito obediente. Era a minha primeira visão da casa de Rogério e fiquei espantada com o que vi. Ele era dono de uma unidade maior do que a minha, estava na coluna dos apartamentos de três quartos. A sala era maior. O apartamento todo era maior do que o meu. E, para um homem solteiro, tenho que dizer que ele mantinha tudo muito limpo e arrumado. Minha primeira impressão daquela sala era a melhor possível, toda decorada com muito bom gosto e capricho. Havia um tema africano, muita madeira e ferro, sofás de couro e um barzinho ao canto. Ele tinha tevê de plasma. Nunca imaginei que meu vizinho vivesse com tanto conforto. Estava tão distraída com o que via que nem percebi quando Rogério aproximou-se. "Venha cá, anjinha. Tenho uma coisa para você". A coisa em questão era uma coleira. Meus olhos arregalaram-se de espanto – tamanho espanto que eu não conseguia articular nenhuma palavra. Nada. "Você se acostuma logo, eu prometo". Mais tarde, eu aprenderia que meu Dono tinha um jeito muito gentil de falar comigo, diferente da maioria. Ele fazia o que queria. Se eu não obedecesse, seria punida. Mas, ao falar comigo, era sempre como se estivesse me dando garantias de algo – tentando me convencer, entende? E foi desse jeito que deixei que colocasse a coleira no meu pescoço – uma coleira feita para um pescoço humano, muito bonita e enfeitada.

"Agora venha. Vamos tomar café da manhã". O café da manhã dele era na cozinha – uma cozinha decorada por arquiteto. Em breve, eu descobriria que ele era o arquiteto. Essa era a sua profissão. A cozinha havia sido desenhada por ele – era uma de suas especialidades. Tudo muito bonito, muito clean. As coisas iam fazendo sentido na minha cabeça. Rogério não gostava muito de cores escuras. Sua cozinha era toda clara, com a linha branca em aço escovado. Acho que nunca vi uma cozinha tão bonita assim. Vi que seus trabalhos eram muito em ferro e madeira clara, o que dava um ar rústico e cosmopolita ao mesmo tempo. "Vamos, anjinha. Sente-se". Ele apontava para o chão, ao lado da mesa do café. Meu coração batia loucamente no peito, mas me fiz como ele indicava. "Muito bom. Boa menina. Boa menina". Ganhei um afago. Eu realmente já estava gostando muito daquele "boa menina", e mais ainda dos afagos. Tuli não demorou a aparecer e tomou seu lugar ao meu lado. Estávamos, ambas, aos pés de Rogério, ele sentado à sua farta mesa do café, ocupado em ler o jornal. "Sabe, Heloísa?, vamos mudar um pouco essa sua alimentação. De hoje em diante, vou eliminar carne do cardápio, isso não faz nada bem para uma cadela bonita como você. Quero que você coma mais frutas, legumes e verduras. Pela manhã, vou dar um preparado de proteína que vai substituir a proteína da carne vermelha". Ouvia aquilo com interesse. Rogério lia o jornal e ia nos dando pequenos pedaços de comida – biscoitos caninos para Tuli e um pedaço de fruta para mim. Queijo branco. Torradinhas pequenas, besuntadas com uma pasta natural. Eu estava com fome e aceitava aqueles pedaços com muito gosto.

"Carne apodrece nos intestinos, não faz nada bem para a pele. Você vai ver como o seu cabelo vai melhorar. Unhas, pele, cabelo... tudo melhora". Fiz que sim, mansamente, abocanhando um pedaço de mamão doce com que ele me alimentava. "Você é uma garota muito bonita. Tem um rosto bastante delicado. Rosto de boneca... parece que foi feito à mão. Muito bonita mesmo". Sorri, encabulada. Estava ganhando um afago e isso era muito bom. Ele me achava bonita, gostava dos meus seios, gostava de minha vagina – se me contassem, algum dia, que eu ficaria feliz de ouvir que a minha vagina era quente, macia, que parecia uma esponja sugando um pênis como um bebê faminto, eu jamais acreditaria que tal coisa me faria feliz. Mas a verdade é que Rogério me disse tudo isso, de seu jeito meigo e paternal, e eu fique, de fato, muito, mas muito feliz. Minha vagina o agradava. Meus olhos ficaram marejados de lágrimas.

Quando terminamos o café, ele levou-me para a área de serviço. "Sente-se aqui, anjinha... vamos cuidar desse seu cabelo". Sentei-me na cadeira que ele havia deixado lá. Pensei que ele iria me pentear ou coisa parecida, mas Rogério voltou com uma tesoura na mão. "Não, Rogério... por favor... não... o meu cabelo...". Ele me fez um sinal para que eu me calasse. "Não, não, minha cadelinha. Nada disso. Vou cortar o seu cabelo e não quero que você se mexa". Comecei a chorar de mansinho, bastante trêmula. Não sei por quê, mas... cortar o meu cabelo era algo que me chocava mais do que me fazer ficar sentada sobre os meus joelhos, no chão, para tomar o café da manhã. Acho que eu tinha medo que ele me deixasse careca ou com cara de prisioneiro de campo de concentração. Rogério me fez um afago e dividiu meu longo cabelo castanho claro em gomos, prendendo os gomos com grampos. E deu o primeiro pique. Ouvi o ruído da tesoura ceifando meu cabelo, que eu adorava – era comprido, macio, sedoso, encaracolado suavemente nas pontas. Quando abri os olhos, havia uma mecha no chão. Uma longa mecha no chão. "Boa menina. Boa menina".

O corte do cabelo levou algum tempo porque Rogério é uma pessoa bastante perfeccionista. Só terminou quando ficou satisfeito. Ergueu meu rosto marejado de lágrimas segurando delicadamente o meu queixo e me sorriu. "Linda". Eu tinha medo de saber o que aquele "linda" significava, já que ele me havia achado linda em uma circunstância bastante horripilante – toda babada, suada, com a maquiagem derretida e ainda por cima descabelada. Parecendo uma viciada em drogas. "Venha ver". Vi a quantidade de cabelo no chão e me assustei. Minha cabeça parecia leve, leve demais. Eu esperava pelo pior quando ele me levou ao lavabo da sala. "Que tal?". Que tal? Meu coração deu um pulo. Ele havia cortado meu cabelo um pouco abaixo da linha do queixo, com as pontas repicadas. Era algo como um chanel, só que bem moderno e não tão bem comportado. Eu nunca havia usado nada tão curto assim, por isso estava estranhando meu rosto no reflexo do espelho. Mas não seria nada de horrível e não iria me causar nenhuma vergonha ao sair na rua. "Linda" – ele sentenciou, me fazendo um afago. Agora, eu entendo o ritual de passagem. Mais do que tudo, Rogério estava me despindo da minha identidade de "Heloísa bem comportada", de "Heloísa antes de conhecer Rogério". Era uma transformação na alma.

"Vamos, anjinha... temos que cuidar desses seus pelinhos". A mão grande e macia encontrou o vão entre as minhas pernas e me fez um afago. Eu já estava bem molhada, pois toda aquela ansiedade estava mexendo comigo. Os dedos de Rogério percorreram o pano encharcado e me causaram um calafrio pela espinha. Meu grelo estava ficando duro, pronto para um carinho. "Minha lindinha... tão excitada... e nós nem começamos a brincar... Venha cá, eu vou lhe dar um alívio...". Aninhei-me em seus braços e deixei que me envolvesse em seu abraço de urso. Sabia o que ele ia fazer. A mão entrou em minha calcinha e passou a me bolinar. Era mágico, maravilhoso. Um delírio. Eu gemia, meu rosto abafado naquele peito gigantesco. Os dedos brincavam na minha rachinha, que pingava de desejo. Depois, chegaram ao grelo, que pulsava loucamente. Gozei na mão de Rogério, só dele me tocar. E gozei mais ainda quando os dedos fecharam-se ao redor do meu grelo inchado e pulsante, com um beliscão feroz que me fez perder todo o fôlego de dor. Ele apertava a carne, torcia e puxava. Gritei, gemi, estava enlouquecida. Eu me debatia contra aquele corpo forte que me agarrava com tanta facilidade e, entre a dor, o desespero e a impotência, gozei com vários espasmos. Eu existia ali, no meu clitóris apertado, que latejava nos dedos de Rogério. Foi magnífico. "Boa menina... boa menina..." – ele me disse, com um beijo na testa.

Do lavabo, fomos para um quarto que se parecia mais com uma pequena academia de ginástica. Eu caminhava nos braços de Rogério, já nem ligava mais para a coleira no meu pescoço. Fiquei feliz quando ganhei outro beijo carinhoso. "Deite-se ali, anjinha. Vamos cuidar agora desses seus pelinhos. Não são muitos, mas cadelinhas têm que ser lisas... é mais higiênico". Mais uma vez, ele estava sendo gentil, pois eu não tinha nenhuma saída a não ser deitar-me no que me parecia ser um aparelho de ginástica. Na verdade, era uma maca. Rogério prendeu meus braços para trás, com algemas, que ficaram presas à borda de metal ao redor de onde minha cabeça estava. Das laterais debaixo saíram pés, como os de uma maca de ginecologista. Eu deveria estar ficando louca, pois aceitei tudo isso. Aceitei que ele tirasse minha calcinha e prendesse minhas pernas, uma em cada pé lateral, as duas amarradas – de um tal modo que, agora, eu não podia mais me mexer. "Você tem pouquinho pêlo, mas pêlo é ruim de qualquer modo, mesmo pouco. Uma cadelinha tem que ficar sempre lisa e cheirosa para o seu dono".

Não sei o que me deu. Acho que, na hora, pensei que ele usaria creme e lâmina de barbear, por isso não me apavorei tanto. Mas não foi bem assim que Rogério planejou aquela sessão de depilação e eu logo senti um forte odor doce. Quando ele apareceu com pincel e uma panela elétrica, entendi que não seria nada tão simples. Fiquei nervosa do jeito que agora eu ficava, arregalando os olhos de desespero, mas sem conseguir balbuciar qualquer palavra. Estava amarrada, presa e não tinha como me defender. Ele iria me depilar com cera quente. "Não se mexa, anjinha, para eu não errar. Senão, você pode se machucar". Eu iria me machucar de qualquer jeito. Porque, quando a primeira gota de cera pingou em minha pele branquinha, gritei de dor – o que me valeu uma bofetada, um afago e uma gag ball. "Depois, vamos cuidar desse seu hábito ruim de gritar, Heloísa". Meu pavor era tamanho que gozei – assim, sem ele sequer me tocar. Rogério viu o efeito que o seu tratamento estava me causando, não tinha nem como eu esconder. "Sua bocetinha está brilhando de tesão, meu anjo". E devia estar mesmo.

Eu tenho pouco pêlo. Na minha família, as mulheres quase não têm pêlo algum e os homens são bem lisos. Alguns, até, mantêm a cabeleira farta em idade avançada sem ter um fio de pêlo no peito. Meu irmão, Hugo, sempre foi bem liso, a ponto de a noiva dele me confessar que essa havia sido a primeira coisa a lhe chamar atenção – ficara intrigada, sem saber se aquele rapaz se depilava. Hugo nunca se depilou. Seu corpo era do jeito que um nadador adoraria ser. Eu tive alguns pêlos quando comecei a menstruar, mas usando cera fria nas pernas, perdi quase todos. Há anos não me depilava. Na minha genitália, eu não usava gilete nem nada, só aparava os poucos pêlos com uma tesourinha de vez em quando. Por isso, a necessidade de ser depilada com cera quente era preciosismo – e Rogério foi mesmo precioso em seu trabalho. Passou cera em todos os cantos, me causando profunda agonia por causa da quentura. Eu urrava por baixo da gag ball e quase desmaiei – o que não aconteceu porque, quando eu comecei a perder os sentidos, Rogério deu o primeiro puxão. Foi horrível. Não tão horrível quanto o calor da cera, que arrancava lágrimas dos meus olhos copiosamente, mas bastante horrível. Meu corpo se contorcia loucamente, e eu teria chutado Rogério ou caído daquela maca se não estivesse tão firmemente amarrada.

"Está ficando ótimo..." – ele dizia enquanto puxava a cera. A cada puxão, eu pensava que a minha alma estava sendo arrancada pela minha genitália. Achei que ficaria deformada, com cicatrizes e marcas de queimadura. Mas Rogério é um profissional em tudo que faz e sempre soube dosar a temperatura da cera – quente o bastante para arder mas sem provocar queimaduras com marcas. Eu, muito branquinha, queria morrer. Ele ainda resolveu fazer "retoques", para remover tudo. A coisa toda pareceu tomar uma eternidade. Ao final, eu estava exausta, abatida e completamente molhada. Minha vagina pingava com meus sucos e com gozo. Não sei como meu corpo fazia isso, parecia estar descolado da minha cabeça. "Pronto... perfeito... não foi tão mal assim, foi?". Senti os dedos dele entrando em mim – dois, que escorregaram sem dificuldade para dentro da minha vagina. Eu ardia toda, ardia muito – os pêlos arrancados arrebentam pequenos vasos linfáticos e o resultado é que você fica vermelha e ardida, sentindo a quentura do sangue por baixo da pele. Mas, naquele incômodo insuportável, os dedos de Rogério me levaram a um estado de excitação que eu nem sei explicar. Era uma delícia. Estava chorando e comecei a rir ao mesmo tempo, meio engasgada com a gag ball. "Pobrezinha da minha cadela... tão molhadinha...". Ele removeu os dois dedos que gentilmente me estocavam para introduzir o terceiro. Ah, que coisa! Eu estava perdendo a consciência, a razão, a idéia de quem eu era e do quão absurda aquela situação ficava a cada momento. Tudo que importava eram aqueles três dedos dentro de mim, fazendo com que eu pulsasse violentamente.

"Sabe o que eu sinto?" – ele disse, enquanto me fodia com movimentos ritmados e gentis: "A sua vagina é toda quente... parece uma esponja... vai sugando os meus dedos... como uma boca, entende...?". As palavras iam ficando cada vez mais vagas. Eu revirava os olhos, gemia, chorava, ria, gozava. E ele, me fodendo com três dedos, resolveu introduzir o quarto. Quatro dedos grandes, pois sua mão é grande. Macia, mas grande. Doeu, apesar de eu estar dilatando aos poucos, e da abundante lubrificação. Gemi, me debatendo, mas aquilo era inútil. Não podia me mover mesmo e os quatro dedos, naquele movimento de vai e vem, vai e vem, vai e vem, foram me deixando louca de tesão. A dor ia passando aos poucos e sendo substituída por espasmos de prazer. Eu contraía toda. "Que delícia, anjinha... que delícia...". Ele adorava me ver daquele jeito, abandonada ao meu corpo, perdendo minha identidade, meus medos, minhas inibições. Quando gozei, ele puxou a mão levemente e introduziu seu quinto dedo – o polegar, que fez toda a diferença. Era demais. Os quatro me pressionavam a abrir em linha reta. O polegar, pela sua posição, arregaçava na largura. Senti que seus movimentos eram gentis, pouco a pouco, sem qualquer brutalidade. Rogério queria me levar ao limiar da dor e me trazer de volta afogada em prazer, por isso não era grosseiro. Enquanto me fodia com os cinco dedos, curvou-se sobre mim e começou a me chupar os peitos.

Por um momento, os cinco dedos pararam, estacionados dentro de mim. Era o meu corpo que se contraía agora, com espasmos cada vez mais fortes, enquanto ele me chupava, lambia e sugava. Eu gemia, mas os meus gemidos, por trás da gag ball, mais pareciam ganidos de prazer. Havia virado uma cadela mesmo, au grand complet. Até ganir eu já gania. Quando eu enfim gozei, ele tirou sua mão dentro de mim. Eu o havia melado de secreções e de gozo, gozo viscoso, de um jeito até embaraçoso. "Por hoje é só, anjinha... não vou enfiar a minha mão toda em você porque não quero te alargar tanto. Agora chega. Vamos, eu vou te dar um banho". Eu estava completamente trôpega quando Rogério me desamarrou e tirou a gag ball da minha boca. Era como se houvessem me dado um porre e uma surra de cassetete no corpo todo. Mas, de algum modo, minha libido estava pacificada. Eu havia gozado como uma alucinada e fiquei grata com o meu Dono, que me pegava gentilmente no colo. Sorri, feliz. Acho que já estava apaixonada por Rogério, pelo modo como me recolhia da cena do crime, tão forte, tão doce. Era o meu torturador e o meu salvador, tudo ao mesmo tempo. Eu estava literalmente em suas mãos.

Fui banhada na banheira. Enquanto ele preparava o banho, deixou-me deitada em sua cama de casal, que era muito grande e bastante confortável. Tuli me olhava atentamente, talvez me achando uma maluca. Ou com ciúmes, não sei. Porque, com o tempo, eu descobriria ter ciúmes dela e da atenção que ganhava de Rogério – daí achar que, talvez, a recíproca também fosse verdade. Quando o banho ficou pronto, numa deliciosa banheira de spa, Rogério pegou-me no colo de novo e me depositou naquela água morna com cuidado. Eu o olhava com adoração, do jeito que uma cadela olha para o seu dono, achando que não existe ninguém melhor nem mais maravilhoso no mundo inteiro. E Rogério me sorria de volta, acariciando meu corpo macerado com uma suave esponja. "Você é muito linda, minha cadela... e eu sei que a vida tem sido má ultimamente, não tem...? Você anda sozinha, não anda?". Fiz que sim. "É, eu sei... uma cadela como você não pode ficar sem dono. É ruim. Dá uma sensação de vazio muito grande, não dá?". Fiz novamente que sim, já com lágrimas nos olhos. Ele me entendia. "Eu sei, linda... mas eu ando atrás de uma cadela para cuidar. Não é uma coincidência? Já tive várias, e as últimas não eram muito boas". Não faço idéia do que aquilo queria dizer, mas eu o ouvia. Atentamente. "Nenhuma tão linda e tão doce quanto você... nenhuma que desse vontade de trazer para casa e criar...".

Muito depois, eu descobriria que Rogério havia sido casado anos a fio com uma médica, namorada dos tempos de faculdade, e que, com o passar dos anos, com o casamento e a rotina, eles começaram a apimentar o relacionamento – não muito diferentemente do que havia acontecido comigo e com André. Mas, enquanto ele ia desenvolvendo seu lado dominador, ela foi despertando para o fato de se sentir mais atraída por mulheres do que por homens. O casamento ruiu e Rogério teve várias namoradas, muitas das quais não demonstravam nenhuma inclinação para o sado masoquismo. Então, com o tempo, ele abandonou as namoradas e passou a freqüentar o meio. Chegou a ter uma série de cadelas, escravas e dominadas, muitas das quais casadas. É incrível como um reconhece o outro na multidão – o que quer dominar e o que quer ser dominado. Existe um ímã natural entre as duas polaridades. Rogério conheceu várias cadelas. Parecia um adestrador profissional. Treinou muitas, mas ainda não tinha a sua. Acho que era uma questão de química. E a química estava acontecendo entre nós.

Saí daquela banheira renovada. Já era uma cadela e sentia-me agora uma cadela com dono. Rogério passou creme hidratante no meu corpo, que foi como uma massagem relaxante. Ele me penteava, secava meus cabelos agora curtos. Colocou a coleira no meu pescoço e disse para que eu me deitasse e descansasse. Ele iria levar Tuli para passear. Aquilo partiu o meu coração. Olhei para Rogério com um ar de criança abandonada, decepcionada, e ele me fez um afago – "Não, minha linda, você ainda não está pronta. Deite-se". Ele queria que eu me deitasse em sua cama. Cobriu-me e, antes de me dar um beijo de despedida, algemou-me à cabeceira. "Bem quietinha, Heloísa. Não quero me aborrecer com você. Estamos entendidos?". Fiz que sim. Não queria ficar longe dele, não queria que fosse embora. Mas Rogério foi-se e eu, muito cansada, acabei dormindo. Feliz.

[continua]

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