OS SEM TETO OU O BOM SAMARITANO

Um conto erótico de Lila
Categoria: Homossexual
Contém 1909 palavras
Data: 23/07/2005 16:12:33

OS SEM TETO OU O BOM SAMARITANO

Tenho 45 anos, sou “normal”, pelo menos pensava que era até acontecer o que lhes vou narrar. Sou uma pessoa bem sucedida na vida, razão porque me preocupo com os menos favorecidos. Uma vez por mês, deixo minha esposa e filhos e saio pela cidade, tentando ajudar aqueles que precisam. Não sou daqueles que saem distribuindo comida ou sopinha. Procuro grupos de pessoas que estão ao relento, geralmente os moradores de rua, e converso com eles; anoto suas necessidades e sempre que posso os ajudo naquilo que me pedem. Essa era minha rotina até que algo inesperado aconteceu: já passava das oito da noite quando peguei meu jipe Gran Cherokee e saí à cata dessas pessoas. Apesar de ser ainda cedo, o inverno faz com que as ruas fiquem desertas mais cedo e quase não havia ninguém andando pelas calçadas. Ao passar perto de um viaduto avistei um grupinho de pessoas enroladas em cobertores à volta de uma fogueira. Dei a volta e estacionando perto, desci e perguntei se poderia me aproximar. Um homem respondeu que sim. De onde estava, não podia ainda precisar quantos eram. Se era uma só família ou mais. Ao chegar perto vi que havia 5 pessoas, todos homens. O mais velho aparentava uns 30 e poucos anos e os demais com idades que variavam entre 19 e 28 anos. Dois eram negros, dois eram mulatos e o último era branco sarará, do tipo mulato que nasce branco. Senti-me desconfortável porque geralmente quando há mulheres e crianças minha missão é facilitada. Geralmente são elas que falam (pedem) e os homens apenas confirmam o que dizem. Agora era diferente. Só havia homens e o cheiro de álcool mesclado ao cheiro de sujeira era intenso. Estavam descalços e pude perceber seus pés negros e sujos. Eles me rodearam e vi-me cercado pelo grupo. Depois que lhes expliquei porque tinha ido até ali, um deles ironizou:

― Qué dizê qui u bacana tá cum pena di nóis i qué nus ajudá?

O mais velho então falou:

― Vamu deixá eli falá. Vamu vê u qui eli tem prá dá prá nóis.

― Bem..., aqui não tenho nada. Vocês me dizem o que estão precisando mais e eu vou tentar conseguir para vocês.

Eu sentia que o cerco se fechava ao meu redor. Podia sentir o bafo azedo do branquelo que se postara atrás de mim. Talvez revelasse o temor em meu semblante pois o mulato mais velho, de pé na minha frente, olhou-me com seus olhos vermelhos e disse:

― Num tem precisão du senhô tê medo di nóis naum. Nóis só qué calô humanu.

Suas palavras tinham duplo sentido e eu entendi bem aonde ele queria chegar. Tentei recuar um passo e senti algo pontiagudo de encontro às minhas costelas. Era um estoque que o branquelo sarará empunhava. Comecei a suar frio e pedir que me deixassem ir embora Não daria parte deles na polícia.

― Um negro forte que permanecera calado, aproximou-se e abrindo meu casaco, vasculhou meus bolsos e encontrando alguns reais, entregou-os a um outro negro mandando que ele fosse buscar mais “comida”. Comida era cachaça, depois o soube. Olhou-me bem de perto, abriu minha camisa e vendo meu peito nu, pele clara e sem pelos, beliscando meu mamilo, ordenou:

― Fanhu, mostra pra eli ondi é nossa casa.

O branquelo que estava me rendendo com o estoque, agora ao meu lado, riu com sua boca de lábio leporino, deixando ver os cacos de dentes podres. Apontou para o muro de arrimo que servia de sustentação para a pilastra do viaduto e falou:

― U bacana vê ali? Bem ditrás daqueli muro? É ali qui durmimus. Ali é nossa casa. É lá qui tu vai sê muié de nóis tudo hoji. Tá frio i nóis precisamu si isquentá. Sempri qui nóis arruma uma puta u Patrão (o negro forte) comi ela i depois dá ela prá nóis. Nóis é quiném irmão: o qui é di um é di todus.

Todos riram e aproveitando a pequena distração, deitei a correr, mas não cheguei a dar nem três passos. Uma rasteira me jogou ao chão. Num segundo, vi-me sufocado por três brutamontes mal cheirosos, soqueando-me nas costas, na cabeça e em qualquer lugar que pegasse. Tentei me levantar e levei um pontapé na boca do estômago que me deixou sem fôlego. Meu lábio inferior estava cortado e sangrava abundantemente. O “patrão” interveio dizendo:

― Chega genti. Si eli ficá muitu maltratadu cume qui vai podê servir nóis? Leva eli pro “matadouro” e tira as calça deli. Estava semi-consciente, mas deu para perceber quando tiraram meus sapatos minhas calças e cuecas e me jogaram sobre uns farrapos imundos. O mal cheiro era insuportável. O branquelo sentou-se sobre minhas nádegas e colocou o estoque na minha nuca dizendo:

― Si u bacana si mexê infiu eli na tua nuca!

Fiquei imóvel, tremendo de frio e medo. Achei que eles me matariam. Logo o negro que foi buscar a “comida” chegou com a cachaça e eles fizeram festa. O “patrão” se aproximou e mandando o Fanho deixar eu me levantar, ou melhor, ficar de joelhos, viu minha boca toda ensangüentada. Oferecendo a garrafa de cachaça falou:

― Lava essi sangui cum pinga e aproveita toma uns goles purque depois tu só vai bebê porra di machu. Anda!

Me sentia zonzo e não via alternativa senão obedecer. Ainda tentei falar alguma coisa, mas fui impedido por um bofetão no pé do ouvido. Voltei a cair. O “patrão” me pegou pelos cabelos e puxou minha cabeça a altura de sua calça nojenta de sujeira e cheiro de mijo. Mandou que eu abrisse sua braguilha e fizesse o pau dele endurecer. Tava frio e ele não tava com tesão. Obedeci-lhe, mas por mais que me esforçasse seu pau não endurecia.

― Chupa eli, porra. Chupa!

Obedeci tendo ânsias de vômitos. Ele não lavava aquilo por muitos dias. Era horrível o mal cheiro que exalava dali. Finalmente o pau dele foi endurecendo e se avolumando na minha boca. Num momento que parei para respirar vi que todos estava se masturbando. O “patrão” era bem dotado, como a maioria dos negros. Pau grande, grosso e cabeçudo. Percebi que ia gozar e comecei a diminuir o ritmo das chupadas. Temia que gozasse em minha boca. Foi em vão. O negrão percebendo, forçou seu caralho contra minha garganta e gritou:

― Vô gozá e tu ingoli tudinho sinão ti matu agora mesmu!

E gozou. Como gozou... Depois foram todos os outros, um após o outro. Eu me sentia o pior dos seres humanos, transformado em farrapo vivo. Quando o último terminou, deixaram-me ali de joelhos e se sentaram para novas rodadas de cachaça. Sentei-me nos panos imundos e comecei a chorar. Chorava de ódio de mim e do mundo. Odiava aqueles animais e desejava matá-los. O negro mais velho se aproximou de mim e disse o seguinte:

― Nóis ficamu cum pena di tu e naum queremu machucá tu mais du qui tu tá machucado.

Alegrei-me. Eles me deixariam ir embora. Mas a alegria durou pouco. O resto de sua fala acabou com minhas esperanças.

― Nóis vai si separá purque nóis naum acredita qui tu naum vai nos denunciá pros homi. Intão, agora tu só vai dá pru patrão i pru Fanhu. Dispois, eu, o galu i o Baianu vai levá tu pra nossa toca. Eu mesmu num tô querendu ti cumê purque gostu mesmu é di muié, mas num possu deixá tu i imbora pur causa dus otrus.

Dizendo isso, afastou-se com a aproximação do “patrão”.

― Intão bacana já discansô? Fica di quatru i abre essi cu brancu pro seu negão.

Senti quando encostou sua cabeçona negra e dura no meu cuzinho, até então virgem. Nem mesmo em criança jamais ninguém tocara em meu cu. Nunca siquer pensei em homossexualismo. Agora seria violentado por aquele mendigo sujo.

― AAAAIIIIIIIIII. NÃÃÃÃOOOOO! POR FAVOR! AAARRRRHHHH.

Ele empurrou de uma vez. A dor lacerante quase me fez desmaiar. O desgraçado não se preocupara nem em lubrificar sua varona. Já havia entrado a metade e ele já estocava com força, causando-me muitas dores. Ainda por cima, ele mandava que eu pedisse pra ele botar mais... Maldito! Não sei quanto tempo durou aquele inferno. Finalmente gozou e depois, tirando o pau de dentro ainda falou:

― Si tu fosse viver di dá u cú tu ia morrê di fomi. Tu naum sabe nem mexê...

Ele saiu e o Fanho se aproximou de mim sem dizer nada. Já estava de pau duro. Tirou da calça imunda seu trabuco e pela primeira vez vi realmente sua dimensão. Grande, devia ter uns 25 cm por uns 5,5 de grossura. Farto em pele e em veias azuladas e grossas. A cabeçorra agora descoberta, mostrava-se uma chapeleta à lá sombrero mexicano de cor rosa avermelhada. Aquilo era uma arma mais perigosa do que o estoque que portava, agora na cintura. Temi que não suportasse aquilo tudo e pedi, pedi não, implorei que não metesse tudo. Fanho apenas sorriu aquele sorriso rachado e lambuzando o seu cacete com bastante cuspe falou:

― Bacaninha agora num si preocupi. Eu num ia querê machucá minha muiézinha. Relaxa e abri bem as perna.

Surpreendeu-me sua delicadeza. Forçou um pouco e como gemi, cuspiu mais na cabeçona e aos poucos foi empurrando e tirando. Levou algum tempo até sentir que a cabeça já transitava quase que completamente pelas minhas pregas doloridas. Eu gemi, é claro. Estava doendo, mas ao mesmo tempo, a maneira como ele estava fazendo me permitia relaxar e estava me dando um certo prazer, para meu espanto. Foi quando ele empurrou mais forte e a cabeça entrou completamente, não sem antes arrancar de mim um grito que provocou risos nos demais sem-teto. Ainda ouvi alguém dizer: “Fanhu arrombou u bacana di veiz”. Passada a cabeça, o resto não foi menos doloroso, mas também me dava prazer. O branquelo percebeu que eu estava gostando e começou a dizer obscenidades no meu ouvido o que me excitava mais ainda. Quando vi, estava de pau duro e gemendo de prazer. Fanho agora metia tudo e tirava bem devagar, aumentando a sensação de prazer que sentia. Aos poucos, eu pedia bem baixinho:

― Não tira não... mete mais, mete...

Fanho gozou feito louco e eu bati uma punheta porque não agüentava mais de tesão. Nossa respiração estava ofegante e permanecemos deitados descansando. Seu cheiro asqueroso agora me excitava. Foi quando ouvimos os outros gritarem:

― Os homi estão chegandu. Foge!

Todos saíram correndo e sumiram na escuridão. Ficamos eu e o Fanho. Os policiais chegaram e nos deram voz de prisão. Depois de vestido e identificado, convenci os policiais que eu era masoquista e que os hematomas e escoriações eram frutos de meu masoquismo. Dei-lhes um dinheiro para nos livrar do fragrante e saí com Fanho (chamava-se Raimundo, paraibano de 19 anos). Tomando o jipe, levei-o para a minha chácara e lá ficamos fazendo amor até o dia amanhecer. De volta a casa, disse que havia sofrido um seqüestro relâmpago, mas que estava tudo bem. Só um pouco machucado e bastante cansado. Hoje, Raimundo é meu caseiro. Paguei-lhe uma cirurgia plástica que eliminou seu lábio leporino, o tratamento dentário e ele permanece fiel a mim. Lá ele tem um bom salário, casa, comida, roupas novas e nunca mais voltou a ser um sem-teto. São os mistérios que a vida nos apresenta.

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